O advogado foi rápido, em dez dias ele já havia entrado com o processo e eu já tinha a ordem judicial para poder ir ver Lorenzo. Rafaela e Flávio não sabiam de nada, e chegaria lá de surpresa com o meu advogado, um representante do tribunal para que o mandado de visita fosse cumprido e uma conselheira tutelar.

Ver a cara de Rafaela quando abriu a porta foi revigorante, ela não tinha expressão mais assustada. Lorenzo quando me viu por outro lado veio correndo e jogou-se em meus braços.

— Mamãe. – Ele me abraçou forte.

— Vem meu amor, vamos tomar um sorvete.

— Mas... Meu filho... Eu... – Rafaela começou a gaguejar. – Eu não vou o deixar sair.

— É um mandado senhora. – Disse o advogado entregando o papel a Rafaela. – Você não tem opção.

— Você ouviu muito bem. – Ela virou-se para mim. – Ele me escolheu, ele prefere a mim. – Ela gritou.

— Tchau Rafaela. – Dei as costas com meu filho no colo e saí da frente dela.

O meu advogado foi resolver alguns problemas, combinamos que ele voltaria no horário que eu tivesse de levar Lorenzo de volta. O representante do tribunal foi assim que o mandado foi cumprido e a conselheira tutelar ficaria conosco durante toda a visita. Levei-o até uma sorveteria que ficava a frente de uma pracinha.

— Como você está meu amor?

— Bem. – Disse ele dando uma colherada no sorvete, mas não parecia estar falando a verdade.

— Certeza?

Ele estava pensativo, me olhou então nos olhos, e depois comer o sorvete que estava na colher parece que lhe deu coragem de falar.

— Você ainda me ama, depois de tudo?

— Eu te amo muito. – Sorri para ele.

Então peguei um xerox da cartinha dele que eu tinha tirado, achei melhor deixar a original com meu advogado já que seria usada para recorrer a guarda.

— Achei isto.

— Achei que só acharia isso depois de muito tempo. – Ele me olhou espantado.

— Por que mentiu para o juiz meu amor? Eu sempre te disse para falar a verdade, independente de qualquer coisa.

— Por que achei que vocês iam ser mais felizes sem mim. – Ele baixou o olhar.

— Lorenzo, olha para mim. – Fiz um coração com as duas mãos. – Está vendo esse coração. – Ele assentiu com a cabeça. – Essa metade aqui é de Julia – mexi uma das mãos – e esta outra parte daqui é sua – mexi a outra mão – e você já viu um coração viver somente com a metade? Eu amo você e Julia igualmente, e não importa o que a mãe do Gil diga, eu sempre te amarei.

Ele sorriu, desceu da cadeira e veio até mim me abraçando forte. Como havia sentido falta desse abraço, cada dia sem ele era uma tortura. Assim como estava difícil viver sem Gil.