POV Narradora.

Edward Cullen estava, sem dúvidas, desolado. Seu primeiro e grande amor havia morrido em seus braços. A culpa o culminava.

Não é de se espantar que todos os Cullens sempre tratavam de dizer a ele que o que havia acontecido não era culpa de Edward. Até mesmo Renée o havia dito. Os Cullens haviam contado a Renée seu segredo e se surpreenderam com a compreensão de Renée. Seriam eternamente gratos.

Se Edward estava desolado; você mal conseguiria descrever a aparência de Charlie.

Charlie mal dormira e se alimentara desde que recebeu a notícia. Bella era seu bem mais precioso. Desde que se separara de Renée, Bella era sua maior alegria, ainda que a garota não o visitasse com freqüência. Charlie também sentia-se culpado pela morte da filha: se Bella não tivesse ido morar com ele, estaria viva.

Jessica e Angela também aparentavam muita tristeza; Bella tinha tornado-se uma grande parceira das meninas e se aventurara como nunca com as duas. Elas sempre se lembrariam de Bella com um grande sorriso no rosto e a certeza de que Bella as considerava da mesma maneira que as duas faziam. Elas sempre seriam o trio mais animado, descolado e diferente da Forks High School. 

Tyler, Mike e Eric também tinham a mesma apreciação por Bella. E naquele dia, não estavam os mesmos garotos falantes e saltitantes. A dor era imensa.

Jacob mal falava, como fazia de costume. Ele conhecia Bella desde que se entendia por gente e adorara ter a amiga de volta em Forks. Jacob tinha sido um grande amigo e conselheiro de Bella durante sua breve passagem por Forks. A amiga sempre teria um espaço guardado em seu coração.

Edward havia sido convidado por Renée a realizar o elogio fúnebre a Bella. Estava encaminhando-se ao lado do padre para começar. Edward tinha em mente mil maneiras de não viver sem Bella e queria pedir eutanásia aos Volturi. Mas algo na mente de Charlie o fez desistir das idéias. Charlie pensara que tinha que seguir em frente, pois seria o que Bella queria. Vê-los todos felizes. Edward sorriu, lembrando da maneira que Bella levava a vida, e que jamais iria querer decepcioná-lo, então ele faria o mesmo por ela. Seguiria em frente, e se, por sorte, encontrasse alguém que o amasse na mesma intensidade que Bella, lembraria dela, e em como ela queria que ele fosse plenamente feliz.

Todos silenciaram-se para escutar o que Edward tinha a dizer:

— A primeira vez em que encontrei Isabella Swan, algo em mim mudou. É engraçada a maneira como Bella mudava as coisas a sua volta, não é? Parecia que todos queriam agradá-la, pois ela o fazia conosco sem ao menos perceber.

“Quando eu a conheci, eu quis torná-la minha, se ela não fosse, eu faria de tudo para ser. Pode parecer estranho, mas a melhor coisa que conquistei em minha existência foi o coração de Isabella Marie Swan.

 Bella era boa. Não tenho dúvidas que todos aqui concordam comigo. Bella não era egoísta, não era má. 

Bella era altruísta, ela podia estar mal, mas faria de tudo para que todos a sua volta estivessem bem.

 Era graciosa, meiga e delicada. Não tenho palavras para descrever o quão grato sou por ter ela em minha vida, mesmo que por um curto período de tempo.

 Bella sempre será lembrada por sua bondade. 

 Tem pessoas que assim que entram em nossas vidas, sabemos que será para sempre. Bella será para sempre, ao menos em minha memória.

 Esse mundo era terrível demais para alguém como ela. Não era páreo para ela, por isso foi chamada para seguir em frente, para iluminar os que estarão próximos a ela na jornada seguinte. Que sorte a deles!

 Se um dia eu conseguir ser um terço do que ela foi, quero encontrá-la e dizer que todos aqui ficaram agradecidos pelo o que ela foi. 

 Agradecidos por tudo o que ela fez.

 Antes de terminar, eu gostaria de pedir que quando todos saírem daqui pensem em que momento Isabella Marie Swan foi importante para vocês. Peço para que se lembrem dela com um sorriso e o rosto corado, Deus, como ela era linda!

 Peço para que sigam em frente, pois ela era altruísta o suficiente para não querer que chorassem por ela.

 Peço que não se esqueçam dela, pois ela jamais faria algo ao contrário.

 Peço para que amem uns aos outros e que nunca, nunca, esqueçam de quem são e de que Bella sempre os lembraria de fazer a coisa certa.

 Faça o certo, façam o bem, para que quando faleçam, tenham o mesmo carinho e admiração que todos têm hoje pela melhor pessoa que já conheci.”

 Isso não era de longe, o que Edward havia ensaiado. Mas ao ver Bella, ali, gélida, imóvel, seu coração de pedra amoleceu. Algo parou aquela mente tão brilhante que tinha e desatou a falar o que vinha a cabeça. Se Edward pudesse chorar, aquele seria o momento.

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Bella foi enterrada no período da tarde. Após o sepultamento, todos os presentes prestaram suas condolências à família Swan e foram embora pouco a pouco.

Antes dos Cullen irem, Renée chamou Edward para ir à casa de Charlie, até o quarto de Bella.

— Charlie manterá o quarto assim? — disse Edward quando chegaram.

 — Eu não sei. — respondeu Renée. — Ele está muito abalado. Conversei com o Phil e concordamos em convidá-lo a passar uns dias conosco em Jacksonville. Ele precisa descansar.

 — É muito bonito de sua parte.

 — É meu dever. Por mais que tenhamos nossas desavenças, Charlie me deu o melhor presente de minha vida.

 — Ele fez o mesmo por mim. — Edward sorriu, sem graça, lembrando-se de Bella.

 — Obrigada por tudo que fez por minha garotinha, Edward, de verdade.

 — Eu que sou agradecido pelo o que ela fez por mim.

 — Antes de partir, ela me deu uma carta. Eu havia esquecido, devido à correria do momento, mas eu me lembrei enquanto você fazia seu elogio. Por isso o chamei aqui, havia deixado no quarto dela, antes de ir para o velório.

 — O que diz essa carta? — disse Edward franzindo o cenho.

 — Eu não sei. — respondeu Renée. — É direcionada a você.

Renée entregou a carta e saiu do quarto.

Edward, trêmulo, pegou a carta e abriu. Sorriu com a caligrafia desengonçada de Bella:

“Edward, 

 Eu não sei o que irá acontecer nos próximos minutos, portanto lhe escrevo isso:

 Não se culpe pelo o que acontecer. Eu escolhi vir até aqui. Não poderia deixar minha mãe, não de novo.

 Eu te amo e sempre vou te amar. Independentemente do que acontecer. Assim como amo sua família. Muito obrigada.

 Siga em frente; não passe a eternidade se remoendo por minha causa, não sou digna disso e você não merece. 

 Encontre alguém que te faça bem, deixe que as pessoas se aproximem de você e conheçam a pessoa maravilhosa que você é. 

 Não desista de viver por minha causa. Quando parecer difícil demais continuar, não desista. Você deve continuar.

 Certa noite, eu lhe disse que meu coração estava com você: e ele ainda está. Nunca o tive de volta. Você o conquistou para sempre. Cuide bem dele; e eu cuidarei do pedaço do seu que levei comigo. 

 Quem diria que eu daria um discurso motivador não é mesmo?

 Mas também quem diria que um leão e um cordeiro poderia dar tão certo, não é?

 Não se esqueça disso, Edward: nós demos certo. Ainda que por pouco tempo.

 Obrigada, obrigada, obrigada.

 Eu te amo.

 Para sempre e inteiramente sua,

 Bella”.

Edward sorriu. Ele seguiria em frente, como Bella havia pedido.

Quem Diria que mesmo depois de partir, Bella ainda se faria tão presente? 

Edward sabia que eles tinham dado certo. Não tinha dúvida. E seria eternamente grato.

Cuidaria do coração dela, contando que, onde quer que estivesse, ela também cuidaria do seu.