Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 25
Vinte e cinco




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Definitivamente

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Eu apenas conseguia olhar para ele. Eu não sabia o que pensar. Não sabia o que dizer. Eu iria agradecer se aquela árvore caísse agora em cima de mim e me esborrachasse.

–Não vais dizer nada?- Ele pergunta e eu suspiro olhando para o lado tentando organizar meus pensamentos.

–Porque não me disseste antes?

–Porque eu tinha medo, Deborah!- Fala retirando as mãos dos bolsos.- Nós mal nos conhecíamos. Meu primeiro objetivo era fazer com que tu me visses. E depois… depois eu contaria. Se tu sentisses o mesmo que eu, eu iria contar.

–E seu eu não sentisse? Ias ficar calado para sempre?- Pergunto bufando.

–Sim.- Responde sério.- Me afastaria e te deixaria ir.

–Mas tu disseste…

–Eu sei o que eu disse! Mas acima de tudo, acima de meus desejos, acima de minha força, acima do que eu quero, estás tu. E, se não me quisesses na tua vida, se me quisesses longe, eu me afastaria. Desde que ficasses feliz.

Suspiro abanando a cabeça.

–Devias ter-me contado, Lucas.

–Eu sei! Droga, eu sei, Deborah.- Fala frustrado colocando as duas mãos na cabeça.- E eu ia contar-te. Eu ia! Eu ia contar-te, mas aí Mia apareceu e descobriu tudo e as coisas ficaram um pouco confusas. E eu ia contar-te na falésia mas… eles apareceram.- Sua voz abaixa quando ele se lembra daquelas coisas de olhos vermelhos.

–Como Mia descobriu?- Pergunto mexendo meus pés.

–Ela viu Jim transformar-se na floresta. Ele devia ter mais atenção.- Desabafa para si.

Olho para o chão, desconfortável. Eu não sabia o que fazer. Não sabia o que fazer. Estava confusa. Eu o amava mas… Droga, ele era um lobo! Ele não confiou em mim mesmo assim!

–Deb, me perdoa, por favor.- Ele implora e o olho.- Eu sei que errei, mas tenta compreender! Eu precisava ter a certeza que não irias contar a alguém. Precisava proteger minha matilha primeiro.

–Tu não confiaste em mim.- Minha voz saiu rouca. As lágrimas queriam sair com força.

–Deb…

Nego com a cabeça recuando lentamente. Seu olhar desmoronou-se ainda mais e meu peito perdeu o folego.

–Eu preciso pensar, Lucas.

Viro-me para entrar e uma lágrima gelada escorre por meu rosto.

–Deb!

Paro com sua voz olhando para dentro do ginásio. O ar era totalmente diferente ali dentro e desejei, com toda a força, minha vida um dia ser tão fácil como a deles. Ou pelo menos um pouco normal.

–Escolhas o que escolheres,… eu sempre te amarei.

Mordi meu lábio inferior fechando os olhos com força e entrei fechando a porta atrás de mim.

Limpei meu rosto e andei até á mesa de meus amigos. Tentei sorrir e me divertir, mas as palavras de Lucas não saiam de minha cabeça. As crianças viviam correndo de um lado para o outro, e fiquei feliz. Pelo menos eles se divertiram.

Era quase uma da manhã quando liguei a minha mãe. Deixámos as gémeas em casa e fomos para a nossa.

Entrei no meu quarto e tirei o vestido trocando—me para meu pijama felpudo e quentinho. Apaguei as luzes e andei até á cama. Vi algo mexer-se lá em baixo pela janela. Aproximei-me dela e o vi. O lobo preto estava deitado no chão. A neve caia em cima dele que não parecia se importar.

Mordi meu lábio inferior e andei até minha cama. Enrosquei-me nos cobertores e sorri.

Ele ama-me.

Eu estava tão cansada! Peguei no cobertor da cama e sai do quarto embrulhada como uma salsicha. Salto para o sofá e minha mãe ri.

–Parece que tens 6 anos outra vez.

–Mas desta vez o frio consegue ser maior.- Arrepio-me e ela ri sentando-se ao meu lado e me abraçando.- Mãe?

–Sim?

–Isso do Imprinting…é verdade?

–Sim.- Seu sorrio aumenta e seus olhos brilham.- É sim. Lembraste da nossa conversa? Eu não estava completa com teu pai, mesmo feliz, porque eu já pertencia a Tony mesmo sem o conhecer. E ele me pertence a mim. O destino fez tudo da melhor maneira possível. Ou tu e teus irmãos não estaríeis aqui.

–Mãe! Tenho fome!- Josh desce as escadas gritando.

–Eu ainda sonho com o dia em que vais acordar e dizer: Mãe, eu te amo! Fazes tanto por mim. Que tal uma massagem?

Ri-o enquanto ela vai até ele e o abraça.

–Eu acho a ideia da massagem muito boa.- Meu irmão diz.- Estou com uma dor de pescoço horrível!

Ri-o ainda mais com ele enquanto minha mãe lhe bate. Eles sandam para a cozinha conversando e eu deito minha cabeça no sofá.

–Bom-dia.- Anthony deseja descendo as escadas.

–Bom-dia.

Talvez minha vida não fosse a melhor.

–Olhem as panquecas!- Minha mãe fala entrando com um prato. Josh vinha atrás com as canecas.

–Cheiram bem!- Anthony fala sentando-se na poltrona.

–Toma, Deby. Fui eu que fiz.- Josh me entrega um copo e senta-se ao meu lado.

Mas eu não a trocaria por nada.

Uma semana depois, eu via Lucas lá em baixo, novamente, deitado. Ele fazia aquilo todas as noites. Vinha, ficava e de manhã ia. Anthony dissera que ele tinha que fazer a vigia com os outros. Mas mesmo assim ele vinha. Apenas ficava lá. Esperando.

Idiota.

Suspiro e enrolo-me ao cobertor. Sai-o do quarto tentando não fazer muito barulho. Abro a porta do jardim da cozinha. Olhei em seus olhos castanhos. Ele me observava com cautela. Quase sem respirar, como se só isso me fosse assustar e me fazer fugir.

–Não te cansas de ficar aí, não?- Pergunto parando alguns metros á sua frente.

Ele volta a deitar a cabeça nas patas. Eu interpretei aquilo como “Não.”

Suspiro e ando até seu lado. Sento-me na neve apertando ainda mais o cobertor á minha volta.

–És um idiota, sabes disso, né?- Pergunto e ele me olha aproximando seu focinho de mim.- Bom. Tu és.

Mesmo sentada, ele conseguia ser maior que eu. Toco em sua orelha o que a faz abanar um pouco.

–Quanto mais tempo vais ficar aqui, hem?- Sussurro e um gemido fraco sai de sua boca deitando sua cabeça em meu colo.

Minhas mãos desaparecem por seus pelos espessos e me arrepio um pouco com o seu calor. Ele estava tão quente e eu tão fria.

–Então era por isso que és tão quente, ahm?

Ele me olha com aqueles grandes olhos castanhos. Eu conseguia ver meu reflexo neles. Mas não conseguia ver o que ele via. Ele parecia conseguir enxergar minha alma.

–Coisa de lobo.- Sussurro passando minha mão por seu focinho.- Sabes? Eu não faço ideia porque estou aqui. Mas também,… não estou com paciência para pensar nisso.

Esfrego meus olhos e deito-me em cima dele. Seu calor me consumiu por inteira e me arrepiei encolhendo-me. Ele me enroscou mais nele me aquecendo por completo, me fazendo esquecer que um dia tive frio.

–Tenho saudades, Lucas.- Sussurro e sua cabeça enrosca na minha me dando cocegas. Ri-o um pouco e abraço-me a seu pescoço fechando os olhos e, finalmente, dormindo.

Vozes me acordaram um pouco, mas não liguei muito e voltei a dormir.

Meu celular tocou e gemi rodando na cama para o pegar.

Espera. Eu não estava com Lucas!?

–Ryan! São 9 da manhã.- Gemo frustrada.

–Por isso mesmo: Bom-dia, minha flor!

–Tua animação a estas horas da manhã, mata-me!

Ele ri e deito-me na almofada.

–Ora, minha querida, tu amas-me. Admite. Mas bom, eu liguei-te sabes porquê?

–Porque és o pior amigo do mundo.- Resmungo e quase pude ver que ele revirou os olhos.

–Engraçadinha. Mas foi este “pior amigo do mundo” que te está a organizar uma festa de aniversário!

–Em N.Y.- Digo sorrindo.

–Exato!

–Comigo a horas daí.

–Exatame… Não é bem assim, minha flor. Eu já ia chegar a essa parte! Droga, Deborah estragas sempre meu raciocínio. – Ri-o.- Meu presente é a festa e com bónus, vens dormir cá uma semana! Não é perfeito?

–Ryan, eu tenho que cá estar para o natal. Anthony vai trazer a família e minha mãe quer todos os filhos cá. Bri até vem de Londres!

–Arg! Ok. Ok. Ficas por cá três dias. Melhor que nada.– Resmunga e sorri-o.

–Por mim está tudo bem.

–Perfeito, meu anjo! Vou arranjar as coisas por aqui e tu trata de fazeres tuas malas. Quero-te amanhã mesmo aqui!

–É para já, Bluen. Mas agora deixa-me dormir só mais um pouquinho.- Imploro com um beicinho.

–Ainda dizes que me amas! Não tens emenda, Larky. Eu acordei a estas horas nas férias para falar contigo e tu nada! Nem aguentas teu sono por mim!

–Eu nunca disse que te amava. Tu é que dize…

–Xau!- Ele interrompe e desliga.

Ri-o e deito o celular para algum lado da cama. Fecho meus olhos e agarro-me á almofada. Fico 8 segundos ali. Até que me canso e sai-o da cama.

Culpa de Ryan!

Tiro minhas malas debaixo da cama. Uma devia chegar. Coloco alguma roupa quente. N.Y podia ser mais quente que Forks, mas também era fria. Tiro meu pijama e visto umas calças castanhas e uma blusa comprida vermelha. Saltito pelas escadas e ando até á cozinha onde minha família comia.

–Bom-dia!- Desejo e beijo meu irmão na testa.

–Alguém acordou feliz hoje.- Minha mãe diz e sorri-o sentando-me ao lado de Mia.

–Algum motivo especial?- Mia pergunta batendo os cílios dramática e reviro os olhos a empurrando com o ombro a fazendo rir.

–Esqueceram-se que meu aniversário está chegando, seus mal-amados?- Pergunto e eles riem.

–Como eu ia esquecer o aniversário de meu amorzinho?- Minha mãe pergunta abraçando-me por trás.

–Também não exageraremos né, mãe?- A olho.

–São 17 anos. É um número importante.

–Dizes isso todos os anos.- Josh diz rindo e assinto sorrindo.

–Isso porque todos os anos são importantes.- Minha mãe retroca despenteando seus cabelos e o beijando na testa.

–Bom, vamos voltar a mim! Eu tinha combinado com Ryan de ir lá passar meu aniversário, lembram-se?

–Pensei que tinhas mudado de ideias.- Minha mãe diz desanimada.- Eu queria tanto fazer-te uma festa.

–Desculpa, mãezinha, mas eu já tinha prometido a Ryan antes de virmos para cá. Ele está organizando a festa á semanas!

–Muito bem. Então tu vais.- Anthony diz.- Mas vens para o natal?

–Venho sim. No dia 24 estarei cá.

–Acho bom mesmo, viu menina Deborah? Ou eu pego o primeiro avião até N.Y. e trago-te á força.

Ri-o trincando um waffle.

–Quando vais?- Mia pergunta.

–Hoje á noite.

Ela assente.

Pela primeira vez desde que Mia chegou, fiquei com ela a sós por um longo tempo. Fechei a porta de meu quarto e nos deitámos na minha cama.

–Já não estás chateada comigo?

–Não.- Sorri-o.- Fiquei ferida na altura, mas passou. Eu sei que não fizeste de prepósito.

–Não fiz mesmo. Desculpa, Deb, mas era Lucas que tinha de te contar.

–Tudo bem. Vamos esquecer isso. Me conta sobre ti e Jim!

Ela cora e eu ri-o sentando-me na cama.

–Estamos namorando desde aquele dia na falésia. Eu fiquei tão preocupada e ele foi tão querido comigo, Deb. Ele ajudou-me e ficou ao meu lado o tempo inteiro. Aí, no meio da aflição…

–Beijastes-vos.- Concluo quando ela para.

–Sim.- Murmura e ri-o abraçando-a de lado.- Eu não tenho lá muita experiência em beijos, Deb, tu sabes. Mas Jim foi tão doce. Ele beijava-me com doçura, com delicadeza. Eu acho que gosto dele.

–Bom, e eu fico feliz por vocês.

Ela sorri e colocamos conversas idiotas fora. Mia parecia mesmo feliz com Jim, mas ela não fora seu Imprinting, e isso a estava a deixar com um pé atrás e eu reparei. Mesmo ela dizendo que aquilo não queria dizer nada, eu sabia que ela estava preocupada.

Aquela coisa do Imprinting era poderosa. Era só olhar para mim e Lucas. Eu acho que não nos teríamos falado tão cedo se ele não tivesse tido o raio do Imprinting.

Á tarde, peguei minha mala e desci com a ajuda de Mia.

–O que levas nesta mala? Chumbo?- Pergunta e reviro os olhos.

–Levo o essencial. Casacos. Blusas. Casacos. Calças. Casacos.

–Tens mesmo um problema com o frio.- Ri.

–Eu ajudo.- Jimy aparece de algum lado com uma armadura reluzente.

–Obrigado, Jim.- Agradeço suspirando de alívio.

–Vais viajar, Deb?- Ele pergunta e vejo Lucas aproximar-se olhando a mala com a testa franzida.

–É. Vou sim.

Meu coração parecia prestes a saltar ao olhar aquele rapaz ali parado. Tinha passado muito tempo desde que o vira. Normalmente, apenas vira seu lobo, não ele.

–Para onde? Porquê? Quando? – Lucas pergunta depressa me deixando um pouco desnorteada.

–Ahm… Nova Yorque.

–Minha bebezinha vai passar o aniversário longe.- Minha mãe diz se aproximando com um beicinho.

–Mãe!- Reclamo gemendo.

–É o primeiro aniversário em que não vou estar presente.- Queixa-se e reviro os olhos abraçando-a.

–Eu telefono-te de duas em duras horas, que tal?

–Eu sei que estás a dizer isso, mas não o vais fazer.

–É, não vou mesmo.- Ri-o com Mia.

–Deb!- Meu irmão corre até mim.- Traz-me o novo jogo do Rebels! Aqui só vai estrear daqui a 6 meses. Vá lá!- Implora juntando as mãos.

–Ok, eu trago!- Ri-o.- Mas podíamos ao menos fingir que vais ter saudades, não?

–Claro que vou.- Me abraça e sorri-o abraçando-o de volta.- Fica perto do Ryan!- Me avisa.- E dá um “oi” a meus amigos.

–Se eu os vir.- Dou de ombros.

–Toma cuidado, tá?- Minha mãe pede e a olho.

–Mãe, é N.Y. Eu cresci lá! Conheço aquela cidade como a palma de minha mão. E por Deus, eu apenas vou estar fora 3 dias!

–Muita coisa acontece em 3 dias!- Ataca e reviro os olhos enquanto Anthony sorri a abraçando por trás.

–Diverte-te.- Anthony diz e sorri-o agradecendo.

Pego minha mala e sai-o da casa. O táxi amarelo me esperava. Anthony me ajuda a colocar a mala na bagagem e me viro uma última vez para eles.

–Então… xau.

Jim sorri e me abraça levantando-me. Ri-o e ele me larga beijando minha testa.

–Toma cuidado, sarilhos.

–De acordo.

Eles se afastam um pouco e vi Lucas dando um passo em minha direção. Segurei na porta aberta e o olhei, nervosa.

–Então… tu voltas, certo?- Pergunta inseguro e olho na águas escuras vendo seu medo.

–Claro. Se não voltasse, minha mãe me buscaria á força.- Ri-o e ele assente olhando todo o meu rosto como se quisesse guardar na memória.

–Sabes… eu posso ir contigo! É só eu ir buscar minhas malas e…

–Lucas.- Interrompo e ele suspira passando a mão pelos cabelos.

–Sim, eu sei… desculpa… desculpa eu só…- Suspira.- Desculpa.

Assinto com um pequeno sorriso.

–Tenho de ir.

Ele assente e me viro para dentro do carro.

–Deb.- Sua mão segura meu braço me virando para ele. Antes que o olhe sequer, sua boca está na minha.

Apenas um leve contacto. Um breve movimento. Mas meu coração acelerou como se fosse o mais furioso dos beijos.

–Apenas volta, ok?- Diz quando se afasta e assinto atordoada.

–Ok.

Viro-me e entro no carro, depressa. Encosto-me no banco, enquanto taxista conduz para longe. Pelo espelho retrovisor, vi Lucas lá parado olhando o carro com as mãos nos bolsos e sorri.

Eu, definitivamente, ia voltar.


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Notas finais do capítulo

Feliz quase natal! Amanhã postarei dois de recompensa por meus atrasos e por ser um dia especial claro
BJ



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