Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Cheguei rapidinho como me pediram heheheheheh para quem não foi para o carnaval e prefere ler a fic...



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—Tire suas mãos de cima de mim! —Esbravejo impaciente ao ver que estou presa em seus braços. —O príncipe não tem medo de perder a cabeça? —Pergunto ao desejar a cabeça de Gab em uma bandeja.

—Pela a princesa eu corro esse risco, e não tenho medo. —Gab fala sedutor, todavia sinto asco ao ouvir sua voz. —Será que não sente nada por mim? Nem mesmo enquanto eu acariciava sua pele?

—JÁ BASTA! —Grito ao tentar me soltar de seus braços. Será que esse homem não entende que eu não o amo? Que não me sinto bem ao seu lado?

—Não basta, Henutmire. Eu esperei por você todos esses anos...

—O que?

—Eu esperei por você. Mas a cada dia que se passava eu percebia que você nunca iria me procurar... —Gab fala decepcionado comigo.

—Eu sou casada, será que ainda não entendeu isso? —Pergunto ofegante. —Me deixe em paz!

—Eu não posso! —Gab exclama me prendendo ainda mais em seus braços.

—Isso não é amor, é obsessão! —Falo sem paciência e tento afastar meu rosto que está próximo ao dele. —O senhor não tem nada a perder, não tem esposa, não tem filhos. Mas eu tenho tudo isso e ainda tenho uma imagem a zelar, príncipe! —Falo brava e ,por fim, seus braços me soltam. Olho nervosa para Gab, e ele se assusta ao me ver livre de seus braços. —Se mantenha afastado de mim, príncipe.

—Eu não posso. Eu não consigo, não depois de sentir você em meus braços. —Gab fala se aproximando de mim. —Eu sempre te esperei, Henutmire. —Ele fala me segurando pelos braços. —E eu voltei por quê quero você para mim.

—Está louco! —Exclamo e ele solta meia braços. —Não se dá conta do que está fazendo? Do que fala? Eu exijo respeito!

—E eu exijo amor! —Gab fala se aproximando de mim novamente.

—Você não pode exigir nada! —Falo autoritária e me afasto dele. —Não se aproxime de mim! Não ouse falar comigo e nem espere que eu volte a olhar para você depois do que aconteceu aqui, hoje. —Falo firme. —Eu não te amo, não sinto nada por você, e não sei o que fez com que pensasse que talvez eu fosse retribuir suas asquerosas carícias.

—Não foi isso o que demonstrou. —Gab fala cínico. —Se foi tão asqueroso para você, por quê não negou minhas carícias no mesmo instante?

—Por quê eu imaginei que fosse o meu marido e não você! —Esbravejo sem paciência. —De que outro homem eu poderia esperar carícias como estas?

—Minhas. —Gab insiste e me faz sentir náuseas. —Você sabe que eu sempre te amei...

—MAS EU NÃO! —Meu grito o assusta. —Você não é nada para mim, coloca isso na cabeça!

—Eu não vou desistir de você, Henutmire. —Gab fala me fazendo rir. —Você ainda...

—Não me faça rir. —O interrompo bruscamente. —Me esqueça de uma vez por todas... —Falo ficando frente a frente com Gab, mais uma vez. Estamos muito próximos novamente, mas desta vez eu me retiro e o deixo sozinho.

(...)

Eu realmente preciso ficar sozinha. Talvez eu consiga me acalmar após ser assediada por Gab enquanto descanso no jardim real. Eu não acredito que esse homem voltou para o Egito apenas para me infernizar pior que da outra vez. Eu preciso me manter afastada de Gab, não posso ficar no mesmo ambiente que ele, ou então irei sofrer com seus assédios novamente. Novamente sinto um par de mãos pousar sobre meus ombros, mas desta vez, eu não permito que Gab me exponha.

—Eu disse para não fazer mais isso, Gab! —Exclamo brava e me levando para ficar frente a frente com Gab, mas me deparo com Hur.

—Gab? Por quê Gab faria isso com você? —Hur pergunta incrédulo. —Por acaso ele também toca em você como eu toco?! —Hur pergunta bravo. É a primeira vez que vejo Hur me olhar com tanto raiva e demonstra toda a sua indignação.

—Você entendeu errado. —Tento convencer Hur de que não o chamei de Gab, mas ele discorda de mim. —Por que eu o chamaria de Gab?

—Eu não sei. Mas algum motivo existe, Henutmire! —Hur fala descontrolado. —Esse homem mal chegou e foi te cortejar?

—Eu já disse que você entendeu mal, Hur. —Falo amedrontada. Hur pode muito bem ir tirar satisfações com Gab, e eu sei muito bem que os dois irão se enfrentar sem nenhum medo. —Você ouviu errado...

—Você não precisa defender esse homem, Henutmire. —Hur fala mais calmo.

—Eu quero te defender, Hur. Não quero que você e Gab se enfrentem como dois animais...

—Mas eu posso esperar você me defender e permitir que ele te toque? É isso? —Hur pergunta me fazendo perder o controle. Eu não sei mais o que falar para impedir que Hur faça uma besteira. —O que ele fez com você? —Vi o olhar de Hur enegrecer de fúria ao imaginar Gab me tocando. —Quantas vezes ele já te tocou, Henutmire?!

—Pelo amor que você sente por mim, Hur. —Falo ao colocar minhas mãos nos ombros dele. —Vamos esquecer tudo isso, isso foi apenas um mal entendido...

—Mal entendido? Não existe mal entendido algum! —Hur esbraveja enfurecido e se aproxima de mim.

—Tente me entender. Muitas coisas aconteceram... —Minhas palavras não surtiram efeito nele. —Miriã, Gab... E você mesmo viu a própria Yunet no cortejo, Hur. Eu estou confusa, não quero criar mais nenhum problema com Gab, e muito menos com você. Ele irá embora em breve, ele não vai passar muito tempo no Egito, você sabe disso.

—Mas esse pouco tempo será o suficiente para te nos infernizar.

—Agora as coisas mudaram. Temos Anippe e Djoser, e eles vão ficar ao meu lado por todo o tempo. Gab não terá tempo para me incomodar...

—E eu terei que me contentar com isso? Será que você não me entende? —Hur pergunta nervoso. Eu me atirei em seus braços e o abracei para que ele entendesse o meu medo. Gab pode muito bem fazer algum mal contra Hur, e eu prefiro sofrer em silêncio com os assédios de Gab do que ver ele e Hur brigarem por minha causa.

Gab pode muito bem atentar contra a vida de Hur, e eu não irei me perdoar se algo de ruim acontecer com ele. Muito menos irei me perdoar se eles dois se matarem por minha causa, prefiro esperar Gab partir e enfrentar Hur mil vezes para que ele não cometa nenhuma loucura.
Só de imaginar Gab ferindo Hur com uma espada, choro, talvez por medo de perder o grande amor da minha vida. Por quê é isso o que Hur é e sempre será. Passei muitos anos sem saber o que era amor para agora o perder, eu não posso deixar que nada e nem ninguém me afaste dele. Eu não sei o que seria de mim sem Hur, não depois de ver e viver todos esses anos ao seu lado. Ele foi capaz de me me dar tudo àquilo o que eu precisava e até o que eu não precisava, com Hur eu soube que o amor pode ser demonstrado ,não apenas com um "eu te amo", mas com várias atitudes e olhares.
Hur me fez ter dois filhos, filhos estes que hoje estão se tornando adultos. Ele não me fez apenas sua mulher, ele me fez ser mãe de seus filhos, e eu não posso perder ele por causa de Gab.

—Você me faz ser a mulher mais feliz de todo o Egito... —Falo ainda abraçada á ele. Ele acaricia minhas costas enquanto o abraço ainda mais forte. —Então, não cometa nenhuma loucura. Não me deixe preocupada, Hur. Por quê eu não sei o que seria de mim se você deixasse de existir... —Falo em meio as lágrimas. A força com que eu o abraço não é nada comparada a força com que ele tem todas as vezes que me abraça. —Eu perdi meus pais, perdi Moisés... Eu morro de medo ao pensar em te perder também.

—Nós temos um ao outro, não temos? —Hur pergunta repousando seu queixo em minha cabeça. —Eu não irei fazer nada. Mas saiba que isso não me deixa feliz.

—Esqueça isso, por favor. —Peço mais uma vez e passo a olhar seu rosto bem de perto. Só de imaginar as consequências que um possível confronto entre Hur e Gab, sinto todo o meu corpo tremer. —Pelo amor que Ísis sentiu por Osíris, esqueça Gab...

—Não precisa me pedir mais. —Hur fala acariciando o meu rosto. Sinto meu rosto arder como fogo ao sentir a mão de Hur acariciar o meu rosto, talvez eu nunca vá me acostumar com o toque inexplicável de Hur.

Todas as vezes que este homem me toca, eu sinto uma chama avassaladora incendiar o meu corpo. Eu mais pareço ser uma adolescente que nunca foi tocada todas as vezes que Hur me toca, mais pareço não saber o quanto já sofri, ele consegue me fazer esquecer até a noção do tempo.
Hur é a minha alma gêmea, eu sei disso, não existe nenhum fato que comprove o contrário.
Nem mesmo o passado conturbado com Miriã, nem mesmo a insolência do príncipe Gab foram capazes de me separar de Hur. E eu não quero me separar dele nunca mais, mas sei que um dia a morte levará um de nós, mas somente a morte poderá nos separar.

—Prometa que nunca vai me abandonar. —Hur pede se aproximando do meu rosto.

—Só se você prometer que nunca deixará de me amar. —Falo incomodada pela lágrima que insiste em cair, e que ao cair, Hur enxuga imediatamente. A medida que Hur se aproxima de mim, eu anseio pelos lábios da mesma forma que Hur desejou os meus pela primeira vez.

Quando o beijei, senti seus braços me prenderem como se quisesse me encarcerar para nunca mais ir embora. Se dependesse da minha vontade, eu nunca sairia dos braços de Hur, nunca o deixaria ir para longe. Ficar sem ele é como o ar fugir de meus pulmões, preciso dele para viver todos os meus dias com alegria.
Mas foi como eu disse, Hur me faz ser a mulher mais feliz de todo o Egito e mais além dele.

—Você me faz ser o homem quase mais feliz do Egito. —Hur fala me deixando desapontada.

—Quase? O que te falta? —Pergunto assustada.

—Que se case comigo.

—Mas nós somos casados. —Falo rindo de Hur.

—Quero que case comigo todos os dias. —Hur pede e em seguida me beija novamente.

—Se você me pede em casamento mil vezes... —Falo ofegante após interromper o nosso beijo. —Eu aceitarei mil e uma vezes! —Falo plena de alegria e Hur sorri, mas ao mesmo tempo que observa com atenção.

—É impressionante como os deuses fazem você ser tão exuberante. —Hur atinge onde mais me "dói", a minha vaidade e a vergonha que sinto ao ser elogiada por ele.

—Mãe! Pai! —Ouvimos Djoser nos chamar acompanhado por Anippe. Rapidamente me liberto dos braços de Hur, sinto vergonha ao ver o olhar desconfiado de Djoser se encontrar com o meu. —Anippe experimentou vinho e...

—Você bebeu vinho? —Hur pergunta indignado. —Você ainda é muito nova para beber vinho, Anippe.

—Mas, pai...

—Eu avisei. —Djoser fala e Anippe se sente encurralada por todos nós. Eu olho desconfiada para Anippe.

—Vamos deixar as duas se entendendo, pai. —Djoser fala e acaba arrastando Hur. Consequentemente eu e Anippe ficamos sozinhas. Noto que minha filha está com trajes de banho, certamente irá se refrescar na piscina.

—A senhora me ajuda a passar o óleo? —Anippe pergunta com um pequeno frasco em mãos.

—Claro. —Respondo e ela me entrega o óleo perfumado. Espalho , delicadamente, o óleo sobre a pele delicada e macia de minha filha. E ao terminar, ela me agradece com seu olhar.

Anippe entra na piscina e começa a se divertir dentro da água com seu nado. Mas eu noto a água ganha um tom avermelhado pelo trajeto que Anippe faz ao nadar na piscina. Tento chamar a atenção da minha filha, mas ela segue se divertindo na água. Até que ela nota o tom avermelhado e se desespera ao saber que é sangue, seu sangue.

—Por Ísis... —Anippe fala assustada. —O que está acontecendo? —Ela pergunta para mim e geme de susto. —Mãe, o que está acontecendo? —Ela pergunta enquanto sai da piscina. —Eu acho que me cortei... —Ela fala ao ver seu traje de banho branco ficar avermelhado. Eu sorrio ao saber o que aconteceu com minha filha, todavia ela se assusta ainda mais ao me ver sorrir. —Por quê está rindo?

—Está tudo bem com você, minha querida. —Falo incrédula ao assimilar o que acabou de acontecer. —Eu vou cuidar de você. Isso não é nada demais...

—Como não? —Anippe pergunta ingênua. —Estou sangrando.

—Isso já aconteceu comigo antes mesmo de você nascer, Anippe. —Minha filha então entende o que falo e arregala os olhos assustada. —Você não é mais uma menina, agora é uma mulher.

—A senhora não vai contar para o papai, vai? —Anippe pergunta envergonhada e eu sorrio. —Não conte nada para ele!

—Com o tempo ele irá desconfiar, Anippe. —Falo. —Mas ele não saberá por mim. —Anippe respira aliviada ao ouvir minha promessa. —Agora vamos. Você não deve ficar vestida nessa roupa manchada...

(...)

Eu mesma ajustava os enfeites da peruca de Anippe, assim eu poderia me reaproximar dela, quem sabe...

—Parece que foi um dia desses que você nasceu. —Falo orgulhosamente e Anippe sorri nervosa. —E aqui estamos nós duas!

—Estou mais constrangida do que feliz. —Anippe fala e se levanta. —Eu não vou me casar agora, não é? —Anippe pergunta pausadamente e me faz rir. —Por favor, mãe! Não me deixe ser uma tola e pensar o que não devo!

—Não, você não vai casar agora, Anippe. —Falo rindo da ingenuidade de minha filha. —A menos que você já tenha um pretende...

—Não, eu não tenho! —Anippe nega plena de nervosismo. —Não vejo graça nesta conversa, mamãe.

—Mas eu vejo. —Falo fazendo com que ela se aborreça. —Mas se você fosse se casar, não teria problema algum além da idade. —Falo ajustando seu colar. —Você é educada,culta...

—Não gosto do rumo desta conversa...

—E sabe dançar perfeitamente bem... —Enfatizo e faço com que minha filha bata o pé. —Eu mesma a ensinei a dançar, e agora está muito melhor do que eu.

—Eu me lembro que Amenhotep e Djoser observavam a senhora me ensinar a dançar. —Anippe fala orgulhosa de si mesma. —Por isso saiba que pretendo me dedicar a dança, e não as pretendentes que a senhora me arrumar.

—Eu não tenho pressa para te ver casada, Anippe. Talvez eu nem chegue a te ver casada... —Falo e pela primeira vez Anippe me olha com tristeza. —Mas você terá Uri e Djoser.

—Talvez eu queira que Moisés esteja aqui também. —Anippe fala um pouco pensativa. —Será que eu nunca vou conhecer meu irmão?

—Talvez não. Mas quem sabe, em outra vida, vocês se conheçam. Os deuses sempre unem as pessoas em outras vidas. —Falo.

—Talvez esse seja o nosso caso. Por quê, cronologicamente, eu e meu irmão nunca deveríamos ter nascido... —Anippe fala e lembra o meu passado infeliz. —Yunet matou todos os seus filhos.

—Nem todos. —Falo deixando Anippe confusa. —Ela não matou seu irmão, e nem você. Yunet matou todos os filhos que eu teria com Disebek.

—Mas ela sentia inveja da senhora, talvez se ela estivesse aqui quando a senhora engravidou de Djoser, ela teria lhe envenenando mais uma vez. —Anippe fala sem parar.

—Quando eu carreguei Djoser no ventre, e sem seguida, te carreguei, eu senti uma força maior me proteger de todos os males, Anippe. Nem mesmo Yunet me amedrontava, nem mesmo o risco de ver seu irmão nascer morto por conta da minha idade avançada, ou qualquer outro problema, me fez temer. —Falo emocionada. —Você e Djoser fizeram com que todos os meus anos baseados em mentiras valessem a pena, Anippe. Vocês não substituíram Moisés, mas fizeram com que eu me sentisse melhor, me fizeram não sofrer mais por ele. —Minhas palavras fizeram Anippe se calar pela primeira vez depois de todos os nossos desentendimentos.

—Como ele era? —Anippe pergunta calma. —Como Moisés era?

—Calmo, educado, não se deixava abater por qualquer coisa. —Falo orgulhosa ao lembrar de Moisés. —De certa forma vocês são irmãos.

—Está querendo dizer que tenho a mesma personalidade que Moisés? —Anippe pergunta irônica.

—Não. —Falo me aproximando de Anippe aos poucos. —Você tem sangue hebreu tanto quanto ele, Anippe.

—Mas eu sou uma princesa egípcia, mãe. Não me iguale aos hebreus só por que o meu pai é um. —Anippe fala endurecida, tomada pelo orgulho. —Eu não sou como eles!

—Você tem sangue hebreu, Anippe. Você precisa aceitar isso! —Falo completamente alterada, o preconceito de Anippe me faz ter medo e ao mesmo tempo nojo.

—A senhora sempre sente prazer em me humilhar, não é? —Anippe pergunta fora de si. —Sempre faz questão de me lembrar que só estou neste palácio por que sou sua filha! —Anippe esbraveja. —Eu não pedi para ser sua filha, senhora Henutmire! —Anippe fala se aproximando bruscamente. —Talvez eu não tivesse nascido como sua filha, talvez eu devesse ter nascido como filha de Miriã. —Anippe fala e se desequilibra ao sentir o peso de minha mão em seu rosto dedicado. O rosto de minha filha ficou vermelho, mas não por causa do tapa que acabo de lhe dar, mas sim de ódio, de raiva. Raiva por saber que eu posso levantar a mão para ela, mas ela não pode levantar a mão para mim.

—Nunca mais dirija uma palavra para mim! —Anippe fala com um de suas mãos no rosto. —Se antes eu sentia raiva da senhora, agora eu sinto ódio!

—Você não sabe o que diz, Anippe!

—Mas a senhora sabe o que faz! Tanto que acaba de levantar a mão para a sua única filha mulher... —Anippe fala com uma certa desconfiança. —Espero que sofra nas mãos de Djoser, por quê eu nunca irei cuidar da senhora quando estiver sofrendo com a velhice. Espero que acabe sozinha no final das contas...

—Infelizmente a única que acabará sozinha será você, Anippe. Por que uma filha que rejeita o amor e os cuidados da mãe, só pode receber a solidão e o sofrimento que o mundo tem para oferecer. —Falo. —Eu quem te alimentava, não é agora que, você se tornou uma mulher e já está forte, que deve levantar a voz para mim.

—Veremos quem irá sofrer mais, mãe. Esse tapa que acaba de me dar terá que ser esclarecido no julgamento de Osíris quando nos encontrarmos no mundo dos mortos. —Anippe fala em tom de ameaça e sai rapidamente sem me deixar falar o que tenho para falar.

Anippe está totalmente fora de si, não estou conseguindo me relacionar bem com ela, minha própria filha me deseja mal. Pelos deuses, que tipo de aprovação é essa? Por quê eu devo sofrer tanto com o egocentrismo de Anippe? Por quê minha filha e eu não temos uma boa relação como eu tinha com a minha mãe?
Talvez eu deva falar sobre essa minha briga para Hur, mas acho que isso só vai piorar as coisas. Se Anippe ainda não teve coragem de contar sobre nossas brigas para Hur, certamente ela não irá falar sobre a bofetada que lhe dei...

Nunca imaginei que um dia levantaria a mão para Anippe, mas eu nunca imaginei também que minha filha se tornaria uma pessoa tão frívola e impertinente. Chego a pensar, mais uma vez, que os deuses me castigam através de Anippe. Me castigam por não ter dado o perdão que meu pai me pediu, me dão em dobro todo a arrogância que um dia meu pai teve, mas eles me dão essa arrogância por Anippe. Minha filha está totalmente fora de controle! Eu não posso acreditar que a minha filha, fruto do meu amor com Hur, esteja se tornando uma pessoa má.

—O que está acontecendo entre a senhora e Anippe? —Djoser me assusta ao me fazer tal pergunta. —Ela me disse que a senhora a esbofeteou...

—Ela lhe disse o motivo? —Pergunto.

—Não foi preciso ela me contar. Eu já imagino o motivo. —Djoser fala envergonhado. —Não dê importância a rebeldia de minha irmã.

—Ela me odeia, Djoser. Sua irmã me vê como uma inimiga! —Não precisei falar mais nada para Djoser. Meu filho me abraçou e terminou a nossa conversa, assim eu me conforto em seus braços. Apesar de ser tão novo, Djoser é bem mais alto que eu. Eu preciso aceitar o fato de Djoser ser quase um homem, que a idade dele é a única coisa que me faz pensar que ele ainda é um menino.


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Notas finais do capítulo

Vamos afogar Anippe no rio Nilo? Bora



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