Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 28
Das Verdades Não Ditas


Notas iniciais do capítulo

Ola! chegamos a mais uma quinta e aqui estou com esse capítulo que eu simplesmente AMEI escrever. Sei que ele é pequenininho, mas espero que gostem ♥ Apreciem a leitura!
Tem notas no final ;)



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Anne Bonny adquiriu varias experiências ao longo de sua vida, desde a ser uma esposa até como ser pirata Assassina, mas era inegável sua falta de rumo quanto o caminho pouco compreendido de ser mãe. Em suma, a ruiva acreditou ter perdido a única oportunidade de ser mãe há muitos anos, sendo progenitora do filho de Calico Jack, um maldito pirata bêbado, que teria sido tão bom pai quanto foi bom capitão. Se seu arrependimento matasse, certamente já estaria no fundo do oceano junto aos muitos navios naufragados e esqueletos de monstros colossais habitantes daquele submundo desconhecido. Mas, como por um capricho das parcas tecelãs, estava tendo uma segunda chance e justamente com a filha do homem que um dia ela julgou ser um bom pai. E então, diante do primeiro rebento de Edward Kenway, Anne se via sem saber o que falar para ela. O sermão já havia sido dado e nem era preciso, visto que a própria menina sabia bem o quão irresponsável fora sua visita ao porto e ao tabelião. O problema estava em como lidar com a primeira morte dela, pois ainda que vivendo junto aos Assassinos de Ah Tabai, Jenny fora criada como uma menina, educada, vestida e alimentada como uma menina londrina e nunca em sua vida ela poderia esquecer tais raízes. A ruiva tinha os braços cruzado frente ao busto e após todo o relato da jovem, respirou fundo e caminhou de um lado para outro dentro da cabine a procura de uma resposta aceitável, mas nada encontrou.

— Não há mais o que fazer Jenny. Não sou sua mãe e muito menos seu pai para criar castigos ou te enviar a casa de seus avós. Não importa se foi acidente ou não, seja para a lei ou para sua própria consciência. – A mais velha parou de frente para a Kenway e a observou tal qual uma mãe faria. – Por hora fique aqui, descanse e cure seu braço.

Porém, antes de deixar a menina só com seus próprios devaneios, ela virou-se para encará-la uma vez mais.

— Sexta-feira não poderá usar essa carta aqui em Lisboa. A morte do tabelião já deve ser notícia em todas as tabernas e esquinas, seria arriscado demais para ele apresentar uma carta de um homem assassinado tão nova quanto esta.

Por fim, a ruiva se foi, enquanto Jenny permanecia encolhida sobre a cama a refletir na amargura de sua dor.

Naquela noite, após Jenny deixar a cabine para ficar junto a Sexta-feira onde pudessem descansar suas tristezas e arrependimentos, Anne Bonny retornou ao recinto, acomodou-se na cadeira e esvaziou a garrafa de rum que ainda restava ali, até a última gota.

No meio da noite e em um convés vazio e silencioso, com apenas as estrelas e a lua como testemunhas, a Assassina jogou ao mar uma garrafa cheia de palavras para um homem morto no infinito desconhecido.

Dos confins do Atlântico...

Depois de perder, Mary, meus amigos piratas e principalmente depois de te perder, a solidão tornou-se minha única companheira e na ausência de um bom par de ouvidos, esvazio minhas confusões sobre um pedaço de papel e com o auxílio de um tinteiro e uma pena afiada. A princípio, concluo que seja loucura escrever para alguém que já não pode ler, mas talvez em algum lugar do oceano você esteja a olhar por nós e quem sabe possa encontrar essa carta nas profundezas do desconhecido.

Imagino o quão decepcionado está comigo e quero isentar Adewale de qualquer culpa, entenda que foi ideia minha trazê-la a bordo naquela noite e pensei sinceramente estar protegendo-a da melhor maneira possível. Pois, como poderia uma menina como ela sobreviver sozinha em Londres? Adewale diz que eu vi nela a oportunidade de ser mãe, mas ele está errado, não a abriguei porque queria lhe substituir o colo materno, oh não, mas olhar nos olhos dela e ignorar ali seu próprio olhar era como apunhalar meu próprio coração. Senti como se fosse minha última obrigação para com você, meu amado capitão, e nela estava o sim que lhe neguei há muitos anos.

Penso na vida que poderia termos tido juntos e ao olhar para ela não me arrependo de minha escolha. Você sabia tão bem como eu que há muito eu havia abandonado a ideia de viver uma vida comum de esposa em terra firme e certamente a tradição londrina me sufocaria tanto quanto um espartilho, mas Jenny precisava muito mais de você do que eu e por isso o deixei partir com o pensamento que fiz a escolha certa e que o nosso “nós” devia se tornar apenas eu e você a partir dali. Mas então, dez anos depois vejo uma Jenny diferente da menina que conheci em Nova Inagua, criada por um pai que não acreditei ser você.

 Não posso mensurar o amor e admiração que vi nos olhos daquela criança quando o encontrou pela primeira vez, quando juntos subiram a bordo do Gralha e partiram naquela que pensei ser a última vez que os veria, contudo hoje muito pouco resta de amor e admiração. Você sabe e eu sei que a vida de pirata não deveria ser admirada e nem ensinada a ninguém, uma vida vã que vive cada dia como se fosse o último, bebendo e trepando na primeira taberna que encontramos nas praias que ancoramos ao longo da vida. Mas essa imundice a qual convivemos não pode e nem deve ser imaginada por crianças que escutam as fantasias de nossas aventuras e desenterrar baús velhos e viver a vida como uma festa sem fim, mas há mais músicas tristes a ecoar pelas bocas sóbrias do que felizes, pois podemos contar em uma mão quantos de nós, piratas libertinos, alcançaram uma vida boa.

Talvez, tenha sido o único de nós que encontrou por um período de sua vida, bons resultados após nossas noites em alto mar. Que criança pode presumir que um homem com poses, dinheiro e saúde como você era, havia conseguido tudo o que tinha sob a morte de naufrágio de muitos outros, sob o saque e acima de tudo sobre a mira da lei que nos perseguia tal qual um lobo persegue seu alimento no inverno rigoroso da minha velha Irlanda. Lembra-se de quando fugimos da prisão com a ajuda de Ah Tabai? Lembra-se de quando nos encontramos e me perguntou sobre o meu bebê? Acredito que sofri ali nada além das consequências de minhas escolhas e acredito que também sofreste as consequências de suas próprias escolhas, pois me lembro de ouvir de seus lábios que nunca fora sua intenção tornar-se um fora da lei navegante e que tudo o que queria era um bom dinheiro sendo corsário para voltar para os braços de sua amada Caroline. Conseguiste o dinheiro, mas não como corsário e não para Caroline e sim para sua Jenny. Uma linda menina adorável, educada e gentil como penso ter sido a sua mãe, mas que criança não adoraria viver aventuras pelos sete mares acompanhados de seus amigos em busca de tesouros perdidos?

Oh, meu querido Edward, seu castigo foi ver sua própria paixão pelo desconhecido aflorar no coração de sua filha e assim como seus pais não conseguiram apaziguar sua sede, tu não conseguiste com ela. E veja se hoje sua filha traça o mesmo rumo que você, fugindo para a terra de ninguém, aliando-se ao credo que tu tentaste lhe manter a distância, bebendo como tu e perseguindo templários. Assim como o nosso primeiro sangue a escorrer pelas coxas, finda nossas infância para nos iniciar como mulheres, o primeiro sangue que derramamos finda nossa inocência para iniciar um trajeto obscuro e sinuoso onde podemos ser heróis ou monstros. E hoje sua filha a qual quase posso chamar como minha, teve sangue em suas mãos, sangue de outro pela primeira vez em suas mãos. Sabemos muito bem que esse sangue não se resolve pondo algumas faixas por entre as pernas que por mais que seja lavado, ficará para sempre seco na memória dela. Por isso, meu amado capitão, espero que possa me perdoar, pois era minha a lâmina, o capuz e a responsabilidade. Sei que é minha culpa ela estar aqui, visto que Jenny poderia ainda estar em Londres ou mesmo em Tulum sob a proteção do velho Ah Tabai, mas é sob as minhas saias que ela cometeu tal delito e gostaria de assumir pra mim as consequências que virão, farei o que estiver ao meu alcance para protegê-la.

Sua Contra-mestre, Anne Bonny.

 


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Notas finais do capítulo

SIM, eu shipava BonnyxEd e acho que o destino dos Kenways em geral teria sido menos pior se Bonny tivesse dito sim, mas não culpo ela. Eles são pra mim o casal mais autêntico de toda franquia e meu favorito, apesar de não ter dado certo "/
Sinceramente, como não temos notícias de Bonny após BF (eu pelo menos achei apenas especulações de que ela realmente ficou com os Assassinos), não da pra dizer se Anne sentia falta dele e vice-versa, mas gosto de pensar que relacionamentos tão natural como foi o deles sempre deixa uma saudade boa de se lembrar.
E eu sei que foi uma enorme desabafo, mas por hora chega disso, eu prometo...

E no próximo capítulo... É chegada a hora do confronto contra o Príncipe José e será provavelmente o último capítulo de Portugal, por isso já quero adiantar meu agradecimentos mais que especiais a minha amiga Renata que muito me ajudou com informações de Portugal e ao jovem Leon por me ajudar com o linguajar de lá.

Beijos, até o próximo!



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