Avatar: A lenda de Tara - Livro 1 Terra escrita por Glenda Leão


Capítulo 11
Sinal de alerta


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo está maior que o normal por que provavelmente o próximo irá demorar.



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É tarde, quase noite. As copas das arvores com suas folhas estão escuras cobertas pelo céu nublado. O sol está afundando atrás das montanhas. Uma brisa fraca sopra. Fico em pé e dou um enorme abraço quebra ossos em Suna.

— Tudo bem Tara, sei que não pode mais viver sem mim. – sei que ele retribuiria o abraço se eu não o estivesse esmagando. Largo Suna e olho para Kadda. Ele estreita o olhar, seus olhos verdes se fixam no horizonte justamente no ponto onde as montanhas parecem tocar o céu. Enormes nuvens de chuva se movem lentamente em nossa direção.

 — Acho melhor encontrarmos um lugar para nos abrigarmos. – ele diz.

 — Você tem razão. Mas antes... – seguro suas mãos nas minhas e olho no fundo dos seus olhos. Dou um suspiro. – Tenho que te pedir desculpas Kadda.

 — Pelo que? – ele indaga. – se for por assuar o nariz na minha única camiseta eu já te perdoei por isso.

 — Não. haha – eu solto um risinho.  – me perdoe por ter levado você pra longe de sua família e te tornar um proscrito. Perdão. – eu abaixo minha cabeça sem coragem de encara-lo.

 — Não há o que perdoar Tara. – ele diz erguendo meu rosto com um dedo. – eu já não era bem visto pela policia local, e embora eu ame minha família meu lugar não era lá com eles.

 — Mas...

 — Entenda que o dia em que você entrou em minha vida foi um dos mais importantes pra mim. – ele faz uma pausa e pensa. – logo depois do nascimento dos meus oito irmãos é claro. Então o dia em que te conheci é o nono dia mais importante da minha vida. – ele sorri.

 — Obrigada. – aperto seu ombro carinhosamente.

 Nós três montamos as costas de Zena e partimos dali o quanto antes. Olho para trás e vejo os relâmpagos atingindo o solo, tenho a impressão de ver ao longe alguém no meio da tempestade, com um dos braços erguidos ela atrai relâmpagos que a atingem com toda a força, quase grito para que Kadda dê meia volta, mas vejo que ela redireciona os relâmpagos, fico admirada com essa habilidade. Olho em frente e vejo trilhos, o barulho e um fraco tremor de terra indica que um trem esta chegando. Kadda parece ter tido a mesma ideia que eu, ele faz Zena acelerar o passo até chegarmos perto do trem, quando um vagão enorme se aproxima Zena salta para dentro, ela ocupa a maior parte do lugar, algumas caixas também preenchem o vagão. Kadda se apoia em Zena.  Suna e eu fazemos o mesmo. Depois de minutos Kadda e Suna caem em um sono profundo, eles emitem pequenos burburinhos e isso é realmente muito fofo. Sorriu comigo mesma e levanto sem fazer barulho, me aproximo da porta do vagão, fico sentada, admirando a chuva que começa a cair devagar e fica mais forte em segundos. Não me importo com o fato de estar ficando encharcada, apenas contemplo a beleza disso. Nós já atravessamos todo o lago ocidental, o trem agora está atravessando a grande divisão, alguns chamam de canion da morte porque muitos que já se aventuraram por ele no passado acabaram perdendo suas vidas. Jinora me contou a historia de quando os avós dela e seu tio avô ajudaram duas tribos rivais a atravessar esse canion. Abro um grande sorriso ao perceber o porquê dela ter me contado tantas historias sobre Aang e Korra e ter sido sempre tão presente na minha vida. Ela sempre soube que era eu. Lembro-me da historia de quando Korra lutou contra o avatar negro Unavaatu pelo destino do mundo. Ao longe vejo uma silhueta estranha que me deixa intrigada, me assusto quando avança em minha direção, algo me agarra pelo calcanhar esquerdo e me puxa com violência para fora do trem. Sou arrastada por vários metros, grito com todo o ar dos meus pulmões, mas nenhum som sai da minha boca. A força estranha desaparece e me deixa largada no chão, atordoada tento me levantar. Abro os olhos e sei que não estou mais na grande divisão, sinto uma energia estranha, a mesma que senti quando estive no mundo espiritual, mas essa é diferente. É tão sombria. Embora uma grande parte minha esteja com medo desse lugar, sinto certo prazer com essa energia.

A estranha silhueta que me trouxe até aqui reaparece e se aproxima de mim, tento ataca-la com dobra de terra, mas nada acontece.

— Não gaste sua energia a toa, não pode dobrar aqui. – a silhueta fala enquanto vai ficando cada vez mais nítida. Um espirito em forma de homem, seu corpo repleto de tatuagens vermelhas. – Vamos Raava, não se lembra de mim? Sou eu, seu parceiro.

— Deixe-a em paz Vaatu. – uma voz fala de dentro de mim, mas não sou eu que digo isso.

— Você sabe que não posso querida. Também faço parte dela, o avatar agora não é apenas luz. As trevas também habitam esse corpo e ainda vão tomar o controle dele. Você não tem mais poder contra mim.

— É claro que tenho poder contra você. Se não está lembrado eu o prendi há mais de dez mil anos e te derrotei uma segunda vez anos atrás. Por isso não me desafie de novo. – Raava tenta intimida-lo sem sucesso.

— É, bem, a situação mudou muito desde então. – Vaatu sorri e isso me apavora. Ele agarra meus braços com tanta força que sinto meus ombros se deslocarem. Tento me soltar, mas não consigo. Ele é muito forte.

— Me largue. – Dessa vez sou eu que falo, suplicando para que tire suas mãos de mim.

— Consegue sentir isso? – ele pergunta. O rosto com uma expressão louca e assustadora.

— O que? – grito assustada não conseguindo mais sentir meus braços. – Sentir o que?

— Exatamente. – ele diz. – Não tem nada ai. Eu te desliguei Raava. Anulei suas forças por enquanto. Tara está vazia. Sem poder, sem energia, sem dobras.  Apenas uma garotinha assustada que não tem força para dar um soco nem se sua vida dependesse disso. E eu estou perfeitamente bem. Com o total controle.

— Ainda não. – com um ataque de surpresa Raava retoma o controle do meu corpo. Consigo me desvencilhar dele e chuto seu peito o lançando longe.

— É só uma questão de tempo. Fico mais forte a cada dia e em breve vou tomar o controle. – ele volta a se aproximar de mim e encosta sua testa na minha. – Vou tirar tudo de você. – Engulo em seco, com dificuldade e encontro o olhar frio dele.

Acordo gritando. Estou de volta ao vagão, deitada no centro, ferida. Meus ombros estão de volta ao lugar, mas eu ainda sinto a dor. Meu rosto está repleto de feridas. Suna, Kadda e Zena acordam espantados. Os garotos olham pra mim e não entendem o porquê das feridas escorrendo sangue.

— Ei... Você está bem? – os dois perguntam assustados, tentando dar uma olhada em meu rosto.

— Estou bem – suspiro, olhando para a figura preocupada dos dois. – Esse chão é duro e muito desconfortável.

Suna quase ri e Kadda, em vez disso, franze as sobrancelhas. Encolho o corpo com a lembrança de Vaatu me dominando.

— Como você se machucou? –Kadda pergunta.

— Não sei. – digo e ele suspira. – Na verdade, eu não posso contar.

— Por que não?

— Porque não sei como. – Digo a ele. Kadda fica em silencio por um momento.

— Vou procurar algo para limpar suas feridas. – ele me da às costas e revira as bolsas nas costas de Zena.

— Cara você pode, por favor, me arrumar um analgésico? Estou com a bunda doendo. – Suna diz passando a mão no seu traseiro o que me faz soltar uma risada. Kadda olha pra ele tentando entender o porquê de Suna ser assim. Louco, completamente pirado é o que Kadda pensa.

Sinto-me estranha no dia seguinte, tinha acordado com uma falta de ar, uma sensação de cansaço dominava meu corpo. Dois dias depois o trem para no meio do deserto de Si Wong em uma pequena colônia de dominadores de areia. Deixamos nosso vagão antes que alguém nos veja. Todos esses pés e patas seguem o rumo contrario da pequena colônia. Kadda suspira olhando o horizonte, a imensidão de areia, aperta sua camisa na altura do peito, tira os sapatos e sorri. A areia o entende. Ao contraio de Kadda não estou gostando de andar nesse terreno. Se não fosse por meus braceletes e cabos de metal eu seria apenas... “Uma garotinha assustada que não seria capaz de dar um soco nem se sua vida dependesse disso”... A voz de Vaatu me vem à cabeça. Tento espantar esse pensamento, não preciso estragar esse momento de Kadda o preocupando.

Depois de alguns minutos caminhando um vento forte bagunça meus cabelos. Sigo o olhar de Kadda e sou tomada pelo pânico. Um tornado de areia vinha em nossa direção. Grito tentando chamar a atenção de Kadda implorando para que corra, mas ele está completamente hipnotizado pelo monstro de areia. Suna envolve minha cintura com apenas um braço e todos subimos nas costas de Zena. Todos menos Kadda. Ele está paralisado, encantado, maravilhado. O tornado de areia cada vez maior e mais potente. A angústia domina meus pensamentos quando me dou conta de que Kadda não tem intenção de se mover.

— Vem rápido. Corre. – Grito cada vez mais alto, preocupada. Tento me desvencilhar do braço de Suna, mas ele se mostra mais forte. – Me solta Suna.

— Ele é um dominador de areia. Se ele não vai sobreviver aquele furacão nós muito menos. – Suna diz tentando me tranquilizar, mas tudo que eu quero é quebrar sua cara.

Observo à entrada da colônia dos dominadores de areia. Gritamos emergência a todos. Mas todos parecem tranquilos demais. Reuniam suas famílias com calma e se dirigiam rapidamente a praça central. Kadda ainda não se move, tudo voa e se estilhaça ao seu redor, mas nada tem efeito sobre ele. Com a aproximação do tornado os moradores da colônia parecem mergulhar na areia sob seus pés levando junto suas casas, barcos velejadores e quaisquer outros pertences.

O barulho do tornado passa a ser ensurdecedor. Kadda olha em volta e percebe que aquele enorme monstro de areia quebrará seus ossos em alguns segundos. Ele começa a correr em nossa direção enquanto Suna arrasta Zena e eu atrás dos dominadores de areia. Kadda não chegará a tempo. Agarro sua coxa com um cabo de metal e o puxo com violência. Kadda nos derruba das costas de Zena. Kadda, Suna e eu gritamos de dor.

Nós quatro somos engolidos pelo monstro de areia.

O barulho da tempestade de areia se silenciou de uma maneira tão anormal, que até Zena fez uma expressão de surpresa. Uma luz fraca ilumina o largo corredor em que estamos. Meu coração que ainda bate com força se acalma aos poucos ao notar que estamos fora de perigo embora ainda não consiga entender como.

— Está todo mundo bem? – Soa a voz de um homem a nossa frente, ele parece ter por volta de vinte e cinco anos, usa bandagens nos braços e outras soltas ao redor do pescoço, seu rosto moreno é cheio de pequenas cicatrizes. O respondemos com leves acenos de cabeça que talvez não tenham sido vistos devido à fraca luz.

— Quem é você? –Suna é o primeiro a recuperar a consciência e perguntar.

— Meu nome é Ramsis. Sigam-me. – Suna parece reconhecer o nome. Dou um passo para segui-lo e urro de dor, minha panturrilha está inchada e eu não consigo andar. Ramsis e Suna avançam até mim para me ajudar, mas Kadda chega primeiro, rápido com um raio. Ele passa meu braço por cima do seu ombro e me apoio nele enquanto ando com passos vacilantes pelo corredor, tropeçando em meus próprios pés. Olhei pra baixo e percebi que ele também estava mancando por causa de uma grande ferida na sua coxa esquerda. Eu fiz isso com ele. Acompanhamos Ramsis devagar, desconfiados, estranhando sua atitude. O corredor se abre em uma imensa cidade subterrânea. A cidade é enorme, pouco iluminada, mas o calor de dentro é o mesmo que o de fora. Ramsis nos conduz pelas ruas. Os outros dominadores de areia ficam alertas com a cena. Eles me causam arrepios. As pessoas por quem passávamos eram adultos ou senhores de idade. Eu com 16 anos me sinto como um bebe andando entre eles. A cidade tem um tamanho incalculável que faz com que eu me sinta ainda menor.

Paramos em frente a uma praça que é idêntica a da superfície exceto por ter o dobro do tamanho. Ramsis para perto de uma enorme tenda e pede para esperarmos aqui fora enquanto ele tenta encontrar alguém para nos ajudar. Kadda me leva até um banco de terra que estava próximo e faz com que eu me sente encostada nele.

— Você está bem? – pergunto a ele.

— Não sei. – Ele responde.

— Eu estou bem, obrigado por perguntar. –Suna diz sorrindo com a boca pingando sangue, eu olho pra ele e fecho a cara. Sinto raiva dele.

— Seu idiota, você ia deixar Kadda lá pra ser engolido pelo tornado. – tento me levantar, mas Kadda me segura pelos ombros.

— Tara, está tudo bem, ele fez o certo. – Kadda diz olhando em meus olhos.

— Que certo oque? –consigo me desvencilhar de Kadda e mancando caminho até Suna. – Estamos nessa juntos agora, ninguém fica pra trás. Ninguém. – soco seu peito, mas ele ignora.

— Tara, desculpe. Eu só... – minha cabeça começa a latejar e me sinto fraca. Me apoio em Suna para não cair, mas no mesmo instante o empurro. – Você está bem? – sua voz preocupada está tão distante.

Meu coração está acelerado. Tudo está muito confuso. O mundo parece estar girando. Sinto a areia contra meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Comentem por favor.
Leitores fantasminhas podiam criar uma conta e comentar né?! kk
Espero que tenham gostado



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