Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi,oi,oi, gente! Voltei da licença maternidade (mentirinha)
Estou bem feliz por ver tanta gente lendo a fic



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Flash Back On

Vários médicos, sacerdotes e magos haviam passado pelo meu quarto durante o tempo que passei doente. A febre não baixava, meu pulso estava fraco, eu podia ouvir Paser fazer sua oração aos deuses, também ouvi meu pai e minha tentarem convencer Paser a chamar outro sacerdote, mas ele insistiu que nada iria adiantar. Como se não bastasse o meu ventre ser falho, agora minha vida está por um fio.

De noite eu consegui sentir algo muito forte aliviar a minha dor, pensei que talvez fossem os deuses me preparando para a minha chegada no mundo dos mortos. Mas eu ouvi a voz de uma criança juntamente com a voz de uma mulher falando algo, elas pediam algo. E juntamente esse algo aconteceu, eu despertei no dia seguinte e fui amada pelos meus pais.

—Minha filha adorada, graças aos deuses você está bem. —Minha mãe fala após me abraçar com todas as suas forças.

—Eu pensei que eu fosse te perder, Henutmire. —Ouço Disebek falar.

—Eu não lembro de nada, fiquei tão mal assim? —Pergunto desnorteada.

—Tão mal que quase partiu para o mundo dos mortos. —Paser revela. Pensei em falar sobre a agradável sensação que senti de noite, mas resolvo me calar.

Vejo meu pai entrar eufórico no meu quarto, assim Disebek se afasta da cama e permite que meu pai se acomode ao meu lado. Sua mão foi de encontro á minha, mas o que mais me agradou foi perceber que o meu sorriso o tranquilizou.

—Filha querida, que susto você nos deu. —Meu pai beija a minha mão logo em seguida. Notei o quanto ele estava amedrontado, talvez por se lembrar do outro filho que morreu ainda criança.

Quando Kamés morreu, eu tinha acabado de completar meu décimo quinto aniversário. Após a grande festa que meu pai fez para mim, Kamés adoeceu. Uma febre que o enfraquecia a cada dia, talvez fossem seus pulmões enfraquecidos, ou a temperatura elevada, seja lá o que fosse tinha levado o meu irmão.

Flash Back Off

Meus pensamentos foram interrompidos com a entrada de Hur e Paser, em seguida vi Ramsés entrar euforicamente para me ver. Ambos estavam paralisados ao me ver com Djoser nos braços, pareciam não acreditar no que estavam vendo.

—Pelos deuses, a senhora foi muito abençoada. —Paser é o primeiro a falar e se aproximar de mim. —É uma criança forte... —Ele fala ao olhar bem a criança que estavam coberta pelo manto azul.

—É um menino. —Revelo.

—Ele se parece tanto com você...—Hur fala assim que se aproxima de nós. —Ele é tão... Grande! —Hur brinca.

—Como ele vai se chamar? —Ramsés pergunta. —O Egito está nos portões do palácio desejando ver o seu filho, minha irmã.

—Há uma aglomeração de pessoas em frente ao palácio, princesa. —Paser revela. —Todos esperam que o soberano apresente o filho da senhora...

—Eu esperava presenciar isso. —Me queixo.

—Você irá apresentar o meu sobrinho aos nobres que chegarão... —Ramsés fala hipnotizado por Djoser. —Se esqueceu que iremos mostrar seu filho para nobres de outras nações, Henutmire? Isso é obrigatório para todo príncipe egípcio. —Ele me faz recordar o dia em que foi apresentado para a nobreza. —Agora me diga o nome do meu sobrinho. —Ramsés pede mais uma vez. Eu olho para Hur esperando que ele responda a pergunta que me foi feita.

—Djoser. —Hur responde. Vejo Paser se surpreender ao ouvir o nome do meu filho, e até imagino o motivo para de sua surpresa.

—A criança terá nome de rei. —Paser revela.

—Muito bem, Djoser. —Ramsés enfatiza ao pronunciar o nome do meu filho. —Têm um povo esperando te conhecer, são os seus súditos... —Sinto Hur me olhar incrédulo ao escutar o que Ramsés acaba de falar.

—Quem diria que ele interromperia um cortejo. —Hur fala orgulhoso. —Isso pode ser um sinal dos deuses?

—Com certeza é. —Falo. —Prometa me trazer ele de volta. —Falo entregando meu filho para Ramsés.

—Me acompanhe, Hur. —As palavras do meu irmão faz com que Hur me olhe assustado. —Eu preciso do pai do meu sobrinho caso eu não saiba cuidar dele. —Meu irmão dá as costas com meu filho em seus braços. Eu seguro a mão de Hur antes que ele se retire.

—Onde você estava? —Minha pergunta faz ele soltar a minha mão.

—Depois falamos sobre isso. —Hur fala sem jeito e se retira do quarto.

—Não se preocupe, senhora. —Paser fala. —Ramsés irá voltar com seu filho.

—É a obrigação dele. —Falo.

—Sinto muito por hoje, senhora. —Paser se desculpa ao lembrar de Yunet.

—Ela me viu com Djoser ainda no ventre. —Falo ao me lembrar do cortejo.

—E agora o verá na sacada do palácio. —Paser fala. Yunet conhecerá o meu filho, talvez ela veja isso como uma afronta. Mas mais afronta será ao saber que tive um menino.

—Meu povo, grande Egito... —Ouço a voz de Ramsés. Ele falava tão alto que do meu quarto se pode ouvir, talvez o silêncio que os súditos fazem ajudem a escutar sua voz. —Aqui está o mais novo príncipe do pausa, filho da princesa Henutmire, neto do faraó Seti e meu sobrinho... —Ramsés faz uma pausa, mas volta a falar rapidamente. —Príncipe Djoser. —Consegui imaginar os joelhos de todos os súditos se dobrarem ao ouvirem o nome do meu filho. —Seu nome é de rei, por quê ele será um. —As palavras de Ramsés faz com que Paser me olhe assustado.

—O que ele quis dizer com isso? —Paser me questiona. —Por que o rei disse isso?

—Não sei, Paser. Não sei... —Minto.

—Me desculpe, princesa. —Paser se envergonha. —A senhora está exausta e aqui me deixando levar por minha imaginação... —Ele fala. —Com licença.

(...)

—Você é lindo, sabia? —Hur pergunta com nosso filho nos braços.

—Você sumiu durante o cortejo. E só apareceu quando soube que eu estava dando á luz... —Falo me acomodando na cama. —Onde você estava? —Hur se viu sem saída ao ouvir a minha pergunta. —Eu estou esperando uma resposta.

—Eu me senti mal e Uri me trouxe para o palácio... —Hur começa a falar. —Quando eu estava me sentindo melhor vi uma movimentação estranha pelos corredores do palácio. Foi quando Leila me avisou que você estava em trabalho de parto.

—Sabe, Hur... —Começo a falar e suspiro. —Você mente muito mal. —Minhas palavras fazem Hur me olhar surpreso. —Leila estava comigo o tempo todo. Não sei se você notou, mas ela estava comigo hora que Djoser nasceu.

—Eu falei em Leila? —Hur pergunta e volta as suas atenções para nosso filho. —Eu me confundi. —Ele fala sem se quer olhar para mim. —Foi Karoma quem me avisou... —Hur fala e eu o observo.

—Me dê essa criança. —Peço e faço Hur se desanimar. —Ele está indo de braço em braço, isso não é conveniente. —Falo friamente. Hur me entrega Djoser como pedi, mas percebe o quanto estou aborrecida.

Hur está mentindo para mim, eu sei disso. Ele não é de mentir em vão, algo de grave aconteceu. Talvez Paser saiba de algo. Paser! Eu me recordo bem que Paser falou algo para Ramsés, talvez ele tivesse falado sobre Hur. Hur poderia ter se sentido mal como me disse e por isso Paser alertou Ramsés. Mas, se de fato Hur ficou indisposto, por quê ele não me olhou nos olhos quando perguntei sobre seu paradeiro?

—Eu tive um pesadelo. —Hur fala de repente.

—Como foi esse pesadelo? —Pergunto.

—O Egito estava arruinado. Havia fome,medo... —Hur fala pensativo. —Eu não vi Ramsés no trono, não vi o rosto da pessoa que governava o Egito...

Meu coração disparou ao ouvir Hur falar sobre o seu sonho. O sonho de Hur não é tão claro como o sonho de Ramsés. Preciso saber mais sobre esses sonhos que Hur e Ramsés tiveram, eles começam a me preocupar.

—Que estranho. —Falo sem pensar. Djoser se inquietou durante a conversa e começou a chorar. —Você deve estar faminto. —Falo. —Mas eu não tenho a mínima ideia de como amamentar...

—Você não precisa. —Hur fala me deixando frustrada. —Chame uma AMA, têm várias.

—Não. —Respondo. —Eu mesmo faço isso. —Ele se assusta. —Não preciso que outra mulher dê ao meu filho o que eu sou obrigada a dar. —Falo tentando acalmar o meu filho. —Não sofro com o medo da vaidade...

—Eu vou chamar Leila. —Hur fala com um sorriso no rosto. —Ela vai te ajudar com isso.

(...)

—Ele se engasgou, Leila! —Falo assustada e escuto a risada de Leila.

—Ele não está engasgado com o leite. —Ela fala risonha e pega o meu filho. —Não se assuste com isso, senhora.

—Ele é tão frágil... —Falo.

—Nada disso. —Leila fala ninando Djoser. —Ele é forte. —Ela ressalta.

—Você viu os olhos dele? —Pergunto orgulhosa.

—São iguais aos da senhora. —Ela fala e me devolve Djoser. —Não vejo a hora de ver Djoser correndo pelo palácio.

—Se ele for como Moisés... —Falo e rapidamente me lembro de Miriã.

—A rainha se sente indisposta. —Leila revela. —Mas não é por causa do bebê...

—Foi por causa de Yunet. —Falo tentando conter minha raiva. —Eu imagino...

—Ela atrapalhou o cortejo. —Leila fala.

—Não foi a única. —Falo com ironia.

—Gab ficará até o filho do rei nascer, não é mesmo? —Leila pergunta.

—Infelizmente. —Respondo. —Evite a chegada dele aqui, Leila. Não quero que Gab se aproxime de mim agora que estou fragilizada.

—Há guardas na porta, senhora. —Leila avisa.

—Não falo sobre confronto físico, Leila. —Falo e volto minhas atenções para Djoser. —Gab me afronta apenas com suas palavras.

—Ouvi dizer que ele estava na porta com os demais no momento que Djoser nasceu. —As palavras de Leila me fazem sentir asco ao imaginar Gab andar de um lado para o outro "preocupado" comigo.

—Onde está o meu irmão? —Uri entra eufórico com Bezalel.

—Onde está o meu tio? —Bezalel pergunta e se aproxima de mim.

—Fale baixo... —Leila pede para Bezalel. Bezalel vê Djoser e olha para Uri.

—Ele tem os olhos da cor do céu, pai. —Bezalel fala estridente.

—Ele é forte como o irmão. —Uri fala nos fazendo rir. —Você nos assustou, Djoser...

—Um belo susto. —Falo.

—E muito em breve terá um primo. E espero que ele não nos assuste também... —Uri fala sobre a criança que Nefertari espera. —Eu nunca pensei que fosse ganhar um irmão. Sempre reclamei por ser filho único...

—Não é mais. —Ressalto.

(...)

Eu havia pegado no sono após a conversa que tive com Uri e Leila. Mas eu escutava alguém falar baixo para não me acordar. Percebi que Djoser estava dormindo no berço tranquilamente, portanto permaneço deitada para poder ouvir a conversa.

—Miriã tem um filho? —Hur pergunta. Eu sinto meu coração acelerar ao escutar tal pergunta. —Essa criança não é filho de Eliseba e Arão?

—Eu também pensei nisso. —Uri fala baixo. —Mas, Miriã acelerou os passos ao meu ver. Parecia querer esconder a criança de mim!

—Fale baixo! —Hur pede. —Eu fico feliz que Miriã tenha construído uma família...

—Miriã não casou, pai. —Uri revela. Pelos deuses, Miriã e Hur tiveram um filho? Sim! Eles tiveram um filho! —A criança deve ter aproximadamente uns cinco anos... —Uri revela. —Deve ter nascido assim que o senhor e a princesa se casaram.

—Que estranho... —Hur fala. Eu implorei aos deuses para que esse suposto filho de Miriã não seja de Hur, mas a duvida está ao meu lado. —Uri... —Hur fala. —Esse menino é filho de Num.

—Claro. —Uri concorda. —Eu não me lembrava do filho dele...

—Eu por um momento pensei que Miriã tivesse construído uma família. —Hur fala desapontado.

—O senhor sabe que foi o único homem que Miriã amou, pai. Acha mesmo que ela iria olhar para outro homem? —Uri pergunta. —O que o senhor fez foi errado.

—Eu sei. —É a única coisa que Hur fala.

—O senhor precisa é se preocupar com Gab, agora. —Uri responde. —Imagine se todos soubessem que o senhor e ele brigaram por causa da princesa. —Fico chocada ao ouvir a revelação de Uri.

—Henutmire não pode saber sobre isso, Uri. Ela pensa que passei mal enquanto fiquei ausente. —Hur fala. Ele estava mentindo. —Ramsés pediu descrição para Gab.

—Sabe, pai. As vezes eu tenho medo. —Uri fala.

—Medo? —Hur pergunta.

—Medo de que a princesa faça com o senhor a mesma coisa que o senhor fez com Miriã. —As palavras do meu enteado me fazem sorrir e ter uma ideia. Se Hur sentisse um pouco do que Miriã sofreu, talvez ele aprendesse a se importar com o que fez.


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Notas finais do capítulo

Se preparem para um triângulo amoroso mais problemático que Nefertari,Moisés e Ramsés



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