Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 99
Capítulo 99


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!



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Dias depois...

Tento me acalmar pensando em qualquer coisa, mas ao olhar para mim mesma com o vestido de noiva dado por minha mãe, sinto minhas pernas ficarem bambas. Tento não mostrar meu nervosismo, mas ao sentir Leila pôr o véu em meu cabelo, preso a uma linda coroa de flores brancas. —Suas mãos parecem brincar com o meu cabelo, sorrio ao vê-la tão feliz perto de mim. —Logo dou atenção para minha mãe que entra com Lyanna ao seu lado. Minha irmã caçula está parecendo um anjo de tão linda que está. Pura e inocente, Lyanna sempre será assim. Sem nenhum vestígio de birra, nem de raiva, Lyanna é feita de harmônia.

—Nervosa? —Minha mãe pergunta e então mostro minhas mãos trêmulas. —Tente se acalmar. Assim vai passar mal antes mesmo de casar.

—Depois de sua mãe, você é a noiva mais linda que já vi. —Leila fala risonha, mas nem com isso escondo meu nervosismo.

—Acho que preciso de algo para me acalmar. —Falo sugestiva e então as duas riem.

—Eu sinto dor. —Lyanna reclama ao pôr suas mãozinhas em seu peito.

—Onde, meu amor? —Minha mãe pergunta preocupada.

—Aqui. —Lyanna responde. —Eu acho que é emoção. —Ela fala e então podemos rir aliviadas. —Meu coração bate forte, mãe.

—Logo vai passar. —Minha mãe fala e em seguida deposita um beijo no rosto de Lyanna. Minha irmã põe seus cachos em seus lugares depois de ser beijada no rosto por nossa mãe, mostrando assim que é vaidosa.

—Será que o coração do papai também tá batendo forte? —Tremo ao ouvir a pergunta de Lyanna. Sinto meus olhos arderem devido as lágrimas, mas respiro fundo para não chorar. Minha mãe olha para Lyanna com uma certa fúria, por isso minha irmã não sorri como de costume.

—Ela não entende isso, mãe. —Falo ao ver que minha mãe estava prestes a explicar para Lyanna que o coração de meu pai não bate mais. —Ele está feliz sim, Lyanna. Mas longe de todas nós. —Falo ao acariciar o rosto de minha irmã. —Entende isso?

—Mas a mamãe disse que...

—Basta, Lyanna. —Minha mãe repreende minha irmã como nunca vi antes. Ela parece estar perdendo sua paciência. E eu dou razão para ela. Afinal, ela ainda não aceita ter perdido meu pai. Minha irmã segura as lágrimas diante de nossa mãe, mas assim que eu me sento no divã e coloco-a em meu colo. Logo Lyanna começa a chorar.

—Não precisava disso. —Falo brava com minha mãe. Lyanna chora ainda mais por algum motivo que não sei entender, mas mesmo assim feito ela em meu colo. —Lyanna é apenas uma criança, não vai entender o que se passa.

—Tenham calma. —Leila pede ao ver que Lyanna está ainda mais nervosa ao me ver brigando com nossa mãe. —Ambas estão nervosas.

—Alteza, preciso ajustar sem vestido. —A costureira pede envergonhada.

—Mais outro? —Leila pergunta e então minha mãe olha para mim com medo. —O vestido deve ter ficado um pouco folgado, mas...

—Estava, mas hoje eu notei que estava muito justo. —A costureira fala. —A filha da rainha está... Bom...

—Engordando? —Minha mãe pergunta sugestiva enquanto não tira os olhos de mim.

—Sim, senhora. —A costureira afirma.

—Anippe come por impulso quando nervosa. Tem isso desde criança. Não estranharia se começasse a vomitar. —Minha mãe fala com duplo sentido. Leila e a costureira pensam que posso vomitar de tanto comer, quando na verdade são os meus enjôos. Na noite passada quase coloquei todo meu desjejum para fora e Zion notou que eu não estava nada bem.

—Pode fazer o ajuste. —Peço para a costureira e então olho para Lyanna que ainda está em meus braços. —Está calma? —Indago ao ver que os olhinhos de minha irmã ainda estão molhados e ela soluça. Lyanna então se põe de pé e eu faço o mesmo com calma.

—Lyanna! —Minha mãe repreende minha irmã ao tentar segurar a criança, mas ela corre. Para minha mãe, ver Lyanna com medo dela, é como se meu pai fosse embora.

—Eu vou atrás dela. —Leila fala e então me olha pela última vez antes de sair. —Talvez ela tenha ido atrás de Djoser.

—Bem provável. —Falo. Assim que Leila sai, a costureira começa a ajustar meu vestido. Vejo Gab adentrar o meu quarto com um sorriso no rosto por me ver prestes a casar.

—Lyanna estava correndo... —Gab fala sem tirar os olhos de mim. —Aconteceu alguma coisa com ela?

—Não. —Minha mãe responde friamente.

—Se me permite dizer, você está... —Gab tenta encontrar palavras, mas acaba rindo. —Uma verdadeira rainha. —Ele fala enquanto sorrio. —Igual a sua mãe quando jovem. Sem tirar nem pôr. —Gab fala. —Vi Djoser antes de vir para cá. Acho que ele também precisa de você. —Ele fala olhando para minha mãe. —Não me parece animada.

—Vou casar meus filhos hoje, acha que deveria estar animada? —Minha mãe pergunta irônica com um sorriso nos lábios. —Hoje meu filho se torna rei e minha filha rainha.

—Da última vez que tivemos dois irmãos reinando, muitas coisas aconteceram. —Gab fala irônico e então vejo os olhos acirrados de minha mãe perderem o brilho. —Estou olhando para seu rosto. Deseja algo mais? O bastardo está olhando para o rosto da irmã que se tornou rainha e agora pode se casar.

—Como? —Pergunto confusa. —Mãe? —Indago frustrada.

—Parece que a coroa entortou o ego de sua mãe, Anippe. —Gab fala ainda olhando para minha mãe.

—Você nunca vai saber. —Minha mãe responde irônica. —Djoser irá, Anippe também. Mas você jamais vai saber.

—Vocês podem parar? —Pergunto brava. —Parecem dois animais em eterna briga. —Minhas palavras surpreendem até mesmo a costureira que acaba seu trabalho. —Quem vai me levar até o sala do trono? Porquê se for o caso de nenhum dos dois fazerem isso, saíam da minha frente por obséquio. —Peço ríspida. Os dois se olham por alguns instantes até minha mãe se pronunciar.

—Precisamos de Lyanna. Ela vai entrar também. —Ela fala pensativa.

(...)

—Nervosa? —Gab pergunta ao meu lado enquanto Yaffa está ao lado de Radamés. Respiro fundo, mas parece que o ar me falta.

—Era para ser o meu pai, não você. —Falo nervosa.

—Finja que quem está ao seu lado é seu pai. —Gab pede ao segurar o meu rosto. —Ele está vendo de qualquer forma. Pense nisso... —Ele pede e então respiro fundo.

—Não me deixe cair. —Peço ao dar minha mão para ele enquanto as portas da sala do trono são abertas. Posso ver Djoser e Zion no altar e minha mãe mais acima no trono.

—Somos descendentes de Seti, criança. Nunca caímos e acima de nós apenas o céu. —Gab fala convicto e então olho para Yaffa entrando na sala do trono ao lado de Radamés. —Sua vez. —Ele fala e então damos os primeiros passos. Sinto minhas pernas pedirem para parar, mas sigo em frente. Quando sou notada por todos, sinto meu corpo enrijecer rapidamente. Olho para Lyanna que está vindo atrás de mim e de Gab, com isso continuo andando.

Apenas o som dos meus passos pode ser escutado agora. Radamés acaba de entregar Yaffa para Djoser. O olhar de minha mãe para meu irmão e Yaffa é de pleno asco, mas ao mesmo tempo incredulidade ao ver o filho casando. Logo todos olham apenas para mim. Risos de felicidade preenchem a sala do trono assim que Gab me entrega para Zion. Minha mão se desprende da mão do meu tio e então vai te encontro a mão de Zion. —Assim como Djoser e Yaffa, eu e Zion ficamos lado a lado de frente para o trono, olhando para Paser que está em frente à minha mãe.

—Hoje unimos quatro vidas para o bem maior do nosso reino. —Paser começa a falar enquanto olho para Djoser. — Príncipe Djoser da tribo de Judá, filho da rainha Henutmire, futuro rei do Baixo Egito, herdeiro híbrido do Egito e Israel, unindo sua vida com Yaffa, filha de Amun. —O meu desconforto foi ainda maior ao ouvir o nome do assassino de meu pai. —Assim como Zion, da tribo de Judá, deseja unir-se com Anippe, princesa híbrida do Baixo e Alto Egito e futura rainha do Alto Egito. —O último título surpreendeu Yaffa. Agora ela de fato sabe que eu serei rainha e não ela. —Unindo suas vidas e famílias, fazendo de seus corações um só. —Tremo ao ver a felicidade de Zion. —Assim como o príncipe fará sua alma e a alma de Yaffa uma só, Zion e a princesa Anippe também fará. —Paser revela fazendo Yaffa sorrir. —Que essas duas uniões sejam prósperas e longas. —Ele deseja e logo em seguida todos repetem como um coral.

—Por fim, és minha esposa. —Zion fala antes de sua tentativa inútil em me bejjar. Desvio o rosto, mas logo vejo Yaffa e Djoser com seus lábios unidos. Eu então olho pra Zion, que ao me ver assustada, beija apenas o topo de minha cabeça.

Vejo Karoma e Leila se aproximarem, cada uma com uma coroa em mãos. Minha mãe então vai até elas e pega uma das coroas, justo a que está com Karoma. Ela vai até meu irmão e sorri orgulhosa por finalmente fazer dele um rei.

—Proclamo Djoser, meu primogênito, sobrinho e herdeiro de Ramsés II, príncipe hibrido e prometido, o rei do Baixo Egito. —Minha mãe fala e então ergue a coroa até meu irmão. Todos ainda se mostram incrédulos ao saber que de fato o reino acaba de ser dividido. Logo minha mãe pega a coroa feita para mim e vem até mim. —Anippe... —Minha mãe fala enquanto todos olham para mim. —Minha sucessora. —Ela fala e eu sorrio. —Hoje você é a rainha do Egito, Anippe. Minha filha mais velha, filha do Nilo. —Ela fala orgulhosa enquanto Leila retira a coroa de flores de minha cabeça. —Agora rainha híbrida do reino mais poderoso da terra. —Minha mãe proclama ao pôr a coroa em minha cabeça. Olho então para Djoser, sua mão estendida para mim dá ao entender que ele espera por mim. Logo vamos até o trono e de lá posso ver o quanto minha mãe está feliz por estregar o Egito para nós dois.

—Vida longa aos reis. —Todoa falam ao mesmo tempo. Logo meu sorriso se torna ainda maior ao ver a frustração de Yaffa por me ver rainha. Logo meu olhar cai sobre Radamés. O homem olha para mim como se estivesse reprovando a atitude de minha mãe ao "dividir" o Egito para mim e Djoser. Permaneço olhando para ele, sem ao menos desviar meus olhos, somente para fazê-lo entender que não irei me intimidar. Rapidamente o homem faz menção de se retirar, mas antes olha para minha por alguns segundos. Minha mãe olha para Radamés por cima do ombro como se ele não lhe fosse importante, por isso acabo sorrindo.

Meu tio Ramsés morreu, agora Djoser é o novo rei. Minha mãe já não é mais Rainha-Mãe, agora eu sou a rainha do Egito. E daqui para frente muitas coisas vão mudar...

(...)

—E o bebê? —Yaffa pergunta me assustando, mas logo sorrio. —Quando vai ter o seu?

—Como? —Indago.

—Perguntei quando pretende ter filhos. —Yaffa fala e então une seu braço ao meu. Logo olho para Djoser, assim meu irmão sorri e olha para nossa mãe.

—Logo. —Respondo ao descer os degraus ao lado de Yaffa.

—Não era você quem falava que não queria ser mãe? —Yaffa indaga.

—Agora eu quero. Agora eu posso tudo. —Falo, magoando seu ego.

—Belo diamante esse que está em sua coroa. Me parece com os que tínhamos do deserto. —Yaffa fala desconfiada. —Vermelho rubro.

—Exatamente. —Concordo. —Estou me acostumando com o peso. —Brinco. —Enquanto eu sinto o peso da coroa, você sente o peso de um filho.

—Ótimo, não acha? —Yaffa pergunta. —Assim como eu, Halima espera um filho de Djoser.

—Halima é forte. Vai resistir as dores do parto. Além do mais, meu pai amaria tê-la como nora. —Falo. —Não vejo a hora de conhecer meu sobrinho.

—Meu filho também é seu sobrinho. —Yaffa ressalta, ficando de frente para mim.

—Você está casada com meu irmão, eu sei. —Falo ao ver Djoser sair do trono e ir até Halima. —Mas logo Halima será esposa dele também. —Falo no momento em que Djoser sai ao lado de Halima. —Mas me diga, Yaffa. Você pode ser a esposa de Djoser, mas essa noite, na sua noite de núpcias, meu irmão irá se deitar com outra mulher. —Minhas palavras chocam Yaffa. —Ele quer o filho que Halima espera, não o seu. Meu irmão nunca mais vai encostar um dedo em você porquê ele sente nojo ao te ver. Djoser pode ter te amado, mas isso foi antes de Amun matar meu pai. —Falo e então pego a mão de Yaffa ao vê-la chorar. —Na sua noite de núpcias você terá que dormir no harém com as mulheres cochichando enquanto Djoser está com Halima. —Minhas palavras pioram ainda mais o estado de Yaffa. —Parabéns, Yaffa. Sua vida vai ser um calvário agora, graças aos soberanos do Egito. —Falo e então dou as costas para Yaffa. Que Deus tenha piedade de Yaffa, porque eu não terei. E que o Senhor tenha misericórdia de Amun. Porque no dia em que eu ficar frente a frente com ele, me tornarei uma assassina. Quando as lágrimas de arrependimento deste homem secarem em seu rosto, eu irei sufocar sua garganta até o ar faltar em seus pulmões.

 


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Notas finais do capítulo

Irônico é esses casamentos serem no 1° de abril



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