Suspiros escrita por Sunflower


Capítulo 1
Desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui estou eu com mais uma história :) Espero que gostem O/



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CAROLINA

Deixo as malas no canto da porta, observo o imóvel atentamente; a luz da lua iluminava boa parte da sala, a brisa sopra com mais intensidade no oitavo andar. No primeiro passo já tropeço em um parquê desprendido, solto um riso nasal e observo mais uma vez o local.

Pelas fotos no site da imobiliária já sabia que se tratava de um apartamento extremamente pequeno; a sala interligada com a cozinha e com apenas uma grande estante separando o ambiente do quarto faziam um contraste retrô com as paredes beges antigas. “Ao menos meus livros todos ficarão nesta estante” – pensei. Desvio meus olhos para a janela, as buzinas e sirenes parecem ser constantes, junto com a fala de algumas pessoas na via movimentada.

“Finalmente!”

Ao dar de costas observo meu reflexo no grande espelho no canto da sala, cabelos desgrenhados e ar cansado por causa da viajem, nada que uma boa noite de sono não resolva. Passei a mão pelo rosto pouco bronzeado e senti um frio na barriga. Depois de tudo, de todas as dificuldades, estava ali, realizando meu maior sonho.

A paixão pela arquitetura nasceu há muito tempo, num tempo onde sonhar estudar em uma grande universidade era praticamente impossível. Com a mãe empregada doméstica e o pai sabe-se lá onde no mundo, os estudos intercalados entre o trabalho como caixa em um supermercado estavam quase fazendo-a desistir, até que, ao prestar vestibular para a melhor universidade do país em uma cidade até então distante, lembrou-se que nada é impossível; via isso agora, prestes a começar o semestre de arquitetura na USP em São Paulo.

Depois do vestibular porém, vieram as dificuldades; o dinheiro que juntou durante todo o tempo não duraria mais que 2 meses depois de pagar a passagem e isso fez com que se inscreve-se em diversos estágios pela cidade. O problema é que a maioria das empresas não se dispõe a custear estagiários, alegando que a oportunidade e experiência já são remunerações mais do que necessárias.

Depois de muito procurar, conseguiu uma entrevista em um famoso escritório no centro da cidade relativamente perto de onde havia locado a pequena kitnet mobilhada, estava ansiosa, sabia, mas nada se comparava a adrenalina que corria em si; iria seguir em frente, iria vencer e ajudar a mulher incrível que deu-lhe a luz e lutou para que ela chegasse até ali.

E, olhando novamente pela janela, sentiu falta apenas das estrelas que na pequena cidade onde nasceu, faziam um espetáculo celestial nos céus.

DIANA

Observo o relógio que já marcava 8 horas da manhã; depois de muitas xícaras de café, finalmente havia terminado o projeto mais importante do ano solicitado ao escritório. Já nem lembrava quando a dor de cabeça que sentira durante a noite passou, apenas sentia um cansaço eminente.

Observou o sol entrando pela janela e logo seus olhos caíram na cama perfeitamente arrumada; suspirou, pela vigésima vez, aquilo já estava se tornando habitual; trabalhava boa parte da noite e raras vezes tinha a “adorável” companhia do marido.

“Adorável para as outras” – Pensou.

Viver em um relacionamento sem amor e puramente comercial nunca foi o sonho da jovem que aguardava ansiosa o inicio do curso de arquitetura na Universidade de São Paulo; mesmo crescendo em um mundo de riquezas e hostilidade, o espírito sonhador ainda fazia parte de si quando começou a cursar aquilo pelo qual sempre foi apaixonada, herança do pai, um dos arquitetos mais conceituados do país.

Mas, nem tudo era um mar de rosas; para poder despontar na elite paulista de profissionais, uniu-se em matrimônio com um já conceituado, em um jogo de poder onde tudo que não existia era amor. Nos primeiros meses, o homem 6 anos mais velho fora um príncipe, mas ambos sabiam que a bolha de carinho em que estavam envoltos logo acabaria. Ele nunca fora desrespeitoso com ela, nunca forçara nada, mas o ódio que agora nutria pelo belo homem superava quaisquer expectativas. As noites que passou em claro, chorando e terminando projetos que elevariam o capital do escritório tornaram-na fria; das vezes em que chegava cedo na empresa, com olhos inchados e sem se alimentar para participar de uma reunião importante de nada valiam quando era seu marido quem tinha 90% do capital.

Levantou-se sem expectativa; pensava todos os dias em separar-se e desligar-se daquele mundo, mas o orgulho sempre falou mais alto e não deixaria para aquele homem tudo o que havia construído sozinha.

Já no banheiro, olhou-se no espelho; mesmo depois de tudo, seus olhos verdes marcantes ainda eram sinceros para aqueles que observassem com cuidado, seus cabelos eram extremamente bem cuidados e lindos, visto que precisava manter-se impecável para gerenciar uma empresa.

Sorriu.

Antes de tudo ainda era ela, ainda tinha o mesmo bom coração que, mesmo escondido de todos os jornais fazia visitas e doações periódicas à entidades carentes; quem sabe um dia, se tivesse coragem, trabalharia puramente para ajudar os outros, sem dinheiro envolvido, apenas humanidade.

E pela vigésima primeira vez, suspirou.


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Notas finais do capítulo

Carolina é Amber Heard http://41.media.tumblr.com/cf3e447c7c469fd2fa1acde6aa3b833d/tumblr_nw2kjrbUFD1ri58ybo1_500.png

Diana é Olivia Wilde http://41.media.tumblr.com/ff72e4f4e53221463b302dbda386c507/tumblr_mfpn7xow8v1rx6wzxo1_500.png

Ricardo (marido de Diana) é Julian McMahon
http://vignette2.wikia.nocookie.net/marvelmovies/images/d/db/Julian_McMahon.jpg/revision/latest?cb=20080402223559



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