Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 8
Capítulo 6 - DIVIDINDO - 1ª parte.


Notas iniciais do capítulo

Gente esse capitulo é dividido e mesmo assim é gigante.

Espero que gostem...

Na verdade acho que voces vão amar!

Enjoy!



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Narração: Bella Swan

 

Estava quente, e uma claridade estranha ardia em meus olhos. Havia nuvens no céu anunciando chuva. Ainda assim, parecia que meu corpo queimava. Ouvi, bem perto de meus ouvidos, o ruído das ondas do mar. Olhei ao meu redor, estava em uma praia. Parecia deserta. Era surreal. Pude sentir a areia entrando entre meus dedos dos pés e a brisa fresca balançando suavemente meus cabelos. A luz era intensa mesmo com o céu nublado. As árvores eram verdes esmeralda. Havia flores por todos os lados e uma música triste, e ainda assim avassaladora, ao fundo. Havia trovões, mas não me assustavam, eu estava em completa paz. Eu me sentia feliz. Não senti o vazio, costumeiro em meu peito. Uma voz soou em meu ouvido. “Bella” Suave como veludo ardia em meus ouvidos. Fazia-me tremer. O calor dominou meu corpo. Virei rapidamente para ver de quem era aquela voz, um par de olhos verdes, intensos me fitava. Com o rosto a centímetros do meu, podia sentir o calor e o hálito doce de Edward Cullen. Era delirante. Eu o desejava. Sentia que iria entrar em combustão a qualquer instante. Ele apenas me fitava. O fitei esperando que o meu desejo pudesse ser visto pelos meus olhos. Me perdi em seu olhar. “Toque-me.”

 

Pedi, sem nem sequer ter pensado naquilo. Rapidamente, ele tocou meu rosto, subindo e descendo suavemente seus dedos, indo de minhas tempôra até meu queixo, fazendo-me incendiar. Seu toque deixava um rastro de calor e tremores. Em um passo colou nossos corpos e eu arfava. Minha respiração estava prestes a sumir. Suspirei, fechando meus olhos. Pude sentir seu rosto se aproximando mais e mais do meu. Seus braços me apertando contra o seu corpo. Senti os lábios dele em minha clavícula, um arrepio percorreu minha espinha. Sua boca era macia e depositava beijos singelos, indo de meu ombro até a base superior de meu pescoço. Reações estranhas se manifestaram por diversos lugares em meu corpo.

Involuntariamente, subi com meu braço direito até a sua nuca e agarrei forte seu cabelo. Sem querer deixei escapar um gemido. Ouvi um leve riso vindo de Edward, já não sentia mais sua boca em meu pescoço. Abri meus olhos pra ver que estava com a sua face grudada na minha. Com um sorriso torto, avançou calmamente e encostou seus lábios nos meus. Uma descarga elétrica me atingiu. Tremi mais ainda. Abri levemente meus lábios para recebe-lo. Ele suspirou e se afastou. Como quem luta contra um inimigo invisível, seu rosto era de derrota. Com melancolia olhou para o céu. Segui eu movimento e ergui meu rosto. Pude sentir a chuva gelada começando a cair. Fechei os olhos desejando que quando os abrisse ele ainda estivesse ali. Era tudo tão surreal. Mas ainda me parecia extremamente real. Senti meu corpo molhar. A água caia constante, e um único pingo insistia em cair no mesmo lugar, na minha testa. A sensação de paz que tinha em meu coração estava se dissipando. Com minhas pálpebras ainda fechadas vi a escuridão se fazendo presente. Aquela cena era conhecida por mim. Eu não sabia onde estava. A linha entre o real e o imaginário era tangível aos meus dedos. A chuva estava mais e mais constante. Eu estava ensopada já. Aquilo aparentava ser um sonho. Com a cabeça ainda virada para o céu abri meus olhos.

 

Escuridão.

 

Eu estava deitada. Estava frio e úmido ali. Sim aquilo era um sonho. Um sonho assustador pensava enquanto recobrava a consciência. Ediota Cullen me beijando? Rá essa era ótima. Só em pesadelo. O cara me detestava. Mas me senti estranha, imaginando o quanto ele me odiava. E eu já estava desperdiçando meu tempo pensando nele mais uma vez. Quis tirar o edredom que me cobria, mesmo com o frio que eu podia sentir, eu estava quente. Foi difícil. A coberta parecia muito pesada e… Molhada? Juntei forças e joguei o edredom para os meus pés. Levei uma mão para a cabeça, e eu senti minha pele encharcada. Eu não estava entendendo.

 

Continuei e reparei que meus cabelos também estavam molhados. Um pingo caiu na minha testa. “Mas que merda!” Eu já não estava mais sonhando. Aquilo já deveria ter parado não? Mas continuava. Apalpei os lençóis e senti minha mão umedecer. “MAS QUE DIABOS”. Sibilei. Levantei em um pulo da cama indo direto pra o interruptor de luz. Pisquei algumas vezes para adaptar a minha visão. Quando analisei melhor a situação, vi o que estava acontecendo ali. Uma grande mancha de infiltração marcava o teto e em diversos pontos do quarto, gotas caiam constantemente ensopando todo o lugar. A cama já estava completamente molhada. Assim como os lençóis, o travesseiro e a minha mala! Ainda tinha roupas ali dentro! Até secar tudo iria levar uma eternidade! Comecei a entrar em desespero corri para a mala e comecei a tirar minhas roupas dali. O quarto inteiro estava inundando. Não entendia como poderia estar acontecendo aquilo! Pelo que eu me lembrava estava no segundo andar! Por causa da chuva não era! Mas o que poderia ser então? O que eu poderia fazer? Eu não sabia como agir. Eu tava querendo sumir. Fiquei com medo de que aquele teto desabasse em cima de minha cabeça. Deveria chamar alguém, mas quem?! Sai do quarto e obviamente vi a porta do Ediota! Ele é que eu não ia chamar. Eu estava com frio, afinal estava toda encharcada. Tinha que pensar rápido. Qual daqueles quartos era o da Alice mesmo?! Eu não me lembrava. Tinha ficado tão nervosa que ficaria de frente pra o quarto do imbecil que nem consegui gravar qual era o de minha amiga. Só lembrava que a primeira porta no início do corredor era do escritório de Carslile. Decidi tentar. Caminhei até lá e bati levemente na porta da frente ao escritório. Nada.

Tentei mais uma vez, esperei e nada. Optei então por tentar abrir a porta. Coloquei a mão com calma na maçaneta e comecei a girá-la, forcei até o limite e empurrei a porta. Por Deus estava aberta!

 

Observei o quarto escuro, a grande parede de vidro era presente ali também, pela luz que adentrava por ali, pude ver que não havia ninguém no quarto. E que provavelmente não era o de Alice. Era um lugar de cores neutras e escuras. Corri em direção a porta do lado, e logo tentei abrir. Trancada. Mas que droga! Minhas opções estavam acabando. Mais depressa ainda, voei para a próxima porta e com a mão na fechadura grudei meu ouvido na porta, para tentar ver se havia alguém ali. Ouvindo com atenção um ronco monstruoso me sobressaltou. Sem duvida ali era o quarto de Emmet. Se eu tentasse bater, provavelmente ele não me escutaria.

 

O QUE EU VOU FAZER AGORA?

 

Encostei-me na parede, apoiando minha cabeça contra ela. Fechei meus olhos, tentando achar uma solução, e rápido. Prendi o ar tentando me acalmar. Fiquei por alguns segundos tentando me localizar naquela situação, quando abri meus olhos vi aqueles fiozinhos brilhantes de quando você se sente tonto. Tentei dar um passo a frente, eu estava de fato tonta. Tentei avançar mais, mas pude sentir uma coisa enroscando em meu pé. Foi tão rápido que só percebi que estava caindo quando já estava no chão, o barulho que eu fiz foi absurdo. “Rá, muito, muito, muito bom Isabella isso só pode acontecer com você!” Sem pensar soltei entre os dentes com raiva. Sim aquilo só poderia acontecer comigo! Quem mais teria a sorte de ter um pesadelo amoroso com o Ediota que mais te odeia no mundo, ter uma infiltração gigante em cima da cabeça, fazendo o quarto em que está dormindo virar uma peneira, ficar ensopada dos pés até o último fio de cabelo, procurar ajuda, não encontrar, e ainda cair um tombo… tudo isso em uma mesma noite? Só eu mesmo! Só com Isabella Swan. Eu estava de cara no chão. Tentava me levantar. Apoiei minhas duas mãos contra o chão e impulsionei, metade do meu corpo estava levantada. Levantei minha cabeça. E na medida em que fui fazendo não acreditei no que meus olhos viam! Era muita humilhação pra mim!

 

Um par de pés brancos e magros estavam fincados na minha frente. Fui subindo devagar os meus olhos. Pude ver os músculos ficando mais definidos. As coxas eram perfeitamente torneadas. E ai meu Deus! Ele estava só de cueca! Minha respiração foi pro espaço de vez quando levantei a minha cabeça totalmente… Era Edward Cullen. Vergonha! Senti que minha cara estava tingida de vermelho. Tentei me levantar de uma vez. Foi difícil, mas consegui. Ele me fitava de cima, com os braços cruzados me analisando. Tava na cara que ele queria rir. Me coloquei de pé e puxei a camiseta para baixo, me ajeitando, com raiva. Tinha uma mecha de cabelo na frente de meus olhos, eu queria sair correndo. Mas ele naquele momento era minha única ajuda. “Você está toda molhada garota”. A voz dele não deveria ter soado tão familiar. “Tava tomando banho de chuva ou o que?” Ele tomou a mecha solta em meu rosto em uma das mãos e colocou pra trás com o resto do cabelo. Aquela atitude me deixou mais embaraçada do que já estava. “Banho de chuva? Só se eu fosse louca!” Respondi, me sentindo uma completa idiota.

 

“Então o que está acontecendo aqui? Pra eu te achar assim?” Ele gesticulou com a mão para mim. “Toda molhada e estirada de cara no chão se xingando?” “Ah. Aconteceu um pequeno incidente no quarto. Vem, olha só isso…” Fui em direção ao meu quarto, ele sequer se mexeu. Olhei pra trás pra ver a cara dele. Era de espanto. “O que foi? Eu não vou arrancar sua cabeça e jogar pra floresta! Então pare de me olhar assim!” Ele arregalou os olhos mais ainda. “Ai que merda! Edward vem logo, isso é importante, eu não sei o que fazer!” “Tá… vamos logo ver o que temos ai dentro.” Ele fez uma careta desmerecendo a minha situação. Idiota. Entramos no quarto. “O que você fez aqui monstrenga?!” “EU? Eu não fiz nada Ediota! Como eu poderia transformar o teto numa peneira?! E você poderia ir colocar uma bermuda, calça, qualquer coisa, por favor?!” Ele de cueca estava me deixando perdida.

 

"Sei lá. Nunca se sabe do que o ser humano é capaz! E não, não posso colocar uma calça… A menos que você coloque uma também!” Ah me aplica seu bocaberta! Pensei comigo. Ele só podia estar querendo me provocar! Eu não tinha tirado a minha calça pra dormir! Mas mesmo assim olhei pra minhas pernas e vi que também estava sem a parte de baixo. Mais e mais vergonha! “Ah! Droga!” Deixei escapar. Quando eu tinha tirado as calças do abrigo? Eu não me lembrava! De qualquer forma eu não tinha como colocar uma calça. Puxei com mais força ainda a minha camiseta pra baixo. Maldita sorte! Respirei fundo, tentando juntar o resto da minha dignidade. “Escuta, você vai me ajudar ou não Ediota? Se não eu vou ter que chamar a Esme ou ligar pra Carslile!” “Você não ousaria ligar pra ele! Ele está trabalhando tapada!” Adorava nossas trocas de delicadezas.

 

Então me ajuda aqui!” Ele me olhava decidindo. “Será que é tão difícil assim? O que foi que eu te fiz agora?! E outra coisa, é parte da sua casa que tá inundando!” Olhei com pesar as minhas roupinhas. Acho que tinha algum material no teto que começava a cair junto com a água por todo o quarto. Sem dúvidas ia deixar manchas nas minhas peças. “E as minhas roupas também” Falei em um fio de voz toda chorosa. Eu não tinha tanto dinheiro pra comprar roupas novas e não queria perder as velhas. Ele me olhou de um jeito estranho quando falei das roupas. Quis entender aquele olhar. Não parecia tão carregado de deboche e fúria. Parecia carinhoso. “Tá. Eu te ajudo. Vem vamos puxar a tua mala e tirar a cama do foco da água.” “OK” Fomos para o lado da cama onde a mala estava e nos abaixamos pra puxar juntos. “Deixa monstrenga, deixa que eu puxo isso!” Ele disse de afastando com um gesto de mão. Olhei de canto de olho pra ele. Ele achava que eu era fraca, que absurdo. Ignorei e continuei puxando. Ele falou qualquer coisa, bem baixinho, não pude identificar o que era.

“Onde que a gente vai por isso?” Perguntei. A mala estava pesada de tanta água que tinha ali dentro. “Não sei, quem sabe no lixo!” “O QUE? O que você disse?” Ele tinha dito aquilo mesmo? “Nada, nada!” Covarde! Ele que fizesse força sozinho agora! Estávamos fazendo um esforço enorme pra puxar a grande mala pra fora do quarto. Simplesmente aproveitei um momento de distração dele e me joguei pro lado Deixando todo o peso da mala pra ele. Quando eu soltei, ele puxava. O Ediota caiu de bunda no chão! “Ai! Sua doida! Tá maluca monstrenga? Quer me quebrar?” Eu ria baixinho. Com as mãos na frente da boca. “E você ainda quer jogar minhas roupas no lixo?” Falei com pouco fôlego. Ele estreitou os olhos em uma fenda. Rá. Ele era engraçado. Se colocou de pé e me fitou. “Não, não quero mais.” Falou trincando o maxilar. “Ótimo, então. Bom garoto, bom garoto… Agora vamos trabalhar” Falei tirando um sarro da cara dele. Ele fechou a cara pra mim. Se antes havia um pouquinho só de humor, agora já não restava nenhum. Apontei pra mala e juntos a arrastamos até a porta. Podia sentir minhas bochechas arderem com o calor. Não sei se era pela vergonha de ainda estar só de camiseta e calcinha ou pelo esforço que fazia. Quem sabe um misto dos dois. Me apoiei contra a soleira da porta pra respirar por um momento. Ele olhou com pesar pra cama.

 

“É agora vamos pra cama”. Falou sem nenhuma vontade. Mas seu rosto era zombeteiro. Como se houvesse um duplo sentido em suas palavras. O fitei, cerrando meu rosto em um olhar falsamente irritado. Ele sorriu com a minha atitude e andou até a cama. “Isso vai ser difícil.” Dando o mesmo sentido a minha resposta. Analisei a cama, quase entrando em desespero de novo. Não sabia o exato momento em que tinha me acalmado. “Ela deve estar pesando uns 100 quilos!” Suspirei. Só de eu pensar em tentar arrastar aquilo, já desanimava. “Ah nem tanto! Quem sabe uns 200 ou 250!” Arregalei meus olhos!

 

“Ah então. Vamos deixar aqui, amanha a gente seca com o secador! Que você acha?” “HAHAHA. Você é engraçada sabia?! Claro que ela não deve estar pesando tudo isso! Agora, no três a gente puxa, está bem?!” “Uhmm, não!” Eu não queria nem tentar mexer nela. Estava claro que ela não se mexeria um milímetro sequer. “Isabella, larga de ser fracote!” IDIOTA! “No três…” Comecei a contar com fúria “Um…” Ele acompanhou. “Dois… três!” Puxamos com força. Nada. “De novo Ediota!” Eu não desistiria antes dele. “Ok, monstrenga!” Puxamos denovo e nada. Tentamos mais três vezes, e eu estava exausta de tentar. “Só mais uma e depois eu morro!” Eu falei olhando pra ele. Edward riu. “O que? Eu tô falando serio viu!” “Ainda quer morrer?” Me perguntou serio. Eu olhei pra ele incrédula. Como ele podia ser tão… tão… tão irritante! “Eu não acredito que você está me perguntando isso Ediota?!” Falei com sinceridade. Olhando firme pra ele, quem sabe assim ele entendesse de uma vez por todas. “É só uma brincadeira… Me desculpe se te deixei brabinha.” “Vai se ferrar Edward!” Falei com raiva dele. “Já pedi desculpas por isso!” “Não me importo. Agora puxa isso logo!” Ele me obedeceu e eu o fiz também.

 

Toda a calmaria de antes estava indo pro espaço. A chuva de dentro e de fora continuavam. Agora ele estava molhado do mesmo jeito que eu, seu cabelo bagunçado estava pingando. Mesmo com o frio eu suava. Tentávamos em vão arrastar aquela maldita cama! Eu tinha vontade de começar a chorar, só de birra, por não estar conseguindo mexer aquele troço do lugar. Já sentia meu queixo tremer.

Algumas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Ouvi um estalo alto, como se algo saísse do lugar. Houve um trovão seguido de um raio que rasgou o céu, e clareou o quarto inteiro, fazendo eu me assustar de imediato. Vi Edward caindo para trás. Eu devido ao susto me desequilibrei totalmente, caindo para lateral quando soltei a cama que aplicava toda a minha força. E a luz simplesmente acabou.

Vi o corpo do Ediota batendo contra o chão e ele gemendo baixo de dor. Logo senti MEU corpo batendo contra o corpo dele. Minha cabeça bateu em algo duro, que pude constatar ser o seu ombro. Eu me senti uma completa idiota. Tudo estava completamente errado. “Ai”. Falamos juntos. E ficamos por um segundo parados. Eu sentia que estava toda torta ali e que ele não devia estar na melhor posição do mundo. "Mons-trenga…” Falou com um pouco de dificuldade. “Será que você poderia me dar uma… uhm… licencinha?” Ele falou cauteloso. “Ah…” Tentei me levantar.

Eu que estava de cara para o teto, com diversas gotas de água caindo sobre meu corpo, rolei até que virei com o rosto voltado para o chão. Apoiei-me nas mãos e impulsionei minhas pernas pra passarem por cima do corpo do bobão estirado em baixo de mim. Era muita humilhação pra mim, definitivamente. Essa situação toda não podia ser com outra pessoa não? Tinha que ser logo Edward? Senti que logo começaria a vazar minhas lágrimas, tentei me concentrar somente em sair de cima dele. Quando estava quase saindo dali o pior aconteceu. Meu pé direito escorregou no chão molhado e meu corpo se chocou completamente contra o corpo de Edward me fazendo bater o queixo em seu peito. “Auch!” O escutei reclamar baixinho

 

Para mim aquilo foi a gota d’água que faltava pra tudo aquilo que tinha dentro de mim, transbordar. Minha paciência e minha força de vontade para não chorar, sumiram com um simples piscar de olhos. Não tinha vontade de mais nada só de chorar por todo aquele constrangimento! Não só naquele momento, mas desde a hora que tinha posto meus pés naquela casa. Eu era uma vergonha. Eu estava envergonhada de estar ali. Eu queria sumir. Eu queria dormir. Sem pensar em mais nada, tombei meu corpo para o lado, me encolhi como uma criança e chorei. As lágrimas saiam de mim assim como a água que caia das nuvens e do teto acima de nós. Não me importei quem estava ao meu lado, eu só queria chorar. Senti o vazio em meu coração aumentar, e doer mais fundo, tentando evitar a dor coloquei uma de minhas mãos cerradas em punho contra o peito.

Soluçava, bem como um bebê, desesperado, eu queria um pouco de amparo naquele momento. Mas sabia que não haveria nenhum consolo ali naquele quarto. Não vi Edward se mexer do meu lado. Provavelmente tinha me abandonado. Como a maioria fazia. Fiquei naquela posição por sabe Deus quanto tempo, e eu não conseguia me controlar. Eu estava cada vez mais molhada. Cada vez com mais frio. Eu queria um carinho, um afago de alguém. Como se tivessem lido meus pensamentos, senti uma mão alisar minha cabeça. Era grande e macia.          

Abri meus olhos procurando pela mão, na minha frente não havia nada. Empurrei minha cabeça para trás para olhar para cima, ela encostou em algo. Forcei que ela fosse mais para trás ainda e levantei levemente meus olhos. Edward Cullen acarinhava meus cabelos. Quase não vi seu rosto, devido à falta de luz, mas pela claridade dos relâmpagos ao longe podia ver que seus olhos eram brilhantes. “O-o que?” Tentei perguntar entre soluços. Pasma com ele. “Shiii shiii. Fica tranquila. Não chore. O que está acontecendo?” Sem pensar eu respondi. “Eu… só… queria… uma noi-noite… de so-sono desce-cente… E agora… eu nem tenho… mais um qua-quarto pra do-dormir!” Eu nem conseguia falar direito.

Chorei mais ainda. Ele me puxou pelos ombros e colocou minha cabeça na sua perna, a fazendo de travesseiro. Ele estava sentado com as pernas cruzadas à frente do corpo. Recolocou a mão em minha cabeça e continuou me acarinhando. Eu não queria que ele parasse, mesmo sabendo que era o Ediota, eu, simplesmente, gostei. Ele supirou.

“Vamos fazer assim … Se você quiser, claro. Vamos pro meu quarto lá tem um sofá, e aposto que está mais quente que aqui. Você está tremendo.” Era verdade, eu batia meu queixo e sentia espasmos de frio percorrer meu corpo constantemente. Só balancei a cabeça positivamente. Era engraçado como a voz dele me acalmava.

 

"Você consegue se levantar?”

 

“A-acho que siiim”

 

Ele me impulsionou delicadamente para cima e eu me apoiei em uma das mãos. Ele já estava de pé, enquanto eu ainda tentava me estabilizar sentada, o chão estava molhado demais. Fiquei estudando por um minuto como me levantaria sem cair novamente. Ele percebeu minha demora e me ofereceu as duas mãos. Eu aceitei, sabia que por mim iria ficar mais uns cinco minutos sentada ali. Eu peguei em suas mãos e senti meu corpo aos poucos esquentar. E o estranho era que, tanto as minhas mãos quanto as dele estavam gélidas. Involuntariamente e sem saber o motivo, soube que estava corando naquele instante.

 

“Obrigada” Falei em um fio de voz. Ele apenas assentiu.

 

Ele afastou a mala do caminho e abriu a porta do seu quarto para mim. Eu esperei ele entrar, mas fez sinal para que eu entrasse primeiro. Muito cavalheiro. Ouvi ele fechar a porta do meu quarto. O quarto dele era mais iluminado, mesmo no escuro e com a chuva. Tinha aquela parede de vidro fazendo um ângulo de noventa graus no quarto. Dava pra notar que os móveis eram claros e que as roupas de cama e as duas paredes eram escuras. Me parecia um quarto simples, mas só poderia confirmar com a claridade. Eu analisava tudo com minúcia, do melhor jeito que podia. Eu já não chorava mais. Quando tinha cessado mesmo? Eu não me lembrava com clareza.

 

“Eu vou pegar uma lanterna.” Ele me arrancou de meus devaneios. Se mantinha parado atrás de mim.

 

“Não, por favor, deixe assim!” Eu não queria que tivesse luz. Do jeito que estava o ambiente, estava ótimo pra mim. Tudo o que eu desejava era que ele não me visse mais vestida daquele jeito.

 

“Você consegue ver onde pisa Bella?” Quando ele pronunciou a última palavra, o meu nome, meu coração saltou no peito. Estava batendo tão forte que tive medo de que ele ouvisse. Sua voz era suave e delicada, me fazia querer ouvir ele falando na base de meu ouvido.          

 

“Er… pelo menos, aqui, não tá liso!” Tentei parecer coerente.

 

“É. Uhm… Eu preciso de um banho, se não vou congelar.” E eu morrer de frio ou de febre. Emendei em pensamento.“E você também!” Ele passou pelo meu lado, e pude sentir algum calor vindo de seu corpo. Olhei, na escuridão, seu corpo de costas. Não pude evitar erguer uma sobrancelha. Quase faltou o ar. Se não fosse tão idiota, como poderia ser mais bonito? Edward virou-se para mim de repente. “Você está ficando roxa. Vou pegar alguma das suas roupas” Ele agora se movia de volta para o meu quarto inundado. Ele não tinha visto que minha mala estava com todas as minhas roupas dentro?  

TODAS AS MINHAS ROUPAS? MOLHADAS? AH MEU DEUS, AH MEU DEUS! EU NÃO TENHO UMA CALÇA PRA POR!  Entrei em desespero. Como eu iria ficar só de camiseta na frente dele? E no dia seguinte? Eu iria ter que ficar o dia na cama.

 

“Ed - Edward.” Ele estava quase na minha porta. Lutei com a vergonha que eu estava sentindo. Voltou-se para mim.    

 

“O que?”

 

“Minhas roupas estão todas dentro da mala!”     

 

“Ahh…” Falou “Todas, tipo, todas mesmo?” Ele estava descrente.

“Não, todas não” Burra! Me xinguei, falei totalmente sem pensar.

“Ótimo, então vou buscar, estão aonde?” Eu queria me bater. Ele não estava sendo tão idiota naquele momento. Por que dessa mudança?

 

“Na verdade… eu acho… que…” Eu estava com vergonha de falar que as únicas peças secas que eu tinha eram peças íntimas.

 

“Que o que monstrenga?” Ele me interrompeu perdendo a paciência. Pronto, ai estava a idiotice.

“Elas não vão ser de muita ajuda!”

“E por que você acha que não vão ser de muita ajuda?” Ele frisou a palavra “acha” de um jeito que me tirou do sério e quase gritei.        

 

“Por que calcinhas e sutiãs aqui não fariam muita diferença! Tá me entendendo agora EDIOTA?” Ele me olhou de cima a baixo. E soltou um risinho, como se estivesse discordando do que eu tinha acabado de falar, eu ruborizei, obviamente. Logo ele balançou a cabeça em negativa.

 

“Oh monstrenga, de qualquer forma, você vai precisar trocar essas, por peças secas.” Ele tava louco. Já estava entrando no quarto. Ele estava ficando doido se estava pensando que eu deixaria ele tocar em qualquer roupa íntima minha!

 

“O que você está fazendo EDIOTA?”

 

“To indo pegar suas roupinhas” Falou como se fosse algo absurdo o que eu acabara de falar.

 

“Nem pense! Não mesmo! Você não vai tocar nas minhas coisas”

 

“Ah não vou é? Então você prefere ficar ensopada?” Por mim não tem problema! Mas eu não vou aturar você tossindo e espirrando no meu quarto monstrenga!”

 

“Me diz de que adianta Ediota? Que adianta se eu vou ter que ficar com essa camiseta?” Falei, pegando na camiseta molhada.

 

“Adianta, por que você não vai ficar com essa camiseta!” O que? Não entendi? Como assim eu não iria ficar com a camiseta?

 

Entrou no quarto escuro na minha frente, e eu fiquei sem reação. Só parada, tremendo de raiva e vergonha dele, que estava pegando nas minhas roupas intimas! Eu iria cair dura a qualquer momento. Era demais pra mim! No fim tudo isso tinha que ter uma recompensa. Fiquei inquieta pensando que aquele era apenas o meu primeiro dia ali. Ouvi alguns barulhos vindo do quarto e em seguida ele apareceu na porta. Em uma de suas mãos estava um sutiã preto que eu adorava e uma cuequinha azul, bem confortável, o que significa em outras palavras, feia e nada sedutora. Mas afinal, quem no mundo eu iria querer seduzir? Ele tinha elas penduradas no dedo indicador, o sutiã pela alça e a calcinha pela lateral. Como se não quisesse tocá-las. Não sei bem o por que daquilo, mas no fundo, eu não gostei daquele gesto dele.

 

“Você acha que eu sou louco ou que? Eu vou te emprestar alguma roupa quente garota! Agora vem.” Passou por mim e esticou a mão para que eu pegasse os meus pertences. Nessa hora, milagrosamente voltou a luz. Peguei rapidamente minhas coisas. Eu vi então que seu dedão estava muito estranho, grosso demais, parecia que estava fora do lugar.

 

“Ah meu Deus! O seu dedo Edward!” Falei colocando uma mão na boca e aproximando meus olhos pra ver melhor. Devia estar doendo, devia ter sido esse o estalo que escutei no quarto anteriormente. Joguei o que tinha nas mãos em cima da cama.

 

“Não é nada!” Falou carrancudo.

 

“Como não é nada? Olha isso o jeito que está!” Ele olhou atônito pra mim. E seguiu andando. E eu fui atrás. De costas pra mim continuou.

 

“Eu disse que não é nada. Não precisa se preocupar. Por que eu não vou me preocupar. Amanhã peço pra Carslile dar um jeito.”

 

“Não! Amanhã ele já vai estar torto! Vem aqui que eu coloco no lugar! Não deve ter quebrado!”

 

“Eu já disse que não precisa… E além do mais monstrenga, você lá sabe alguma coisa pra poder ajeitar esse meu dedo?”

 

“Sei muito mais do que você imagina! Agora larga de ser tão Ediota e teimoso e me dá logo a mão aqui pra eu dar um jeito nisso!”

 

Como se eu fosse sua mãe ele virou-se pra mim e estendeu a mão. Eu a peguei e a segurei entre as minhas palmas. Senti minhas mãos arderem. Não entendia mesmo como isso funcionava, nem o seu motivo. Aquilo era tão curioso. Eu olhei para ele com os olhos cheios de perguntas, mas a principal era: será que ele sente isso? Quando encontrei o seu olhar, pude ver as mesmas perguntas e a intensidade emanando de seus olhos verdes. Pisquei algumas vezes. Parecia meu sonho. Eu estava me perdendo ali. O que estava acontecendo comigo?

 

“Agora… Isso vai doer um pouco, então cuidado pra não gritar!” Falei o preparando pra dor, não queria acordar ninguém. Já era bastante estranho só com ele ali, imagina com o resto da família.

 

“Ainda acho que não vaAAAAAAAAAAIIIIIIII …” Ele não conseguiu terminar a frase quando dei o estalo de volta em seu dedão. Imediatamente, larguei das suas e levei as minhas duas mãos diretamente para sua boca, abafando o seu grito. E lhe lancei um olhar de repreensão.

 

“Cala a boca retardado!” Falei baixinho “Já passou… Olha” Deixei apenas uma mão em seu rosto e com a outra peguei o meu objeto de cura e levantei na altura da visão de Edward. “Tá vendo? Ta bom já. Mexe o polegar!” Ele moveu o dedo pra cima e pra baixo lentamente. Ele estava atento ao dedo quando eu retirei minha mão de sua boca. Fui à direção da cama pra juntar minhas coisas. Eu estava cansada já. Não sabia que horas eram. Eu queria dormir ainda, mas não sabia se seria mais possível. Ele estava quieto. Provavelmente ainda vendo o dedo, que eu tinha consertado. Idiota nem pra me agradecer.

 

“Um ‘obrigada’ cairia muito bem agora.” Falei baixinho.

 

“Obrigada e nunca mais me chame de retardado”. Falou enquanto abria o seu guarda roupa.

 

“Tá legal Ediota”. Ele me jogou uma toalha na cara. Para mim o clima estava mais pra brincadeira do que pra qualquer outra coisa.

 

Narração: Edward Cullen          

 

Eu tinha certeza que tinha tirado meu polegar do lugar. Estava doendo horrores. E com a monstrenga ali em cima de mim estava se tornando difícil até respirar. Eu não sei como acontecia, mas eu a sentia muito quente sobre meu corpo. Mas estava um gelo a nossa volta. Eu estava mais parado do que uma estátua.

 

“Mons-trenga… Será que você poderia me dar uma… uhm… licencinha?” Ela era levinha, mas eu estava com dor no dedo. E no ombro. E estava querendo me matar por estar ali tentando ajudar ela. Ela é um desastre.

 

“Ah…” Ela falou. Logo começou a se levantar. Ela pelo visto não sabia muito bem como fazer aquilo. Estava indo da maneira mais errada que podia ter. Mas o que eu poderia fazer?

Ela rolou o corpo sobre o meu e ficou virada para o chão. Se apoiou nas mãos e eu não pude deixar de notar que a sua camiseta tinha subido. Ela ficou com o corpo em cima do meu se sustentando pelos braços, com as suas pernas nas minhas laterais, uma de cada lado. Ela daquele jeito me fez pensar em bobagens. Ela não tinha uma cara de muita felicidade. Eu tentava fazer o meu máximo pra não rir. E ela, na verdade parecia que iria começar a qualquer momento. Ela se moveu, levando uma de suas pernas para cima, a fim de sair daquela posição. Ela estava quase conseguindo. Mas desgraça pouca é bobagem. Acho que seu pé escorregou no piso molhado.

 

“Auch!” Deixei escapar, quando senti seu queixo batendo em meu peito. Mas aquilo devia estar doendo mais nela do que em mim. Fiquei esperando a explosão de raiva, que provavelmente viria a seguir, ela me xingaria, obviamente. Demorou dois segundos até ela reagir. Mas não foi como eu esperava, ela deu um leve suspiro e tombou seu corpo para o lado e começou a chorar. Encolhida como uma criança com medo, seu pranto era constante.

Ainda deitado, virei minha cabeça para olhar para ela, eu não sabia o que fazer. Ela chorava desesperadamente. No escuro era difícil saber onde estava sua cabeça. Ela estava encolhida em uma bola.

 

Podia sentir a dor da garota, aposto que ela sentia muito fundo todas as suas cicatrizes. Ela se moveu de leve levando uma de suas mãos para o peito e o apertava com força. Ela começou a soluçar, e quem começava a ficar desesperado ali, era eu. Eu não tinha talento nenhum com gente triste. Não tinha muito talento pra cuidar nem de mim, imagina de alguém como ela. Onde eu estava com a minha cabeça quando aceitei o pedido do General. E eu não podia de jeito nenhum tentar mentir pra ele, afinal ele era alguém que mandava dentro do exército e a menina precisava mesmo de ajuda. Ela parecia tão forte, mas ao mesmo tempo tão frágil. E toda vez que eu a olhava ela parecia me chamar. Eu quis vê-la feliz. Me sentei atrás de sua cabeça prestando atenção em cada soluço. Ela começou a tremer, e por um segundo achei que ela estava tendo algum tipo de ataque, sei lá, mas ouvindo melhor, entre os soluços do choro pude ouvir seu queixo batendo. Ela devia estar congelando mesmo. Eu estava. E que cabeça a minha sair só de cueca do quarto! Na hora eu nem pensei em nada, somente sai pra ver o que era. Já que a garota parecia um bloco de concreto caindo no chão do corredor.

A água continuava caindo, me deixando mais gelado ainda. Ela continuava chorando. Pensei que nunca teria um fim. Um longo tempo já tinha se passado. Mesmo no meio daquela depressão não pude evitar olhar para o corpo dela com mais atenção. Ela tinha pernas delicadas e bem torneadas, mas tinha algumas cicatrizes. A camiseta estava colada no corpo dela. Quando a encontrei no corredor notei as suas curvas, ela tinha cintura fina e seios na medida certa. Não tinha como negar que ela era de fato bonita. Ou até mais que isso. Fitá-la tão triste, estava me deixando triste. Quis pegá-la nos braços e levar pra longe dali. Se antes eu queria apenas ver ela feliz, naquele instante eu quis fazê-la feliz.

Queria confortá-la, dar o carinho que lhe foi negado durante toda a vida. Sem pensar no que estava prestes a fazer levei minha mão até os seus cabelos molhados, os alisei com carinho e ternura. Eu queria que ela parasse de chorar e que sorrisse um pouco mais. De cima pude ver seus olhos abrindo e ela relaxando um pouco daquela posição. Tenho certeza que ela não estava esperando por isso. Mas uma trégua naquele instante era precisa, ou até que eu soubesse ao certo o que estava sentindo.

Ela começou a inclinar a cabeça para trás, hesitou quando percebeu que minha perna estava ali. Mas o obstáculo a impeliu a continuar para ver quem estava ali, com ela. Sua surpresa estava estampada, mesmo com os olhos inchados do pranto. Eu queria que ela sentisse que eu a ajudaria.

 

“O-o que?” Ela tentou perguntar. Eu sabia que desejava saber o que eu estava fazendo e o porquê do gesto. Eu não poderia falar, pois nem mesmo eu sabia ao certo. Teria que acalmá-la. Eu não entendia bem o porque de tantas lágrimas. Talvez se eu perguntasse com delicadeza ela me contasse.

 

“Shiii shiii. Fica tranquila. Não chore. O que está acontecendo?” Ela não hesitou em responder.

 

“Eu… só… queria… uma noi-noite… de so-sono desce-cente… E agora… eu nem tenho… mais um qua-quarto pra do-dormir!” Ela sequer conseguia falar direito, soluçava muito e via que quase não conseguia respirar direito.

 

Ela ia ficar doente se não ficasse quente logo. E eu também. Quando terminou de falar se lançou a chorar mais e mais. Ela tinha um estoque ilimitado de lágrimas pelo visto. Ela era tão intensa. Todos os sentimentos simplesmente ficavam expostos em um simples estalar de dedos. Com pouco esforço peguei em seu ombros e arrastei seu corpo um pouco mais para cima, deitando sua cabeça em uma de minhas pernas e recomecei o carinho. Eu queria pedir-lhe desculpas pelo jantar, mas sabia que aquela não era a hora certa. Eu poderia facilitar as coisas para ela um pouco. Como uma criança cansada ela queria dormir.

 

Onde que eu colocaria ela dormir? Não gostaria de ter que acordar Esme. Alice tinha um sono de pedra, não acordaria por nada e já tinha Rosalie que dividia o quarto, mesmo sabendo que não era lá que ela dormia. Sobrava-me quem? Jasper, mas não a deixaria dormindo no quarto dele. E não havia motivos pra colocar outra pessoa nessa história. Não pude negar mais. Eu sabia exatamente onde ela iria dormir. Como podia isso ter acontecido? Tudo o que eu mais queria era ficar longe de Isabella Swan, mas ela me puxava como um imã. Suspirei.

 

“Vamos fazer assim… Se você quiser, claro. Vamos pro meu quarto lá tem um sofá, e aposto que está mais quente que aqui. Você está tremendo.” Ela roçou sua cabeça na minha perna e entendi como um sinal de positivo. “Você consegue levantar?”

 

“A-acho que siiim”. Respondeu batendo o queixo, mas não se moveu. Com calma empurrei seu corpo para cima, para que ficasse sentada e me coloquei de pé sem dificuldades. Ela parecia hesitar no piso frio e já não chorava mais. Estudava a melhor forma de sair dali sem cair novamente. Olhava com atenção a sua volta, ela estava absorta na missão de levantar do chão. E eu absorto nela.

Suas expressões me prendiam. Acho que permaneci por quase um minuto analisando até que me encontrei novamente e ofereci ajuda com as duas mãos para que ela levantasse com segurança. Ela olhou aliviada para mim. Segurou em minhas mãos rapidamente e agradeci a Deus por ela não ter pegado em meu polegar. Ele latejava. Pude sentir minhas mãos esquentando assim que a toquei, em seguida meus braços e em um piscar de olhos eu tinha esquecido o que era o frio. Um relâmpago clareou o céu e notei suas bochechas levemente coradas. A puxei para cima.

“Obrigada” Falou tão baixinho que quase não entendo. Um sussurro na verdade. Tão sutil quanto ela, só movi minha cabeça.  Me encaminhei até a porta e tirei a mala do caminho e abri a porta para que ela entrasse no meu quarto. Ela ficou parada, provavelmente esperando que eu entrasse antes.

 

Mas seria de muito mal gosto deixar ela pra trás e eu entrar primeiro. Fiz um sinal com a mão para que ela entrasse e consegui ver pela sombra de seu rosto que deu um leve sorriso. Inclinei meu corpo até alcançar a porta do quarto dela e a fechei.  Ela já estava dentro do meu quarto com a cabeça tombada levemente para o lado. A fitei de costas.

 

NOSSA!

 

Não consegui deixar de pensar, ela era realmente bonita em todas as suas formas, pra felicidade do animal que todo homem é sua camiseta estava levantada atrás, deixando uma pequena amostra de sua roupa intima. Sua pele era pálida e parecia reluzir na escuridão da noite. Não evitei imaginar ela sem aquela camiseta. Eu queria descobrir quem era Isabella Swan. Já não sentia tanta raiva, ou melhor, já não sentia raiva alguma. Havia apenas algo me incomodando dentro do peito. No escuro tudo era muito mais convidativo. Não queria perder minha cabeça. Não ainda.

 

“Eu vou pegar uma lanterna.” Declarei e ela pareceu se assustar. Eu nem me movi atrás dela. Me perguntando se era mesmo isso que eu queria. Se eu queria alguma claridade por ali.

 

“Não, por favor, deixe assim!” Como assim? Ela não queria luz?

 

“Você consegue ver onde pisa Bella?” Sem querer a chamei pelo seu apelido. Soou aos meus ouvidos como massagem.

 

“Er… pelo menos, aqui, não tá liso!” Ela parecia confusa. E eu estava tendo pensamentos muito indignos. 

 

“É. Uhm… Eu preciso de um banho, se não vou congelar.” Na verdade, eu iria tomar o banho mais gelado da minha vida, pra ver se clareava meus pensamentos. Mas ela tremia e podia até ver seus lábios indo do vermelho para o roxo rapidinho. Se é que já não estavam. Ela respirava alto. “E você também” Falei enquanto passava a seu lado. Mas será que precisava mesmo? Ela emitia um calor forte. Pude ouvir sua respiração parar por um segundo. Virei-me rapidamente para ela. “Você está ficando roxa. Vou pegar uma das suas roupas.”

Lancei-me em direção ao quarto em que estávamos. A cara dela foi se transformando em completo desespero. Ela via algum problema em eu pegar suas roupas? Ignorei aquilo e continuei indo pro quarto.

 

“Ed - Edward.” Ela gaguejou.

 

“O que?” Me virei pra ela.          

 

“Minhas roupas estão todas dentro da mala!”

 

“Ahh…” Demorei um segundo pra processar a informação. “Todas, tipo, todas mesmo?” Não podia acreditar naquilo.

 

“Não, todas não” Ela fez uma cara de dor assim que disse que nem todas estavam lá. Não sei por que, era simples, eu iria lá e pegava uma calça e um moletom quente pra ela.

 

“Ótimo, então vou buscar, estão aonde?” Eu estava sendo bastante prestativo. Precisava que ela me desculpasse, mas não conseguiria pedir desculpas abertamente. 

 

“Na verdade… eu acho… que…” Bella parecia bastante envergonhada. Aquilo me tirou um pouco de paciência.

 

“Que o que monstrenga?” Falei um pouco irritado. Ela não merecia aquilo. Me xinguei de todos os adjetivos ruins que existem.

 

“Elas não vão ser de muita ajuda!”

 

“E por que você acha que não vão ser de muita ajuda?” Frisei ridiculamente a palavra ‘acha’. Porque eu continuava fazendo isso com ela? Ela não gostou do jeito que falei.

 

“Por que calcinhas e sutiãs aqui não fariam muita diferença! Tá me entendendo agora EDIOTA?” OPA! Lingerie?! Duvidava que não fosse ser de ajuda nenhuma. Se ela quisesse seria de muita ajuda. Ou realmente de ajuda nenhuma. Por mim ela podia tirar aquela camiseta molhada e se enrolar no edredom que eu ficaria bastante feliz. Involuntariamente percorri seu corpo com os olhos. Quando me dei conta do que eu estava prestes a fazer, balancei a cabeça, tentando encontrar a minha sanidade mental e minha linha de raciocínio. Se não estivesse tão escuro naquele corredor podia afirmar, com certeza absoluta, que ela estava vermelha. Ela era tão tímida.

 

“Oh monstrenga, de qualquer forma, você vai precisar trocar essas, por peças secas.” Falei enquanto dava as costas para ela e ia entrando no quarto alagado.

 

“O que você está fazendo EDIOTA?” Ela quase gritou. Sua voz saiu fininha no final da frase, conseguia ver seus olhos arregalados. Ela era divertida.

 

“To indo pegar suas roupinhas” Obviamente.

 

“Nem pense! Não mesmo! Você não vai tocar nas minhas coisas” Ah era isso então? Ela não queria que eu tocasse nas suas roupas intimas.

 

ISSO VAI SER DIFÍCIL. Pensei inconsciente.

 

“Ah não vou é? Então você prefere ficar ensopada? Por mim não tem problema! Mas eu não vou aturar você tossindo e espirrando no meu quarto Monstrenga!”

 

“Me diz de que adianta Ediota? Que adianta se eu vou ter que ficar com essa camiseta?” Ela pegou na camiseta apertando com força. Por mim eu arrancava aquilo ali agora. Esses pensamentos estavam me tirando do sério. Eu mais parecia um animal mesmo. De tarde eu achava a menina ridícula e até chamei ela de garoto, e agora eu queria… ela!

 

“Adianta, por que você não vai ficar com essa camiseta!”

 

Entrei no quarto mal iluminado, sem dar a mínima bola pra qualquer reação que ela teria. Mas sequer ouvi sua respiração. O quarto estava um caos. Somente naquele instante notei que tinha roupas de Bella espalhadas pelo piso. Afinal o que tinha acontecido pra o quarto virar uma peneira embaixo da chuva como Bella mesmo dissera? Em cima daquele quarto havia o jardim de inverno de Esme. Poderia ser alguma coisa ali, porém eu não tinha muito tempo para ficar pensando nas possibilidades. Ainda bem que o aquecimento era a gás e a monstrenga poderia se esquentar logo. Porque se dependesse da sorte dela, provavelmente a luz só voltaria dali um mês! Caminhei até o guarda roupas e me interroguei onde estariam as tais calcinhas da Bella. Estava bem difícil pra ver alguma coisa ali, então procurei no lugar mais obvio, na primeira gaveta. Vi que tinham alguns volumes por ali então deveria estar ali mesmo.

 

Apalpei e senti os tecidos finos, todas as peças pequenas, definitivamente eram suas roupas intimas. Peguei uma peça que parecia ser uma calcinha. Ela precisaria de um sutiã? É, infelizmente, sim. Tateei por mais algumas peças e encontrei alguma coisa parecida com um sutiã. Mas resolvi colocar contra a pouca luz que vinha de fora. Vai que era uma cinta liga?! Não, era mesmo um sutiã. E mais uma vez meus pensamentos foram longe com essa possibilidade. Me amaldiçoei. Resolvi sair daquele quarto antes que eu me molhasse mais ainda. Mas antes de sair dali, decidi fazer uma brincadeirinha com as roupinhas dela. Coloquei na ponta do meu dedo indicador. Segurando longe do corpo, como se tivesse nojo. Nem tinha. Ela que não queria que eu as tocasse não era?! Queria ver a sua reação. Cheguei à porta. Consegui notar que ela estreitou levemente os olhos, talvez forçando a vista para ver melhor o que eu tinha nas mãos. Permaneci parado uns dois segundos.

 

“Você acha que eu sou louco ou que? Eu vou te emprestar alguma roupa quente garota! Agora vem.” Falei passando por Bella esticando a mão para que ela pegasse as suas roupas. Nessa hora voltou a luz. Ela arrancou as peças de mim, antes que eu pudesse ver direito, porém consegui ver que uma delas era preta.

 

Uhm… preto é um bom sinal.

 

Eu queria arrancar meu cérebro fora por esses pensamentos idiotas. Talvez eu fosse mesmo um Ediota.

 

“Ah meu Deus! O seu dedo Edward!” Ela falou instantaneamente, ao ver meu polegar, alterada, mas ainda com a voz em um sussurro. Ela quase grudou os olhos em meus dedos, colocou uma mão na boca com cara de apavorada. Ela estava preocupada com o meu dedo era isso? Rapidamente ela jogou as roupas para a cama. Olhei pra ela. Assim como eu não queria me preocupar com ela, não queria que ela se preocupasse comigo. Mas era quase inevitável pra mim. Seria para ela? Não! Eu não queria. E ela não queria que eu incomodasse com ela. Por que então ela demonstrava tal reação. Senti a meu mau-humor chegando perto. Vi minha face ficando fechada em uma careta.

“Não é nada!”

 

“Como não é nada? Olha isso o jeito que está!”

 

EU NÃO TE ENTENDO ISABELLA SWAN! Quis gritar na cara dela. Mas, por bem, decidi andar, tentando ignorar ela. Bella veio atrás de mim com passos leves. Não poderia a ignorar.

 

“Eu disse que não é nada. Não precisa se preocupar. Por que eu não vou me preocupar. Amanhã peço pra Carslile dar um jeito.”

 

“Não! Amanhã ele já vai estar torto! Vem aqui que eu coloco no lugar! Não deve ter quebrado!” Aquela piada era ótima! Ela ajeitando o meu polegar? Duvidava profundamente que ela sabia alguma sobre como por partes do corpo no lugar.

 

“Eu já disse que não precisa… E além do mais monstrenga, você lá sabe alguma coisa pra poder ajeitar esse meu dedo?”

 

“Sei muito mais do que você imagina! Agora larga de ser tão Ediota e teimoso e me dá logo a mão aqui pra eu dar um jeito nisso!” Ela disparou de volta. EDIOTA E TEIMOSO? Essa era melhor ainda! Resolvi por fim que quem sabe ela soubesse de alguma coisa. Não custava tentar, estava latejando e doendo muito. Obviamente pior não ficaria. Quebrar ela não conseguiria. Antes de me virar tive que revirar meus olhos para cima. Era muito ridículo aquilo. Era um fato que ela não conseguiria. Sem vontade nenhuma girei meu corpo para ela estendendo a minha mão. Ela pegou com as duas mãos. E de novo aquele calor estranho percorreu meu corpo. Por que aquela reação? Mesmo com tanto frio eu me senti aquecido. Ela sentia isso também? Eu a fitei. No instante em que achei seu olhar pude ver as mesmas perguntas ali. Não havia melhor palavra que definisse meu estado naquele instante do que extasiado. Ficamos um momento olhando nos olhos um do outro. Como se quiséssemos nos descobrir por aquela janela. Uma janela castanha, cor de chocolate, que me hipnotizava. Ela piscou rapidamente.

 

“Agora… Isso vai doer um pouco, então cuidado pra não gritar!” Ela tentou me prevenir. Mas parecia bastante confusa.

 

“Ainda acho que não vaAAAAAAAAAAIIIIIIII …” AAAAHHH Inferno! Eu queria gritar. Não consegui nem terminar a frase de tamanha a dor que senti quando ela puxou meu dedo. Talvez ela tivesse conseguido quebrar meu dedo! Tão rápido quanto meu grito, senti suas mãos cobrindo e abafando a minha boca. Ela me olhou brava, bem parecido com o olhar de Esme quando fazíamos algo que ela não gostava. Ela estava me repreendendo com o olhar? Autoritária. Ela realmente podia ser uma chefona do exército.

 

“Cala a boca retardado!” RETARDADO??? “Já passou… Olha” Ela me fez ter sua atenção quando retirou uma de suas mãos de minha boca e a encostou em minha mão novamente, ela puxou meu braço para cima. “Tá vendo? Ta bom já. Mexe o dedão!” Bella disse calmamente. Eu conseguiria mexe-lo? Ele não doía mais. Podia senti-lo, não pulsava mais tão forte como antes. Mexi para cima e para baixo, olhando embasbacado com a proeza da garota. A monstrenga caminhou em direção a cama. Virei de leve meu corpo para vê-la. Ela juntou as coisas dela de cima de minha cama. Agora com clareza vi seu sutiã preto. De renda. Essa garota me surpreendia. Ainda sentia o calor de suas mãos em meus lábios. Era hora de parar de imaginar, ela tinha que se esquentar. Fui até meu armário.

 

“Um ‘obrigada’ cairia muito bem agora.” Sussurrou baixinho. Era verdade.

 

“Obrigada e nunca mais me chame de retardado”. Falei em um tom sério. Mas nem me importava mais com esses adjetivos carinhosos que trocávamos. Peguei uma toalha para ela.

 

“Tá legal Ediota”. Ok. Se sou idiota… Joguei a toalha na cara dela. Ela pegou e segurou com as duas mãos. Deu um risinho de canto.

 

“É Ediota né?! Um obrigado de sua parte também cairia muito bem agora.”

 

“É… Obrigada Ediota!” Falou embaraçada. E ficando vermelha.

 

“Não foi nada monstrenga!” Falei sincero.

 

“Me aplica Edward! Ainda não entendo o porque você… VOCÊ! Está me ajudando!” Estava completamente voltado para ela.

 

“É, eu sei bem como você se sente.” Tentei ser evasivo. Mas ela era curiosa.

 

“Como assim? Não entendi de novo…”. Ela falou encolhendo os ombros, como se pensasse ‘Não me ache burra’.

 

“Monstrenga, eu quero dizer que nem mesmo eu sei o porquê eu estou te ajudando.” Inclinei meu corpo apontando com o dedo para mim. “Então, por favor, não me questione sobre isso… Eu estou… confuso.” Eu tinha a necessidade de ser sincero com ela.

 

“Eu também estou confusa…” Ela hesitou, abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu. Ela tinha a boca azul de tamanho frio.

 

“Vai tomar banho Bella. Agora não é a hora pra essa conversa… eu acho. Você está ficando azul! E já te disse que não quero você tossindo e espirrando aqui no meu quarto!” Falei brincando.

 

“Quanta delicadeza senhor Edward Cullen!” Ela respondeu me ironizando.

 

“Agora, me diz, eu saio do banheiro só com minha roupa intima, ou você vai me dar algo pra me esquentar?” Ela falou inocentemente em um tom malicioso, que acredito que ela mesmo só tenha percebido depois de ter falado. Ela fez uma careta assim que me questionou. Como se não acreditasse no que acabara de pronunciar.

 

Não seria de mal algum ela se vestir só daquele jeito. Pelo menos ela pareceria uma mulher normal. Mas era mulher ou era menina? Esse pensamento me despertou para uma frase de Charlie ao telefone: Acho que ela nunca teve um namorado sabe... hã. Ela tem tanta coisa pra conhecer. Quase fui a loucura! Vai que ela nunca tinha visto um homem só de cueca! Que desastre que eu era! Por isso ela estava constantemente vermelha. Devia estar morrendo de vergonha por estar vestida daquele jeito na minha frente! Estúpido. Balancei minha cabeça em negativa para ela. Corri para as minhas roupas e peguei uma calça de moletom fina, porém quente, e uma camiseta de manga comprida que eu adorava.

 

“Vai ficar grande, mas você vai ficar aquecida” Alcancei-lhe as roupas. Fiz um gesto com a mão. “Bom banho Bella.” Ela sorriu timidamente.

 

“Não vou demorar muito Edward, você também deve estar com frio.”

 

“Não se preocupe comigo Isabella.”

 

“Como não posso me importar, se você está se importando?” Ela lançou a frase e entrou no banheiro fechando a porta. Eu me fazia a mesma pergunta.

 

Enquanto ela estava no banho preparei o sofá pra eu dormir. Coloquei um lençol, peguei um travesseiro que estava sobrando na minha cama e uma coberta que tinha guardada dentro do armário. O sofá de couro que tinha no meu quarto era muito confortável, só não gostava do barulho. Depois de terminada a tarefa liguei o aquecedor para deixar o quarto mais quente. Não queria mesmo que ela ficasse doente. Muito menos eu. Isso não seria de ajuda nenhuma.

 

Estávamos em férias de inverno e tínhamos ainda mais três semanas de descanso. Alice e eu estávamos programando uma viagem nesse período. Na verdade seria na semana seguinte. Iríamos acampar. Todos nós. Agora tinha Bella, ela poderia ir junto. Se ela quisesse. Enquanto divagava sobre as possibilidades do acampamento, peguei uma calça e uma cueca seca. Já podia sentir o quarto mais quente, mas ainda assim o frio estava presente. Me escorei em uma parede para não molhar onde eu dormiria, fiquei esperando Bella desligar o chuveiro, o que não demorou nem 10 min. Ela era rápida mesmo. Assim que ela desligou, ouvi um espirro. Mal sinal. Demorou mais uns minutinhos e ela saiu completamente vestida do banheiro, com a toalha enrolada na cabeça, estava vermelha. Dava pra sentir o bafo quente que vinha do lugar. Eu estava cansado. Queria dormir.

 

“Bom o banho?” Perguntei, sem nem mesmo saber o porquê disso.

 

“Bem quente… obrigada pelas roupas.” Ela falou tímida. “São bem quentes também”.

 

“Não precisa agradecer… Agora vai dormir, você deve estar cansada. Eu vou… uhm… bom tomar banho, qualquer coisa tu me chama.”

 

“Tá, pode deixar.” Ela seguia em direção ao sofá.

 

“Onde você está indo?”

 

“Ahm…Dormir né!” Ela falou como se fosse muito obvio.

 

“Mas você não vai dormir ai! Não mesmo… Você dorme na cama!”

 

“NÃO! Imagina… é a sua cama.”

 

“Olha eu não quero dormir na cama” Mentira. “É sério... Então deita na cama por favor. Eu realmente gosto do sofá. Descanse bem, daqui um pouco vai amanhecer e você mal dormiu, e eu sei que isso é o que você mais deseja nesse momento.” Ela ficou me olhando, com uma carinha de maravilhada. Piscou algumas vezes.

 

“Uhum… quero mesmo.” Falou em um fio de voz.

 

“Pode desligar a luz no interruptor que tem no criado mudo. Durma bem, vou tentar não fazer barulho ao sair.” Ela só balançou a cabeça. A toalha caiu de sua cabeça. Seus cabelos estavam emaranhados. Sexy. Foi a palavra que passou por minha cabeça. Ela se abaixou para pegar. Era delicada. “Me dá, eu coloco no cesto no banheiro.” Ela me alcançou a toalha.

 

“Obrigada… E boa noite.”

 

“Boa noite monstrenga.”

 

“Rá. Ediota.” Eu ri enquanto entrava no banheiro.

 

Tirei aquela cueca gelada e liguei o chuveiro no quente. Apenas me aqueci, deixando a água quente me queimar a pele, ainda assim não era como a sensação que tinha quando eu tocava em alguma parte do corpo dela. Durante o banho da tarde meus sentimentos eram tão diferentes, eu sentia raiva por ela. Agora não existia mais esse sentimento dentro de mim. Não sabia especificar o que tinha em meu peito. Era um misto de ansiedade, adrenalina e felicidade. Mas doía. Não machucava, mas incomodava. Fiquei uns quinze minutos no chuveiro pensando em toda essa situação, não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória. Sai sem vontade nenhuma do box. Sequei-me e vesti as roupas. Joguei as toalhas no cesto e abri a porta.

Ela ainda estava sentada na cama, com os pés para fora. Ela tinha meias nos pés. Achei engraçado, eram minhas meias. Não consegui evitar rir olhando para seus pés.

 

“Ai, espero que você não se importe.” Ela falou com o dedo na boca e com uma cara de pidona. “Eu estava com frio nos pés.”

 

“HAHAHA, tudo bem. Achou fácil?”

 

“Sim, acho que todo mundo é meio previsível para guardar meias” Ela falou. Assentindo com a cabeça, concordando com si própria.

 

“Concordo… Mas porque você ainda não dormiu?”

 

“Por causa disso” Ela levantou a mão que estava do lado do corpo. Me mostrava o celular. Eu congelei onde estava. “Quando pretendia me devolver?” Justamente o que eu não queria responder.

 

“P-pela manhã.”

 

“Uhmm… E me contaria que meu pai ligou?”

 

“Sim.”

 

“Porque não me levou no quarto quando ele ligou?” Ela falava com calma.

 

“Foi logo depois da nossa dis… daquela situação que tivemos lá embaixo. Eu estava nervoso. E além do mais, você abriria a porta quando dissesse que era eu?”

 

“Ah… possivelmente não mesmo. Mas o que ele falou?”

 

“Queria saber como você estava e que amanhã te liga.”

 

“Só isso?” Ela fez uma cara de decepção.

 

“É, só.” Menti descaradamente.

 

“Tudo bem então. Obrigado por ter atendido.”

 

“Uhum” Eu estava sem jeito com aquela situação. Tinha me esquecido completamente do celular dela ali. Nem sequer me lembrei, mas ela não parecia braba com isso, pelo contrário. “Agora, falando sério…” tentei amenizar um pouco a situação, que para mim estava tensa. “Vamos dormir. Sabe, sonhar com os anjinhos e tudo mais?”

 

“Vamos sim, você esta com olheiras já.”

 

“É eu não consegui dormir antes… Mas deite que eu apago as luzes.” Ela o fez.

Já não chovia mais. Eu estava tão envolvido naquela história de ajudar ela que nem percebi que a tempestade já tinha passado. Eu apaguei a luz e me deitei no sofá. Esperei o sono chegar, mas nada. Aquele sofá que sempre me pareceu tão confortável, naquela noite estava uma pedra para mim, eu não conseguia me ajeitar ali de jeito nenhum.

Deitei-me de bruços, de lado, encolhido, com a barriga virada para cima e nada, o lençol já estava se enrolando em minhas canelas. Me mexia, inquieto, parecia que o meu lugar não era ali. Quantas noites eu dormi sozinho naquele sofá achando minha cama um desperdício de tão grande que era. Ficava na verdade triste de não ter com quem dividir. Me revoltava e dormia no sofá. Mas ele sempre fora muito bom. Minhas antigas namoradas nunca me fizeram a cabeça pra levá-las para dormir na minha casa. Na verdade, minhas antigas namoradas, nunca despertaram em mim amor, somente paixão. Elas me pareciam muito ocas. Vazias. Bufei. Eu estava de olhos fechados. Com meu braço em cima do rosto, fazendo pressão em minhas pálpebras.

 

“Edward.” A voz doce de Bella soou baixinha, mas estava perto. Pude sentir seu hálito batendo em minha orelha. Me virei e a primeira coisa que vi foi seus olhos castanhos intensos brilhando para mim. Meu coração parou, mas não de susto. Olhando dentro de seus olhos, eu começava a desconfiar o que eram minhas sensações.

 

“Isso não está certo! Vá para a cama, eu sou a intrusa aqui.” Ela esboçou um leve sorriso quando falou a palavra intrusa.  “Deixe que eu durmo no sofá.” Ela falava baixinho sussurrando. Ela estava abaixada na lateral do sofá, se apoiando com as pontas das mãos na beirada do mesmo.

 

“Imagina Bella. Pode dormir tranquila. Já disse pra não se preocupar.”

 

“E eu já falei o que penso sobre isso. Agora, por favor, não fique se massacrando aí nesse sofá, quando eu posso ver que você gostaria de estar dormindo na cama. Vamos levante”.

 

“Mas eu não posso te deixar dormindo no sofá! Olha a sua noite! Foi um fracasso.” Ela sorriu abertamente.

 

“Nem tanto, pelo menos agora eu estou quentinha”.

 

“É isso é verdade... Tudo bem eu vou dormir lá… Mas dorme na cama também, ela é enorme. Dá pra nós dois.”

Nem pensei no que eu tinha acabado de propor pra ela. Algo me impelia a ficar do lado dela. Eu já estava tendo quase certeza do que eu estava sentindo. E não queria acreditar. Ela sorriu tímida, abaixou a cabeça escondendo o rosto e respirou fundo. Eu esperei a resposta dela.

 

“Tudo bem. Eu não sei se conseguiria dormir em um sofá hoje.” Me levantei imediatamente. E fui pra cama. Ela veio logo atrás. Deitei-me e esperei por ela. Eu queria que ela estivesse do meu lado. Ela hesitava na beira da cama.

 

“O que foi monstrenga?!” Esse apelido começava a me soar mais para carinhoso do que para ofensivo.

 

“Isso é estranho” Ela falou se encolhendo.

 

“Bella a cama é gigante, podemos manter uma distancia razoável um do outro, se é por isso que você acha estranho”.

 

“É, tudo bem então” Ela falou relutante, mas a senti levantando o edredom e se deitando.

 

“Então, agora definitivamente é boa noite?!” Falei. Era pra ser uma afirmativa, mas soou mais como uma pergunta.

 

“Haha, acho que sim, boa noite Ediota”

 

“Boa noite Monstrenga.” Respiramos fundo no mesmo instante. E depois senti o calor do corpo dela se espalhar pela cama.

Podia sentir o cheiro adocicado dela, era suave e tinha cheiro de maça com morango e mel. Ela respirava calmamente agora, virou-se de lado e de costas para mim. Cada vez que se mexia seu cheiro vinha em minha direção e me convidava a tocá-la. Eu estava sentia algo diferente dentro de mim. Um imã me puxava para ela. Desde o início a detestando tanto. Eu só podia estar vivendo em um sonho. Essa noite estava sendo irreal. Pensando em minhas ex-namoradas anteriormente, percebi que sempre existira em mim, um lugar vago. Nunca ninguém conseguiu alcançar aquele lugar. Mas Bella… Bella parecia que tocava naquele espaço aberto dentro de meu peito com o dedo. Eu a sentia perto do vazio, chegando para preenchê-lo. Não podia acreditar no que eu estava sentindo.

 

Como podia? Eu não tinha certeza de nada. Meu coração estava disparado ao lado dela. Poderia eu desejar que ela estivesse ali na cama comigo sem ao menos conhecer o gosto de seus lábios? Porque nunca desejei que minhas ex-namoradas deitassem ali, na minha cama? Era meu lugar sagrado. Uma cama representa muito. Não é só um mero lugar de descanso, mas na cama é onde muitas decisões são tomadas, quando você acorda pela manhã, é na cama que você escolhe levantar e continuar sua vida, e a noite é quando você realmente pondera sobre suas atitudes. É onde você percebe o que está errado e decide mudar, ou não. E é onde muitas brigas são acertadas, seja da maneira mais sutil, até do modo mais primitivo e animal. Ao menos comigo era assim. E porque eu queria que fosse ela, a Monstrenga, a dividir o meu lugar sagrado? Porque eu a achava digna de estar deitada ao meu lado? Eu não tinha as respostas certas. Não ainda.   

 

Me perdi em pensamentos e não conseguia dormir. Eu devia algo a Bella, devia minhas desculpas e um “seja bem vinda”. Ouvi sua respiração, já deveria estar dormindo, era calma e profunda. Me coloquei um pouco mais perto de seu corpo e sussurrei perto de seu ouvido.

 

“Me desculpe pelas minhas idiotices… Seja bem-vinda a minha casa Bella, seja bem-vinda a minha vida.” Suspirei sentindo seu cheiro, virei para o lado oposto e cerrei os olhos. Depois de muito tempo o sono ainda não vinha. Eu estava confortável, mas ainda não conseguia cair no sono profundo que eu tanto merecia. Bella parecia dormir. Se mexeu algumas vezes na cama e cada vez estava mais próxima de mim. Foi chegando com calma, até o momento em que ela deixou seu travesseiro de lado e deitou sua cabeça na ponta do meu. Eu fiquei paralisado onde eu estava. Não queria acordá-la.

Estava quente. Mas era bastante agradável, aos poucos comecei a recobrar a consciência. Não me lembrava da hora em que o sono chegara. Eu estava sonhando com alguma coisa boa, havia chuva e risos.

Alguma música também começava a aparecer na minha cabeça. Não conseguia identificar qual era. Lentamente a letargia foi se dissipando de meu corpo e me trazendo a realidade. Eu havia tido uma noite totalmente estranha. Eu tinha ajudado Isabella Swan. Não me sentia mal por isso. Muito pelo contrário tinha uma sensação incrível de paz dentro de mim. Senti algo roçar em meu queixo. Abri lentamente meus olhos. Procurei no travesseiro ao lado o corpo adormecido de Bella. Não estava. Senti um sopro curto e quente em meu peito, eu estava abraçando alguma coisa. Afastei um pouco meu tronco para ver melhor. A Monstrenga estava agarrada em mim. E eu agarrado nela. Ela dormia calmamente com metade do seu corpo em cima de meu tronco e respirava sobre o meu peito. Me arrepiei. Inalei profundamente o seu cheiro e me senti completo. Eu desejei sentir aquele corpo sobre o meu em todas as manhãs de minha vida. Não consegui encontrar o espaço oco dentro de meu coração. Ela não era vazia. Bella não era como as outras. Era Bella. E era ela. E eu sabia as respostas agora. Como tinha acontecido eu não entendia. Não conseguia acreditar nisso. Não podia acreditar em mim.

 

Eu estava caidinho por Isabella Swan. A Monstrenga. E isso me assustava

 

Fiquei a fitando, sua respiração, sua expressão, seus cabelos. Estávamos apenas com um lençol nos tampando. Procurei pelo edredom e o encontrei jogado no chão. Não me lembrava de tê-lo tirado dali. Ainda assim eu estava quente. Podia ver o rosto dela levemente corado de calor. Em outros dias eu estaria morrendo de frio só com esse lençol. Ela era tão serena dormindo. Era uma visão boa, a sentir aconchegada em mim. Eu tinha uma missão de cuidar dela. O próprio pai dela me pedira. Pedira a um desconhecido para que cuidasse de sua filha. Mesmo que ele não tivesse me solicitado eu o faria, e lutaria para que ela saísse desse buraco escuro em que ela devia estar vivendo.

Uma coceirinha engraçada se repetiu algumas vezes em meu peito. Olhei para o rosto de Bella, ela abria os olhos. Piscava várias vezes, os seus longos cílios roçavam em minha pele, me fazendo ter vontade de rir. Ela fitou a grande parede de vidro. O dia estava claro, mas havia nuvens no céu. Afinal, era Forks. Respirou fundo e logo após perdeu sua respiração. Ela ficou quietinha, parada por alguns instantes, acho que tentava se situar onde estava. Resolvi fechar meus olhos. Ela soltou um pouco de ar que ainda tinha nos pulmões e levantou levemente a cabeça. Seus cabelos compridos estavam caídos do lado do meu corpo, me despertando cócegas nas costelas. Ela encostou em meu peito a ponta do nariz e inalou fundo. Não esperava por isso.

 

“Oh Deus, isso é loucura.” Ela falou baixo, muito baixo. Mas no silêncio da manhã pude ouvir claramente. Sim, aquilo era uma loucura. Ela deitou-se novamente em mim, mas não na mesma posição de antes, sua cabeça encostada no meu ombro. Como se estivesse despertando naquele instante, abri meus olhos devagar, piscando algumas vezes. Soube que ela me olhava. Desci meus olhos para vê-la. Não pude evitar sorrir levemente ao ver aqueles olhos castanhos na claridade. Não nos mexemos. Eu achava que ela pularia da cama a qualquer instante, mas não. Permaneceu ali me olhando fixo.

Eu tinha medo de que se falássemos ou fizéssemos alguma coisa a paz desapareceria. Ela tinha um olhar assustado, seus olhos estavam um pouco mais abertos do que o normal. Mas ainda via que não existiam sentimentos ruins nela. Mais uma vez coincidentemente suspiramos juntos, em uma sincronia perfeita. Desde o inicio até o fim. Tudo no mesmo instante.

 

Tive vontade de beijá-la.

 

 

Narração: Bella Swan

 

“Não se preocupe comigo Isabella.” Ele falou. Mas como poderia não fazê-lo? Ele estava me ajudando e cuidando de mim.

 

“Como não posso me importar, se você está se importando?” Falei enquanto entrava no banheiro para me aquecer.

 

Me assustei quando vi um porquinho cor de rosa em cima do balcão da pia do banheiro. Era uma caixinha de som para MP3! Achei hilário que o Ediota Cullen tivesse algo tão meigo assim. Era bem bonitinho aquele objeto. Mas não parecia fazer o estilo dele. Dei uma olhada no espelho. Eu estava destruída, meus lábios estavam roxos e meu cabelo um ninho de pássaro. Tirei a camiseta ensopada minhas roupas intimas e liguei o chuveiro. No banho, passei em minha mente cada parte de meu dia interminável, desde a hora em que cheguei até aquele momento. A água quente esquentava meus músculos e fazia meu corpo relaxar da tensão. Não gostaria de ficar doente, e possivelmente eu ficaria. Conhecia meu organismo. E desejava que Edward fosse bastante forte, ele também devia estar com frio. Apenas deixei a água rolar por meu corpo, não me dando ao trabalho de me ensaboar. Não tinha vontade nenhuma disso. Já me bastava a água queimando e me aquecendo. As pontas de meus dedos dos pés estavam azuis. Precisava esquentá-los logo. Não queria demorar muito também. Olhei um shampoo que tinha ali e tive vontade de lavar os cabelos. Era cheiroso. Coloquei em minha mão e massageei a cabeça com carinho.

Esse meu gesto me fez lembrar do carinho que Edward me fizeram durante a minha crise de choro. Eu não entedia como ele podia ter mudado tanto sua atitude em tão pouco tempo. Estava sendo gentil e atencioso. Eu não conseguia sentir raiva dele. Nem conseguia mais ficar braba com ele me chamando de monstrenga. Era até engraçado. Na tarde eu pensava que ele era mais um imbecil que nasceu para me atormentar, mas nessa noite eu já não o via mais assim. Meus sentimentos eram confusos.

 

Tinha milhões de coisas passando dentro de meu peito. O buraco que tinham escavado durante anos ainda estava ali. Nunca deixava de doer. Meu sofrimento era algo constante, isso não me deixaria esquecer de Renée, de Charlie, e menos ainda de Joshua. Eles três me destruíram, alguns involuntariamente, isso era um fato, mas ainda assim cavaram fundo aquele buraco ali no meu peito. E quanto ao Ediota, ele estava tocando em alguma coisa dentro de mim. Não era normal que meu coração perdesse o compasso com tanta frequência. Eu ficava tão confusa com ele perto de mim. Seu sorriso me deixava tonta e seus olhos me prendiam. E era inevitável sentir isso perto dele. O que era isso? Eu não tinha experiência com garotos pra saber o que era, mas tinha lido algo sobre esses “sintomas”… Sobre se estar apaixonado. Eu não conseguia conceber isso. Tudo tão rápido. Eu precisava de alguém que pudesse me ajudar. Esse alguém seria Alice. Sentia-me presa dentro daquele banheiro. Desliguei rapidamente o chuveiro e abri o box pegando a toalha que ele me dera. O primeiro ar frio que tocou meu corpo fez eu me arrepiar.

 

“ATCHIN!” Oh droga. Mau sinal.

 

Sequei-me rapidamente comecei a me vestir. Realmente a calça tinha ficado grande. Ele era alto. Deixei por último a camiseta branca. Ao passar ela por minha cabeça senti o perfume que ela exalava. Era hipnotizante. Era maravilhoso. Cheirava a canela ao mesmo tempo que sentia um cheiro floral. Era diferente. Entrou em minhas narinas e me fez ver as coisas rodarem. Eu estava perdendo o juízo. Puxei a blusa para baixo e enrolei a toalha no cabelo para ela enxugar melhor a água. Saí para o quarto.

Edward estava encostado em uma parede, ainda só de cueca. Aquela visão me deixava louca. Sensações correram por meu corpo. Ele parecia um modelo da Calvin Klein.

 

“Bom o banho?” Me perguntou com uma cara estranha. Eu sei lá porque motivo fiquei envergonhada com a pergunta.

 

“Bem quente… obrigada pelas roupas… São bem quentes também”.

 

“Não precisa agradecer… Agora vai dormir, você deve estar cansada. Eu vou… uhm… bom tomar banho, qualquer coisa tu me chama.”

 

“Tá, pode deixar.” Fui em direção ao sofá que estava arrumado bonitinho pra eu dormir.

 

“Onde você está indo?” Ele perguntou espantado.

 

“Ahm…Dormir né!” Isso estava na cara.

 

“Mas você não vai dormir ai! Não mesmo… Você dorme na cama!”

 

“NÃO! Imagina… é a sua cama.” Eu não queria tirar o lugar dele ali.

 

“Olha eu não quero dormir na cama. É sério... Então deita na cama, por favor. Eu realmente gosto do sofá. Descanse bem, daqui um pouco vai amanhecer e você mal dormiu, e eu sei que isso é o que você mais deseja nesse momento.” Não acreditava naquilo. Ele que me chamara de intrusa oferecia a própria cama para eu dormir? Ele era incrível. Eu estava concentrada nele. Tive que piscar algumas vezes pra voltar pra a realidade.

 

“Uhum… quero mesmo.” Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.

 

“Pode desligar a luz no interruptor que tem no criado mudo. Durma bem, vou tentar não fazer barulho ao sair.” Balancei minha cabeça concordando com ele. Eu ainda estava meio tonta com as atitudes dele. A toalha felpuda deslizou por meus cabelos caindo no chão, eu me abaixei para pegá-la, não sabia onde a colocaria.

 

“Me dá, eu coloco no cesto no banheiro.” Ele me pediu e eu a alcancei para ele.

 

“Obrigada… E boa noite.” Consegui lhe falar.

 

“Boa noite monstrenga.”

 

“Rá. Ediota.” Ele ria ao entrar no banheiro.

 

Fiquei olhando ele fechar a porta. Eu estava aquecida agora, meus braços e pernas estavam quentes. Eu toda estava quente, podia sentir minhas bochechas pegando fogo. Olhei para meus pés e meus dedos ainda estavam roxos, tinha medo que eles passassem rapidinho para o preto e gangrenassem por falta de circulação. Eu precisava de meias, porém as minhas estavam lá no outro quarto e eu não queria ir lá pra possivelmente cair mais uma vez. Edward não se importaria que eu pegasse um par das dele. Ou se importaria? Mas eu precisava esquentá-los.

Pensei comigo onde ele as guardaria. Provavelmente na primeira ou segunda gaveta de seu guarda roupas. Caminhei até o móvel e abri as portas centrais. Tinham quatro gavetas ali, abri a primeira e o que eu encontrei foram milhões de cuecas. Ok. Então devia ser a segunda. Abri a próxima. Realmente lá estavam as meias. Peguei um par branco e com o algodão bem macio. Sentei-me na cama e coloquei as meias em meus pés. Tudo que era dele era tão quente assim? Quando ergui meu corpo pensei em deitar, fui olhar onde estava o bendito interruptor do criado mudo. Me deparei com o meu celular ali.

 

O que meu celular está fazendo aqui? Pensei.

 

E logo lembrei que tinha atirado na cara dele. Resolvi pegar o objeto e ver se era o meu mesmo. Vai que o Ediota tinha igual! Mas, provavelmente, não era. Que homem iria comprar um celular lilás? Quem sabe ele mesmo, afinal ele tinha um porco cor de rosa como caixa de som no banheiro!

 

Peguei e deslizei o visor para cima. Era meu mesmo. Assim que a luz ascendeu vi meu nome escrito na tela. Olhei nas chamada recentes e vi que Charlie havia me ligado no inicio da noite. Por que ele não me chamou? Ouvi ele desligar o chuveiro depois de um tempo olhando para o celular e lembrando da minha atitude infantil ao atirar o aparelho na cara de Edward. Senti vergonha disso. Quis pedir desculpas, porém ele também me devia desculpas, ele fizera coisas piores durante a janta. E melhores, muito melhores durante a noite. Tão confuso. Ele tinha algum transtorno de humor? Fiquei sentada na cama com os braços do lado do corpo, apoiando-me com as mãos. Ele saiu do banheiro só de calça. Pelo menos agora não estava somente de cueca. Respirei aliviada, mas ainda assim sua beleza me deixava abismada. Ele me olhou na cama e riu abertamente ao ver que vestia suas meias.

 

“Ai, espero que você não se importe.” Falei colocando um dedo na boca, fazia isso quando estava insegura. Tenho certeza que minha cara era de cachorro pidão. Não queria que ele me fizesse tirar as meias.

 

“Eu estava com frio nos pés.”

 

“HAHAHA, tudo bem. Achou fácil?”

 

“Sim, acho que todo mundo é meio previsível para guardar meias” Balancei a minha cabeça me afirmando.

 

“Concordo… Mas porque você ainda não dormiu?”

 

“Por causa disso” Levantei a mão que estava o aparelho e mostrei a ele. “Quando pretendia me devolver?” Ele estava estático no mesmo lugar.

 

“P-pela manhã.” Só?

 

“Uhmm… E me contaria que meu pai ligou?”

 

“Sim.”

 

“Porque não me levou no quarto quando ele ligou?” Eu deveria estar braba com ele, mas não conseguia. Minha voz saia mais calma do que o normal.

 

“Foi logo depois da nossa dis… daquela situação que tivemos lá embaixo. Eu estava nervoso. E além do mais, você abriria a porta quando dissesse que era eu?”

 

“Ah… possivelmente não mesmo. Mas o que ele falou?”

 

“Queria saber como você estava e que amanhã te liga.” O que?

 

“Só isso?” Eu não acreditava, meu pai quis saber de mim e mais nada? Não insistiu pra falar comigo, saber como tinha sido a viagem, como fora minha chegada aqui? Nada disso pelo visto. Senti-me muito triste. Mas o que era só mais uma cavadinha em um buraco que já está tão profundo, não era nada.

 

“É, só.” Se era só, não podia fazer mais nada.

 

“Tudo bem então. Obrigado por ter atendido.”

 

“Uhum” Ele hesitava. “Agora, falando sério…” parecia bastante incomodado com a história do celular. “Vamos dormir. Sabe sonhar com os anjinhos e tudo mais?” Era uma boa ideia realmente.

 

“Vamos sim, você esta com olheiras já.”

 

“É eu não consegui dormir antes… Mas deite que eu apago as luzes.” Eu o obedeci rapidamente. Minha mente era cheia de dúvidas quanto aos meus sentimentos, parecia que a tempestade que era a minha vida tinha sumido dentro daquelas quatro paredes. Ele apagou a luz e foi para o sofá. Isso não era certo. Eu deveria estar dormindo ali, não ele. Eu tentava dormir, mas a ideia de que Edward deveria estar na cama não saia de minha cabeça.

Fechei meus olhos e fiquei encolhida na mesma posição. Com os ouvidos para fora do edredom ouvia ele se mexer constantemente naquele sofá. Me apoiei nos cotovelos para tentar ver o que acontecia ele estava inquieto, e provavelmente de olhos fechados pois não me via. Virou-se com a barriga para cima e colocou o braço cobrindo os olhos, alguns segundos depois ele bufou. Eu sabia o quão chato era tentar dormir e não conseguir. Levantei silenciosamente da cama, pé por pé fui até o sofá, me abaixei e apoiei minhas mãos bem na ponta do acento do mesmo.

 

“Edward.” Falei baixinho e suave perto de seu ouvido. Ele virou a cabeça para minha direção, deixando o braço levantado. Nossos olhares se cruzaram. Meu coração titubeou e acelerou em um ritmo louco. Eu estava quase certa do que eram essas reações que tinha por ele. Mas precisava de conselhos.

 

“Isso não está certo! Vá para a cama, eu sou a intrusa aqui.” Sorri com a palavra que ele mesmo tinha usado no jantar e que me fizera ficar tão irritada. “Deixe que eu durmo no sofá.”

 

“Imagina Bella. Pode dormir tranquila. Já disse pra não se preocupar.”

 

“E eu já falei o que penso sobre isso. Agora, por favor, não fique se massacrando aí nesse sofá, quando eu posso ver que você gostaria de estar dormindo na cama. Vamos levante”. Insisti.

 

“Mas eu não posso te deixar dormindo no sofá! Olha a sua noite! Foi um fracasso.” Era verdade, mas tive que sorrir, porque eu ainda achava algo bom pra tirar da noite.

 

“Nem tanto, pelo menos agora eu estou quentinha”.

 

“É isso é verdade...” Ele pareceu decidir por mais um segundo “Tudo bem eu vou dormir lá… Mas dorme na cama também, ela é enorme. Dá pra nós dois.” O que? Eu dormir na mesma cama que ele? Eu não queria dormir no sofá. Mas e se alguém entrasse ali no quarto e nos visse na mesma cama… o que iriam pensar? Mas eu queria tanto dormir ali. Achava, mais seguro, confortável. Mesmo o sofá tendo uma aparência bem convidativa, eu desejava dormir naquela cama.

 

“Tudo bem. Eu não sei se conseguiria dormir em um sofá hoje.” Realmente eu estava perdendo o juízo. Ele se levantou rapidamente dali pegando o travesseiro indo para a cama, eu o segui. Ele se deitou e eu dei a volta na cama. E ali fiquei, estática, pensando no que eu estava fazendo e no que estava acontecendo.

 

“O que foi Monstrenga?!” Ri mentalmente até que era legal ser chamada assim. Sei lá, era diferente de nerd, e esquisitona, e Cdf e todos esses apelidos que carreguei minha vida inteira.

 

“Isso é estranho” Falei me encolhendo, eu estava envergonha. E estava sendo sincera ao extremo com alguém que mal conhecia. Mas parecia que éramos antigos amigos.

 

“Bella a cama é gigante, podemos manter uma distancia razoável um do outro, se é por isso que você acha estranho”. Ele tentou me acalmar, sua voz era doce e tranquila, parecida com veludo, de tão macia que era.

 

“É tudo bem então” Ainda estava relutante, mas tinha que dormir, definitivamente. Me deitei.

 

“Então, agora definitivamente é boa noite?!”

 

“Haha, acho que sim, boa noite Ediota” Ri com o fato de mais parecer uma pergunta do que uma afirmação.

 

“Boa noite monstrenga.” Respiramos fundo no mesmo instante. Muito estranho. E depois senti o calor do corpo que ele emanava se espalhar pela cama.

Eu estava deitada olhando o teto, não me sentia bem naquela posição e me virei de lado, ficando de costas para ele. O cheiro do travesseiro dele me inundou. Me fez sorrir, e ficar quietinha ali sentindo o aroma. Era delicioso, nunca sentira um cheiro tão bom em minha vida.

Eu desejei roubar aquele travesseiro para mim. Eu sentia meu corpo pender para trás, como se algo me puxasse para o centro daquela cama enorme. Era como se ele fosse um imã. Edward que me recusou no início, sempre fazia meus olhos correrem para ele a todo instante, ele que disse que não se importaria, estava se importando a ponto de dividir a cama comigo. Fiquei na mesma posição. Parecia que me faltava algo, eu não conseguia dormir, minha respiração era calma. Achei que Edward estava dormindo de tão quieto que estava ao meu lado. Ele deve ter pensado o mesmo de mim.

 

“Me desculpe pelas minhas idiotices…” Começou a falar em um sussurro, pensei em me virar para ele, mas poderia ser idiotice. “Seja bem-vinda a minha casa Bella, seja bem-vinda a minha vida.” As suas palavras me atingiram no peito, carregadas de verdade e sentimento. Ele, realmente era intenso. Involuntariamente uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Edward estava me aceitando. Meu coração rejubilou em felicidade. Eu vim pensando que não necessitava que me aceitassem aqui, mas isso era uma grande mentira. Tudo o que eu mais desejava era que me aceitassem ali. Naquele fim de mundo que era Forks. Eu precisava que as pessoas me tratassem com o mínimo de respeito. E se eu não encontrasse ali na casa de Carslile, não sabia pra onde eu iria. Após ouvir suas últimas frases, cerrei meus olhos e pude sentir o sono chegando. Era como se eu precisasse daquele gesto para conseguir continuar. Adormeci.

 

Fui despertando aos poucos. Meu corpo tinha um calor delicioso que me fazia sentir bem. Não sonhei naquele resto de noite. Ou será que toda a noite teria sido um sonho? Não queria abrir meus olhos. Estava com medo da verdade. Não poderia ser covarde e fugir, uma hora eu teria que acordar, e encarar, se fosse verdade, Edward. Que estava dormindo no… sofá? Não, ele não estava no sofá. Várias cenas daquela noite me atingiram como um torpedo.

Me obriguei a abrir os olhos. Tive que piscar algumas vezes para adaptar minha visão e para dissipar aquele peso que minhas pálpebra apresentavam. A primeira coisa que vi diante de meus olhos foi a floresta verde escura que se estendia para trás da casa, permaneci parada, apenas fitando o horizonte ao meu redor. Eu estava em paz. Hoje a escavação em meu peito não doía tanto. Olhei para o céu e vi as nuvens se alongarem em todo o seu comprimento.

Estava claro, mas sem duvida iria chover. Senti que meus cílios enroscavam em alguma coisa. E desejei que fosse mesmo o travesseiro em que eu dormira. Sentia que eu estava abraçando alguma coisa, ou ALGUÉM?! Senti meu corpo subir e descer lentamente. Não podia ser verdade. Respirei fundo. O cheiro de Edward Cullen preencheu instantaneamente. Fiquei petrificada. Era tão bom o cheiro. Analisei melhor como eu me encontrava e me vi deitada com meio corpo em cima do Ediota! Levantei levemente a minha cabeça para ver se ele ainda dormia. Ele estava abraçado a mim e eu nele. Como isso acontecera? Ele parecia um anjo dormindo. Tinha um leve sorriso nos lábios. Sem pensar cheguei mais perto dele e inalei novamente seu aroma. Era viciante. Como uma droga eu precisava daquele cheiro.

 

“Oh Deus, isso é loucura.”

 

Falei em um fio de voz. Me encostei derrotada no ombro dele. Olhando para seu rosto. Sua barba começava a crescer, o deixava com cara de adulto. Ele era lindo, e agora eu tinha certeza, não precisava de conselhos pra saber.

 

“Quando acontece, você sabe bem no fundo de seu coração.”

 

Joshua sempre me dizia sobre estar apaixonado. E eu sentia, eu sabia.

 

Eu estava gostando loucamente de Edward Cullen. Nesse instante ele abriu os olhos, ponderei em fechar os meus, mas não queria realmente. O que eu desejava mesmo, era ver seus olhos verdes. Como se lê-se minhas mente desceu seu olhar para encontrar com o meu. Ele me olhava fixo e sorria para mim.

Ficamos parados nos fitando abertamente. Não tinha necessidade de falar nada para ele. Podia ver isso nos olhos dele também. Eu estava assustada com essa confusão de sentimentos e com minha nova certeza. Mas eu não sentia mais nenhum rancor por ele, pelo contrário, a noite mal dormida serviu para encher meu coração de coisas boas por ele.  Suspiramos juntos. No mesmo instante. Um curto momento de sincronia perfeita.

 

Tive vontade de beijá-lo.

 

Pisquei, pensando que nem que eu quisesse, eu conseguiria fazer isso. Por dois motivos; primeiro: eu tinha vergonha. Segundo: eu nunca tinha sido beijada em minha vida. Quando abri definitivamente meus olhos, ele ainda estava ali, me fitando. Escorregou seu corpo para baixo deixando seu braço de apoio para minha cabeça. Achei que ele fosse sair, se levantar, mas não. Continuou ali, me olhando. Senti o desejo por ele arder em mim, e via que seus olhos estavam cada vez mais intensos para mim. Eu sabia que ele queria também. Estava escrito em seu olhar. São engraçadas essas certezas que temos, quando você vê está envolvida até o último fio de cabelo. Minha pele do rosto ficou vermelha. Ele continuava me olhando firme. Minha respiração começou a ficar pesada, acompanhando o ritmo de meu coração. Batia forte. Eu sabia o que ele estava prestes a fazer. Eu queria que ele o fizesse logo. Ele também arfava.

Levantou sua mão e passou por meus cabelos, tirando alguns fios que estavam ali. Voltou com a mesma ao meu rosto e o acariciou com delicadeza, exatamente como em meu sonho. Subia e descia com o polegar consertado, da base do meu queixo até minhas têmporas. Como poderia alguém como ele me desejar? Ele piscou calmamente.

 

“Você também quer?” Ele falou com a voz rouca e baixa. Sorri com sua pergunta. Mas seu rosto era sério.

 

“Si-sim”. Foi a única coisa que consegui pronunciar. Ele sorriu para mim. Sem mover um milímetro de seus olhos que estavam presos nos meus veio em minha direção calmamente. Eu fiquei quieta esperando. Eu estava sonhando?

Seu cheiro era tão real que isso era impossível. Quando estava a um centímetro de minha boca eu pude ver seus olhos se cerrando, em uma reação ao seu gesto, fechei os meus e me entreguei ao que viria a seguir. Senti seu braço encolhendo embaixo de minha cabeça e suas duas mãos me segurando. Seus lábios macios e cheios encostaram levemente em minha boca. Uma onda de calor e pequenas descargas elétricas me atingiram, me fazendo suspirar. Abrimos os olhos no mesmo tempo, uma incógnita estava presente em minha mente e em seus olhos.

 

Devemos continuar?

 

Nos perguntamos silenciosamente. A nossa resposta veio em um sorriso aberto. Sim deveríamos.

 

Tão rápido quanto à luz, juntamos nossas bocas em uma só. Abri calmamente meus lábios para recebê-lo. Subi minhas mãos para os seus cabelos. Não era mais eu quem estava no controle de mim mesma. Era uma Isabella Swan que eu mesma desconhecera em meus 17 anos. Agarrei com força seus cabelos bagunçados. Ele em reação segurou mais forte meu rosto. Senti sua língua quente e úmida entrando em minha boca e procurando pela minha. Eu não sabia como fazer, mas era instintivo, simplesmente o recebi e devolvi as caricias que fazia em minha boca. Era um beijo calmo. Sem exigências. Mas eu não conseguia respirar direito. Movíamos lentamente nossos lábios, sentindo o gosto. Saboreando. Era engraçado, não sentia aquele famoso mal hálito matinal em nosso beijo. Ele tinha sabor de canela na boca. Eu o desejei mais. Nossa respiração estava pesada.

Ele separou por um instante nossas línguas e mordiscou de leve meu lábio inferior. Em uma reação involuntária gemi. Abrimos novamente nossos olhos. Ambos estávamos repletos de desejo, eu estava perdendo minha cabeça. Avancei para sua boca como uma felina. O agarrei com força.

 

É meu! Foi a única coisa que consegui pensar, antes de me lançar em um beijo muito mais exigente.

 

Senti-o jogando o corpo em cima do meu e agarrando meus cabelos. Eu o puxei para mais perto de mim. Nossas bocas não se separavam, estávamos nos beijando ferozmente. Era forte. Ele sugava minha língua e gemia entre as respirações. Eu já nem sabia onde estava minha respiração. Senti seu peso em cima de mim. Continuamos nesse ritmo frenético por não sei quanto tempo. Eu precisava respirar, mas não queria parar. Ele foi acalmando o beijo e pude sentir que logo acabaria. Fomos diminuindo a nossa velocidade de carinhos, mas ainda assim era muito forte. Meu coração martelava no peito como nunca havia batido. Começou a me distribuir diversos beijinhos na boca repetidas vezes. Eu ainda estava agarrada com força em seus cabelos e de olhos fechados. Ele desceu sua boca para meu queixo e começou a beijar ali, descendo até a base de meu pescoço. Inclinei minha cabeça para trás. Senti meu corpo inteiro se arrepiar mais e mais. Onde ele passava com seus lábios deixava um rastro de calor e amortecimento.

Eu gemi mais uma vez. Muitas sensações estavam me dominando. Ele suspirou em meu pescoço e se apoiou nos braços. Ficando há alguns centímetros longe de meu corpo. Abri meus olhos. Ele me olhava sério. Será que tinha feito alguma coisa errada? Eu o fitei. Era incrível como conseguíamos falar muitas coisas somente nos olhando.

 

“Como… você… conseguiu… fazer… isso… comigo monstrenga?” Falou pausadamente. Retomando o fôlego. Ele sorria contente.

 

“Fiz o que?” perguntei com a voz rouca. Ainda encontrava dificuldade em respirar de uma maneira sã.

 

“Você… Simplesmente, me enlouquece!” Oh! Ow! Isso era algo novo para mim. Como tudo que estava acontecendo naquela cama.

 

“E isso é bom?”

 

“Depende…” Como assim? Não entendi.

 

“Do que?”

 

“Eu te deixo assim também?” Rá, você faz pior!

 

“Você consegue mais Ediota.” Falei sincera.

 

“Agora eu que não entendo.” Ele também parecia sincero.

 

“Você me tira o controle. Me faz esquecer do mundo lá fora. Me enlouquece também. Faz eu perder o meu chão. Isso é possível em tão pouco tempo?” Ele me sorriu torto. Eu sorri com ele.

 

“Uhm… então é bom!” Ele declarou.

 

“O que é bom?” Eu estava perdida já em seus olhos.

 

“Que você me enlouqueça… Agora sei que é recíproco.”

 

“Ah…” Reagi debilmente. “Você não me respondeu, isso é possível em tão pouco tempo?”

 

“Bella há pessoas que dizem que isso é impossível, outras que dizem ser muito possível. Eu não entendo bem, mas hoje estou com as que acreditam fielmente na possibilidade.”

 

Ele tombou o seu corpo para o lado e passou o braço por cima de minha cabeça. Pegou em minha orelha e ficou brincando com ela. Eu me virei e me aconcheguei em seu peito novamente. Pude ouvir com clareza seu coração batendo forte e rápido.

 

“Concordo.” Falei depois de um tempo.

 

“O que?”

 

“Hoje eu também estou no time dos que acreditam.” Rimos juntos. Ficamos quietos olhando a chuva que começava a cair fininha. No reflexo da parede de vidro nos olhávamos e sorriamos. Era muito surreal aquilo. Ele brincava com minha orelha e cabelos e eu fazia carinho em seu rosto.

 

“Pinica?”

 

“O que? A barba?”

 

“É…”

 

“Não… eu até que gosto da sensação.” Senti seu sorriso se espalhar no rosto. Olhei para seu reflexo na parede e seu sorriso ia de orelha a orelha. Olhei para a chuva que começava a cair mais forte.

 

“Que hora é agora Ediota?” Ele riu. Parecia gostar daquele apelido!

 

“Hahaha só um pouquinho que eu não sei…” Ele se esticou e pegou o meu celular. “São…AI MERDA 10:00 horas! TEMOS QUE LEVANTAR, E RÁPIDO MOSNTRENGA!” Eu tinha medo dessa palavra: levantar. Ele saltou da cama. Eu fiquei estática olhando para ele que me olhou ainda sentada, apoiada em uma mão.

 

“O que foi Bella?!”

 

“Eu… estou com medo.” Falei. Era a mais pura verdade. Ele veio até mim e se sentou na minha frente.

 

 


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Notas finais do capítulo

Genteee para tudo! Por esse beijo vocês nao esperavam né? Ohn e agora o que será que vai acontecer? hahahahaha Gurias, agora acho que só vou poder postar na segunda... sabe como é... pascoa, familia, ficar fazendo sala... Nada de mais. :x Então aproveitem bem esse capítulo lindo e comentem muito! E para quem ainda não votou em WAKING UP, dá uma ajudinha e vota lá!
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Beijos e adoro vocês! Grasi Ribas.