Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 12
Unity


Notas iniciais do capítulo

Título do capítulo escolhido de maneira aleatória porque eu estava sem criatividade ok?



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Três dias e duas noites, este foi o período da viagem de Nassau até Tulum. Os marujos comentavam que Edward providenciara que o tempo estivesse bom para que sua filha chegasse em segurança ao seu destino. A menina achou isso curioso, sempre achara que homens do mar não possuíam esse tipo de crença. Mas aos poucos simpatizou com cada um deles. Certas vezes ela ouvia histórias de viagens de seu pai contadas por aqueles homens. Ouviu sobre a dificuldade de tomar os fortes espalhados pelo Caribe. Sobre tempestades que ameaçaram partir o Gralha em meio uma fuga de caçadores de piratas. E mesmo que ela só pudesse imaginar tudo era tão emocionante que seu coração saltitava de tal maneira que parecia que quere fugir de seu peito. Ela não se importava, mas com o passado do seu pai, sobre o que ele fizera, estava inflada de orgulho do pirata que seu ele fora.

A primeira vista, Jenny muito mal pode ver pequenas canoas na praia de Tulum, mesmo com a luneta de Edward. Mas não havia ninguém lá. O lugar parecia um lugar inabitado e selvagem. A floresta fechada impedia visualizar qualquer ruína Maia daquele ponto.

– Não tem nada lá. – Disse ela ao fechar a luneta no alto do mastro da bandeira. O vento forte jogava suas madeixas castanhas para frente e ressecava a sua pele juntamente com o sal. Ansiava em segredo por um banho de água doce.

– Não seria um esconderijo se todos pudessem ver, não acha? – Sexta-feira estava ao seu lado, segurando a corda que erguia a vela mais próxima. Seu corpo estava quase pendurado a aquela altura, mas ele pouco parecia se importar.

O bando que agora era liderado por Jenny estava longe de ser a vitoriosa tripulação de Edward, mas era melhor do que nada. Anne já não mais bebia o tempo todo. Parecia ter deixado Edward e suas lembranças melancólicas em Nassau. Para sempre. Os homens que ali estavam tinham idades semelhantes a que seu antigo capitão teria. Alguns deveriam até ser mais velhos, era difícil saber com precisão. A vida do mar é boa, mas tem seu preço que é cobrado pelo tempo. Homens que vivem do mar comumente criam mais rugas e manchas sobre a pele se comparado a outros homens, dando-lhes a aparência de serem mais velhos do que realmente são.

Ao cair da tarde, o Gralha atracou. Bonny, Jenny e Sexta-feira deixaram o navio aos cuidados dos tripulantes, que apesar de bêbados eram confiáveis. Seguiram para dentro da mata fechada por uma trilha de terra batida, o que significava ser um caminho bastante usado. Após subir um pequeno declive a menina deparou-se com as famosas ruínas de uma antiga civilização. Entre as ruínas algumas dezenas de homens e mulheres perambulavam de um lado para o outro. Em um canto não muito distante ela viu algumas pessoas encapuzadas escalando árvores, em outro canto, um grupo menor atirava em alvos feitos de palhas e mais adiante o maior dos grupos concentrava-se em uma luta. Um homem alto e negro, bem musculoso encarava outro homem, um pouco mais baixo e menos forte. O primeiro parecia estar vencendo, tinha o olhar centrado, não tinha hematomas à vista e não abaixava a guarda, o outro por outro lado procurava uma brecha e movimentava-se tentando enganar o adversário, mas um passo um pouco maior do que deveria expos suas costelas que foram prontamente atingidas por um gancho certeiro. O menor dos homens caiu para o lado e todos gritaram: Achilles!

– Bem vinda de volta Bonny. – Cumprimentou um homem encapuzado com trajes de cores terrosas que simplesmente surgira a suas frentes. Seu rosto tinha pinturas brancas sob a pele negra. Ele era alto, mas não musculoso, era esguio e tinha um semblante sério. – Sexta-feira. – Ele cumprimentou o rapaz com um leve menear de sua cabeça.

Foi quando ele se virou para Jenny em seus trajes masculinos e a fitou por um instante, olhou profundamente em seus olhos, mas ela não desviou o olhar, permaneceu inerte o encarando.

– E essa quem é? – Ele se virou para a ruiva que o respondeu prontamente. O disfarce dela não funcionou com ele.

– Jennifer Scott Kenway. – Ele arqueou uma sobrancelha diante da resposta de Bonny.

– A filha de Edward? – Suas mãos estavam para trás segurando uma a outra. Mas os músculos estavam tensos, estava em alerta, sabe-as lá para o que.

– A própria.

– O que ela faz aqui? – Sua voz era grave, mas constante. Era difícil decifrar o que se passava em sua mente, não tinha surpresa em seus olhos, ou alegria em sua voz e suas mãos não estavam visíveis para serem analisadas.

– Eu a recrutei para a ordem.

– A mando do pai dela? – Jenny o fitava fixamente, estudando-o e tentando decifrá-lo, mas sem resultado aparente. Quem era aquele homem afinal?

– Edward foi morto em um ataque, acreditamos fortemente em uma emboscada templária.

O vencedor da luta aproximou-se de nós e cumprimentou silenciosamente Bonny e Sexta-feira, deixando por último Jenny.

– Imagino que já conheçam Achilles Davenport. Eu o recrutei há pouco, mas há talento nato nele. – O homem virou-se para encarar Achilles que não respondeu nada, apenas permaneceu em sua postura firme de um soldado.

Jenny sentiu uma pontada de inveja dentro de si. Estava longe de ser forte como aquele homem, não sabia lutar e dificilmente ganharia uma luta com tamanha velocidade como ele. Talvez se seu pai tivesse treinado ela também as coisas fossem diferentes agora. Mas só Haythan ganhou esse privilégio e ela sentiu aquele desejo de esganar o irmão mais novo que há muito tempo não surgia.

– Sexta-feira, mostre o local para Jenny. Eu conversarei com Ah Tabai.

A ruiva o olhou e pediu gentilmente, dando as costas aos jovens logo a seguir com Ah Tabai ao seu lado durante uma caminhada. Achilles também partira para um local qualquer que ela não prestou muita atenção. Sexta-feira olhou para Jenny e ela para ele.

– Quem é esse homem? – Ela o questionou assim que ambos se distanciaram deles.

– Ah Tabai? Ele é nosso atual mestre assassino. – Ele caminhou na direção das escadas, sendo seguido por ela de perto.

– Ele me olhou estranho. – Sexta-feira riu, como sempre.

– Relaxa. Eu ouvi dizer que ele não gostava muito do seu pai no começo, talvez seja isso.

– Por que ele não gostava do meu pai? – Seus pés já subiam os degraus de pedras que eram tomados por trepadeiras em diversos cantos e rachaduras eram eminentes aqui e ali.

– Seu pai matou um assassino e tomou o manto dele. Ah Tabai não gostou muito disso, acho que ele gostava do assassino que seu pai matou.

– Ah...

Após alguns instantes calada e já no topo da escadaria que levou ambos a uma espécie de altar velho e rachado, Sexta-feira virou-se de frente para ela e pronunciou de maneira relaxada.

– Não se preocupe. O assassino que seu pai matou havia traído a irmandade. Ele ia vender algumas coisas importantes para os Templários.

– E meu pai o impediu? – A voz dela encheu-se de esperança ao olhar para o amigo, mas ele lhe dera as costas.

– Não. Seu pai vendeu no lugar dele.

O jovem ficou sem palavras. Seu coração ficou confuso e seus olhos perderam o foco de qualquer coisa. As palavras proferidas por Sexta-feira simplesmente não eram absorvidas por ela. Seu pai ajudou os templários? Por quê?

– O que era as informações que meu pai vendeu? – Ele foi atrás de Sexta-feira e segurou-lhe a mão para puxá-lo de volta para si. Para encarar os olhos dele. Sexta-feira não sabia mentir.

– A localização de uma arma muito poderosa e algo para usá-la. Não sei bem também, isso parece ser um segredo que só os mais antigos assassinos daqui devem saber. Bonny talvez saiba, mas duvido que ela conte muito.

Jenny ficou pensativa, olhando todas as pessoas ali próximas, mas sem se concentrar em nada específico. Seu pai ajudou os templários e a troco de que? Os homens que o mataram. O que ela deveria pensar agora? Um suspiro profundo fugiu por entre seus lábios finos e ressecados, havia muito a respeito do seu pai que deveria aprender ainda.

– Espero que não esteja cansada.

Ao olhar para o lado em busca de Sexta-feira, a menina não o encontrou. Olhou ao seu redor, mas nada viu. Até que ele riu e ela seguiu o som de sua voz para o alto. Lá estava ele, no topo de uma pilastra velha de pedra.

– Como você chegou aí tão rápido?

– Quando você depende unicamente de suas habilidades para sobreviver em uma ilha, você aperfeiçoa uma ou duas coisas. – Ele deu de ombros, como se não tivesse a mínima importância aquilo. – Já escalou alguma coisa na sua vida?

– Mas é claro que já. – Ela cruzou os braços emburrada e sem saber bem o porquê, Sexta-feira achou graça na feição dela.

– Mostre.

Jenny foi até a pilastra mais próxima de si e passou a mão por sua superfície. Era lisa demais e não havia brechas como os muros de Londres. Se não fora deixada sim por seus criadores, ficou com o tempo. Ela tateou e procurou, mas a rachadura mais próxima estava a mais de dois metros de altura de distância do chão. Seu pulo não seria o suficiente para alcança-la. Contudo, seu orgulho era demasiadamente grande e não queria que Sexta-feira a visse como alguém inferior. Se ela pudesse materializar seu orgulho ele serviria perfeitamente como uma escada até o topo da pilastra. Mas ela não podia e Sexta-feira continuava observando-a atentamente. Como se lesse os pensamentos dela ele se pronuncia.

– Tome distância do seu alvo, corra em sua direção, impulsione os pés na base da pilastra e salte o mais alto que conseguir.

Sem responder nada, ela fez o que lhe foi instruído e o olhar do amigo a seguia a cada passo. Ele fixou a pilastra como seu alvo, parecia um touro vendo uma capa vermelha. Respirou fundo e correu até sua meta, lá ela conseguiu um pequeno impulso na própria pilastra para o alto, mas curto demais. Sua mão escorregou pela pedra lisa e ela caiu de pé no solo, praguejando baixinho.

– Você precisa se mais força no seu impulso. – Sexta-feira pendurou-se em sua pilastra e deixou o corpo cair no chão, sua aterrisagem foi perfeita. Ele caminhou até ela e sem qualquer cerimônia apertou uma das coxas dela. – Suas pernas são magras.

– Hey! – Ela puxou a perna para trás.

– Precisa desenvolver seu corpo para ser uma assassina. – Ele cruzou os braços a confrontando. Não estava sorrindo desta vez. – É magra demais e fraca como consequência.

Jenny não se agradava em ouvir aquilo, mas não havia o que responder, pois ele estava certo no final das contas. Ela apenas cruzou os braços e virou o rosto para o outro lado. Sexta-feira reparou e novamente achou graça na birra dela, mas reprimiu seu sorriso jovial desta vez.

– Vamos. – Ele disse sério, descendo as escadas do antigo templo Maia.

– Vamos para onde? – Ela descruzou os braços e o seguiu com os olhos.

– Para a praia. – Ele já estava na metade da escadaria.

– Fazer o que na praia? – Vendo a distância que aumentava entre eles, Jenny o seguiu a passos ligeiros.

– Nadar.

– Nadar? – Ela o alcançou sem maiores dificuldade, mas para descer todo o santo ajudava de qualquer maneira. – E quanto às pilastras? Não íamos escalar?

– Vamos deixar isso para depois. Primeiro temos que preparar o seu corpo. – Ele a olhou de lado com um sorriso travesso que Jenny não conseguiu traduzir. – Será que consegue em alcançar?

E sem esperar por uma resposta ele correu por entre os outros iniciados que estavam ali perto, desviando de alguns e esbarrando em outros. Jenny não pensou duas vezes e foi atrás dele como uma criança provocada. Por ser mais magra tinha mais facilidade em fazer curvas ou desviar de alguém, mas Sexta-feira mantinha um ritmo intenso e uniforme. Ela o alcançou na praia com quase um minuto de diferença da chegada dele e para sua surpresa estava mais ofegante do que imaginou estar. Enquanto a Kenway apoiava as mãos sobre os joelhos para recuperar o folego viu as roupas de Sexta-feira caírem no chão. Seu rosto esquentou e temeu erguer o olhar para ele, mas Sexta-feira não estava mais ao seu lado.

– Vamos logo Jenny! – Ele gritou já dentro da água com o peito desnudo e brilhoso. A jovem sentiu as mãos soarem.

– Não vou entrar aí!

– Mas é claro que vai. Nadar é um ótimo exercício para suas pernas, braços e pulmões. Além de que é relaxante e divertido. – Ele mergulhou e por segundo Jenny não o viu. Ela começou a procurar, o sol já se punha quase por completo e era difícil achar um negro em meio ao mar ao anoitecer. Por fim ela o achou ainda mais distante que a primeira vez, sinalizando para ela fosse até ele.

A jovem bufou, cruzou os braços e olhou para outro lado. Visualizando as primeiras estrelas no céu ela enfim percebeu o quanto aquele lugar era belo e calmo. Tão diferente de Londres. Percebeu então o porquê de Ah Tabai a olha-la daquele jeito. Ela era a diferente ali. Era branca e fraca. Uma menina típica londrina, magricela e fraca como todas as garotas deviam ser. Fracas e submissas perante a sociedade e perante seus maridos. Ela não queria ser assim e era por isso que estava ali. Por isso escolhera o mar, para ser forte e um dia ir atrás de cada homem que matou seu pai. Ela traria justiça. Jenny decidiu tirar a blusa masculina e larga, deixando a barriga amostra. Seus seios estavam amarrados por várias voltas de uma faixa de seda e este item ela deixou, assim como as calças. Descaçou os pés de suas botas gastas e foi rumo ao mar. Mergulhou sob as águas cristalinas e se deparou com uma beleza estonteante de pedras coloridas e brilhosas, conchas, pequenos peixes, uma estrela do mar e os ouriços que seu pai uma vez lhe comentara. Seu oxigênio acabou e ela teve que retornar a superfície, Sexta-feira estava há alguns metros à frente sorrindo e a convidando para se juntar a ele. Com prazer ela deu braçadas até alcançar seu amigo.


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