Oh, vã cobiça! escrita por Eduardo Marais


Capítulo 17
Capítulo 17




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Mais uma manhã e o grupo de Regina retoma caminhada para a Floresta das Esmeraldas. A chuva fina e fria caía sobre eles e dificultava a caminhada pelas trilhas úmidas, incomodando tanto a Cesar, que ele decide desaparecer até que a água parasse de cair sobre sua cabeça.

– Por que Zelena quis meu pai?

Regina fica espantada com a pergunta.

– Ela sempre me culpou por ter sido abandonada por minha mãe. Enquanto eu recebia os cuidados de uma princesa, ela era criada numa aldeia por um camponês bêbado.

– Zelena é linda, tem poderes, tem um castelo absurdamente lindo e tem servos. O que falta a ela?

– Amor.

– Mas raptando meu pai, não o fará amá-la. Ele ama você, mãe!

Um sorriso involuntário surge nos lábios de Regina. Como era bom ouvir aquilo!

– Embora você ame Robin, meu pai continuará amando você. Por que tia Zelena não procura um amor para ela?

– P-por que sua tia não conhece as próprias belezas. Não descobriu os atributos e é insegura.

Yasemine ajeita o capuz sobre a cabeça e leva seus olhos ferozes para Smila, que caminhava à frente, vigiando o trajeto.

– Smila também quer meu pai. Ela sabe que ele é seu, então, por que colaborou com Zelena?

– Não mandamos em nosso coração, meu amor. – Regina sorri e tenta segurar a mão da filha, vendo a menina refutar o toque. – Não escolhemos a pessoa que irá ocupar o nosso coração.

– Por isso você não escolheu meu pai?

Regina ia responder, mas um tremor de terra a faz desequilibrar-se e agarra-se à filha. Smila se levanta rapidamente e corre para junto das companheiras de jornada. Do meio das árvores, Cesar surge saltitante e ainda mais feroz.

Outro tremor acontece e logo a origem é descoberta. Não era um abalo sísmico, mas o abalo de passos feitos por pés grandes que se pareciam com raízes. A criatura feita de terra e raízes emaranhadas, vinha na direção dos viajantes.

– O que é isso? – Regina segura a mão da filha.

– É o gigante Antão! Fujam dele! – a voz de Nicolas é ouvida e ele consegue a atenção sobre si. Tinha surgido de alguma parte da floresta. Gesticula e observa o grupo obedecer sua ordem.

Todos fogem na direção das árvores maiores e o gigante não se intimida. Avança furioso e consegue derrubar duas árvores com a força de seu golpe.

– Venham lutar até a morte! – sua voz era potente como um trovão.

– O que é aquilo? – pergunta Regina voltando-se para enfrentar o gigante e sendo impedida por Nicolas.

– Seus poderes não fazem efeito contra ele, Rainha! E aquilo é o filho de Gea!

Regina para por instantes e pensa no nome da mãe e do gigante. Olha para o cigano e sorri.

– Então, o nome não é Antão! O nome dele é Anteu!

– E o que importa? – ele corre e traz Regina consigo.

A rainha para subitamente e impede o movimento do cigano.

– Ele é filho da terra! E é dela que retira sua força! Não estudou mitologia?

– Nem sei o que é isso, Rainha Má!

– Corra, mãe! – Yasemine é puxada por Cesar e não refuta.

Afastando-se do gigante, Regina providencia o surgimento de cordas fortes, porque iria precisar delas para conseguir salvar suas vidas. Ela atira uma corda para cada um dos seus companheiros de viagem.

– Joguem os laços contra o gigante! Temos de levantá-lo do chão!

Obedecendo a ordem da Rainha, todos atiram seus laços na direção daquele emaranhado de galhos, raízes e terra que se movia ferozmente. Teriam de ser rápidos contra a força física do opositor. As pontas das cordas são atiradas em galhos mais altos e usados como alavancas. A força dos seis humanos é suficiente para que os pés de Anteu sejam levantados a alguns centímetros do chão.

Regina sabia que suas habilidades não funcionariam contra o corpo do gigante, mas funcionariam sobre as cordas. Consegue criar nós fortes que manteriam o gigante preso até que estivesse mais fraco e facilitasse a fuga do grupo.

Anteu debate-se, enquanto o grupo afasta-se correndo em direção oposta a ele.

– Vamos para a região do rio! – grita Nicolas, sendo seguido pelos outros, exceto por Yasemine que fica estática olhando o gigante debatendo-se. – Menina brava! Venha!

– Venha, meu amor! – grita Regina retornando para buscar a garota.

– Não! Isso não está certo! – Yasemine retorna correndo e usa suas habilidades para desamarrar os nós feitos para prender Anteu. Observa o gigante cair no chão, já bem menor em tamanho.

Por segundos, Anteu fica ajoelhado e parecia respirar com dificuldade. Yasemine estende a mão e toca o ombro dele, acocorando-se à sua frente.

– Você vai ficar bem, eu sei disso. – ela sorri e recebe o olhar escuro da criatura.

– Por que você voltou, menina?

– Porque você não é meu inimigo, Anteu. Não seria justo ou decente, deixar você morrer apenas porque temos medo de você.

Anteu se senta no chão molhado pela chuva contínua.

– Apenas precisamos chegar ao Castelo das Esmeraldas e resgatar meu pai. Ele foi levado pelos macacos voadores. É tudo o que quero neste momento.

Levantando-se e mostrando-se ainda fraco, Anteu vira o rosto para olhar os outros adultos. Aponta o que seria seu dedo, na direção deles.

– Conheço Nicolas, o cigano. Mas quem são os outros?

– Minha mãe Regina, minha professora Smila e meu amigo Cesar. Estamos em viagem de urgência, porque minha mãe acredita que meu pai esteja vivo, ainda.

– Vou levá-los. – Anteu aponta numa determinada direção. – Mas vamos por baixo da terra. Há tuneis sob nossos pés e são mais quentes e seguros. Além disso, estarão seguros contra os ataques dos macacos voadores.

Yasemine sorri e estende a mão para segurar a mão do gigante. Consegue segurar apenas um dos dedos.

– Você nos perdoa?

Um som parecido com uma risada salta da garganta do gigante. Ele se encanta imediatamente pela menina-moça com rostinho de boneca de porcelana.

Ao longe. Regina se mostra histérica e tomada pelo orgulho de mãe. Sua pequena boneca ainda guardava sua natureza amorosa, embora continuasse sendo uma fera.

– Essa menina é louca ou algo assim? – pergunta Nicolas olhando o perfil sisudo de Cesar.

– Algo assim. – o macaco bufa e caminha na direção de Yasemine, sendo seguido pela calada Smila.

– Uau! Será que fiz bem em voltar? Agora que estou aqui, preciso saber o final desta história. – Nicolas fala de si para si. – Ei, esperem por mim!

O grupo de humanos adultos seguia distante, observando a menina e o gigante caminhando mais à frente.

– Daria um belo quadro: a menina e o gigante. – comenta Nicolas caminhando ao lado de Regina. – Somente posso comparar Yasemine à atividade de um vulcão.

Regina sorri e olha o perfil do cigano. O homem tinha traços fortes e másculos, mas era velho demais para sua menina. Principalmente, quando ela retornasse a ser criança.


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