Chá ou café? Refrigerante.

God knows! God knows,

I want to break free!

—Queen

Boa noite! Espero que goste do lugar! Não encontrei um melhor aberto a essa hora! Vamos retomar a história.

Terça-Feira, 21 de janeiro de 1962. Waterbury, Connecticut.

Eliot, Cory, Schimdt e eu, nadávamos no enorme lago ao lado da casinha na arvore que havíamos feito com os restos de madeira da construção da casa dos Raymonds:

——- Vocês viram a nova garota do bairro? – Perguntou Cory, eu não me importava, mas mesmo assim quis ouvir:

——- Quem Cory?

——- A garota da casa amarela que fica na divisa da Hills com a Palms.

——- Ela é bonita? – Eliot logo entrou no assunto:

——- Muito!

——- Mais que a Mclean? – Interferiu Schimdt:

——- Milhões de vezes mais bonita! – Todos os meninos começaram a imaginar como seria a tal garota:

——- E você Thomas? Não quer saber sobre ela? – Perguntou Eliot, me encarando:

——- Não. Não quero saber de garotas! Quero saber de ganhar a nacional e ir para a liga dos campeões!

——- Sério? Qual é! A garota é mais bonita que a Mclean! E você não está nem interessado? Nem um pouquinho? – Cory me olhou indignado, como se não querer saber sobre essa garota fosse um enorme pecado:

——- Sim, eu não quero saber! Tem várias garotas no bairro e na escola.

——- Tá, mas essa é Mais. Bonita. Que. A. Mclean. Você entendeu? – Disse Schimdt pausadamente como se eu fosse um retardado:

——- Você tem problemas! Graves problemas! – Disse Cory balançando a cabeça.

——- Calem a boca! – Disse jogado água na cara deles e começando uma guerra infantil, porém divertida que no fim nos proporcionou vários roxos e diversas histórias de como os conseguimos para as nossas mães:

——- Mas que roxo é esse no seu braço Thomas?

——- Basebol Janet! Foi no treino de basebol!

Ou no caso do Eliot:

——- Querido, o que foi que você fez?

——- Eu caí da bicicleta mãe, quando estava indo para a casa do Thomas!

Já o Schimdt usou o velho truque:

——- Mas o que... Cadê o meu pó? – Digamos que o pó acabou e as férias de inverno, que ainda iria acontecer, de Schimdt também.

E finalmente o Cory:

——- Bom dia filho!

——- Bom dia mãe!

——- O que é isso seu braço?

——- Que braço?

——- O seu bra...

——- Vou me atrasar para a aula mãe! Tchau tchau!

Sim, Cory saiu correndo e logo depois caiu na escada provocando uma perna quebrada e um mês sem aula. Se eu senti inveja? Sim, eu senti.

Depois de “guerra” cada um foi para sua casa, mas todos, menos eu, pensavam na garota. Claro que eu fiquei curioso, mas nunca assumiria isso na frente deles e por isso eu resolvi pegar um atalho da Hills com a Palms dessa vez.

llllll

Quando eu cheguei na rua da casa dela, avistei uma garotinha com aproximadamente 10 ou 9 anos de vestido florido rodado e com pequenos babados na barra dele, seu joelho estava ralado e ela segurava um copo azul de limonada, seus pais estavam logo atrás de dela, uma mulher sorridente de cabelos loiros cacheados e um homem de cabelos grisalhos e olhos verdes igual aos da garotinha.

E menina se sentou no chão e começou a brincar com o gatinho preto e branco enquanto seus pais se sentavam nas cadeiras da varanda e comiam pedaços de bolo de morango. Fiquei com a bicicleta parada do outro lado da rua até que o gatinho saiu correndo para fora da cerca e eu sem hesitar corri atrás dele até o final da rua quando finalmente o peguei.

Levei ele até a casa amarela e entreguei ao seus pais que me agradeceram e me convidaram para entrar e tomar algo, eu, é claro, aceitei pois correr atrás de uma gato e depois subir toda a ladeira não era fácil! Me sentei na cadeira de estofado verde claro da cozinha:

—-- Muito obrigada por pegar o gatinho da nossa filha!

—-- Imagina senhora...?

—-- Oh! Me perdoe! Senhora Lance! Laurel Lance. E você pequeno, qual é o seu nome?

—-- Thomas Maklemore, moro na última rua virando a esquerda. Vocês são novos aqui?

—-- Sim, nos mudamos semana passada. – Uma voz grossa, mas não assustadora respondeu:

—-- Philip Lance! Aceita uma bebida? Chá ou café?

—-- Refrigerante. – Os dois riram perante a minha resposta, até que começaram a pegar um copo e uma garrafa de Soul Coke, para me servir:

—-- Muito obrigada e me desculpe o incomodo! – Tomei um gole e o frescor logo se apossou de mim. O gosto doce e o gelado da bebida preenchendo a minha boca:

—-- Espero que vocês gostem de Waterbury e que se adaptem ao bairro. Se não tiverem nada para fazer semana que vem, vai acontecer o campeonato nacional de basebol entre o meu time e o de Mississipi.

—-- Você joga basebol? Que incrível! Agradecemos o convite e iremos dar uma passada no jogo! -— sorri com a ideia e terminei de beber meu refri:

—-- Bom, tenho que ir. Minha mãe deve estar preocupada e eu tenho que estudar para a prova de amanhã! Foi legal conhecer vocês! E muito obrigada pela bebida! – Me levantei junto a eles e caminhei para fora da casa vendo o gatinho pular na minha perna e dar leves mordidinhas:

—-- Obrigada por ter pegado o gato! E me desculpe pela minha filha não ter te agradecido, ela é tímida.

—-- Tudo bem! Eu entendo! Até mais! – Peguei a minha bicicleta e desci a rua até a minha casa. Por todo o caminho eu fiquei pensando nela e no quanto ela era bonita e em como eu me decepcionei ao ver que ela não veio me receber junto do pais:

—-- Calma Thomas, existem mais garotas no bairro e na escola. – Fiquei repetindo isso na minha cabeça até em casa.

Quando eu cheguei Janet, ainda estava no trabalho então eu ainda podia tomar um banho e comer algumas bolachas de chocolate escondido. Me dirige ao banheiro e liguei o chuveiro, joguei minhas roupas no chão e deixei a água quente cair na minha cabeça, fazendo alguns ralados arderem.

É... Eu havia conhecido 3 integrantes da família Lance: O gato, a mãe e o pai. Só faltava a mais importante, a garotinha de olhos verdes e cabelos loiros, com um ralado no joelho e um vestido florido que insistia em ficar na minha cabeça.