Apenas uma dívida escrita por Pandrita


Capítulo 7
Capítulo IX - Ardência




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A maciez da cama a prendia. Apesar de estar acordada, não queria abrir os olhos. Tateou em volta atrás de seu celular, como fazia todas as manhãs, mas além de não encontrá-lo, sentiu o espaço vazio da cama maior que o habitual. Estranhou, mas, não se importou. Despreocupada, esfregou os olhos, bocejou e olhou em volta a procura de seu celular novamente.

Sentou-se na cama com um sobressalto, aquele não era seu quarto, se arrependeu do ato em seguida ao sentir dores terríveis por todo o seu corpo. Mina deixou-se cair na cama novamente e imagens da noite anterior rondaram por sua mente como lembranças de um pesadelo. Ela sabia que seu corpo inteiro estava cheio de hematomas, podia sentir alguns arranhões sobe o tecido do lençol.

— Você dormiu feito uma pedra. É interessante ver como algumas pessoas conseguem abusar tanto da hospitalidade alheia.

Mina virou a cabeça para o rumo da voz e ficou vermelha devido ao que via: Nathaniel estava parado na porta do banheiro, apenas com uma toalha amarrada à cintura. Seu peitoral, bem definido, estava exposto. A água escorria pelo seu corpo, deixando-o ainda mais atrativo. Ele caminhou para o closet após o comentário, mostrando completo desinteresse nela.

Ao ter a autoconsciência de que não parava de fitá-lo, Mina ruborizou ainda mais e abaixou a cabeça, na tentativa de desviar o olhar. Assustou-se outra vez ao ver que vestia apenas uma camiseta de botões de mangas cumpridas e que cobria somente a parte intima de seu corpo. Tentou de forma inútil puxar a camiseta para cobrir ao menos suas coxas.

Apertando os olhos, encolheu-se com medo ao imaginar o que ele poderia ter feito enquanto dormia. Ignorou as reclamações em formas de dores de seu corpo, devido à posição fetal que encontrava-se. Estava angustiada demais para dar ouvidos. Não devia ter abaixado sua guarda, na realidade, não deveria estar naquele quarto, ainda mais depois do ocorrido em sua casa e no corredor da escola.

Queria arrancar os próprios cabelos por ter feito tal burrada. Era demais, até mesmo para os seus padrões. Como pôde baixar sua guarda na noite anterior, sabendo quem Nathaniel era e do que era capaz? Não somente havia sido socorrida por ele, mas ainda chorou na sua frente e se aconchegou em seu colo.  Ela queria morrer! Pegou o travesseiro, ignorando as dores que sentia por simplesmente se mexer e, hora a garota socava-o, hora abafava seus gritos histéricos no objeto.

Nathaniel, apoiado no umbral da porta, ria enquanto observava-a. Achava hilário vê-la daquela forma. Antes que ela tomasse conhecimento que ele a via, Nathaniel falou com um falso ar de indignação:

— O que está imaginando com essa mente suja? Não ouviu o que eu disse? Você dormiu como uma morta. O que pensa que sou?

Mina assustou-se ao percebê-lo, sentiu extrema vergonha. Estava agindo como uma louca, mas, mesmo assim, não se conteve.

— Ma-Mas por que estou vestindo apenas essa camisa? — insistiu, indignada com a situação.

— Sua roupa estava imunda. Nem morto te deixaria dormir em minha cama com aqueles tropos.

Mina engoliu seco ficando vermelha igual a um tomate. Com expressão abobada, mordeu os lábios e escondeu o rosto com força no travesseiro. Queria sumir da fase da terra. Sentiu-se como uma completa idiota por ter pensado coisas obscenas de imediato.

— Mas se continuar a nos imaginar, eu vou acabar tornando-as realidade. — disse com uma voz sexy e tentadora.

Ela tirou seu rosto do travesseiro, irritada, e o jogou com força, nunca permitiria. Nathaniel não se deu ao trabalho de desviar, deixando-o bater em seu peito e cair.

— Idiota. — soltou, irritada.

Ele revirou os olhos, ignorando a infantilidade, e desamarrou o nó de sua toalha deixando-a cair.

— O que está fazendo?! — esbravejou, virando-se na cama rapidamente, cobrindo seu rosto com as mãos.

— Vestindo minha roupa. O que acha? — ironizou.

— Aqui?! — gritou alarmada.

— Esse é meu quarto. — afirmou.

— Não tem vergonha?! Não vê que eu estou aqui? — interrogou-o extremamente irritada.

— Você não conta, afinal, é minha escrava... Ou será que me ver dessa forma atiçou a sua imaginação novamente? — estimulou de forma provocativa.

Mina sentiu seu rosto queimar, encolheu-se ainda mais permanecendo calada, estava muito envergonhada. Aquela voz provocando-a cada vez mais, o cheiro doce e viciante de seu sabonete, seu corpo nu a poucos metros. Por um momento, um mísero momento, ela queria que ele tivesse possuído seu corpo enquanto dormia.

Os desejos insanos estavam puxando-a para fora da realidade distanciando-a cada vez mais de sua sanidade ao ponto de sequer perceber que Nathaniel havia se aproximado por trás. Quando se deu conta, ele já estava em cima da cama, nas suas costas, surrando de forma sedutora em seu ouvido.

— Estou certo? — fez uma longa pausa enquanto tirava as mãos de Mina do rosto e afastava vagarosamente seus cabelos loiros do ombro. — Não é melhor fazer de verdade em vez de imaginar?

Ele iniciou beijos demorados no pescoço dela enquanto alisava seus braços. Mina ficou petrificada, seu coração acelerou, a respiração pesou, estava com medo, não conseguia sequer mexer-se. Sentia-o aproximar cada vez mais ao ponto de umedecer sua blusa. Seu corpo arrepiou-se ao senti-lo iniciar caricias em seu pescoço enquanto alisava seu braço.

“O que ele está fazendo?”

Nathaniel levou suas mãos ao primeiro botão de sua camiseta e desabotoou com facilidade enquanto olhava-a, ela estava assustada demais para reagir. Repetiu, vagarosamente, o movimento com outros dois. Ao final do terceiro, enfiou sua mão na pequena abertura que acabou de ser feita. Acariciou o seio com suavidade, por dentro do sutiã, sentindo a aréola endurecer devido aos seus toques.

No momento em que tocou-a, Mina despertou e contorceu-se querendo sair de suas garras, mas sua boca traiçoeira soltou um gemido baixinho e ofegante. Ele, excitado, apertou seu corpo nu contra o dela tornando suas caricias mais feroz. Os gemidos ofegantes que escapavam da boca de Mina enquanto ela tentava debater-se, deixava-o cada vez mais louco.

No êxtase, Nathaniel segurou o rosto de Mina, puxando-o para si e envolveu ambos os seus lábios em um beijo ardente. Ela socou-o no peito varias vezes em tentativas falhas de se soltar, mas apenas o fez aprofundar ainda mais o gesto. Aos poucos, Mina deixou-se levar pela ardência incontrolável que invadia seu corpo, sua boca entreabriu-se um pouco para que ambas as línguas movimentassem de uma melhor forma.

— Oh, Deus! Terei pesadelos eternamente — Ambre exclamou ao abrir a porta com expressão de nojo.

Mina, atordoada, dando-se conta do que ocorreu, tentou se separar de Nathaniel novamente rolando para o lado oposto da capa, mas ele rapidamente a envolveu com um braço impedindo-a de escapar.

— É melhor mesmo que não durma. Nunca se sabe o que pode acontecer quando se abaixa a guarda à noite — respondeu com um sorriso frio, irritado por ter sido interrompido e ignorando as tentativas de fuga de Mina.

— Muito fofo, mas tenho certeza que ainda não esqueceu o que aconteceu da última vez que entrou em meu quarto — Ambre falou confiante, ao ver o sorriso de Nathaniel se apagar e uma ligeira palidez aparecer em seu rosto. — Mas considere esse empréstimo como uma oferta de paz — ela balançou o uniforme na frente do garoto. — Esteja ciente que isso não o isenta de que está me devendo uma.

Ao ouvir a última frase, Nathaniel soltou Mina, insatisfeito, desceu da cama e pegou a toalha no chão enquanto murmurava para si.

— Saco, só sabe estragar o clima.

Pegou seu uniforme no closet e dirigiu-se para o banheiro.

— É melhor vestir-se rápido, antes que ele volte — Ambre deixou a roupa em cima da cama. — Não vai querer que ele aparecesse enquanto estiver vestindo, ou vai? — provocou, deixando-a constrangida. Antes que pudesse negar, Ambre mudou drasticamente sua atitude, aderindo a uma postura assustadora de ameaça. — Quero de volta da mesma forma em que te entreguei, entendeu?

Sua mudança de humor assustou-a mais que o sorriso de Melody na noite anterior. Realmente, aquela era a irmã de Nathaniel.

Mina engoliu em seco e pegou a roupa com muito cuidado. Estava cheia de dúvidas, mas elas teriam que esperar. Não querendo seguir ordens, mas sem alternativa, tirou a camiseta e começa a vestir-se rapidamente, mais uma vez lutou contra suas dores. Ambre se retirou.

— Ah! — exclamou ao dar meia volta, olhou para Mina e fez uma careta de desagrado. — Da próxima vez que você precisar que alguém troque suas roupas, é melhor procurar outra pessoa, caso contrário, tirarei fotos e mostrarei na internet.

— Não, você não vai — Nathaniel falou saindo do banheiro completamente vestido.

Mina, em um movimento rápido, terminou de vestir a saia antes que ele a visse, mas Nathaniel ignorou-a. Era como se ela não estivesse no local, mesmo que fosse o assunto.

— Mas poderia — Ambre continuou, ameaçando-o com tom jocoso, mas erguendo as sobrancelhas como sinal de aviso. Ela cumpriria a ameaça.

Sem esperar por respostas, Ambre os deixou sorrindo com desdém.

Mina se voltou para Nathaniel com mais dúvidas pairando sobre seus pensamentos. Ele apenas suspirou e se aproximou como se tudo não passasse de aborrecimentos. Como se fosse normal, ele começou a ajeitar o uniforme de Mina, afinal, estava todo desarrumado; com os botões abotoados errados, o nó da gravata mal feito, e o colete ao avesso, tudo causado pela presa.

— O que foi tudo isso? — ela afastou sua mão ao perguntar, referindo-se a conversa de Ambre.

Ignorando-a, recomeçou a ajeitá-la. Mina estava prestes a revidar novamente, mas Nathaniel segurou sua mão e, encarando-a, falou:

— Não vou chegar atrasado devido a sua incompetência.

Mina tentou se soltar, ignorando a seriedade e raiva de Nathaniel, não iria deixá-lo arrumá-la, poderia fazer por si mesma, não importa o tempo que levasse. Ele olhou friamente nos seus olhos.

— Devo lembrá-la novamente que é minha escrava? — ameaçou.

Vendo-se sem escolha, Mina desviou seu olhar e afrouxou o pulso. Nathaniel rapidamente a ajeitou. Riu internamente ao vê-la, outra vez, vermelha devido aos seus toques enquanto arrumava-a.

Em menos de dois minutos, deixou-a impecável, até mesmo penteou seus longos cabelos.

Mina tentou, mas não conseguiu esconder o rosto surpreso devido à rapidez e eficiência. Nathaniel pegou em sua mão e a conduziu pela mansão até a saída, onde o carro estava estacionado. Ela, com toda a certeza, se perderia naquela casa enorme.

— Até que enfim vocês cansaram dos joguinhos eróticos — Ambre reclamou enquanto os dois entravam no veículo.

— Com sua ajuda, maninha, fica impossível não cansar — ironizou com rispidez.

— É sempre um prazer servi-lo — rebateu com um tom amável repleto de ironia.

Nathaniel se virou para a janela emburrado. Mina escondeu seu sorriso ao vê-lo daquela forma, parecia muito mais uma criança de cinco anos do que o rapaz autoritário que conhecia. Era irônico assistir à autoridade que Ambre exercia sobre ele. Ninguém, em sã consciência, conseguiria imaginar que o garoto que; a escravizou, envergonhou-a em público, a fez passar por desafios inimagináveis e sempre carregando seu sorriso prepotente, estaria, nesse exato momento, com um enorme bico no rosto exatamente igual uma criança.

— Nem tudo é o que parece — soltou a frase, baixinho, em tom irônico, ainda mantendo o sorriso.

Nathaniel voltou a olhá-la retribuindo o sorriso.

— Meus parabéns, você acabou de ganhar um novo castigo.

O sorriso de Mina se desfez deixando apenas uma expressão de surpresa, seguida de irritação. Ele voltou a observar a janela com a mesma expressão de antes, sem se importar.

Os três seguiram em silêncio, Ambre estava ocupada demais jogando em seu celular enquanto Nathaniel, de mau humor, observava a janela. Mina, apesar de o carro ser espaçoso, sentiu-se extremamente exprimida e pequena entre os dois.

— Ei, Denis. Pare aqui na esquina — Ambre pediu e ele a obedeceu.

— O que está fazendo? — Nathaniel perguntou sem muito interesse.

— Nem morta serei vista com os dois — respondeu saindo do carro e fechou a porta.

Mina seguiu seu exemplo e também se dirigiu para a porta, mas Nathaniel a puxou pelo braço, impedindo-a, fazendo-a cair em seu colo, fechou a porta e mandou Denis seguir.

— Onde pensou que ia?

— Era melhor eu ter decido também. As pessoas vão falar. — falou franzindo o cenho.

— Deixem que falem, que olhem. Já está na hora de todos saberem que você é minha. Principalmente quem fez isso em você — sussurrou de uma forma inaudível a última frase e  tocou os lábios de mina com delicadeza, seus olhos estavam frios e calculistas.

Mina olhou em seus olhos, perplexa devido ao que acaba de ouvir. Entretanto, seu olhar caiu sobre os lábios macios de Nathaniel. Uma vontade de beijá-lo a invadiu, era forte e intensa, incontrolável. Queria senti-los novamente. O carro parou bruscamente, despertando-a. Levantou-se rapidamente e saiu do carro para ficar livre dos feitiços do garoto, não sabia o que ele estava fazendo, mas o melhor era ficar o mais longe possível. Dessa vez, Nathaniel não a impediu, deixou-a sair do carro, mas seguiu seus movimentos.

Segurou as mãos dela antes que se afastasse demais, o que passou para todos a impressão de que eles estavam o tempo todo de mãos dadas dentro do veículo. Ela queria morrer. Estava em cima da hora e, por isso, o pátio da escola, onde podiam ver perfeitamente a rua, estava repleto de alunos de turmas variadas, inclusive a sua.

O carro e sua saída eram o suficiente para chamar a atenção, afinal, não era segredo que aquele carro pertencia aos pais de Nathainel, mas estarem de mãos dadas era a gota que faltava para que o rio trasbordasse.

Ela tentou se soltar, mas parecia que Nathaniel sequer sentia suas tentativas. Ela negou freneticamente com a cabeça ao perceber o que ele estava prestes a fazer, sua mão estava sendo guiada até os lábios do garoto, ela fechou os olhos instintivamente e sentiu-o depositar um breve beijo. Mina conseguiu escutar um coro de surpresa vindo diretamente do pátio. Encolheu-se com tanta vergonha que faltava pouco para virar uma pequena tartaruga.

Nathaniel, ainda segurando sua mão, a levou a sala e apenas a soltou quando se sentou na cadeira. O tempo inteiro ela sentia uma mistura de raiva e admiração onde quer que passasse, era como se os garotos comemorassem e as meninas a fuzilassem, tinha certeza que Melody esta entre elas, mas sequer levantou o olhar para confirmar.

Esse havia sido o pior castigo de todos.

— Preciso ir ao grêmio meu amor, mas louco estarei de volta — disse alto o suficiente para que todos ouvissem enquanto acariciava o rosto de Mina e estampava o seu sorriso falso.

Ela queria chutá-lo e sair correndo, sumir, desaparecer. Detestava, de todas as formas possíveis, aquele sorriso ofuscante e tanta atenção. De todas as ordens e castigos que havia passado aquele, definitivamente, era o pior.

— Espere, Nathaniel — o professor pediu ao entrar enquanto olhava sua planilha. — Preciso que venha aqui por um minuto.

No mesmo instante em que ele se afastou, Rosalya apareceu furiosa, arrastando-a para fora da sala. Mina, com medo, sabia o que estava por vir, mas deixou-se levar, precisava deixar.


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