NOVEMBRO 2015

PDV SAM

Wow! Dois anos aturando o meu nerd favorito. Não acredito que conseguimos atingir esse nível tão alto. Esses anos passaram tão perfeitamente que, mesmo parecendo ridícula, me arrisco a dizer que nunca vivi tão bem ao lado do moreno, todo esse tempo que brigávamos por coisas idiotas foi inútil e eu descobri que aquele par de olhos castanhos poderia me fazer feliz.

(***)

Eu estava me arrumando para o jantar de Ação de Graças, mas não por causa do jantar, e sim porque Freddie vem e eu não quero parecer desleixada. Sai do banheiro enrolada na toalha e liguei o som, estava passando Halo, da Beyonce. Ao balançar daquela música vesti um jeans e um moletom qualquer. Nunca fui boa com vestidos, só quando a Carly me indica e como ela deve estar na casa do mais novo ficante, decidi usar meu estilo Adolescente Rebelde.

Calcei meu tênis cano alto e dei mais uma olhada no espelho, mas acabei não olhando para mim, desviei o olhar para uma foto, pregada no canto, era eu e o Freddie na Webcon. Sorrio só de lembrar do trabalho que deu para tirar essa foto, eu implicava com ele até quando o coitado sorria. Mas isto tudo era para disfarçar o amor que eu sentia.

–O Freddie ainda não chegou?- perguntei do alto da escada, vendo Pam ajeitando a mesa.

–Não!– ela me olhou e depois voltou a arrumar a mesa.

–Vou esperá-lo lá fora!

Como sabia que estava chovendo, peguei um guarda-chuva e sentei na calçada. Cara que fome! Cadê o Freddie que não chega? Olhei novamente para o fim da rua e nada. Então abaixei a cabeça e fechei os olhos por um tempo, tentando imaginar um pote de frango frito, para amenizar minha fome.

–Yo! – quando levanto a cabeça, lá está ele, molhado e atrasado; levanto-me apressada e o encaro nervosa, e antes que lhe meto uma bronca reparo na situação dele.

–Você é ridículo!

Ele cumprimentou de um jeito cafona e disse umas baboseiras que resolvi abafar num beijo molhado e ousado. AH! Como amo isto!

Depois que finalizamos nosso ato explícito (risos) ele me esticou uma caixinha embrulhada, eu disse para o mané não me dá presentes embrulhados porque só dificultam no descobrimento do tão esperado objeto. Rasguei tudo com força e não contive um palavrão interno quando vi o que era. Nerd burro! Eu esperava um perfume caro, um anel, um colar, um porta-retratos de nós dois ou, querendo me agradar ainda mais, uma peça de presunto. Mas não! Um sabre de luz foi o que ele me deu.

–O que vou fazer com essa porcaria?

Ele tentou dar uma desculpa nerd, mas não estou para isto. Tudo bem, ele é nerd, mas eu não sou e, portanto, não devo receber umas idiotices dessas.

–Pelo menos eu trouxe um presente... cadê o meu?

Ah, como assim? Eu o convido para jantar em minha casa e tudo que eu ganho é um sabre de luz e uma pergunta dessa?

–Achei que o jantar de Ação de Graças fosse o “presente”.

Ele cruzou os braços, por cima da camisa encharcada, e fechou a cara.

– Não chega nem perto de um presente!

Desgraçado! Como não?

Finalmente entramos para comemorar essa data idiota. Minha mãe fez perguntas sem vergonha e deu em cima do Freddie, como já era esperado. O jantar foi tão ruim que, se não tivesse comida, tinha largado os dois lá embaixo e subido para meu quarto para assistir o canal de luta livre. Não ia me importar se minha mãe agarrasse o Freddie. Ah que ódio desse garoto.

(***)

–Freddie tira esse cavalo do gramado... Olha o que ele fez aí no chão!

Aquele animal nojento tinha defecado no gramado, que custei arrumar, tudo por causa do Frednub. Tento em vão empurrar aquele bicho branco, enquanto Freddie me encara bravo.

–Sam, você tem noção do quão difícil foi conseguir esse cavalo?

–Não e nem quero saber, só quero que ele suma do gramado.

Fiz mais força no bicho e ele não moveu um fio da sua crina.

–Você só me machuca sabia? Eu passei a semana inteira atrás de alguém que pudesse me alugar esse bicho, gastei dinheiro e tempo aprendendo a montar, para chegar aqui e você se preocupar só com a porcaria do seu gramado!

Oh dó! O nerd se irritou! Mas lembrando, a culpa é dele. Era só trazer uma peça de presunto que tudo estaria em perfeita ordem, estaríamos, agora mesmo, nos beijando no meu quarto. Mas não, ele insiste em ser estranho.

–Olha Freddie, em momento algum eu pedi para você aparecer aqui num cavalo branco e me dá essa porcaria que você trouxe... Eu só te liguei e te convidei para o jantar, para comemorar nosso aniversário de namoro!

–MAS EU SÓ QUERIA SER LEGAL! PODERIA AGRADECER PELO MENOS!

Ele puxou o cavalo e subiu em cima, numa rapidez estranha. Encarou-me de lá de cima e murmurou baixo:

–Pensei que tinha mudado, mas não, continua a mesma de sempre... mal agradecida e arrogante!

–Então tá Freddie, se não me ama do jeito que eu sou, vai procurar uma menina perfeitinha para você, que chore com esses seus presentes idiotas!

Arranquei do dedo, o anel de compromisso que ele me dera no verão passado e corri para dentro de casa. Quando entrei, mesmo com a visão embaçada pelas lágrimas, vi, da fresta da janela, ele descendo do cavalo e pegando o anel. E depois partiu.

O resto da noite não foi nada confortante.