POV Charles

Um ano já havia se passado desde o meu reencontro com Emma. Ah, a minha vida virou de cabeça para baixo! Promoção no trabalho, reformas em casa e muitas mudanças. E tudo graças a ela, meu raio de sol.

Depois que ela voltou, não gostou da ideia de ficar em casa sem fazer nada; arranjou um emprego como professora de música, e começou a ajudar nas contas. Até curso de culinária fez, mas nenhum de nós dois tinha talento para a cozinha. Não faz mal. Pizza sempre vai bem.

O caso é que eu queria pedi-la em casamento. Essa ideia nunca passou pela minha cabeça antes, mas depois de tanto tempo de convivência, a decisão já estava tomada. Emma era o amor de minha vida, e mal podia esperar para ver um anel em seu dedo.

Mas como ela reagiria? Nunca falamos sobre isso antes. Até pedi conselhos a Afrodite, mas a Deusa foi categórica; eu só saberia da verdade ao fazer a proposta. Porém, tive uma ideia brilhante. No dia do seu aniversário, eu colocaria a caixinha na sua cômoda, onde ela guardava a escova de cabelo. Podia espiá-la depois do banho, e veria sua reação.

Simples, não é?

Minhas mãos já estavam suando...

Depois de tomar uma ducha, ela se enrolou numa toalha e voltou para o quarto. Pus um olho na fresta da porta, e observei. Foi até legal vê-la se vestir. Continuava cansada mesmo às 7h da manhã, e se espreguiçava que nem uma gata. Era engraçado.

Abriu a gaveta da cômoda, mas franziu a testa ao ver a caixinha de veludo. Analisou entre os dedos e passou um bom tempo pensando. Provavelmente não queria ser curiosa demais e abrir algo que, provavelmente, não lhe pertencia. Porém, acabou cedendo e deu uma olhadinha.

O anel que eu havia escolhido era perfeito; pequeno e simples. De prata, com as pedrinhas de topázio formando o desenho de um sol. Eu mesmo fiz, lá na joalheria. Os olhos de Emma se arregalaram, e ela ficou testando o brilho num feixe de luz que passava pela janela. Mas tirando isso, não demonstrou emoções.

De repente, se levantou e começou a dançar sozinha pelo quarto. Parecia ser... Uma valsa? Mais ou menos isso. Abraçando o ar, ficou rodopiando e rindo ao mesmo tempo. Nunca a vi tão feliz. Tive vontade de falar com ela, mas deixei que se divertisse sozinha.

Aquela era a minha garota, e eu gostava de vê-la assim; feliz e leve, sem preocupações. Deixei que um sorriso se abrisse em meu rosto. Mais do que treinadora, professora, semideusa e amante, agora seria minha esposa.

Mesmo que tivéssemos problemas e dificuldades, nada importava. Amávamos um ao outro. E, é claro, não posso esquecer de citar a nossa música, que nos descreve tão bem; “Eu tenho você no fundo do meu coração, tão fundo no meu coração que você é realmente uma parte de mim, eu tenho você sob minha pele...”

FIM