Destinados escrita por TalitaP2


Capítulo 2
Capitulo 1.


Notas iniciais do capítulo

Ola meninas espero que gostem do cap.
A história começa no seculo 19, depois ela vem aos dias atuais, ainda teremos uns dois ou três cap assim e então muda.
Comentem o que acharam!



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Ano de 1865 - (XIX) - America.

Já era noite e eu andava pelos corredores do casarão segurando a pequena lamparina com a vela acesa dentro, ela iluminava o caminho até meu quarto, papai e mamãe já haviam se recolhido e eu tinha ido tomar um copo de leite na cozinha antes de fazer o mesmo. Tomo cuidado para não fazer muito barulho enquanto volto à ala onde ficam os dormitórios dos criados, mamãe era cozinheira na grande mansão dos Schreave e papai trabalhava nos jardins mantendo-os impecáveis como à senhora Amberly gostava.

Já estava quase em meu quarto quando sinto alguém segurar minha mão, e não preciso nem me virar para saber quem era, aquele toque já era tão conhecido pelo meu corpo.

– Uma dama não deveria andar sozinha à noite – sussurra ele com a voz rouca e sedutora.

– Então acho que o cavalheiro deveria me acompanhar – falo me virando encontrando os olhos castanhos mais calorosos que já havia visto.

– Será uma honra – diz ele me oferecendo seu braço que eu prontamente aceito.

Voltamos a caminhar em silêncio até a porta do meu quarto, abro-a com cuidado e entro dando passagem para que ele entre também. Maxon então caminha se sentando na beirada de minha cama e me olhando ainda em silêncio por alguns minutos.

– Achei que não nos veríamos hoje – confesso falando baixo, não queria que nós fossemos ouvidos.

Não seria nada legal a filha dos empregados ser pega em seu quarto com o filho dos patrões, infelizmente este não era um “relacionamento” bem aceito pelas pessoas, o que não impedia meus sentimentos por ele, é claro.

– Eu estive ocupado, sabe como meu pai é – disse ele dando de ombros.

– Sei sim – falo baixo me sentando ao seu lado.

Lorde Clarkson era bem rígido quando queria, ou seja, quase sempre, ele era um homem muito influente em nossa região, com muitas posses, que obviamente ficariam para seu único filho, Maxon.

Ele segura minha mão a afagando com carinho, sorrio olhando ele entrelaçar nossos dedos e levanto meus olhos aos seus, um pequeno sorriso estava em seu rosto.

– Senti sua falta – diz ele baixo chegando mais perto de mim.

– Eu também – sussurro já sentindo seu típico cheiro de menta, da sua loção.

Devagar ele me deita em minha pequena cama com seu corpo sobre o meu, e mais devagar ainda seus lábios encontraram os meus, macios e doces, subo minhas mãos aos seus cabelos mexendo neles enquanto nos beijávamos, era uma mania minha que jamais perderia, e ali em meu pequeno quarto, escondidos, mais uma vez nos perdemos um no outro.

*Uma semana depois*

Eu estava eufórica, hoje Maxon voltaria de viajem com seu pai, eles haviam ido tratar de alguns negócios de seu pai e estavam fora há quatro dias. Terminei de cortar os legumes para mamãe e então ela pede que eu buscasse algumas hortaliças na pequena horta que havia no terreno mais ao fundo do casarão, pego uma cesta e caminho até lá cantarolando baixinho, lembrei-me de queria preparar mais tarde uma torta de amora para Maxon, era sua preferida e eu queria agrada-lo.

Ainda me lembrava do dia que o conheci, eu tinha quinze anos e estava vindo com minha irmã May de 13 da casa de meus avós maternos na Carolina do sul para morar com meus pais na capital, eles haviam vindo três anos antes para cá em busca de emprego e alguma condição de vida melhor, afinal em Carolina ou você tralha nas plantações ou é dono delas, meus avós tinham uma pequena casa e vovô trabalha em uma destas plantações enquanto vovó lavava roupa para fora. Então quando meus pais conseguiram um emprego “bom” e condições melhores nos levaram para morar consigo na mansão dos Schreave, assim que cheguei fiquei deslumbrada com o tamanho dali, a casa era enorme, os jardins verdes e impecáveis – obra de meu pai – com flores e arvores o enfeitando.

O casal foi deverás gentil nos deixando vir morar com nossos pais, mas eu sabia que também teríamos tarefas ali, então eu e May ajudávamos minha mãe na cozinha, e foi no primeiro dia em que ajudei a servir o almoço que eu o conheci, Maxon, ele estava elegantemente sentado á mesa a espera da comida, mas foi quando seus olhos castanhos encontraram com os meus que eu senti que era ele, não sei dizer ao certo como, mas eu tive certeza que ficaríamos juntos. Parece bobo para uma menina de quinze anos, mas amor não tem idade, classe social – o que era nosso maior empecilho – e nem hora e Maxon parecia pensar o mesmo já que me lançou um sorriso discreto, mas encantador, e foi ai que eu realmente me apaixonei.

Nos dias seguintes apenas o via na hora das refeições, até descobrir que ele fazia aulas de cavalgada todas as tardes das 15h00min às 16h30min, então intencionalmente neste horário eu ia ajudar papai com o jardim, assim conseguia o ver mesmo que de longe. Quando fazia uma semana que estava ali, em uma tarde em que “trabalhava” no jardim cuidando de algumas mudas de flores eu ouço passos perto de mim, levantei meus olhos achando que encontraria meu pai, mas para minha surpresa era Maxon que estava parado ao meu lado com um discreto e bonito sorriso, ainda lembro-me de suas palavras como se fossem hoje:

“ - Esse jardim nunca esteve tão bonito.” – disse ele me olhando ainda sorrindo.

Acho que eu fiquei uns bons minutos olhando para ele sem acreditar que ele havia falado comigo, então eu sorri timidamente e respondi:

“ – Obrigada senhor, estou plantando flores novas...”

Ele a abriu mais seu sorriso negando com a cabeça e então seus olhos encontraram os meus.

– Eu não estava me referindo as flores.” – explicou ele piscando discretamente antes de voltar a andar para o casarão.

E foi assim que tudo começou, depois disso todos os dias depois de suas cavalgadas ele vinha até onde eu estava no jardim e conversávamos algumas palavras, ele perguntava sobre mim e eu sobre ele, quase um mês depois demos nosso primeiro beijo, atrás de um ar arbusto onde havíamos nos escondido para conversar mais. Sentir seus lábios nos meus foi a melhor sensação do mundo, então nossa relação foi progredindo cada vez mais e quando vi já estávamos no finalmente, Maxon era perfeito e me fazia sentir tão especial, foi uma noite magica com velas, algumas rosas e muito amor.

Hoje eu com 18 e ele com 19, já dois anos depois, nosso sentimento continuava o mesmo, ou quem sabe mais forte que antes, Maxon e eu nos encontrávamos quase todas as noites em segredo, afinal nossa relação era “proibida”, pelo menos aos outros, para nós era o certo, era juntos que tínhamos que estar.

Deixo esses pensamentos para trás e termino de colocar tudo na cesta voltando para o casarão, limpo um pouco meu vestido azul claro que havia sujado um pouco com a terra da horta. Deixo a sexta sobre a mesa e ouço as vozes na sala, será que ele havia chegado? Senti meu coração acelerar um pouco e a ansiedade me consumir, continuei ajudando minha mãe com o jantar, ainda ouvindo as vozes na sala, com certeza não estavam sozinhos, havia visita, o que fez minha mãe aumentar a quantidade de comida que preparava.

Mais tarde quando estava tudo pronto colocamos a mesa da sala de jantar e mamãe pediu que eu avisasse a todos que o jantar estava servido, respiro fundo ajeitando meu vestido e arrumando a trança de lado que prendia meus cabelos ruivos. Timidamente e devagar eu entro no salão vendo Lorde Clarkson sentado em um dos sofás com Lady Amberly ao seu lado, ela sorria conversando com outra senhora sentada no sofá que havia ao seu lado, eu continuo minha inspeção pela sala parando no “casal” que estava sentado no sofá a frente deles, Maxon sorria discretamente para uma garota morena que estava elegantemente ao seu lado.

– América? – chama Lady Amberly assim que nota minha presença na sala.

– Desculpe – falo desviando meus olhos a ela – o jantar está servido senhora.

Ela sorri concordando e então convidou todos para a seguirem, olho mais uma vez para Maxon e a outra garota, agora ele me olhava, seus intensos olhos castanhos me analisavam, desvio meus olhos voltando rapidamente para a cozinha, entro e papai e May já estavam sentados à mesa comendo o ensopado de legumes, dou um beijo na bochecha dele e bagunço os cabelos de May que solta um resmungo, me sento à mesa também e mamãe terminava de colocar um pouco do ensopado de legumes em um prato colocando-o a minha frente, agradecendo começo a comer perdida em pensamentos, quem será que era aquela garota e aquela mulher?

Termino de comer e ajudo mamãe a limpar a cozinha, quando estávamos quase terminando mamãe arrumou uma bandeja com café e alguns biscoitos para que eu levasse a sala, pego-a caminhando com um pouco de receio até a sala novamente, entro encontrando a mesma cena de antes, procuro não olhar para Maxon e nem para a garota enquanto coloco a bandeja sobre a mesa de centro, sirvo as pequenas xicaras e entrego a cada um, quando chego a ele a entrego sentindo seu toque quente com nossos dedos se tocando, em seguida entrego a da garota ao seu lado, então peço licença e saio novamente.

– Já pode se deitar querida, May também já se recolheu... – disse mamãe assim que entro na cozinha.

– Mesmo? Não precisa de ajuda? – pergunto e ela nega me dando um beijo na bochecha.

Despeço-me e então vou para meu quarto, havíamos limpado a biblioteca hoje a tarde então estava bem cansada, eu tiro minha roupa e entro em minha tina que já estava cheia, com certeza papai tinha feito isso antes de ir dormir, afundo na água a deixando afundar meus pensamentos junto, não conseguia deixar de pensar em quem era aquela garota com Maxon, será que era alguma parente distante? Não me lembrava dela.

Acordo no dia seguinte e coloco com um de meus vestidos, estavam longe de serem elegantes e sofisticados, afinal porque uma empregada os teria? Eu nunca ia a lugares elegantes, festas, jantarem e bailes, tinha apenas alguns vestidos “melhorzinhos” que havia ganhado para usar nos dias que tínhamos visitas, afinal as criadas não podiam estar mal apresentadas não é?!

Chego à cozinha encontrando mamãe já preparando pães, devia ter acordado mais cedo para isso, sinto o cheiro do bolo assando e sorrio indo até ela beijando seu rosto.

– Bom dia mamãe – falo ganhando um sorriso.

– Bom dia filha, dormiu bem? – pergunta ela enquanto pego uma maça no cesto em cima da mesa.

– Sim, e a senhora? – eu pergunto dando uma mordida na maça.

– Sim – diz ela ainda amassando a massa do pão.

Vejo duas outras criadas entrarem na cozinha com muitos legumes e ingredientes, elas deviam estar voltando da feira que havia no centro da província.

– Porque tanta comida? – eu pergunto a elas.

– Sua mãe não contou? – diz Anne guardando algumas coisas.

– Contar o que? – eu pergunto confusa.

– Teremos um jantar importante hoje... – explica Lucy.

– Por quê? – pergunto mordendo mais de minha maça.

– Ao que parece Lorde Clarkson tem um comunicado a fazer – disse Anne dando de ombros.

– Ele não disse o que? – pergunto tomando um gole de meu suco.

– Não... Só pediu que preparassem o jantar e Lady Amberly nos passou os pratos a serem servidos – disse mamãe.

Mordo o lábio pensativa, o que será que ele queria comunicar?! Maxon não havia comentado nada comigo, mas podia ser algo desta viajem em que eles fizeram, alguma venda ou aquisição importante.

Ajudei-as a preparar o almoço e quando já era quase hora de servi-lo mamãe pediu que fosse ao centro chamar May que estava na casa de uma amiga, quando voltei Anne e Lucy trabalhavam no jantar enquanto mamãe fazia a sobremesa. Vou até a pia lavando as mãos e já as ajudando a cortar os legumes, May ficou ajudando mamãe, muito a contra gosto, mas ficou, ela era bem preguiçosa e sempre que podia escapava das tarefas da casa, mas eu não a culpava, ela estava na idade em que você acha que não tem obrigação com nada nem ninguém.

Quase na hora de servir o jantar vou ao meu quarto tomando um banho e coloco um de meus “melhores” vestidos, era lilas e tinha a cintura marcada, o decote era quadrado e as mangas três/quartos, faço uma trança em meus cabelos deixando-a de lado e então volto à cozinha. May usava um vestido amarelo quase no mesmo estilo do meu, seus cabelos ruivos estavam divididos no meio e mamãe havia feito duas tranças uma pendendo de cada lado do seu rosto, ela estava adorável.

Vários pratos de comida já estavam sobre a mesa e o cheiro estava delicioso, eu já conseguia ouvir o barulho da musica baixa e vozes que falavam ao mesmo tempo, com certeza o salão já devia estar quase cheio, pego uma das bandejas com alguns petiscos e vou em direção ao salão. Como imaginei já havia muitas pessoas ali, todas bem vestidas e conversando entre si, caminho com cuidado entre elas desviando e vez ou outra parando para que algum senhor ou senhora se servisse.

Sou parada por uma senhora e enquanto ela escolhe um dos petiscos ouço a voz já bem conhecida para mim, me viro um pouco encontrando Maxon conversando com um senhor de meia idade, o senhor parecia muito interessado na conversa, já ele parecia procurar algo já que seus olhos corriam pelo salão. Foi quando seus olhos encontraram os meus e um brilho surgiu nos dele, ele parecia ansioso e já não ouvia mais o que o senhor dizia, se virou em minha direção e parecia pronto para vir até mim quando sua mãe apareceu segurando sua mão chamando sua atenção, ela falou algo a ele que desviou seus olhos dos meus encarando-a.

Suspiro continuando meu “trabalho” e volto a andar pelo salão, vejo Lorde Clarkson subir alguns poucos degraus da escada ficando mais visível a todos da sala, ele bate em sua taça fazendo um pequeno barulho chamando a atenção das pessoas presentes ali, ele olha então pelo salão todo antes de pigarrear.

– Bom, gostaria de agradecer a presença de todos aqui, é uma noite importante para mim e minha família – diz ele sorrindo de leve – como todos já sabem, eu e Lorde Gavril somos grandes amigos de longa data e nesta ultima viajem a suas terras tivemos uma grande ideia, iremos juntar nossas famílias... Por isso é com muita satisfação e felicidade que anuncio o noivado de Maxon com a lindíssima Celeste, filha de meu querido amigo...

Paro de servir os petiscos no mesmo momento em que escuto suas palavras. Como assim noivado? Procuro Maxon pelo salão o encontrando parado perto da escada, discretamente sua mãe o empurra e ele caminha quase que mecanicamente até a morena que agora eu sabia de quem se tratava, ele pega sua mão a segurando e deposita um beijo rápido, depois os dois sobem também a escada parando ao lado de Lorde Clarkson que sorria abertamente olhando os dois.

Celeste a garota morena também sorria olhando para todos no salão, já Maxon ao seu lado olhava concentrado pelo salão procurando por algo ou alguém, não dou tempo para que seus olhos me encontrem e praticamente corro para fora dali indo em direção ao jardim, paro apenas quando chego à beira do lago que havia mais a leste na propriedade dos Schreave, minha respiração estava acelerada e meu coração disparado, parecia que algo o estava esmagando e ele doía consideravelmente, coloco a mão sobre meu peito apertando-o tentando aliviar aquela dor que parecia crescer cada vez mais.

Caio de joelhos no chão tentando controlar minha respiração descompassada, um soluço alto escapa e percebo então que estou chorando, muito, as lagrimas corriam livremente pelo meu rosto caindo no chão.

Porque Maxon havia feito isso comigo? E todas as suas juras de amor? E todos os nossos beijos, nossas noites juntos? Ele estava só me enganando, me usando? Varias perguntas rodeavam minha mente não me deixando pensar direito, em meus ouvidos um zunido alto insistia em me atormentar enquanto meu choro se tornava mais alto, ecoando por entre as arvores que no momento eram as únicas que presenciavam meu momento de dor.

Escorrego mais meu corpo no chão deitando na grama e me aninhando em posição fetal, abraço meus joelhos soluçando alto, meu peito doía e era como se eu não conseguisse respirar mais. Fico assim por algum tempo, até meu choro ir diminuindo e apenas as lagrimas silenciosas correrem por meu rosto, a imagem de Maxon beijando a mão da garota e subindo com ela para que todos vissem o mais novo “casal” não saia da minha mente, se repetindo, e repetindo sem parar. Não percebo o tempo passar, eu apenas continuo ali daquele jeito e em algum momento a inconsciência e o cansaço me tomam.

Sinto algo tocar minha testa e me mexo um pouco tentando me livrar do toque, sinto então alguém passando as mãos pelo meu corpo e me levantando, abro os olhos encontrando um homem, ou melhor, garoto, pois devia ter a minha idade, quem sabe um ou dois anos mais velho, ele me ajeitou em seu colo e começou a andar comigo.

– O que... – pergunto meio confusa.

– Tudo bem, eu vou leva-la de volta – diz ele me olhando – sua família esta preocupada.

Fecho os olhos suspirando, minha cabeça doía muito e meu corpo estava dolorido, além de meus músculos tensos, uma rajada de vento faz com que meus lábios tremam e o então ele caminha mais rápido. Assim que estamos perto do casarão ouço algumas vozes e um barulho de movimentação.

– Filha – ouço a voz de mamãe assim que chegamos mais perto.

– Méri – ouço a voz angustiada de May me chamar.

Levanto um pouco a cabeça e vejo papai, mamãe e May vindo em nossa direção, havia também mais algumas pessoas, empregados da mansão.

– Filha, o que houve? Esta machucada? – pergunta mamãe tocando meu rosto com cuidado.

Nego com a cabeça sem condições de falar, minha garganta ardia e pedia por um copo de agua.

– Acho melhor leva-la para dentro – diz o homem que ainda me mantinha em seus braços.

Ele então volta a caminhar, entramos pela porta dos fundos e mamãe pediu que ele me levasse até o quarto, com cuidado me colocou sobre a cama apoiando minhas costas a cabeceira. Agora ali no quarto iluminado eu consegui-a vê-lo pela primeira vez com clareza, seu cabelo era escuro e curto, a pele levemente bronzeada pelo sol, devia trabalhar com algo que o expunha a ele com frequência, não era magro nem gordo, os músculos dos seus braços mostravam isso, agora ele me olhava um pouco preocupado.

– Obrigada – falo a ele com a voz um pouco rouca pelo choro.

Ele nega se afastando um pouco e então mamãe se aproxima se sentando a beirada da minha cama, pega minha mão acariciando-a de leve, seus olhos estavam um pouco marejados.

– Esta machucada filha? – pergunta ela olhando meu rosto e corpo inspecionando-o.

– Não – falo apertando sua mão confortando-a.

– Bom, eu vou indo – diz o homem já caminhando para fora do quarto.

– Ei – o chamo fazendo se virar e me olhar – não me disse seu nome...

– Aspen – diz ele me olhando.

– Aspen – repito seu nome fazendo-o sorrir de canto – Obrigada de novo.

Ele sorri mais uma vez antes de ir, suspiro baixo e mamãe levanta dizendo que iria encher a tina para eu tomar um banho e relaxar, May volta ao quarto com um copo de agua que tomo com toda a vontade que estava. Mamãe volta e me ajuda a tirar minha roupa e então entro na tina suspirando de alivio.

– Vou preparar uma canja para você querida, já volto. – diz ela beijando minha testa e saindo do quarto.

Fico ali por alguns minutos, tentando esvaziar minha mente e não pensar em tudo que havia acontecido nesta noite. Saio da tina me enrolando na toalha e volto ao quarto colocando um de meus vestidos velhos e confortáveis, deito em minha cama com as costas apoiadas na cabeceira e então May entra com um prato cheio de ensopado, o coloca no meu colo e sorrio agradecendo.

Tomo o ensopado todo e quando termino May o leva de volta a cozinha, deito na cama puxando a coberta sobre mim e me virando de lado. Queria dormir e não acordar mais, desaparecer simplesmente para não ter que ver Maxon e sua nova noiva nunca mais, suspiro baixo sentindo o cansaço começar a pesar minhas pálpebras até eu pegar no sono.

Tive um sono perturbado, com pesadelos e coisas confusas, quando acordei o sol já estava brilhando do lado de fora, fiquei alguns minutos ali olhando para o teto, minha mente ainda um pouco entorpecida por ontem.

Ouço alguém bater na porta do meu quarto e em seguida minha mãe entrava com um pequeno sorriso, foi até as cortinas abrindo-as para a luz entrar mais, confesso que eu não queria, meu humor não estava correspondendo com aquele dia bonito que fazia lá fora.

– Como esta se sentindo? – pergunta ela vindo até minha cama e se sentando a beirada.

– Melhor – falo me sentando.

– O que houve filha... Você sumiu, ficamos tão preocupados – diz ela me olhando séria.

– Eu sai para passear um pouco no jardim, acabei indo até o lago e de repente fiquei tonta, então desmaiei – explico dando de ombros – não me lembro de mais nada... – completo minha mentira.

Não queria contar a ela sobre minha decepção, até porque ninguém sabia do meu “relacionamento” com Maxon, se é que um dia eu tive algo de concreto com ele. Dois anos, será que ele me enganava nestes dois anos? Ele teria tido essa coragem?

– Tem que tomar cuidado América – disse ela tocando meus cabelos – seu pai ficou tão preocupado...

– Desculpe – falo baixo olhando para minhas mãos.

– Vou ir preparar o almoço, se troque e saia pegar um pouco de sol, não precisa fazer suas tarefas hoje... – disse ela sorrindo e se levantando.

Assim que ela saiu do quarto eu me levanto caminhando até a janela, olho para o céu azul e limpo, os pássaros cantando e voando de arvore em arvore. Faço minha higiene e coloco um vestido verde claro com decote quadrado e mangas três/quartos, faço uma trança em meus cabelos e saio do quarto, passo pela cozinha vazia e vou em direção a porta dos fundos, assim que saio por ela sinto os raios de sol contra meu corpo o aquecendo, era o único calor que eu teria por agora, já que por dentro estava tudo frio.

Passeio pelo jardim com calma me sentando em um dos bancos em baixo de uma grande arvore, fecho meus olhos encostando minha cabeça e esvaziando minha mente, tudo que mais queria era não pensar em nada. Fico ali por algum tempo, mas minha mente insistia em querer relembrar a todo instante a noite desastrosa de ontem, decido ocupar minha mente ajudando mamãe ou papai, levanto do banco voltando a andar em direção ao casarão.

Estava tão distraída que nem percebi que tinha alguém agachado perto do caminho que fazia, acabo tropeçando e caindo sentada.

– Ai. – falo sentindo minha bunda dolorida.

– Desculpa – disse o homem que estava agora também caído ao meu lado.

Ele se levanta limpando suas mãos na calça jeans já meio gasta que usava, sua blusa azul clara de mangas curtas estava um pouco suja de terra e seu rosto também, mesmo assim ele podia ser considerado um homem bonito, mesmo sujo daquele jeito.

– Aspen – falo me lembrando de seu nome imediatamente.

– América – diz ele baixo sorrindo um pouco.

Ele estende sua mão me oferecendo ajuda para levantar, a aceito ficando em pé e limpando meu vestido um pouco sujo de terra, eu ouço a risada baixa dele e em seguida ele tirar uma folha que havia grudado em meus cabelos.

– Melhor agora – diz ele com um pequeno sorriso.

– Obrigada – agradeço passando a mão pelos meus cabelos ajeitando minha trança.

– Como esta? – pergunta ele me olhando.

– Melhor, obrigada por ontem – falo cruzando os braços ao meu redor em uma forma de proteção, só não sabia ao que especificamente.

– Não agradeça – diz ele dando de ombros – sua família ficou preocupada...

– Sim – concordo com um aceno – não queria incomoda-los.

– Família sempre será família – ele comenta me olhando.

Concordo com a cabeça olhando para meus pés. Família era a única coisa que a gente tinha e que podia confiar agora eu sabia disso, do jeito mais doloroso, às vezes a vida nos surpreende, nem sempre de um jeito bom, mas isso eu esperava que o tempo mudasse isso.


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Notas finais do capítulo

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