É tão inesperado estar de volta em casa. Nada parece ter mudado, nem a flores, nem as cores, nem Sakura, nem Neji, apenas o velho Hyuuga parece ter florescido nesse tempo em que eu estive fora.

Mas para mim, as minhas coisas sairam do controle, totalmente. Deixei quem eu gostava pelo nosso bem. Ele nunca saberá das minhas verdades ocultas, apenas Sakura sabe.

Aliás, ela nunca me abandonou. Posso dizer que ela tem um passado muito escuro, sofrido que deve ser esquecido ou lembrado para se aprender algo. Com cabelos rosas e olhos verdes amáveis ela esconde uma dor profunda, cruz esta que nem eu seria capaz de carregar.

A Mãe dela a abandonou quando tinha apenas dois anos e o pai, bem esta é a parte da vida dela que Sakura quer esquecer, definitivamente.

Sr. Haruno era um bom homem, a não ser quando bebia muito. E como não havia ninguém para segurar as pontas da cólera daquele senhor, então ele batia e abusava de Sakura. E foi assim que ela passou dez anos de sua vida com essa parte podre acontecendo. Todos os dia tortuosos que saia para a escola ou ia ao mercado, tinha que omitir o que o pai fazia com ela.

E então quando completou 17 anos fugiu de casa e foi morar com o seu namorado, Sasuke. Diferente dela, o Uchiha era um homem totalmente frio, mas com Sakura ele era diferente, se portava totalmente apaixonado e indiferente de suas manias e gostos, fazia tudo o que ela mandava e ainda mais.

Quando me deitei a noite, depois de tomar um banho, jantar com a família e conversarmos sobre as coisas da cidade, Sakura veio chorosa ao meu quarto.

–Hina, você tem notícias dele? - e deitou-se de frente, chorando, coloquei minha mão em sua cabeça e comecei a separar as mechas de seu cabelo iniciando o meu modo “terapia” - Eu, eu o deixei. Não sei o que me aconteceu. Só sei que nem um bilhete eu escrevi, faz dois meses já, você tem notícias dele?

–Infelizmente Sakura, nem sei o que houve entre vocês dois e por que você fez isso? - ela parou de chorar, colocou a mão na boca como se tentasse se lembrar e ao mesmo tempo se esquecer, como se não quisesse falar, por vergonha ou por medo – Se você me falar, talvez fique mais fácil eu decifrar seus pensamentos, ai conseguiria te ajudar, por favor, não tenha medo, eu estou aqui.

–Hinata, nem sei por onde começar – então ela se espremeu mais perto deitando a cabeça em minha barriga, já que eu estava de barriga para cima – Um dia desses a gente estava bem, ai do nada brigamos, eu sai com umas amigas e fui pra uma festa longe de casa e ele ficou com raiva e foi para um bar beber. Na hora que eu voltei ele estava transformado, nós discutimos e ele gritou comigo de uma forma que eu nunca havia visto antes. Então peguei minhas coisas, ele segurou meu braço, tentou me pedir desculpas, a única coisa que consegui fazer foi arranhá-lo e xingá-lo, eu me soltei do braço dele, não queria nem olhar na cara dele. Sai de casa, ele tentou me seguir de carro, peguei um onibus e foi mais rápido, e desde então faz dois meses que não o vejo, eu não quero mais ninguém abusando de mim, nem me batendo e muito menos me xingando. Será que fiz mal em deixá-lo?

Poxa, agora Sakura era bem mais crescida e a dor havia voltado, o que fazer?