Devaneios de um coração em pedaços escrita por karoliveira


Capítulo 5
Um novo sentimento




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Toda aquela situação estava sugando minhas energias e minha mãe, mais do que ninguém, se preocupou muito comigo. Minhas notas no colégio, estavam péssimas e era meu último ano! Eu não saía mais de casa, ficava apenas em meu quarto assistindo Jessica Jones, desejando que tudo entre eu e Audrey voltasse ao normal.
Certo dia, minha mãe resolveu ter uma bendita conversa comigo. Ela entrou no meu quarto, puxou a cadeira da escrivaninha e sentou olhando diretamente pra mim, me ajeitei na cama e tentava não encará-la muito.
— Isso não pode continuar assim. Desde que seu pai se foi, eu e Michael aceitamos bem a sua situação, o seu luto. Sei o quanto você amava ele e o quanto sentia sua falta. Mas isso já é demais. Michael não é seu pai pra ficar pagando uma escola cara e você simplesmente jogar isso no lixo por causa de uma paixão adolescente.
— Como você ousa usar a morte do papai pra comparar com isso? — Rebati, indignada.
— Exatamente, Aurora. Isso não é nada comparado à dor da perda do seu pai. É tola a sua atitude de estar se martirizando e sofrendo por causa de uma pessoa que nunca se importou com você.
— Eu não estou querendo competir o meu nível de sofrimento, mãe. — Resmunguei.
— Tem certeza? Não é o que tá parecendo. O seu pai não gosta...
— Não, mãe! Não venha me dizer o que ele não gostaria! — Me alterei um pouco com ela, mas logo me arrependi. Respirei fundo. — Me perdoa, mãe. Você está certa. Isso vai acabar.
Ela beijou a minha testa. E saiu do quarto. Como eu sou estúpida! Sei que devo ter magoado minha mãe com o que disse. Ela ainda amava meu pai, mesmo que fizessem mais de cinco anos de sua morte. Sim, ela se casara de novo, com Michael, e ela o amava. Mas eram dois tipos de amores completamente diferentes. Michael era o melhor amigo de papai e se aproximou bastante de nós após sua morte. Estávamos financeiramente ruim, emocionalmente péssimas e ele cuidou de nós duas, nos deu um novo lar, novas esperanças. E pensando neles dois, me lembrei de Audrey. Ele foi quem esteve do meu lado desde o início. Antes mesmo de Ethan aparecer em minha vida. Ele sempre cuidou tão bem de mim e mesmo com todos os meus pitís, ele me suportou e não saiu do meu lado.
Passei as duas mãos na cabeça e Respirei fundo. Liguei para ele. Caiu na secretária eletrônica.
— Provavelmente estou jogando, assistindo série ou não quero falar com você, deixe o seu recado.
— Hum, Oi Aud. Como bem te conheço, você provavelmente não quer falar comigo e eu te dou toda a razão. Mas, por favor, sei que não tenho esse direito, conversa comigo. Me liga.
Audrey não falava comigo desde o dia em que mandei ele ir embora da minha casa. E aquilo tava doendo muito em mim. Ele era a única pessoa que eu tinha e agora, ele estava praticamente indo embora! Foi quando, para o meu espanto, que alguém bateu à porta do meu quarto e a empurrou. Era ele. Fiquei o olhando. Com uma sensação mista de alegria e nervosismo. Sim, eu tava nervosa. Desde que descobri seus sentimentos por mim, comecei a enxergá-lo com outros olhos, passei a vê-lo como um homem que poderia fazer a diferença na minha vida, como ele já fazia sendo apenas meu amigo. Ele sorriu de canto e sentou na cadeira. Ficamos enxarcados com um silêncio esmagador. Até que ele falou.
— Oi. — Sorriu forçadamente. — Eu... Eu posso ver seu braço? — Pediu ele, um pouco relutante. Respirei fundo e mostrei à ele. Já estavam cicatrizando, os cortes. Alguns estavam feios, outros eram superficiais. Não estava tão feio quanto no dia. Mas ele fechou os olhos dolorosamente, como se aquilo fosse um tiro em sua cabeça.
— Olha, Aud. Me desculpa. — Segurei suas duas mãos com força, tentando olhá-lo nos olhos, que ainda estavam fechados — Foi estupidez minha. Eu tô sendo muito boba. Não tô sabendo lidar corretamente com isso. Fiz da forma errada e me arrependi. Se eu soubesse que isso me custaria a tua ausência, jamais teria o feito. Você é o único que ainda permaneceu comigo depois de tudo o que aconteceu e... — Quando percebi, já estava chorando, quase atropelando as palavras, mas respirei fundo e continuei — E foi em você que encontrei forças pra seguir. Foi estando ao seu lado que eu pude perceber que, Ethan não faz mais parte da minha vida e nem precisa porque... Porque eu tenho você.
Ele levantou a cabeça devagar, com lágrimas escorrendo pelo canto dos seus pequenos olhos, sorriu e apertou forte as minhas mãos.
— Eu te amo, Abey. Eu não consigo ficar mais um dia longe de você, sem poder cuidar de você. Me machucou muito ver você desse jeito e pensar que eu era inútil diante de todo teu sofrimento. Mas não quero mais ficar longe. Eu não preciso.
Audrey se sentou ao meu lado, na cama, e me abraçou. Era um abraço quente, cheio de amor, diferente. Ele beijou a minha testa. Me afastei um pouco e segurei o rosto entre minhas mãos. Fiquei admirando o seu rosto molhado pelas lágrimas, o brilho do seu riso e dos seus olhos castanhos. Eu não sei ao certo o que estava acontecendo, mas sabia que Audrey Recknoir não era mais somente meu amigo. Nossos lábios se encontraram. Foi um beijo delicado, quente. Ele passou as duas mãos pra minha cintura e com uma força delicada, puxou meu corpo pra perto do seu. Abracei o seu corpo e fiquei passeando com minhas mãos. Ele tinha um corpo bonito, eu podia sentir a firmeza do seu abdômen. Nossos lábios se encaixavam suavemente, como duas peças feitas uma para outra. Ele sorriu no meio do beijo. Parou. E encostou o seu rosto no meu, sorrindo de olhos fechados.
— Parece que estou sonhando.
— Não, você não está.
E o beijei novamente. Com intensidade, com delicadeza, com firmeza. Por céus, eu estava em estado de choque, êxtase mais precisamente com o que estava acontecendo. Era uma sensação deliciosa por dentro do estômago. Que havia muito que eu não sentia. Era uma sensação única que eu queria para sempre.
Audrey sorriu para mim. E eu, inconscientemente, estava me apaixonando pelo seu sorriso. Pelo meu melhor amigo.
— Você não faz ideia do quanto sonhei com esse dia.
Sorri, sem saber ao certo o que dizer. Sim, claro que isso mudava tudo entre eu e Audrey e isso me assustava um pouco. Tinha medo de estragar a amizade mais preciosa que eu tinha.
— Tudo mudou agora, não foi?
— Sim.
— E se tudo ficar estranho entre a gente? Eu... Eu não quero perder você. — Mordi o lábio, insegura.
— Não vai ficar. Eu prometo. — Ele tocou a minha bochecha delicadamente, acaricuando-a. E beijou a minha testa. — Se você quiser, nada vai mudar entre a gente. Eu só irei até você me permitir.
Eu não sei se aquilo era um sonho. Não sabia de mais absolutamente nada. Só o meu coração que faltava pular de dentro do meu peito. Minha mente não acompanhava o que meu coração sentia.
— Eu não sei ao certo o que quero. Sim, eu gostei muito do que aconteceu aqui. Eu só preciso... Processar tudo isso.
Ele sorriu. Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, segurando minhas mãos.
— Como eu disse, só irei até onde você me permitir.
E eu não sabia como reagir. Ele tinha uma força magnética que me puxava pra perto. Eu não sei ao certo o que era, mas eu queria pra mim. Desisti de resistir à minha mente e o beijei de novo, me deixando levar por todo o desejo que estava começando a surgir de estar ao lado dele.
Definitivamente, Audrey não era somente meu amigo e aquilo soou bem aos meus ouvidos.


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