Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 10
... Lembre-se: Tudo é Permitido


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dez! Vamos fazer festa eeeeee!!! -Q



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661108/chapter/10

– Não podemos deixar essa menina aqui. Se não a levarmos ela dará um jeito de chegar às colônias quer você queira ou não. – Bonny defendia Jenny perante Adewale com persistência. Estava decidida a ajudar a jovem.

– O pai dela sofreu por afastá-la dele próprio exatamente para que ela não se envolvesse nos assuntos do credo e eu não posso simplesmente arrastar uma menina de dezesseis anos para essa guerra.

– Quantos anos tinha Ezio quando o pai e os irmãos dele foram assassinados?

O capitão limitou-se a revirar os olhos e ignorou a pergunta.

– Ora, parece que ele não era muito mais velho então. – A ruiva cruzou os braços. – Ela já se envolveu. É tarde demais para pensar em mantê-la na segurança da ignorância. Se algum templário descobrir todas essas cartas, sobre o sábio, sobre as rotas de Edward e suas viagens com essa menina o que achas que vai acontecer a ela?

– Bonny, não pode deixar seus sentimentos lhe tomarem a razão. Sei dos seus sentimentos pelo Edward e sei sobre o filho que você perdeu, mas não pode ver nessa menina o filho que vocês nunca tiveram.

– E nunca terei. – Ela completou. – Não pude gerar e cuidar daquela criança anos atrás, mas não irei abandonar a filha do Edward sozinha em Londres.

– Ela não é sua filha Bonny.

– Então que seja minha aluna. Irei trazê-la para o credo e não preciso da sua permissão para isso. – A ruiva lhe deu as costas e caminhou até Jenny que estava sentada no atracadouro fitando o mar calmo daquela noite.

Adewale apenas desistiu de dobrar a assassina. Se Edward não a convenceu de ficar em terra com ele anos atrás, não seria ele que a convenceria de qualquer coisa agora.

Anne se aproximou da menina, já estava próximo de amanhecer e os tons alaranjados intensificavam o vermelho de seus cabelos, ainda que houvesse alguns fios brancos perdidos em meios suas madeixas. Ela não podia deixar de ver a si mesma naquela menina sentada sobre alguns caixotes vazios fedidos a peixe. Afinal, ela mesma era apenas uma menina quando encontrou Mary e Rackhan há uns quinze anos atrás. E o que seria dela hoje em dia se não uma esposa infeliz de um homem covarde se não fosse o mar e seus amigos piratas? O mar lhe trouxe liberdade para fazer o que quiser, beber o que quiser, quando quiser e dormir com quem quiser.

– Vamos Jenny. O cheiro de Londres nunca agradou muito o meu nariz. – Seu sorriso era convidativo para o inicio de uma nova vida.

A jovem ergueu a cabeça, seus olhos brilhavam e em seus lábios um sorriso aflorou lentamente. Ela mal podia acreditar que realmente iria embora de Londres. Deixaria para trás a tristeza de perder o pai. Deixaria para trás a casa dos Winsdor. Deixaria para trás Ana, Tessa, Haythan e James?

– Espere! E quanto a James? – Anne franziu o cenho com aquela pergunta e refleti por alguns instantes.

– Não acho que o mar seja seguro para um cão. Ele pode ficar enjoado e adoecer. Melhor deixá-lo com seu irmão.

– Meio irmão. – A ruiva sorriu e segurou a cintura pelas laterais. – Certo. Você deve ter razão. – Bonny lhe deu as cosas e iniciou a caminhada pelo píer e passando por diversas embarcações diferentes. - Para onde iremos? – Jenny pôs-se a segui-la de perto.

– Para o Caribe.

A menina se calou por um instante e se atentou ao caminhar da pirata. Bonny era muito mais nova que seu pai. Devia estar na casa dos trinta anos, tinha um quadril largo, mas não era desajeitada. Muito pelo contrário, suas passadas produziam um rebolado que Jenny deduziu ser sedutor. Sua cintura era marcada o que lhe concedia uma silhueta que ressaltava os seios. Estes que eram volumosos e chamavam atenção pois estavam moldurados pelas madeixas vermelhas que caiam soltas de sua cabeça. Sua voz também era bonita e misteriosamente sua pele permanecia alva, mesmo depois de passar anos em alto mar. A Kenway concluiu que a assassina era dona de uma beleza singular, muito atrativa e muito bem preservada. Pôde por fim entender o porquê de seu pai tê-la amado. O alvoroço das gaivotas lhe tirara a concentração, os pescadores começavam sua rotina e logo sairão em alto mar. A jovem os observava carregando redes, desamarrando as cordas que atavam seus barcos ao porto e empilhando baldes em convés de seus barcos. Só então percebera que estava só com Anne.

– Onde está Adewale? – Jenny olhou ao redor, estreitando os olhos a procura do capuz branco que o omitia na noite passada, mas não o encontrara em lugar algum.

– Ele irá para a África. – A menina se calou, gostaria de tê-lo conhecido melhor, afinal aquele homem fora um grande amigo de seu pai. - Diga-me, você se lembra de onde está o navio do seu pai?

– Acredito que sim. –

– Então vamos até lá. Temos que tirar a poeira daquelas velas.

Quando o sol já estava imponente no horizonte, ambas alcançaram a embarcação que há alguns anos não velejava. O litoral já estava povoado de pequenos barcos de pescas, brigues de viagens e um ou outro galeão.

O Gralha tornou-se moradia de alguns gatos e ratos, que logo foram expulsos pela dupla. A maior parte das velas estavam corroídas por traças e pelo tempo. Os canhões estavam enferrujados e provavelmente não funcionavam mais. Dentro da cabine de capitão encontraram mais mapas velhos e caixotes repletos de rum.

– Jenny, sua primeira lição é: sempre tenha rum em seu navio. – Anne abriu uma garrafa e tomou um gole demorado. – E sempre terá uma tripulação feliz.

– Meu pai dizia que rum é o combustível dos homens. – A menina proferiu enquanto mexia curiosa em artefatos que pareciam ossos, mas não ossos humanos.

– Uma das poucas observações inteligentes do seu pai. – Bonny jogou uma garrafa fechada para a menina que a segurou mais por reflexo do que por habilidade. – Experimente.

– O quê? O Rum? – A Kenway olhou da garrafa para a ruiva e da ruiva para a garrafa.

– Mas é claro. Sinta o gosto e o calor descer pela sua garganta.

Jenny olhou a garrafa em sua mão, era leve e empoeirada. Imaginou se seu pai aprovaria aquela atitude e também imaginou como fora a primeira vez que seu pai tomara rum.

– Quantos anos você tinha quando bebeu pela primeira vez? – Seu olhar esperançoso tomou Bonny de surpresa enquanto ela bebia mais um pouco.

– Quinze. Eu acho... – A garrafa da ruiva já estava quase acabando.

– E como foi? – Anne notara o receio em sua voz e sorriu, tentando tranquilizá-la.

– Não tenha medo. – A ruiva riu. – Só estamos eu e você aqui. Não precisa ficar com vergonha se vomitar.

A Kenway assentiu, respirou fundo, fechou os olhos, juntou a coragem que tinha dentro de si, tirou a rolha da garrafa e bebeu. Anne gargalhou ao ver a careta dela ao separar o gargalo da boca.

– Isso é horrível.

– Você se acostuma depois.

Uma terceira voz a pegou de surpresa, fazendo a menina virar-se rapidamente em direção à porta, deparando-se com um rapaz de aparência jovial. Um negro de sorriso largo, a cabeça raspada, narinas largas e achatadas e olhos da cor de terra úmida.

– Quem é você?

– Meu nome é Sexta-feira, prazer. – O rapaz estendeu a mão em um gesto de cumplicidade e Jenny ergueu a sobrancelha sem repetir o gesto.

– É sério?

– É sim. – Mas fora a ruiva que respondeu, ao dar um tapinha sobre o ombro da menina que estava de costas para ela. – Adewale encontrou Sexta-feira e Robson Crusoé naufragados meses atrás. Crusoé voltou para este lugar que ele chama de terra natal, mas Sexta-feira, assim como você não tinha família alguma para retornar. Ele vai ajudar no seu treinamento.

– Sabe, é um pouco rude me deixa esperando tanto tempo. – Ele permanecia com a mão estendida, mas falou de forma descontraída.

A garota lhe estendeu a mão e assim selaram o aperto com algumas leves sacudidas verticais para ambos soltarem as mãos depois.

– Jennifer Scott Kenway.

– É um prazer conhecer a filha do demônio em pessoa.

– É assim que vocês chamam o meu pai? – Jenny riu do apelido e olhou para a ruiva que já estava ao seu lado.

– Não nos culpe, foi tudo ideia do Barba Negra. – Respondeu Bonny. – Ele foi um grande amigo do seu pai.

Jenny se sentiu mais uma vez em casa, como a muito tempo não sentia. Estava em meio a pessoas que não a olhavam torto por causa de histórico de seu pai, muito pelo contrário, aqui os feitos de Edward eram louvados como ela nunca vira antes.

– Sexta-feira, levante as velas! Jenny, tire a poeira desses mapas e os traga aqui! Partimos agora!

Ao cair da noite, a jovem estava fatigada. Nunca trabalhara tanto na vida, limpando o convés, organizando mapas, tirando a poeira das janelas, mobília etc. Sexta-feira cuidou das velas o dia inteiro, remendo e as erguendo. Bonny ficou no Timão o tempo todo. À noite, a ruiva fora descansar e Sexta-feira ficou como timoneiro.

– É melhor você descansar também. – Sexta-feira observava a menina deitada no convés, com os cabelos ao vento e fitando as estrelas. Já estavam a quilômetros de distância de Londres. – Temos que pescar algo logo cedo, amanhã.

– Eu vou dormir aqui mesmo. Embalada pelo mar e acompanhada pela lua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No original Crusoé é inglês mas vive na Bahia (meu rei - rs) e fica ilhado na costa da América do Sul por volta de vinte anos. Um dia uns índios chegam na ilhota que ele estava para fazer um ritual de canabalismo e iam sacrificar um outro índio. Crusoé salva esse índio e o batiza de Sexta-feira (não lembro porque ele não o chama pelo nome dele). Na fic a diferença é: Crusoé volta para a Inglaterra depois que é salvo. E ele fica ilhado com Sexta-feira em uma ilhota ali na costa africana, logo Sexta-feira é negro.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Omnis Licitus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.