Saindo das Sombras escrita por Unicórnia


Capítulo 1
In the middle of the night




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Levantei-me da cama exausta. Não dormi nada bem essa noite, sonhava com o que tinha acontecido há um século atrás, literalmente. A voz dele ainda soava fresca em minha memória ''pode correr, mas não pode se esconder, Sáfira Norren'' E eu quero que você vá para os quintos dos infernos, seja lá quem for.

Flashbacks daquela noite, me assombrava até hoje. Não tanto quanto antes, mas ainda assim assombrava. No começo, eu não consegui suportar, até chegar o meu socorro.

CINQUENTA ANOS ATRÁS ...

Acordei na floresta no mesmo lugar onde tinha acontecido tudo. Olhei para os lados e não vi ninguém, apenas os sons dos animais comuns na floresta. Pensei em ter desmaiado por conta da bebida, e então olhei para minha perna. Sangue seco. Tudo acontecera de verdade. Mas tinha algo errado, o corte que era pra estar ali, não está mais. Consegui me por de pé sem dificuldade, tornei a olhar para os lados e vi uma luz, ou melhor, uma lanterna. Caminhei na direção me sentindo fraca, com sede. E só então pude ver um homem fardado a guarda da floresta.

– Por favor, me ajuda. - Tentei gritar, mas o som não saiu muito alto. - Por favor, aqui. - tentei novamente e o homem conseguiu me ouvir. - Senhorita, o que faz aqui a essa hora? - Ele disse chegando mais perto.

Não sei o porque, mas eu me senti atraída a olhar para o seu pescoço, aquelas veias ... Mas o que está acontecendo comigo? Em um segundo, senti meus dentes crescendo na minha boca e avancei na direção do homem, o empurrei contra uma árvore e olhei em seus olhos enquanto o mesmo gritava.

– Me desculpa, mas estou com muita fome. - Então, cravei meus dentes enormes em seu pescoço, acertando diretamente em sua veia e comecei a sugar todo seu sangue.

E foi assim durante 1, 2, 3, 4 dias, eu circulando perdida pela floresta sentindo uma fome insaciável dentro de mim. No último dia, eu encontrei um casal de aparentemente 35 anos, eles se aproximaram de mim e disseram:

– Não tenha medo, viemos te ajudar. - e por incrível que parece, eu tentei atacar a mulher a minha frente, mas ela conseguiu me prender na árvore assim como fiz com o guarda florestal dias atrás. - você está brincando comigo? Viemos te ajudar, você precisa confiar em nós nesse momento. Sabemos o que você é, e o que você fez, mas se não colaborar, eu vou te matar.

– Não seja tão severa, Jocelyn. - O homem ao seu lado se aproximou.

– O que está acontecendo comigo? - Me permiti chorar, chorar pela minha família que deve estar me procurando nesse momento, chorar pelo homem que eu matei naquela noite, chorar por tudo. - O que eu sou? Quem são vocês?

– Vamos lhe contar tudo. - eles se entreolharam e Jocelyn me soltou de seus braços. - eu sou Marcos, essa é minha esposa Jocelyn. E por incrível que pareça, somos vampiros, e você também é.

ANOS ATUAIS...

No começo, achei que era algum tipo de piada de muito mal gosto. Mas não tinha vestígios de brincadeira no olhar de nenhum dos dois. Tive que largar tudo e todos: Família, amigos, casa... e reconstruir tudo em um novo país. Tive até que tingir meu cabelo de preto pra esconder minha verdadeira identidade. Com certeza meus país já estão mortos, e não tive a chance de dizer adeus. Meus amigos, devem ter a minha idade, porém, velhos enrugados com cabelos brancos.

Jocelyn e Marcos acabaram se tornando meus ''pais'' e com o tempo, me acostumei com a ideia. Há uns 15 anos atrás, eles ainda tentavam investigar quem me transformou e o porque, mas nunca obtiveram respostas. Me mudo de país constantemente, á cada 7 anos, morando em um país diferente, sem chances de fazer novas amizades. Com o tempo, também me acostumei com a ideia.

Ouvi batidas na porta me tirando dos meus devaneios e pedi que entrasse. Marcos apareceu todo sorridente na porta e eu tive que revirar os olhos com a cena.

– Tenho mesmo que fazer isso? - disse.

– Se você quer se passar por uma adolescente normal, você deve frequentar a escola, querida. - ele sorri e caminha até mim deixando um beijo de leve na minha testa. - Agora levanta daí e vá se arrumar. Não se atrase logo no primeiro dia de aula. - e então ele sai do meu quarto.

Cheguei em frente ao meu nome colégio e olhei para fora pela janela do carro. Eu realmente não queria me passar por uma adolescente de 17 anos, cursando seu último ano do ensino médio. Eu já tinha feito aquilo um milhão de vezes, perdi até as contas de quantas vezes eu me formei.

– Sáfira, você vai se atrasar meu bem. - Jocelyn me apressou e eu a olhei com uma cara de cachorro sem novo. - Isso só funciona com Marcos, não comigo. Agora vá e tenha um bom dia.

Resmunguei algumas palavras incompreensíveis e saí do carro. A pior coisa em ter ''pais'' como Jocelyn e Marcos, é que realmente eles me tratavam como uma filha. Não que fosse algo ruim, mas eles entravam demais nos personagens.

Entrei no corredor dos armários, e alguns alunos me apontavam o dedo. Típico modo de tratarem uma novata. Passei em frente a um grupinho de jogadores de basquete no corredor, e os mesmos me jogaram piadas do tipo, ''oh lá em casa'' ''Vamos bater um papo'' minha vontade de tratar gente desse porte é arrancando a cabeça. Cheguei em frente ao meu armário, e coloquei lá os livros das aulas de mais tarde, deixando apenas o de física na mão. Me dirigi a sala B12 onde a aula já havia começado, adentrei a sala e mais olhares em mim.

– Você deve ser Sáfira Norren - Disse a mulher que supostamente seria a professora - Seja bem-vinda. - ela deu um sorriso forçado.

– Obrigada. - respondi de mal grado.

– Deseja se apresentar ao restante da turma? - Eu olhei em volta e parecia que eu estava soltando lantejoulas pelos olhos pelo o tanto que me olhavam.

– Não. - respondi simplesmente e me dirigi a um lugar vago no fundão.

Larguei meus livros e caderno na mesa e me sentei largada na cadeira, não precisa prestar a atenção na aula, sabia mais que essa professora de quinta. Olhei em volta e graças a Deus, ninguém mais me olhava, a não ser um moreno com seus olhos verdes. De seu corpo saia uma aura diferente, um tipo brilhoso em volta dos seus traços. Isso só acontece quando se tem outro... quando se tem outro vampiro. O moreno de olhos verdes, era um vampiro assim como eu.


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Notas finais do capítulo

Pode estar pequeno, eu sei. Mas ao decolar da história e com ajuda dos comentários de vocês eu aumento o tamanho. Um beijo, um queijo e até mais. ♥



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