The Time Child escrita por Boo


Capítulo 1
Boo


Notas iniciais do capítulo

Primeiro/penúltimo capítulo (:



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Havia algo diferente, era o que o Doutor sentia. Um comichão, um calorzinho dentro do peito pedindo para se expandir, como a felicidade indescritível de rever alguém querido. Era aquilo que ele sentia, mas não sabia o que estava acontecendo.

O décimo-primeiro Doutor parara com a mão sobre a sineta da TARDIS, olhando atentamente para os lados a espera de uma invasão a qualquer segundo. Algo estava muito errado, ele podia sentir aquilo!

O que estava vindo? Dalek? Cybermen? Wepping Angels? Ele sabia que nada poderia invadir sua caixa azul, mas porque aquela sensação o incomodava tanto então? Após dois minutos esperando algo, ele suspirou resignado e usou sua chave de fenda nos comandos a espera que ela sinalizasse algo, entretanto nada aconteceu.

Outra volta pela central de comando, a sensação aumentando no peito de modo que já quase o irritara. O que diabos estava acontecendo?

— Quem é você? – o grito apavorado de uma garotinha o surpreendeu as suas costas.

Em frente a porta da TARDIS uma criança baixinha, de cabelos castanhos lisos e olhos pretos, vestida num grande e antiquado - aos olhos do Doctor- vestido de lã o encarava assustada, parecendo ter se materializado do vácuo. O que foi exatamente o que aconteceu, não que o homem ali presente soubesse disso ainda.

— Eu é que pergunto, quem é você? – retrucou ele assustado utilizando a chave de fenda sônica na garota ao longe que fez careta ao perceber a luz verde a percorrer.

— Meu nome é Boo, quem é você? – repetiu a pergunta. Boo era daquelas crianças que exigem respostas, que é mais teimosa que adultos que não as respondem, como o Doutor.

O homem verificou a chave de fenda e voltou os olhos claros em assombro para a garotinha que invadira sua TARDIS em pleno vôo. Como ela fizera aquilo? Como ela estava ali? E o mais importante, quem era ela? A passos longos e apressados o rapaz encontrava-se em frente a garotinha que se encolheu com a aproximação e o empurrou ao sentir o Doutor pousando a orelha em seu peito.

— O que você está fazendo? Quem é você?

— Você... Como você...

O homem sequer conseguia formular uma frase. Era impossível não era? Como aquela garotinha podia estar ali? Ele vira todos se acabarem, cada um deles partiu, então como o Doutor tinha convicção de o que escutara no peito daquela criança eram dois corações?

Em outro gesto rápido o Doutor levantava a garotinha pelas axilas e corria com ela a usa distância exagerada de si, como se segurasse uma bomba radioativa, até o banco estofado que havia na central de comando.

Colocou a garotinha de pé no banco e ficou a sua frente, e ainda assim ela mal batia em seu ombro.

— Você veio de Gallifrey – ele disse sério e a menininha não sabia o que falar. Era óbvio que vinha de Gallifrey!

— Você também – ela sinalizou e ele arregalou os olhos claros.

— Como sabe?

— Você tem uma TARDIS – ela disse como se fosse óbvio – e uma das antigas. Meu pai disse que tinham jogado todas fora quando o novo modelo saiu, você não conseguiu pegar uma nova não é? Mamãe disse que estavam bem difíceis de conseguir mesmo...

Ah, ele se esquecera de muitos aspectos dos habitantes de seu planeta, inclusive a curiosidade e inteligência irritante das crianças de lá.

— Você...

— Boo – ela interrompeu.

— Você é muito nova– ele observou e ela deu de ombros.

— Muito nova, muito pequena, muito fraca, por aí vai.

— Ok, ok, não me distraía! – ele deu uma volta em torno de si próprio, mil idéias vinham a sua mente e nenhuma delas explicava a aparição da garotinha em sua TARDIS quando todo o planeta havia sido extinto. – Como chegou aqui?

Boo ergueu o braço direito, onde um bracelete de couro maior que seu punho se encontrava., nele havia botões e um pequeno visor.

— Um bracelete de viagem no tempo? Como conseguiu isso?

— Eu tenho minhas fontes – ela abaixou o punho e pulou do banco. Todo aquele interrogatório estava chato – e você ainda não me respondeu quem é você.

— Isso não importa. O que importa é que você não podia estar aqui. Como conseguiu... – as palavras morreram em sua boca. Como conseguiu sobreviver? Fugir? Gallifrey estava trancada da ultima vez que ele checara há tanto tempo atrás, antes do fim da guerra. – Como você pode estar viva?

A menininha que andava observando a TARDIS parou o que fazia e voltou-se para o homem. Que homem engraçado! Tinha esse cabelo louco e usava gravatas borboletas! E nunca respondia quem ele era, mas que raiva, isso era mania de Time Lords, sempre fazendo perguntas de mais e dando respostas de menos, essa era a coisa que ela menos gostava nos adultos com quem convivia, ninguém lhe respondia as coisas diretamente, como quando ela perguntou a mãe porque o céu era vermelho, e sua mãe disse que era melhor ela ir pesquisar nos livros para descobrir, vê se pode!

— Olha amigo, quando dois adultos se casam, eles fazem coisas de adultos... – ela começou a explicar e como se possível os olhos do Doutor se arregalaram ainda mais.

— Eu não estou falando disso! Eu sei onde um bebê vem! Já fui pai – ele comentou e voltou a andar em círculos a procura de uma explicação plausível para o que acontecia.

— Sério? Você não parece muito com um pai, definitivamente.

— O que quer dizer com isso?

— Nada. Quem é você?

— Meu nome é Doutor! Pronto, satisfeita? Eu tinha esquecido o quão persistentes as miniaturas de Time Lords podiam ser.

— Essas miniaturas também são conhecidas como crianças, Doutor.

— É, é! Esse não é o fato, o fato é que você não devia estar aqui.

— Por mim tudo bem, pode me levar até a Terra? Eu estava indo para lá mas por algum motivo estranho vim parar aqui.

— A TARDIS deve ter sentido você e a puxou, mas não, eu não posso levá-la a Terra.

— E porque não? Não sabe onde fica? – ela o olhou inocentemente.

É claro que ele podia dizer a ela que se havia alguém que sabia onde a Terra ficava, esse alguém era ele, aliás ele sabia mais sobre a Terra do que qualquer um que conhecesse, inclusive sabia mais que os próprios humanos que não conheciam as verdadeiras histórias sobre o passado de sua civilização ou sobre seu futuro.

— Não é esse o ponto, o ponto é que houve um erro gigante. Como fugiu da guerra?

— Guerra? Que guerra?

— A Guerra do Tempo.

— Do que está falando Doutor? Gallifrey não podia estar mais tranqüila. Há quanto tempo não vai até lá? É um daqueles bastardos perdidos não é? Papai falava muito de gente assim, dizia que eu não devia ser assim... – a voz da menininha morreu atiçando a curiosidade do Doutor. Porque a súbita tristeza dela ao dizer aquilo?

— Bastardo? Não fale palavrões aqui garotinha! Isso é muito, muito feio.

— Não estou falando palavrão, bastardo significa ilegítimo, Doutor.

— Ah, nesse sentido... Sim.

— Sim o quê?

— Sou um bastardo de Gallifrey, fui expulso na verdade.

— Por quê?

O homem soltou todo o ar que possuía. Fazia tanto tempo que não falava daquilo! Tanto tempo que não gostaria de se lembrar daquilo, agora aparecia uma garotinha e lhe questionava assim, sem rodeios sobre seu passado?

— Porque humanos são fascinantes Boo, e por isso quebrei a maior regra dos Time Lords.

Boo soltou um gritinho, arregalou os olhos e pôs uma mão na boca.

— Você interferiu – ela deduziu e teve suas suspeitas confirmadas com o sorriso triste dele.

— Como eu poderia não interferir criança? Eles precisavam de mim, sempre precisam.

— Mas essa é uma regra, interferir pode mudar o rumo das coisas e criar um Paradoxo e...

— Eu sei de tudo isso Boo – ele se agachou e a chamou com uma mão sentindo uma tristeza lhe tomar o coração com cada passinho desconfiado que ela dava em sua direção. Como ela lhe lembrava Susan quando tinha essa mesma idade... – Mas posso te contar um segredo?

— Você é um agente do tempo? – ela sussurrou mesmo sabendo a resposta. A garotinha podia sentir os dois corações dele batendo tal qual ele sentia os dela. – Meu pai falou que não devemos conversar com eles, que eles são... vagabundos.

Ela sussurrou a ultima parte e o rapaz deu uma risada. Tão inocentemente irritante com aquelas perguntas e suposições! Mas ele precisaria levá-la embora logo.

— Não sou um agente do tempo. O que eu quero te contar é que, você poderia andar por todo esse Universo, visitar cada planeta, ver cada espécie e ainda se apaixonaria pelos humanos Boo, existe algo neles que inspira a todos. Então me diga criança, como eu poderia deixá-los morrer e assistir tudo sem fazer nada? Eu não sou assim.

Boo tinha sido criada até então com o pensamento de que não importava o que acontecesse, quando fosse grande o suficiente para poder ter sua própria TARDIS, ela nunca poderia interferir, esse não era o trabalho dos Time Lords. Não importava o quão ruim ou errada fosse a situação, ela não tinha o direito de interferir, e agora vinha esse homem estranho e dizia o contrário? Que ela podia interferir? Que isso era certo?

Mas sua pequenina e confusa cabecinha começara a assimilar o que ele dizia.

— Então não tem problema em interferir? – ela murmurou confusa.

— Alguma vezes não.

— Então você poderia me levar a Terra, Doutor?

Ele franziu as sobrancelhas. Porque esse pedido? Haviam muitos planetas lá fora, e ela insistia em ir para a Terra. O mistério de como ela tinha ido parar ali já nem lhe era mais tão importante, agora ele queria saber o que ela queria com a Terra.

— Eu acho melhor não Boo, seus pais já devem estar preocupados por você ter desaparecido.

— Não estão – falou rapidamente e convicta. Mais convicta do que uma criança com a idade dela devia ser – por favor Doutor, me deixe ver a Terra.

Ao olhar nos olhos escuros algo o comoveu. A quanto tempo não ficava cara a cara com um Time Lord? Principalmente uma criança, as únicas que ele conhecia eram as humanas... E elas o assustavam com sua própria língua e com atitudes impensadas. É claro que as crianças de Gallifrey eram iguaizinhas, talvez apenas mais perigosas porque além da imaginação e audácia de uma criança humana, elas ainda tinham o cérebro de um Time Lord.

— Ok, vamos para a Terra – ele decidiu com um sorriso e correu para o painel da TARDIS, com a pequena em seu encalço dando pulinhos de felicidade como não fazia há certo tempo.


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Notas finais do capítulo

Posto o próximo quando tiver 30 reviews, 17 recomendações, um helicóptero me esperando e 5 milhões na minha conta... Não. Posto o próximo assim que eu terminar de revisá-lo ( o que pode acontecer hoje ou amanhã).



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