Avatar: A lenda de Tara - Livro 1 Terra escrita por Glenda Leão


Capítulo 20
Estrondo de guerra


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que capitulo sairia mais cedo, bom proveito ♥



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Os homens da tropa de Dao li que até segunda ordem estarão sob meu comando estão vestindo sua típica farda da guarda de metal. Suas armaduras são em aço temperado na cor cinza escuro, eu uso uma armadura igual, mas com a insígnia de comandante no peito. No cinturão carregamos pistolas pequenas, embora eu não saiba atirar e também nossos cabos de metal. Eles estão concentrados em ouvir e acatar as ordens de meu pai custe o que custar. Engulo em seco quando ele me passa a palavra, estou quase arrependida de ter proposto essa ideia, mas penso em Dao e não consigo imaginar o que ele está sofrendo nesse momento.

Divido a tropa em pequenos grupos para percorrer a cidade, os dois melhores soldados vão ficar ao meu lado. O primeiro se chama Sen, o corpo é o típico dos soldados, seu olhos são quase tão negros quanto os cabelos. A segunda é Queen Lee, olhos verdes e cabelos platinados, ela é ágil como um cervo-gato. Os dois foram bem recomendados por Kono e por isso me acompanharão de perto durante a busca por Dao. Primeira etapa: interrogar o maldito que me eletrocutou e que Suna capturou. Ele foi deixado na delegacia de policia de Cidade Republica. Sen, Queen Lee, Kadda e Suna me acompanharam até aqui. Suna estava estranho quando chegamos, olhando para todos os lados na delegacia, suava frio quando os olhos de algum policial ou detetive se demoravam sobre ele.

Chegamos à sala onde aquele terrorista estava e ele se levantou imediatamente ao nos ver chegar. Me encarou examinando meu corpo.

— Avatar, a que devo a honra dessa visita? — esboçou um sorriso malicioso e estendeu seu braço me cumprimentando, Suna rapidamente agarrou seu pulso e o torceu, ele soltou um grito que mais parecia ser de prazer que de dor. — Se não se importa seria muito mais interessante que ela me fizesse isso.

Suna o empurra com força contra a parede, me aproximo e olho no fundo dos seus olhos castanho-avermelhados a fim de intimida-lo.

— Para onde seus amigos levaram o comandante da guarda? — pergunto seca.

— Tão inocente avatar. No ramo em que trabalho não é permitido ter amigos. — ele ri de mim. Fico irritada por não ser levada a serio e quero descontar isso nele.

Agarro seus cabelos e bato seu rosto forte contra a parede.

— Não vou repetir, onde ele está? — ele cospe sangue enquanto gargalha.

— Não sei para onde o levaram, belezinha. Mas talvez uns tapas seus refresquem minha memoria. — ele me lança um olhar de desafio e malicia e sinto nojo e repulsa.

Suna perde a compostura e o joga no chão pisando em suas costas e sustentando todo seu peso sobre ele.

— Por que tentaram me sequestrar? — mudo a pergunta.

— Parece que minha líder não ficou muito feliz quando você roubou o namorado dela. — ele vira a cabeça para encarar Suna que vacila e dá um passo para trás, mas logo se recompõe e o põe de pé de novo contra a parede.

— Yuka, onde ela está? — Suna grita e o interrogado faz uma cara entediada.

— Não vai conseguir arrancar isso de mim bonitão. — ele dá leves tapinhas no rosto de Suna que se irrita ainda mais, seu rosto está vermelho de raiva. — Só vou te dizer uma coisa, Yuka está sentindo falta do cãozinho-urso-polar dela. — Suna dá um chute na virilha dele e ele solta um suspiro. — Quer saber? Essa brincadeira está perdendo a graça.

Logo depois que diz isso ele morde algo que tinha na boca, em menos de um segundo sua boca começa a espumar e ele se contorce no chão. O coração parou, estava morto.

— Não! Se levante! — chuto seu corpo sem vida a fim de ressuscita-lo, não tenho nenhuma outra pista para descobrir para onde levaram Dao. Não posso falhar. Não posso.

— Tara se acalme. — Kadda me puxa pelo braço para fora da sala de interrogatório. — Vai dar tudo certo ok? Vamos achar ele. Confie em mim.

Suna sai da sala seguido por Sen e Queen Lee.

— Acho que sei como encontrar Dao. — Suna fala e me viro em sua direção.

— Como? Como você pode fazer isso? — pergunto. Minha voz sai mais desesperada do que eu queria. Cheguei num ponto que não consigo mais controlar minha preocupação.

— Não eu, alguém que eu conheço, se ele ainda estiver trabalhando aqui.

— Por favor, me leve até ele. — praticamente imploro a ele.

Suna nos guia até o segundo andar da delegacia de policia, mas quando viramos um corredor alguém pula em seu pescoço e o abraça.

— Baixinho, quando me contaram que você estava aqui não acreditei. — ela solta um gritinho de felicidade. Ela tem o cabelo preto e seus olhos são azuis esverdeados. Suna a empurra pelos ombros de leve, mas com firmeza.

— Por favor, Akari mantenha distancia de mim. — o nervosismo de Suna voltou.

— Como posso manter distancia se há anos não vejo meu irmãozinho? — ela esfrega o punho no alto da cabeça de Suna.

— Me deixe em paz. — Suna suspira. — Seu chefe está ai?

— Na sala dele, depois me conte como foi o reencontro de vocês. Preciso ir trabalhar. — ela sai, mas não sem antes beliscar o traseiro de Suna e chama-lo de magricela.

Depois de mais dois corredores Suna para em frente a uma porta. Hesita antes de bater, mas ela está aberta. Um homem por volta de cinquenta e dois anos está na mesa no canto da sala, ele usa óculos, tem o cabelo escuro com alguns fios grisalhos e seus olhos são idênticos aos de Suna. Seu corpo magro mostra sinais dos músculos que deve ter tido um dia. Ele não olha para nós, seus olhos estão fixos nos relatórios em suas mãos. Suna da uma tosse forçada e finalmente ele levanta o olhar. Derruba as folhas e se levanta rapidamente, parece não acreditar no que vê. Esfrega os olhos com os punhos e caminha até ficar frente a frente com Suna.

— É você mesmo? — ele segura Suna pelos ombros e tenho a impressão que vai se desmanchar em lagrimas.

— Oi pai! — Suna responde entediado e meu queixo cai. Os músculos de Suna enrijecem quando seu pai o abraça emocionado.

— Por essa eu não esperava. — Kadda cochicha no meu ouvido.

— Acho que ninguém esperava. — meu queixo ainda está caído pela surpresa.

— Pode me soltar agora? — Suna pergunta e Mako se afasta. Posso ver uma ponta de dor em seus olhos.

— Por que você voltou agora? — Mako pergunta.

— Preciso de sua ajuda. Essa é Tara, é minha amiga e também o avatar. — Suna me apresenta e estendo a mão para cumprimentar Mako que ao invés de aperta-la toma meu rosto em suas mãos.

— Jinora me contou sobre você. Você lembra tanto Korra. — Mako diz e fico sem jeito.

— Mas ela não é! — Suna fala em um tom elevado e me empurra para trás. — Se você conseguir se controlar quero que fique longe dela. — Mako ri da reação irritada do filho. — Você vai nos ajudar ou não?

— Claro. O que vocês querem de mim?

— O amigo de Tara e capitão da guarda foi sequestrado por radicais e a única pista que tínhamos está morta na sala de interrogatório, e a proposito você devia dar um jeito nisso. Enfim, você é o melhor detetive que conheço e se você não puder encontra-lo ninguém pode. — Suna explica o resto de nossa situação para Mako.

Mako pensa por um instante e volta para trás da sua mesa, abre uma gaveta e vasculha alguns papeis. Pega um mapa e o estica sobre a mesa começa a fazer riscos nele com um pincel preto, para e volta a riscar o mapa, olha um relatório. Nós cinco esticamos o pescoço para tentar entender o que ele está fazendo.

— Já sei! — ele grita e nós nos assustamos. — Há duas semanas prendemos duas mulheres que carregavam bombas caseiras nas mochilas, antes disso as seguimos até esse bosque. — Mako aponta para um lugar que ele circulou no mapa. — Depois que as prendemos começamos a vasculhar o bosque em busca de mais radicais, mas tivemos que parar por causa da tentativa de ataque a ilha do templo do ar. Desde então não voltamos lá, mas se eu ainda for tão bom quanto dizem com certeza é lá que seu amigo está sendo mantido.

Agradeço Mako, mas quando tento abraça-lo Suna me puxa pela cintura para fora da delegacia. Assim que chegamos à rua eu o afasto, ainda não esqueci como ele me humilhou naquele dia.

Depois de alguns minutos chegamos ao bosque indicado por Mako. Tudo ao nosso redor são grandes arvores e capins que chegam à altura de nossos joelhos. Suna tomou a frente investigando o lugar, em minutos estávamos no meio do bosque.

— Você tem certeza que sabe o que está fazendo? — Kadda pergunta para Suna.

— Claro que sim. Eu acho. — ele responde incerto.

— Ai! — Kadda tropeça em algo e cai de cara no chão. Suna o ajuda a levantar e eu verifico no que foi que ele tropeçou.

Me deparo com uma placa quadrada de metal coberta por limo, dobro a placa e embaixo dela estava um poço estreito com uma escada na lateral. Sem duvida deve ser onde Dao está. Me segurei na escada e desci. Os outros me seguiram.

O fundo do posso se transformou em grandes túneis que lembram as catacumbas de Ba Sing Se. Andamos cautelosos pelos tuneis, sinto uma sensação estranha. Não há sinais de qualquer ser vivo aqui. De repente ouvimos pancadas, barulhos de ferro contra ferro e seguimos em sua direção. A expectativa de resgatar Dao me faz abrir um grande sorriso enquanto corro a toda velocidade. Chegamos a um corredor com varias celas, mas só uma tinha as luzes acesas, cheguei perto das grades e tentei dobra-las, mas percebi que são de platinas, então me ocorreu a ideia de arrancar as grades arrancando também pedaços da parede. Dobrei com certa dificuldade e joguei para trás por cima de minha cabeça quase acertando meus companheiros.

Dao estava encolhido no canto com a cabeça baixa e batendo as algemas em um cano que brotava do chão.

— Dao? — disse enquanto me aproximava dele com dificuldade. Pude reparar perfurações e marcas de tortura pelo seu corpo. A camiseta branca que vestia está repleta de sangue. Ele tinha dois furos de bala na coxa.

Dao grita assustado enquanto me aproximo dele, mas o abraço e devagar ele vai se acalmando.

— Obrigado. Obrigado. — ele me agradece e passo seu braço por cima de meus ombros e o ergo enquanto ele me agradece sem parar.

Quando fazíamos o caminho de volta pelos tuneis ouvimos cliques. Senti um aperto no peito, não pode ser coisa boa. E de repente vimos um homem pálido com os olhos azuis que pareciam pedras de gelo. Ele sorria como o psicopata que se matou na delegacia. Deve ter por volta de vinte anos, usa um broche com o mesmo símbolo que estava pendurado no colar dos homens que nos atacaram no prédio abandonado no dia que Zena sumiu. Vestia roupas simples cobertas por um colete de explosivos. Dessa vez não senti medo, apesar da cena.

“Você sabe o que precisa fazer para salvar seus amigos, Tara.”

 

Ignoro a voz maligna em minha cabeça e entrego Dao sob os cuidados de Kadda. Antes que eu pudesse partir para o ataque Suna nos atirou no chão e ao mesmo tempo em que o homem se explodia, Queen Lee, Sen e eu fizemos um escudo de metal com nossas armaduras.

“Você ousa me desafiar, Tara?”

 

A voz de Vaatu se mistura ao zumbido em minha cabeça causado pela explosão das bombas seguintes.

“Não serei ignorado enquanto eu tiver o maior controle sobre você”

 

Sinto uma dor agonizante pelo corpo causada por Vaatu que tenta tomar o controle de mim.

— Sinto decepciona-lo Vaatu, mas dessa vez não. — resisto a ele e algo me dá forças para desliga-lo. Sei o que me ajudou a fazer isso. — Raava!

“Você finalmente ignorou seu lado mau e me procurou. Tenho orgulho de você.”

 

A energia de Raava inunda meu corpo e me indica uma boa direção. Consigo usar as armaduras para nos proteger e seguimos pelos tuneis. Pelo cheiro sei que acabamos parando em um canal de esgoto. Voltamos para a superfície, sujos e com as cabeças rodando por causa das explosões.

Minha visão se ajustou a luz do sol e percebi que estávamos no pé da ponte Kyoshi. Desabamos no chão ao mesmo tempo, cansados. Sen, Queen Lee e eu colocamos as armaduras de volta sobre as roupas e percebemos o quanto foram danificadas.

Depois de um tempo jogados no chão finalmente tomamos coragem para seguir de volta a ilha do templo do ar. Ao chegarmos lá noto uma multidão reunida no pátio da ilha. Acólitos, dominadores de ar, a guarda de metal, o lótus branco. Suas expressões são de angustia, medo, pânico. Não consigo encontrar meu pai, Kono ou Jinora pela multidão. Peço para que alguns acólitos levem Sen, Queen Lee, Suna, Kadda e Dao para enfermaria e resolvo ir até o escritório de Jinora.

Entro no escritório desesperada para saber o que está acontecendo. Meu pai, Kono, Jinora, Kai e a presidenta das Republicas unidas estão sentados ao redor da mesa de Jinora. Seus rostos estão tensos. Kono olha para mim com um ar interrogativo e com um aceno de cabeça afirmo que Dao está bem. Não preciso perguntar o que houve, Jinora indica uma cadeira para que me sente e faço o que ela diz.

— Não pense que queríamos mantê-la fora dessa reunião, você merece estar aqui tanto quanto qualquer um de nós, mas não podíamos esperar mais para começar a tomar uma decisão. — Jinora dá voltas e voltas na conversa o que me faz ficar ainda mais preocupada.

— Jinora, por favor, me conte o que aconteceu. — suplico e Jinora suspira.

— Enquanto você estava procurando Dao li aconteceram atentados pela cidade, mas o que não sabíamos é que foram apenas distrações. — ela faz uma longa pausa e continua. — Eles invadiram a maior escola de dominadores e não dominadores da cidade e fizeram todos os alunos de reféns, dentre eles estão cinquenta crianças com menos de dez anos. Meus filhos estão entre os reféns.


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