Mamãe, eu sou gay escrita por Caroline Dos Santos


Capítulo 4
04 — Compreendendo a sexualidade alheia (...Ou não)


Notas iniciais do capítulo

Rêllou mai bulachas //é, bulacha// Como vão vocês? ^^ Pois é, aqui está a minha pessoa depois de cinco dias atualizando MESG O/ Espero que gostem desse capítulo, que termina de uma maneira meio... Diferente dos outros XD Eu não posso contar o resto, mas sinto que talvez queiram me matar >.<

Enfim, fiquem com esses capítulo aqui, meus doces ♥



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Mamãe, eu sou gay

Compreendendo a sexualidade alheia

(...Ou não)

19 de Março de 2016

16h47

Sabe aquele momento em que você apronta e sua mãe te bate, então você ficar chorando baixinho de sentindo a pior criança do mundo? Pois é, esse sou eu agora com minha cabeça deitada sobre o colo da Thalita, enquanto o Vitor e a Sara estão discutindo lá em baixo sobre a reação dele ao descobrir minha sexualidade.

Para falar a verdade, eu nunca esperei que logo ele fosse aceitar isso numa boa, como aconteceu com minha mãe e com a Thainara. Sempre soube que o mais velho não ia gostar muito, mas... Não imaginava que fosse agir de uma forma tão violenta, logo a pessoas que tinha três filhos, e que um deles poderia muito bem pertencer ao mesmo mundo que eu.

Também não sabia que doeria tanto. E que choraria desse jeito.

— Gabe, não precisar chorar assim... Calma, garoto. — sussurrou enquanto acarinhava meus fios escuros, tentando a tudo custo me acalmar. — Eu sei que foi horrível, mas sempre vão existir pessoas assim... Acredite, já passei por isso.

— Ele me odeia agora, não é? — perguntei em meio a um soluço sentido. Ai, gente, eu odeio chorar na frente dos outros, fico parecendo uma pessoa super dramática, sabe? Não que eu não seja. — O Vitor nunca mais vai querer olhar na minha cara... Que droga!

— Claro que ele vai! Gabriel, pare de criar problemas que ainda não existem! — disse-me, levantando meu rosto molhado por lágrimas para que pudesse encará-la. Thalita chorava também, como se pudesse sentir a minha dor. — Pense no que é importante: sua mãe, a pessoa que te criou e te amou aceitou... Ninguém mais precisa fazê-lo. Ninguém.

Sou obrigado a concordar com as palavras de conforto daquela travesti, tanto que a minha melhor amiga mal terminou de falar e a abracei, do jeito mais forte que conseguia, como se quisesse impedir que se afastasse de mim. Mamãe não estava lá para dizer que eu deveria parar de drama e seguir em frente, e nem a Thainá para gritar que era tudo pura frescura.

E para falar a verdade, os berros dos outros dois cessaram, acho que resolveram ir embora, levando lógicamente as crianças com eles. Ou não. Descobri que eles ficariam quando Sara apareceu na porta do meu quarto, me fitando a Thalita e a mim com o um toque de pena, como se estivesse shippando. Querida, mesmo que a minha garota ainda tenha um pênis, ela não é do meu tipo. Faz favor.

— Gabe, por que você fez isso?

Oi? Oi? OI?

— Como se eu tivesse escolhido gostar de homens! — respondi, fungando. Não pude evitar que um sorriso amargo se desenhasse em meus lábios deliciosos. — Ah, mas claro! Uma mulher hétero, cis, integrante da família tradicional brasileira, nunca iria entender! Eu nasci assim, que culpa eu tenho! É algum crime gostar de pênis? É? É crime transar de costas, de quatro? Nunca fez sexo anal, é? Pois saiba que é maravilhoso.

Sejamos sinceros. Se não agir dessa maneira não sou eu. Eu sambos em todos com um salto quinze decorado de purpurina.

— Mas é que... Você ainda não achou a mulher certa. — insistiu. Jesus, será que essa criatura não entende? — Essa mocinha, por exemplo, parece ótima! Se você tentar...

— Gata, vamos parar de defecar pela boca. — Thalita a interrompeu, se colocando em pé com ambas a sobrancelhas franzidas. — Caso não saiba, eu sou transsexual. Quer ver meu pinto?

Gente, o que essa mulher tem de abusada, tem de incrível! A careta que Sara fez foi impagável, até me fez rir, e dessa vez sem ironia.

— Vo... É... Você... — a mais velha balbuciou, completamente desnorteada. No entanto, não demoriu muito e estava com uma expressão de puro nojo. — Como assim? Que tipo de aberração é essa? Você nasceu homem e se veste como mulher?

— Queridinha, eu não nasci homem, sempre fui uma mulher. Só que existe uma merda chamada cromossomo y que veio do pênis do meu pai e está faz da minha vidinha um inferno quando me deparo com preconceituosa que nem tu, more.

Caros leitores, gostaria de dizer que minha cunhada se calou após ter a resposta da cacheada, e que a trans exibiu um belo sorriso por saber que havia conquistado uma vitória passageira. Porque, no fim todos nós sabiamos que a Sara não deixaria de pensar que somos aberrações. Que deveriamos morrer. E que vamos pro inferno.

— Vou chamar o Vitor. Nós e as crianças vamos embora, agora. Não quero que influencie meus filhos. — acho que estou com algum tipo de deficiência auditiva, já que estou ouvindo tanta coisa tão... Absurda.

— Ah, claro. Vou colocar um pênis de borracha na cabeça dos meninos e obrigá-los a cultuarem ele como se fosse um Deus.

Acreditem se quiserem, mas a megera ainda avençou para cima de mim, como a mão aberta para meter nessa carinha maravilhosa que é essa aqui. Por sorte a Tha estava no quarto, e conseguiu impedi-la de manchar esse meu rosto lindo — sou divino, beijos —. Só que antes, que a esposa do meu irmão desistisse completamente, ele entrou no quarto, fazenco com que todo o barulho ali cessasse.

Só pelo olhar, dava para perceber que o Vitinho não tinha aceitado minha sexualidade de jeito nenhum, já que me olhava com certo desprezo. Mesmo com prostestos por parte da amiguinha, eu me levantei e fui até ele, fringindo ter uma coragem que na verdade na possuía. No fundo, eu morria de medo de uma negativa dele, por mais que soubesse que esse seria o resultado.

— Vitor... — murmurei, mas a única coisa que o moreno fez foi me dar as costas.

— Sara, vamos embora.

Naquela tarde, eu chorei muito até dormir de cansaço. Minha mãe só chegou depois, e enquanto neu estava tendo pesadelos ela ligou para o meu irmão, e deu-lhe uma bronca. Thalita me contou. E, naquela noite, Thainara dormiu ao meu lado, como há muito não fazia.

20 de Março de 2016

13h15

Sair com o Leo em um fim de semana é extremamente agradável, mesmo que estejamos apenas na pracinha perto da casa dele. Por incrível que pareça, eu estava calado, sem dizer quase nenhuma palavra, ainda bastante abalado pelos acontecimentos do dia anterior. Leonardo, logicamente havia percebido meu silêncio absurdo, contudo não me perguntou sobre o motivo. O loiro queria respeitar meu tempo.

Senti a vontade de contar-lhe sobre a reação do Vitor açoitar meu peito, mas junto com isso senti o medo de fazê-lo. Meu namorado apenas me abraço pelos ambros, e deixou que chorasse à vontade contra seu peito. Nunca imaginei que um dia soluçaria tanto em apenas dois dias.

Espero sinceramente que isso não crie rugas.

— Sabe, ontem eu descobri o quanto dói não ser aceito por alguém importante... É... Dói até mais que a primeira vez.

Tentei rir da desgraça, mas não foi possível, comecei novamente a chorar feito o mini-Gabriel — porque pelo que mainha me contou, eu era uma criançatão chorona, mas tão chorona, que chorava até por não conseguir parar de chorar. Se fosse ela, me devolveria para o abrigo —. Ai, será que isso ressecaria minha pele de pêssego?

— Pois é Gabriel... Dói mais do que se poderia imaginar... — isso delícia, me aperta mais forte que seu anjinho adora. — Ao menos... Sua mãe e sua irmão aceitaram bem...

Não posso esquecer desse detalhe jamais: meu amado boy magia foi expulso de casa pelos pais assim que contou sobre sexualidade, isso aos catorze anos, e foi morar com sua tia, que aceitou muito, sabendo que não era uma escolha. E mesmo que fosse, que importância teria? O Leonardo não deixaria de ser o Leonardo por ser gay.

Agora, com seus dezoito aninhos — estudante do terceiro ano, e repetente do nono ano, ano em que se assumiu —, está quase indo morar sozinho, para quando for à faculdade. Eu sei que meu namorado sente muito a falta dos pais, e principalmente do irmão mais novo, que tem minha idade, mas resolveu não voltar. Não enquanto não o aceitarem.

Para ser sincero, não acredito que isso chegue a acontecer.

— Tem razão... — murmurei, ainda agarrado aquele corpo cheiroso. Sim, sou bastante abusado e grudento com o que me pertence. — Leo?

— Sim?

— Não esquece que... Apesar de tudo eu sempre estarei ao seu lado... Aconteça o que acontecer... Eu te amo muito, tá?

Não existiu uma resposta para minha declaração. Somente um beijo na testa. Não um beijo molhado e cheio de paixão, apenas um beijo frio que me fez temer com o silêncio que perpetuou entre nós.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, meus doces