Devoid escrita por Polenta Demente


Capítulo 5
The Queen and the RedRod


Notas iniciais do capítulo

AMADOS LEITORES *falando de maneira formal*

OK, DANE-SE ISSO DE "FALAR DE MANEIRA FORMAL" VAMOS DIRETO AO ASSUNTO:

Esse capítulo tem quase 2000 palavras, e eu queria fazer um teste e saber se vocês preferem capítulos maiores ou os menores. Imagino que prefiram os menores porque são mais práticos e rápidos, tornando-os menos cansativos, mas queria muito que deixassem sua opinião comentando ♥ obrigada desde já.
Espero que gostem *u*



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Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=bDUnQs4u2oQ

A mulher, sentada em um trono vermelho, observava a fonte de água a sua frente, nela refletia-se a imagem de dois viajantes; um garoto acompanhado de uma pequena boneca de porcelana. A mulher, inteiramente vestida de carmesim, tomou um gole do líquido que encontrava-se no cálice dourado em sua mão esquerda. – Chesire, você trouxe mais uma Alice. - sua voz parecia carregada de desprezo, assim como seus olhos, mais ainda havia um toque de arrogância e a sombra de um sorriso em seu rosto.

Um homem surgiu a poucos metros do trono onde a mulher encontrava-se, ele estava curvado em sinal de reverência, com a mão no peito, apenas um joelho no chão e sua cabeça abaixada. – Minha rainha, mas é claro, este é o único propósito para qual eu vivo. – Ele levantou-se, sorrindo.

– Seu gato imundo, o que pensa que ganhará trazendo estes humanos aqui? Você sabe que eles sempre são mortos antes que atravessem o mundo de Oz. E essa boneca, ela me irrita, toda vestida de branco e com esse jeitinho doce, uh – A mulher revirou os olhos, cerrando os dentes e punhos. - por que ainda não a quebrei?

– Seria porque ela é diferente, milady, ela tem o coração. A magia a protege por vontade própria. - aquilo soou mais como uma pergunta do que uma afirmação.

– Sim, sim, eu sei... – Ela deu um último gole no líquido que encontrava-se dentro de sua taça. – Chesire, toque a música que eu gosto. - ela foi levantando-se da poltrona.

– Claro, minha rainha. – O gato foi até o piano, sentando-se, estalou os dedos e começou a tocá-lo, uma melodia magnífica podia ser ouvida por cada canto daquele palácio. A rainha levantou-se e começou a dançar ao som do piano, rindo e cantarolando a melodia, a saia de seu vestido vista de cima era como uma flor ao vento, os babados eram as pétalas. A cada nota ela empolgava-se mais e mais, cantarolando mais alto a melodia, lembrando-se de seu passado naquele castelo.

Um passado tão sombrio.

Até que foi até o homem que tocava e o abraçou por trás. - Por que um gato tão imundo como você tem que ser tão lindo? – Ela mordeu a orelha do mesmo, que apenas sorriu sem mostrar os dentes.

– Milady, não tenho este relacionamento com a senhorita. - ele manteu-se indiferente, ainda tocando o piano.

– Mas pode ter... – Ela sussurrou rindo. – Um amor proibido, quem sabe? - o soltou e foi para o meio do salão novamente, rodopiando e divertindo-se ao ver que a saia de seu vestido poderia mover-se tão bem.

– A senhorita sonha alto demais.

– Está dizendo que não posso ter um homem como você? Não estou a sua altura? - ela parou, visivelmente irritada.

Ele levantou-se do piano, assustando a rainha. Aproximou-se dela e sussurrou em seu ouvido. – Estou dizendo que não me interesso por um relacionamento carnal com alguém que não sabe o que é amor.

A mulher enfureceu-se e tentou dar um tapa no gato, mas já era tarde, ele havia sumido, deixando apenas uma doce fragrância de lírios no ar.

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Após andarem muito, ambos depararam-se com dois portões de ferro enormes exatamente idênticos, cada um deles levava para um caminho diferente; uma bifurcação.

– Oh, chegaram! – Uma voz infantil veio da esquerda.

– Chegaram, chegaram! – Novamente, mas da direita.

– Alice chegou, ela chegou! – Um garoto saiu de detrás de uma árvore que havia ao lado do portão esquerdo.

– Chegou, chegou! Alice chegou! – Uma garota fez o mesmo, porém ela veio da direita.

Ambos eram idênticos, usavam macacões verdes, com blusa branca e gravata borboleta vermelha por dentro. A garota usava seus cabelos cor de me presos em tranças, enquanto o garoto tinha o cabelo cor de âmbar totalmente penteado para trás, sem nenhum fio rebelde pulando para frente.

– Alice virá para mim! – A garota disse, puxando o braço direito de Soren.

– Não, não! Equívoco! Alice virá para mim! – O garoto pegou o braço esquerdo e o puxou.

– O que eu devo fazer agora...? – Ele perguntou, confuso, olhando para a boneca esperando que ela lhe desse uma luz.

– Escolha o que preferir. – Ela pareceu divertir-se com aquilo.

– Qual deles é melhor?

– Não posso dizer ou isso influenciaria em sua escolha, não posso interferir em nada que diz respeito ao caminho que irá trilhar, este será feito por você, eu sou apenas a guia. – Ela cruzou os braços e deu de ombros, sorrindo.

O garoto refletiu por alguns segundos, até que disse: - esquerda.

"droga"

– Hahahahahahahaha!!! Alice veio comigo! Venha, venha! Alice irá passear pela casa da dama! Apenas 50 doces! Apenas 50! – o garoto puxou-o pelo braço, esperando uma reação por parte do maior.

A boneca entregou a sacola em suas mãos à criança.

– Ótimo!!! Alice irá ver a dama! Alice irá dançar com a dama! - ele o jogou para dentro do portão da esquerda, fechando-o. – Alice irá perecer com a dama! Assim como as anteriores! Alice irá! Ela irá!

– Jessie, e você? - Ele pareceu um pouco desesperado, olhando através das barras de ferro do portão. – O que esse garoto está falando?! – Seu desespero aumentou ao assimilar as palavras ditas anteriormente pela criança.

– Alcanço-o daqui a pouco. – Ela despediu-se dele, acenando e afastando-se do portão.

Ele suspirou. A última coisa que queria era ficar sozinho naquele lugar estranho e confuso. Mas aceitou seu destino e apenas começou a andar em frente, o cenário a sua volta eram apenas árvores frondosas e aparentemente sem fruto algum. O de óculos ouviu o barulho de folhas mexendo-se em um arbusto a sua direita. Ele parou, assim como quase fez seu coração. Ficou imóvel até ver uma pequena criaturinha laranja indo até ele e começando a bater suas pequenas patinhas contra suas pernas, ela realmente estava tentando fazer algo contra ele. O garoto a pegou enquanto a raposa ainda debatia suas patas peludas contra o vento, tentando, inutilmente, fazer algo. Soren sorriu quando viu que ela desistiu e apenas aceitou a derrota. A pequena pulou das mãos do garoto para sua cabeça, encolhendo-se e tentando, inutilmente, achar uma posição confortável, ela apenas foi até seus ombros, encaixando-se perfeitamente bem ali. Soren sorriu novamente e apenas continuou andando com o pequeno animal ainda em seus ombros.

Ele parou quando deparou-se com uma enorme casa, não apenas enorme, ela era surreal. Suas paredes eram feitas de doces, seu teto também, assim como o chão em volta dela. Era o paraíso das crianças e o terror dos dentistas. Ele bateu na porta de pé-de-moleque e esperou uma resposta.

Nada.

Olhou para a raposa em seu ombro como se ela fosse responder algo - o que obviamente não aconteceu, o máximo que ela fez foi o jogar um olhar preocupado - e foi abrindo a porta aos poucos, até deparar-se com uma pessoa sentada em uma poltrona de costas para a porta e de frente para uma lareira.

– Alice... – Ela disse, virando-se. – Surpreendo-me por ter conseguido a façanha de vir até aqui. Poucos esta artimanha conseguiram até hoje. - Era uma garota, usava roupas vermelhas, com um capuz e uma capa a cobrir seu corpo e uma pequena cesta em mãos. – Como chegastes até aqui, eu pergunto-me? Será por não teres encontrado aquela criatura no caminho?

Soren não tinha reação, como teria? Ele apenas permaneceu imóvel ouvindo as palavras da garota, até que ela veio em sua direção e o ofereceu um doce que estava em sua cesta. Ao olhar mais de perto, ele pôde ver que seus olhos eram de um púrpura vivo e lindo, deslumbrante, seus lábios eram incrivelmente bem moldados e suas bochechas eram lisas.

"Talvez também seja uma boneca?"

Ele olhou os doces, e resolveu pegar um azul com listras brancas. Analisou o mesmo e guardou no bolso, temendo que ele estivesse envenenado ou algo do tipo.

– Diz-me, quais tuas ambições? - ela soava calma. Sentou-se na cadeira de antes, convidando o garoto a sentar-se em uma outra cadeira da qual ele tinha certeza não haver ali quando chegou.

Ele sentou-se.

– Qualquer coisa que me sustente? - ele claramente entoou aquilo no tom de uma pergunta.

O de óculos sentiu algo agarrar seus tornozelos, ao olhar, duas mãos saiam do chão de madeira maciça e agarraram as barras de sua calça, ele tentou mover-se, mas as mãos apenas apertavam mais e mais conforme ele movia-se.

– Errado. - Ela disse. - Mas... Por quanto tempo pretende ficar aqui? - Ela cruzou as pernas e relaxou na cadeira, fazendo uma expressão arrogante.

Ele a analisou, sua postura, seu olhar, e seu tom de voz. pensou que poderia se dar bem se entrasse no jogo dela, pensou cautelosa e minunciosamente na resposta que ela queria ouvir. Um longo silêncio seguiu-se nesse meio tempo, até que ele respondeu:

– Para sempre.

Sentiu mãos agarrarem seus pulsos, prendendo-o na cadeira. Ele não entendia, pensou ter feito tudo certo.

– Errado. - ela inclinou-se na cadeira, apoiando os cotovelos nas pernas e a cabeça nas palmas das mãos. - Quantos pretendes magoar e deixar para trás em seu caminho até seu objetivo?

Ele ficou sem resposta, primeiramente porque não assimilou de primeira as palavras contidas naquela frase, e quando o fez, ele pensou em uma respostas plausível. Obviamente, sem sucesso. - Nenhuma.

Novamente, mas dessa vez as mãos agarraram seu pescoço, estrangulando-o lentamente, a força posta naquele ato ia ficando gradativamente maior, e ele ia sentindo a passagem de ar ser cortada de seus pulmões. - Errado. - Ela disse. - Agora, qual seu maior medo?

O garoto tentava pensar, mas as mãos segurando seu pescoço não ajudavam. Ele respondeu a primeira coisa que veio em sua mente por conta da adrenalina e do desespero: - Ficar sozinho.

As mãos que seguravam seus pés sumiram, e as que estrangulavam-no foram soltando-o gradativamente, diminuindo a força. Ele respirou fundo, aliviado, e tossiu um pouco. Olhando para a garota, que agora voltara a sua posição anterior com as pernas cruzadas. A sombra da lareira fazia com que seu rosto ficasse escondido por detrás da sombra que o capuz produzia, deixando apenas seu sorriso visível. - Mas você não está sozinho.

– Bem... não é como se Connor fosse um grande e inesquecível amigo. - Ele sorriu, sem graça. - ele apenas procura por mim quando precisa de ajuda em alguma matéria.

As mãos em seus braços sumiram, e as que seguravam seu pescoço afastaram-se ainda mais.

– E quanto a sua família?

– Bem... minha mãe nunca foi alguém da qual eu me orgulhe, muito menos o meu pai. Minha madrasta é a única da qual eu pude chamar de família, mas ela também nunca foi tão presente, principalmente depois daquilo... - Ele engoliu seco, lembrando-se daquele incidente.

As mãos agora haviam sumido por completo, e o cômodo a sua volta começara a ficar mais e mais claro aos poucos. - O que fará quando sair daqui?

Soren respirou fundo, não precisou pensar na resposta, apenas falou a primeira coisa que veio a sua cabeça. - Com certeza, o que eu viver aqui será inesquecível. Mesmo que seja apenas um sonho, quando acordar, eu provavelmente não serei a mesma pessoa, assim como não sou a mesma pessoa desta manhã, quando acordei. Não serei a mesma pessoa amanhã, quando acordar. Então, respondendo a sua pergunta: não sei o que farei quando sair daqui, porque o que eu penso em fazer agora é algo, pois sou uma pessoa, mas o que pensarei em fazer quando sair daqui é outra, porque serei outra pessoa diferente de agora. O futuro não é algo da que eu possa controlar, nem que seja o meu próprio futuro, é algo além de meu controle.

Por detrás da sombra do capuz produzida pela lareira, ele pôde vê-la sorrir. Ela levantou-se, e foi até ele, afastando sua franja da testa com as mãos e beijando-a. O garoto corou violentamente, e os poucos foi sentindo sua visão ficando turva e seu corpo pesando. A última coisa que viu antes de cair foi a lareira apagando-se.

Aquela maldita lareira.


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Notas finais do capítulo

A imagem do capítulo é uma de Pandora Hearts, só porque eu achei ideal essa cena como capa, e resolvi por ♥
E a linda e maravilhosa trilha sonora é do jogo Ib, um joguinho de RPG maker da qual eu sou apaixonada por ♥ principalmente pela trilha sonora, que é algo de tirar o fôlego
Gostaram? Comentem!

Acharam uma bosta? Comentem o que eu devo mudar! /o/

Erros de português? Me avisem! /o/



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