Amor insuportavelmente possível escrita por The Inspiration Of The Hell


Capítulo 4
As coisas boas acontecem...




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...preciso de um minuto lá,prometo.

O levei para casa, era bonita, tinha um jardim lindo, porém um pouco abandonado já, suspeitei que nunca mais havia voltado ali após o falecimento de seu pai.

Ele entrou, esperei um pouco ... Alguns minutos se passaram. Imaginei o que seria tão necessário assim, mas não notei antes sua voz depressiva. Desci imediatamente do carro assim que percebi o perigo que seria um garoto jovem ainda sem seus pais, dentro de uma casa na qual passou tanto tempo ao lado de quem mais amava.

Me aproximei e tudo estava quieto. Abri a porta e me deparei com inúmeras coisas quebradas. Destruídas, fiquei preocupada:

–Diego? Diego por favor, onde você está? Responde.

Aquela situação foi me aguniando a cada passo que eu ia andando. Entrei em qualquer quarto, avistei-o desfalecido, no chão e tinha um retrato em seu peito, era seu pai e ele, havia uma criança também, imaginei que seria seu irmão. Ele estava ensanguentado, não sabia onde seria a fonte do sangue. Tentei acorda-lo. Fiz de tudo. Até respiração boca a boca. Até que uma hora ele despertou ... Eu gritava muito, já estava chorando:

–Diego? Por favor fala comigo. - minha voz estava trêmula.

Ele mal conseguia falar. Mais uma vez, apoiei-o sobre mim, levei até o banheiro, seus pontos tinham abrido. O sangue vinha de seu tórax e cabeça, suas narinas estavam escorrendo sangue também. Deduzi que tinha tentado se suicidar. O limpei com algumas gazes que achei em uma gaveta, água e alcool. Ele gemeu, acho que estava ardendo.

– Garoto, me explica o que aconteceu, o que você ta fazendo com você?

Quando voltou a si, chorava muito, seu olhar estava arrependido:

–Perdão, desculpa . Eu não sei o que deu em mim. Achei que se sumisse de vez , tudo melhoraria.

–Não peça perdão a mim, peça a seu pai. Você acha que ele gostaria de te ver assim?

–De maneira alguma.

–E essa foto? -me senti na liberdade de perguntar.

–Sou eu, meu pai .. -soluçou - e meu irmãozinho.

Chorou ainda mais. Eu estava desolada, parecia que me acertavam com uma faca cada vez que ele falava.

–Cade ele? O que aconteceu?

–Como meu pai morreu a pouco, e meu irmão é de menor, ele está num abrigo. Estou esperando a audiência para ver se posso ficar com a guarda dele. Mas não sei, não me deram nem alguns por cento de chance disso acontecer.

–Meu Deus. -fiquei sem palavras. - Como ele chama ? Quantos anos tem?

–Ele chama Pablo, tem só um ano e meio. Eu sinto tanta falta dele. Não queria ter voltado aqui. E nem voltei. Não estava nem me alimentando esses dias.

–Onde ficou?

–Fiquei por ai, dormindo numa casa abandonada ali perto da sua casa, assim que anoitecia ia tomar banho nos postos de caminhoneiros.

–Porque não nos pediu ajuda?

–Cada um com seus problemas né.

–Agora você é problema meu. E não tem uma previsão para essa audiência?

–Disseram que ia sair essa semana. Mas não sei. Agora não tenho nem lugar pra cuidar dele. Nunca vão me deixar ficar com meu irmão.

–Diego tem que ter alguma solução, seu pai deve ter deixado algum dinheiro para você.

–É... - resmungou.

–Tenta não pensar nisso agora. Vai dar tudo certo. E minha porta está aberta pra você e seu irmão. Agora vamos que vou te levar no hospital, ver esses machucados.

–Tudo bem, obrigado. -falou ofegante.

Fomos ao hospital, fecharam sua perna novamente e sua testa também foi fechada com 7 pontos, seu torax, não foi muito machucado . Voltamos para casa, Gabriel não estava lá para variar. Sentei ao lado dele. O abracei. Não suportava ve-lo assim. Não mesmo. Eram 17h da tarde já, mas amanhã iria ao fórum. Precisava ver aquela criança.

Ele ficou quieto. Chamei-o:

– Diego?

Ele havia adormecido em meus braços. Como estávamos na sala o deitei no sofá. O cobri, Beijei sua bochecha. Ele estava destruído, me acabei o vendo daquele jeito. Acabamos esquecendo do jantar, mas isso nem vinha ao caso no momento.

Fui tomar um banho, lá refleti tanto, cheguei a chorar, de chegar a pensar o quanto aquele garoto, que a pouco me tirava do sério, tem sofrido. E como aguentara isso tudo quieto? Acho que agora ele me pertencia, e me sentia na obrigação de cuidar dele. Amanhã irei ao fórum, para resolver as coisas de seu pequeno irmão. Me enxuguei, me troquei, e fui fazer algo para meu irmão comer, mesmo sabendo que ele não chegaria cedo.

Eis, que estou cozinhando e meu irmão abre a porta, bem discretamente:

–Gabriel?

Eram umas 21h.

–O que houve? Chegou cedo. – Falei.

–Nada não (S/N), o que faz de bom? – Sorriu meio sem graça. Imaginei mil coisas

–Uma sopinha de macarrão com caldo de feijão. Bom não é?

Não era esse o foco onde queria chegar na nossa conversa, o que será que meu irmão estava fazendo tão cedo em casa? Certeza que havia aprontado.

–Muito bom, pequena. Acho que vou para um banho.

–Não vai não, até me contar o que está acontecendo.

–Poxa, um rapaz não pode chegar mais cedo em casa para ficar com sua irmã e seu melhor amigo?

–Claro que pode, meu querido. Mas não um rapaz que gosta de curtir algumas garotas e beber até madrugar, certo?

–Tudo bem! Me pegou.

–Vai falando, garoto.

–É Tália, sabe? Acho que estou gostando de verdade dela, porém ela não está me dando a mínima...

–Nossa, Gabriel... o feitiço virou contra o feiticeiro não é?

–É (S/N), tudo o que eu menos queria que acontecesse, como pude me apaixonar?

–Para tudo sua primeira vez...

–Só não sei o que faço, porque pelo que entendi, ela não quer nada a sério comigo. Apenas ficar. E, acho que preciso de uma namorada, e essa seria ela.

–Te entendo, maninho. Mas infelizmente, você vai ter que ver os lados das coisas. Faz tempo que ela gosta de você, e só agora você foi enxergar o que sente por ela? Acho que ela cansou, conquiste-a.

–Me ajuda?

–Claro, porém não hoje, estou um caco.

–Então... como foi seu dia?

–Meu dia foi totalmente exaustivo, aliás... você que diz ser melhor amigo do Diego, como não sabia que estava morando na rua? E seu irmão está em um abrigo?

–Como assim? – Estava aparentemente indignado.

–Isso mesmo, Henrique... Seu amigo está muito mal. E vou ter que conversar com a mãe, para ver se não arruma algum lugar para morar com seu irmão.

–Você acha que a mãe vai entender?

–Claro que vai. É uma situação extremamente delicada. Está na hora do senhor dar mais atenção à ele.

–Mas vocês estão se dando tão bem...

–Estamos sim, sabe que não quero ficar com ninguém, estou tentando ultrapassar essa barreira de orgulho. Mas é difícil

–Sim pequena, te entendo. E sei que ele é meio complicado.

–É mesmo, mas sabe? Estou pensando muito, seu jeito é raro! Ele é complicado, tão complexo. E mesmo assim encanta os outros, mesmo os irritando muito.

–Acho que está apaixonada, querida irmã?!

–Então, você não ia tomar banho, a janta está pronta. Vou ligar pra mãe.

Ele saiu rindo, menino bobo, até parece que estou apaixonada! Ou será que estou?

Bom melhor ligar para minha mãe.

–Boa noite mãe.

–Boa noite minha filha, que bom ouvir tua voz.

–É mãe, como está?

–Estou bem, porque está triste?

–Não estou.

–Te conheço. Vai falando

Expliquei toda a situação para minha mãe, ela reagiu bem, mas me questionou sobre minha afinidade com o garoto. De fato, nem eu sabia o que estava acontecendo comigo, sou sempre muito marrenta, teimosa, cabeça dura... e de repente me vejo cuidando de um garoto que eu não podia ver na frente. Enfim, ela ofereceu um de nossos quartos que estão sobrando para abriga-los por um tempo.

–Ok mãe, conversarei com ele amanhã cedo. Sabia que me entenderia. Nem sei como te agradecer.

–Filha, nunca te deixei na mão, se é seu amigo, a gente dá um jeito.

–Te amo mãe, fica com Deus.

–Também te amo filha.

Desliguei, estava feliz, mais aliviada. Ainda bem que tenho essa mulher na minha vida (risos), espero que ele curta a ideia, não é cinco estrelas, mas tenho certeza que está dentro das condições para pegar a guarda de seu pequenino.

Gabriel saiu do banho, me perguntou o que mamãe havia dito. Expliquei tudo. Ele ficou animado:

–Melhor ir dormir, maninha.

–Tem razão irmão, vou descansar. Amanhã será um dia longo. Vê se vai falar com Tália em?

–Pode deixar, vou ligar pra ela agora!

–Tá bom, durma bem.

–Você também.

Fui para meu quarto, várias coisas não me deixavam dormir. Fechei meus olhos, e meus pensamentos a mil. Ouvi Diego, gemer. Meu Deus, isso tem que passar! Vi o dia amanhecer, fui vê-lo:

–Bom dia, moço. Como está?

–Estou ótimo!

–Perfeito, vamos... Vá se banhar, te levarei ao fórum na parte da manhã.

–Não precisa, depois vou lá.

–Depois nada, garoto! Não começa. Vamos logo, é seu irmão.

–Tudo bem.

Levei-o ao banheiro, e fui arrumar as coisas, fui procurar em sua mochila alguns documentos, achei o suficiente. Espero que isso baste.

–Vamos? – Ele estava renovado.

–Claro.

Fomos ao meu carro, e partimos rumo ao fórum. Quando chegamos, pedi ajuda a um dos seguranças, ele era pesado, minhas costas estavam doendo de “carrega-lo”.

Entramos, e esperamos. Até que alguém nos chamou. Fomos a uma sala bem particular. Falamos diretamente com o juiz, que foi muito atencioso:

–Então Sra. Oliveira...

Cortei-o:

–Desculpe, somos só amigos.

–Ó, tudo bem, eu que peço desculpa. De fato a audiência será amanhã. Sinceramente, há chances sim do pequeno Pablo ir morar com seu irmão mais velho.

Ele sorriu, como nunca antes. Me abraçou, e uma lágrima percorreu sua face. Acho que era emoção. Enfim algo estava começando a dar certo em sua vida.


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Notas finais do capítulo

E ai galerinha, tudo bem com vocês?
Saiu o 4º capítulo de "Amor insuportavelmente perfeito". Espero que gostem.
Um grande abraço.
Até a próxima.
Mag.



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