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Brigas de amor

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Acordei com o som do skate de Josh no andar de baixo. Forcei-me a sair da cama e desci as escadas. Meu irmão estava no corredor que dava á porta de saída com o skate. Seus cabelos estavam tapados com o boné já limpo. Suas calças eram de camuflagem e sua camisola de manga curta era verde-escura, mas ele vestia uma camisola branca de manga longa por baixo.

–Bom-dia.

Ele me olha e sorri.

–Bom-dia, Deb.

–Já comeste?

–Acabei com o bolo.- Ri e sorri-o antes de ouvir o telemóvel tocar.

Ando até á pequena cômoda e pego no telefone.

–Alô?

–Deb? Sou eu.

–Ei, mãe.- Vejo Josh olhar-me quando falo e encosto-me na parede de lado o olhando.

–Como estais, meu amor? Está tudo bem? Precisais de algo?

–Relaxa, mãe. Estamos bem. Não precisamos de nada.

–Tendes vos alimentado como deve ser? Eu estou a falar de comida, Deborah! Comida a sério, mas aquelas porcarias feitas de plástico.

–Sim, dona Marleen. Temos comida em casa de Beth para tua informação.

–Beth? A irmã de Tony?

–Não conheço mais nenhuma.

–Que bom, meu amor. Fico feliz que vos estejais a dar bem. Eu e Tony regressamos no domingo, provavelmente á noite, mas vamos tentar chegar mais cedo.

–Porque não vindes na segunda? Ou então no próximo domingo.- Provoco e sabia que ela tinha revirado os olhos.

–Bem querias tu.- Ri-o.- Josh está aí?

–Está sim. Queres falar com ele?

–Sim, passa-lhe o telefone por favor.

–Josh, a mãe quer falar contigo.- Estendo-lhe o telefone e ele vem até mim com o skate debaixo do braço.

Dou-lhe espaço e ando até á cozinha.

–Oi, mãe.- Consigo ouvir meu irmão falar ainda, mas depois não oiço mais nada.

Abro o frigorífico e deito a cabeça de lado. Precisávamos de fazer compras. Fecho o frigorífico e passo por Josh no corredor antes de subir as escadas. Troco meu pijama rosa e fofo por umas calças jeans cinzas e uma camisola de lã vermelha. Calço minhas sapatilhas e pego meu casaco antes de descer.

Paro no último degrau da escada e olho Josh atando meu cabelo.

–Relaxa, mãe.- Meu irmão revira os olhos.- Nós ficamos bem… Xau…Eu também gosto de ti e isso tudo. Adeus.

Ele desliga e eu ri-o. Eu e Josh eramos bem parecidos.

–A mãe disse adeus e qualquer coisa sobre amar-te.

Ri-o e abraço-o pelos ombros.

–Vai buscar teu casaco. Vamos às compras.

Ele corre até ao quarto e então aparece alguns minutos depois vestindo um casaco preto com capuz. Saímos da casa e ele logo monta no skate. As nuvens estavam escuras. Não tarda nada choveria.

O super mercado estava cheio, era fim-de-semana, as pessoas sempre aproveitavam. Pegámos o essencial, e algumas coisas não tão essenciais, e voltámos para casa. Assim que tirei as chaves do bolso, um carro preto parou em frente á casa.

Sarah saiu de lá com uma Amie atrás olhando o chão. Retribui o sorriso de Sarah mas meu sorriso se foi quando vi a pessoa que saiu do condutor.

–Bom-dia.- Sarah diz me abraçando e sorri-o olhando-a de volta.

–Bom-dia. Bom-dia, Amie.

–Bom-dia, Deb.- Amie me sorri torcendo as mãos á frente do corpo. O nervosismo dela era visível.

–Oi.- Lucas falou aproximando-se com as mãos nos bolsos detrás das calças.

–Ei.

–Amie tem algo para dizer ao Josh.- Sarah me diz e assinto compreendendo.

–Sério? Josh também tem algo para dizer a Amie, certo Josh?

Meu irmão dá de ombros olhando o chão.

–Vamos entrar.

Abri a porta e andei até á cozinha com eles me seguindo. Deixei as compras na mesa e comecei a arrumar as coisas.

–Podes começar, Amie.- Sarah fala estendendo-me um sumo e sorri-o agradecendo-lhe.

Acabo de arrumar as coisas e pego num saco de gomas e apoio meus braços na bancada inclinando-me sobre ela. Sarah põe-se ao meu lado e Lucas aparece ao lado dela. Amie e Josha estavam do outro lado da bancada olhando o chão.

Estendo o saco de gomas a Sarah que sorri pegando algumas. Estendo-o a Lucas tendo o cuidado de não o olhar. Eu já tinha percebido que eu ficava estranha apenas quando o olhava, então mais valia não o olhar.

Vejo sua mão tirar algumas também e então eu mesma tiro antes de colocar o saco da bancada á mercê de todos.

–Estamos á espera.- Digo colocando um ursinho vermelho na boca.

Segundos se passam, e nenhum deles diz nada.

–Amie.- Lucas fala e vejo Amie inspirar e expirar antes de falar.

–Desculpa, Joshua.

–Não, a culpa foi minha.- Meu irmão interrompe fazendo Amie o olhar.- Eu que comecei. Desculpa. Foi estúpido o que eu disse.- Meu irmão coça a nuca, mostrando seu nervosismo e eu sorri-o orgulhosa dele.

–Mas eu não devia ter falado de teu pai. Lamento. Não vos queria magoar.- Amie me olha nessa altura e vejo a aflição em seus olhos castanhos.- Eu tenho certeza que onde quer que ele esteja, ele está convosco. Oh, e desculpa pelo boné.- Volta-se para Josh.- Eu não devia tê-lo sujado. Não sabia que tinha sido de teu pai.

–Na verdade foi de meu avô, e depois de meu pai e então de Deb, mas ela deu-mo. – Meu irmão tocou no boné e dá de ombros.- Ela lavou-o, então tudo bem. Eu nunca te teria perdoado se ele estivesse estragado.

–Eu nunca o teria sujado se não me tivesses irritado.- Amie retroca e olho Lucas que me olha de volta.

Ia começar de novo.

–Eu acho melhor ficarmos por aqui, não? Já vos desculpastes. Está tudo dito. Fim.- Lucas entrevem compondo-se.

–Sim. Luc tem razão. – Sarah fala dando um pequeno salto.- Se não daqui a nada estareis namorado.

–Quê?!- Josh e Amir perguntam ao mesmo tempo e ri-o continuando a comer.

–Eu nunca namoraria esse idiota!

–E eu nunca namoraria essa idiota!

Reviro os olhos. Os argumentos de crianças de 12 anos eram tão simples que me surpreendia que resultassem e dessem tanto barraco.

–Não sei não. A Matilda e o Ghram também estavam sempre discutindo e agora eles são namorados.- Sarah explica.- Embry e Brooke também me disseram que quando se conheceram não suportavam um ao outro e agora estão casados e com 3 filhos!

–Não deves acreditar em tudo o que Embry diz, Sar.- Lucas fala a olhando carinhoso.

–Mas é verdade, Luc! Os namorados sempre discutem e depois ficam juntos.

–Isso não é verdade! Mamãe diz sempre que Deb passava a vida a brigar com os rapazes da escola dela e ela nunca namorou com eles!- Josh contrapõe e eu ri-o sentindo os olhos intensos de Lucas em mim.

–Isso é verdade.- Concordo.

–Porque brigavas com os meninos da tua escola, Deby?- Sarah me pergunta e a olho.

–Porque eram idiotas.

–Vês?- Amie pergunta a Sarah.- Eu também acho Joshua um idiota então eu NUNCA irei namorar com ele.

–Deb, alguma vez gostaste de algum menino com quem brigaste?- Sarah me pergunta e mordo meu lábio inferior pensando.

–Sim. Houve um.

–O que aconteceu?

–Ele tirou-me o queque e comeu-o. Então eu empurrei-o para o rio do acampamento.- Dou de ombros enquanto eles riem.

E esse garoto foi nada menos, nada mais que William Madox. O cara que Ryan insiste que eu gosto. Tudo porque eu gostei dele uma vez. Mas para mim o amor morreu quando tinha 9 anos e o mandei água abaixo. Perdi o amor e o queque!

–Primeiro a comida, depois o amor!- Digo e os meninos gritam antes de rirem.

–E tu Luc? Gostaste de alguma menina quando eras pequenino?- Sarah pergunta e Lucas a olha sorrindo.

–Não, pequena.

–Nós somos as únicas garotas na vida do Luc, né, Luc?- Amie pergunta e Lucas ri a olhando. Um som baixo e rouco que me arrepiou espia a cima.

–As únicas, Mie.

Amie sorri satisfeita com a resposta do irmão e sorri-o. Ele era muito querido com elas. Ele me olha e sinto meu coração acelerar de novo. Ele sorri de lado e me vi sorrindo de volta completamente sem controlo de meus movimentos.

O que aquele garoto estava fazendo comigo?

–Temos de ir indo. A mãe falou para estarmos em casa antes do meio-dia.- Sarah fala olhando relógio no seu pulso e me acordando para a vida real.

–É.- Amie concorda e vejo Lucas assentir colocando as mãos nos bolsos das calças.

–Vamos lá então.

Sarah me abraça e Amie faz o mesmo antes de sairmos da cozinha. Josh sentasse no sofá e liga a TV.

–Xau, Josh!- Sarah fala acenando e Josh lhe sorri.

–Adeus, idiota.- Amie fala saído de minha casa com um sorriso grande nos lábios.

Sarah revira os olhos enquanto eu ri-o.

–Desculpa por ela. Não faço ideia a quem ela saiu.- Lucas me diz e dou de ombros.

–Tudo bem. Ela me faz lembrar um pouco a mim.- Ri-o coçando minha nuca.

–Como está teu ombro?- Perguntando olhando meu ombro esquerdo.

–Bem. Eu disse que não era nada.

–Ainda bem.- Sorri me olhando de novo nos olhos.

Ele queria dizer alguma coisa. Eu via em seus olhos castanhos. Quando abriu a boca para falar, Amie gritou.

–Lucas, anda logo!

Ele revira os olhos e sai de minha casa virando-se para mim.

–Nos vemos por aí.

–Claro.- Sorri-o assentindo.

Ele assente de volta e anda até seu carro. Aceno para as meninas uma última vez e fecho a porta me encostando nela e suspiro.

Deb, Deb, Deb.

–Deb, o que é o almoço?

Desencosto-me da porta e ando pelo corredor.

–Lasanha. Vem me ajudar.