Avatar: A lenda de Tara - Livro 1 Terra escrita por Glenda Leão


Capítulo 9
A luz mais estranha




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Acordo ao nascer do sol, mas não consigo reunir forças para levantar. Suna está ao meu lado, ainda dormindo. Olho pra ele e só consigo lembrar da nossa conversa, o que contei a ele. A morte da minha mãe. A decepção que causei ao meu pai. Levo a mão até seu ferimento, no mesmo instante um Suna surpreso agarra meu pulso e eu dou um pequeno pulo de susto. Capto um sorriso em seus lábios e ele aperta sua mão na minha.

— O que estão fazendo? – é a voz de Kadda, solto minha mão da de Suna bem rápido e me ponho de pé.

— Nada de mais. – diz Suna enquanto boseja.

— Não importa. Tara, temos que sair da cidade.

— Por quê? O que houve?

— Soube que o lótus branco está a caminho, ouviram noticias de que uma garota de olhos brilhantes está na cidade. Se não quiser ser encontrada temos que ir. Agora.

— Sei. Eu já vou. – Respondo. Suna se levanta e estende a mão pra mim.

— Acho que isso é um adeus. Enquanto você segue sua jornada eu sigo a minha. – ele diz.

— Vai atrás dela?

— É o que devo fazer. – Sinto vontade de pedir que nos acompanhe, mas seria burrice. Sei que Suna precisa acabar com Yuka sozinho. Ambos continuamos fitando um ao outro. Kadda acorda Zena e coloca alguns suprimentos em suas costas.

— Vamos Tara. – Kadda diz, ele esta diferente, oque aconteceu essa noite mexeu com ele.

— Estou indo. – solto a mão de Suna e começo a caminhar ao lado de Kadda. Suna nos acompanha até a saída da cidade. Ele vira as costas e começa a correr. Olho para trás para lhe agradecer e me despedir mais uma vez, mas ele desapareceu nos deixando caminhar pela estrada de barro sozinhos. Monto em Zena e Kadda sobe logo atrás. Acima de nós a luz do sol brilha com força.

Horas depois paramos no meio de um bosque, Zena esta cansada e nós estamos com fome. Kadda pega dois bolinhos de uma das bolsas das costas de Zena e me entrega um. Ele senta a sombra de uma arvore e eu me junto a ele.

— O que acha de treinar dominação hoje Kadda? – ele me encara surpreso e sorri.

— Quando quiser. – ele me responde alegre. Quando terminamos de comer decido que é hora de treina-lo. As arvores do bosque são bem afastadas então não teremos limitações. Kadda e eu ficamos a uma boa distancia um do outro e eu me ponho em posição, ele me imita.

— Preste atenção; mantenha a posição baixa e forte, se desloque de maneira estável e use ataques diretos. – Demonstro a ele retirando um grande pedaço de terra do chão e o jogando em uma arvore e ela quase se desprende da raiz. Ele tenta me imitar, mas não consegue levantar mais que uma pequena rocha. Observo sua cara de decepção. Nós dois suspiramos. – Tente por mais ênfase nos membros inferiores, isso vai te dar mais resistência e força para levantar pedaços grandes de terra. Quando arremessar a rocha coloque a mão na forma da garra do tigre assim. – Mostro a ele mais uma vez, dessa vez a arvore despenca no chão. Me sinto um pouco mal por isso, mas não dou muita importância. Mais uma vez Kadda não tem sucesso ao tentar repetir meu feito. Ele soca uma arvore irritado. – Continue com braços e pernas fortes, alicerçando no condicionamento dos antebraços.

— Não adianta. – ele grita. – Sou um inútil. – Kadda começa a bater em uma arvore, como se isso de repente aliviasse sua decepção. Os golpes ficam mais irritados, mais desesperados, e ele começa a irradiar ódio. Não acho que seja por não dominar muito bem, mas pelo que viu ontem à noite. Sinto que a culpa é minha. Há algumas semanas Kadda estava vivendo sua vida com sua mãe e seus oito irmãos e eu o tirei de lá. Desde que ele se uniu a mim, mesmo de uma maneira irritante tudo que ele fez foi me proteger e cuidar. Kadda derruba a arvore com socos. Saio de perto, calada, sem vontade de para-lo. Ando um pouco e não mais vejo ou ouço Kadda, sento ao lado de uma arvore tentando me tranquilizar. Fecho os olhos e descanso. Minutos depois sinto uma mão apertar de leve meu pulso.

— Já se acalmou? – Penso ser Kadda, mas quando abro os olhos vejo um espectro azul e tomo um susto. Seguro o grito ao reconhecer a pessoa. – Jinora?

— Olá Tara! – ela sorri pra mim. – há quanto tempo. Não se assuste, não estou morta. É projeção espiritual, você já me viu fazer isso algumas vezes. – ela tem razão, já a vi fazendo isso, mas nunca deixo de me assustar.

— O que está fazendo aqui? Como soube onde eu estava?

— Tenho vigiado você de longe, ontem senti sua energia espiritual conturbada, bem mais que o normal e decidi vir aqui saber como você está.

— Nada bem. – suspiro e conto a ela tudo o que aconteceu desde que fugi de casa.

— É bem típico do avatar se meter em coisas assim.

— Deve ser. Mas agora eu preciso de ajuda, não sei o que fazer.

— Se você pudesse contatar Korra ela saberia exatamente o que te dizer então eu peço que você tente meditar um pouco, vai te acalmar e talvez você consiga contatar alguém. Cuide-se querida. – Jinora desaparece. Ainda atordoada com o que acabou de acontecer volto até Kadda. Ele esta recostado na arvore que ele derrubou.

— Kadda? – o chamo hesitante, mas vejo que ele já está mais calmo.

— Você voltou. Eu sinto muito pelo que fiz.

— Não se preocupe. Eu entendo. Preciso pedir um favor.

— Claro. Qualquer coisa.

— Preciso que cuide do meu corpo. – Seu rosto atinge um tom vermelho vibrante.

— T-tara... Pensei que fossemos apenas amigos, mas se você insiste. – ele se levanta e faz biquinho esperando um beijo, me sinto um pouco ofendida com sua resposta mas confesso achar uma certa graça. Soco seu ombro com força.

— Não seja tão atrevido seu idiota. Não foi isso a que me referi.

— Do que você esta falando então garota? – ele passa a mão pelo ombro para fazer a dor passar.

— Vou meditar, preciso que cuide do meu corpo para que não me aconteça nada.

— Tipo você sair flutuando por ai? – eu rio do comentário dele.

— Tipo isso.

Sento-me embaixo de uma sombra e Kadda fica a alguns metros de distancia para não me atrapalhar. Fecho os olhos e me concentro. Faço isso por aproximadamente meia hora e não sinto nada mudar. Desisto de entrar em contato com qualquer pessoa e abro os olhos. Me surpreendo ao ver que não estou mais no mesmo bosque. Não vejo Kadda. Caminho um pouco hesitante e de repente vejo dezenas de espíritos correndo, andando, voando. Nunca vi tantos assim. Sei muito bem onde estou.

— O mundo espiritual. – exclamo admirada. É o lugar mais lindo que já vi.

Continuo a caminhar. Cada passo me aproxima ainda mais desse lugar desconhecido. Sinto um misto de felicidade e pânico. É um lugar diferente de tudo que eu já vi, repleto de flores, arvores e espíritos claro. Enquanto caminho as batidas do meu coração aceleram e penso que qualquer espirito há cinquenta metros de distancia as ouviriam. Paro para observar um canteiro de rosas, quando tento colher uma de repente todas se transformam em espíritos borboleta. Quando penso que não deve haver nada mais fantástico que isso observo o horizonte e vejo uma luz brilhante, me sinto atraída por ela. Sigo em sua direção, vejo um pequeno oásis, sem pensar muito eu mergulho nele. Sinto uma paz indescritível. Uns passos mais a frente às folhas de uma imensa arvore cintilam todas as cores do arco-íris. Seu tronco parece pulsar, vivido. Quando pisco os olhos já estou em frente a arvore, toco seu tronco. Tomo um pequeno susto quando a cabeça de um espirito aye-aye sai de trás da arvore, suas enormes orelhas e seus olhos amarelos são horrorosos. Sinto algo familiar e reconfortante vindo dele. Ele sai completamente de trás da arvore e fica de frente para mim, me encara por alguns segundos e abre um enorme sorriso.

— Fedido, você voltou! – Ele me abraça de maneira afetuosa pelo pescoço. Fico surpresa, olho em volta e assinto com a cabeça. O abraço demoradamente. – Como vai você? – ele pergunta ainda com os braços em volta de mim.

— Agora estou melhor. – nós nos separamos, eu sinto meu corpo se encher de tranquilidade.

— Há mais de dez mil anos que não te vejo, você mudou tanto.

— Obrigada... Eu acho. – De repente um espirito pousa em meu ombro.

— É um espirito coelho-libélula... – aye-aye me explica – e esse é seu jeito de cumprimentar alguém. Eles só se exibem assim quando sentem uma boa energia espiritual. Fedido o que acha de me contar o que fez nos últimos dez mil anos? Nós podemos comer um bolo e... – Não consigo terminar de ouvir a frase porque nesse momento ouço Kadda gritar meu nome, sinto ele me sacudindo pelos ombros, abro os olhos e eu estou de volta ao mundo material.

— Ainda bem, estava preocupado. Há horas você estava ai imóvel, pensei que algo tivesse te acontecido. – ele diz aliviado segurando meu rosto nas mãos.

— Horas? – pergunto surpresa, pareceram apenas alguns minutos.

— Sim, horas. Não importa agora, olha só quem está aqui. – Kadda aponta para cima de uma arvore, lá esta Suna, sorrindo pra mim.

— Sentiu minha falta avatar?


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Notas finais do capítulo

Quem acha o Kadda um abusado levante a mão o/



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