Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 20
Capítulo 13 - NEW ORLEANS


Notas iniciais do capítulo

Este é oum capitulo especial para mim. Espero que gostem!



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Narração: Bella Swan.

 

            “Você?” Ela perguntou com desprezo. Antes que eu pudesse dar um passo para dentro, Charlie chegou à porta correndo.

           

“Bells meu amor! Quanta saudade!” Carinhosamente me abraçou. Era tão bom sentir esse tipo de carinho de Charlie.

 

“Senti sua falta também pai!”

 

“Ridículos…” Ouvi Renée falar. Abri meus olhos e ela estava dando as costas. Lembrei a mim mesma: Bem vinda ao inferno. Me soltei de Charlie e o fitei preocupada, ele não mudou sua expressão de felicidade. Era bom saber que pela parte de alguém eu era bem vinda ali.

 

“Então, vai nos convidar para entrar?” Disse apontando com a cabeça para Edward que estava para o lado, somente assistindo a cena. Não gostei da cara que ele fez ao ver Edward, ele parecia um tanto… incrédulo.

 

“Bells essa é sua casa! Não precisa de convite! Mas entrem…” Charlie ajudou a pegar as bagagens e por para dentro de casa. Parecia que estava tendo um dejavu inverso. Um dia saí de New Orleans para me livrar de um problema, agora deixava Forks para tentar resolver esse mesmo problema.

 

Olhei ao meu redor e vi que a casa era a mesma. Exceto pelo fato que não existia mais os porta-retratos meus e de Joshua pelas paredes. Caminhamos pelo corredor até chegarmos à grande sala. Televisão, mesa de centro, fotos… nada. Não havia nada do que eu me lembrava. Parecia que uma nuvem pesada e negra cobria aquela casa, como se fosse um manto a vestindo. O cheiro era de umidade, notei as janelas fechadas e me questionei a quanto tempo que essa casa não era aberta. No tempo em que eu morava aqui sempre estava fechada. Já era noite e não era hora fazê-lo, mas no dia seguinte eu colocaria um pouco de sol para dentro daquele local.

 

“Sentem-se, vocês devem estar cansados da viagem…” Meu pai fez sinal para nos sentarmos.

 

“Estamos mesmo… er… pai esse é Edward.” O apresentei antes de sentarmos. Eles se apertaram as mãos.

 

“Muito, muito prazer garoto. E então como vai sua família?” Charlie tinha os olhos cerrados em uma fenda. Podia sentir um toque ácido em suas palavras. Eu estava tensa com aquela situação, contar a Charlie era a primeira coisa que queria fazer. Ele já ficara muito tempo longe da verdade e acreditava que aquilo não podia mais ser prolongado. Meu coração ficava pequeno a cada troca de olhares que meu pai e meu namorado tinham.

 

“É um prazer Senhor. A família está bem, todos mandam lembranças.” Puxei Edward para o sofá. Em um gesto involuntário sentei-me ao lado de Edward, com a proximidade natural que tínhamos. Charlie abriu mais os olhos. Ele não era burro. Mas a questão é que estava me sentindo uma intrusa dentro de minha casa. Sem dúvida aquele não era mais meu lugar.

 

Começamos a nos envolver com assuntos banais, Edward mais parecia uma pedra ao meu lado, também não me mexia muito, por uma questão que se eu o fizesse acabaria por tocar demais o Ediota e não era assim que eu queria que Charlie identificasse meu namoro com Edward. Ainda assim sempre que trocava um olhar com Edward pedindo por um abraço ou qualquer outro carinho ele fazia sem medo.

 

Renée chegou à sala e sentou-se a minha frente, seus olhos me fuzilavam, queimavam e ardiam de raiva, ela não declarou uma palavra. Eu já estava mal, mas as coisas pioravam a cada segundo. O empuxo me levava. Meus ouvidos já começavam a não registrar tudo o que me era dito e meus olhos ficavam desfocados olhando para aquela mulher que tinha como mãe. Ouvia Charlie falar e falar, mas nada era claro para mim, só sentia a dor de estar ali, a dor de não ter Joshua e carregar o fardo de ser a imagem que lembra a Renée que ele está morto. Minhas respostas eram mecânicas, só me concentrava em não chorar. Eu queria correr e fugir, gritaria se fosse necessário, mas queria que alguém me puxasse de volta.

 

“Bella… Bella? Está ouvindo seu pai?” Edward sacudia meu joelho.

 

“Ãhm? Ah desculpe pai… o que você falava mesmo?”

 

“Você está com fome? Vou pedir para Luzia preparar o jantar se você quiser comer agora…”

 

“Eu acho que prefiro um banho antes, se vocês não se importam.” Eu e Edward subimos para os quartos. Como eu já sabia, ele ficaria no quarto de hóspedes no fim do corredor, bem longe de mim.

 

Arrastei minha mala até o final do corredor sem vontade nenhuma, parei antes de entrar, respirei fundo e olhei para Edward que estava no final do corredor olhando para mim. Somente movendo seus lábios, não emitiu som algum ao declarar:

 

“Eu te amo Monstrenga.” Sorri para ele imitando sua fala muda.

 

“Eu te amo Ediota.” Respirei fundo entrando no quarto de olhos fechados. Assim que fechei a porta os abri. Uma explosão de lembranças, boas e ruins atingiram minha visão. Cada momento que havia passado ali, desde a alegria das manhãs em que Josh vinha me acordar para irmos à escola, passando pela dor de sua morte, e o momento mais fraco e crucial de minha vida meses atrás. E eu cedi a toda dor que tentava evitar. Se fosse pra sofrer sofreria sozinha, longe dos olhos alheios, longe de braços carinhosos ou palavras que me colocariam mais no fundo ainda. Sofreria naquele instante tudo o que tinha que sofrer e depois eu seguiria assim como Joshua me pedira em meu sonho. Eu apenas seguiria.

 

O ambiente era igual ao que eu tinha deixado. As pilhas de livros exatamente na mesma posição. A mesma roupa de cama. O caderno da antiga escola jogado aberto sobre a escrivaninha junto com duas canetas coloridas. Um par de chinelos em cima do tapete que ficava frente à cama. Um copo vazio de água. Minha camisola azul de seda pendurada sobre o apoio da cadeira. Meus CDs ao lado do rádio e uma de minhas fotos preferidas com Joshua no criado mudo. Não neguei o choro. Fui até minha cama e agarrei-me ao travesseiro enquanto chorava. Fiquei por longos minutos. Não era um choro desesperado. Era tudo tão nostálgico, mesmo com lembranças tristes, eu chorava por estar com saudade de casa, mesmo ciente de que ali já não me pertencia.

 

Uma batida leve na porta me fez saltar na cama secando rápido minhas lágrimas.

 

“Sim?”

 

“Isa! Só para avisar que o jantar já está pronto…” Luzia, ela era a única pessoa no mundo que me chamava assim, ela dizia que era a cultura mexicana. Não abri a porta, apenas comecei a pegar minhas coisas de dentro da mala para tomar um banho rápido.

 

“Ah Luzia! Já estou descendo, diga que em dez minutos estarei lá em baixo! E vou te dar um abraço muito apertado!”

 

“Está certo menina… estarei esperando pelo seu abraço!” Ela falava contente atrás da porta.

 

Corri para o banho, assim que terminei me vesti o mais rápido que pude. Esperava que Edward não estivesse sozinho com Charlie. Enquanto me vestia lhe enviei uma mensagem.

 

[Para: Ediotinha]

 

Onde você está?

Espero que longe de Charlie.

B.

 

[De: Monstrenga às 21h17min]

 

Vesti uma calça confortável e um casaco leve, e esperei por sua resposta.

 

[Para: Monstrenga]

 

Ainda estou no quarto.

Quero descer com você.

Vamos contar hoje?

E.

 

[De: Ediotinha às 21h20min]

 

Eu estava irredutível em minha decisão. Nós iríamos contar ainda naquela noite.

 

[Para: Ediotinha]

 

Sim. Acho que ele não vai ficar feliz.

Estou saindo.

B.

 

[De: Monstrenga às 21h21min]

              

Uma coisa que me assustava em Renée era seu silêncio. Ela tinha dito uma ou duas palavras desde que eu tinha chego, e isso não estava certo. Eu sabia que ela estava no seu limite comigo ali dentro, não tinha um pingo de dúvida de que meu pai não havia dito que estaria em casa naquela semana. Ela iria explodir, e a única coisa que eu podia fazer era preparar meu psicológico para ouvir seus xingamentos e tentar ficar forte o suficiente para me defender. Relutante, saí de meu quarto. Munida de um pouco de coragem para enfrentar as feras e uma miséria de amor próprio. Eu sabia que havia um milhão de possibilidades quanto às reações de Charlie quando se dizia em relação ao meu namoro com Edward, e a menor delas era que ele aceitasse bem.

 

            “Sorria Isabella. Não a deixe ver que a dor está te dominando.” Edward pediu quando me encontrou na ponta da escada. Olhei atônita para ele. Eu estava deixando tão transparente assim? A confusão passou por meus olhos.

 

            “Seus olhos estão inchados. Eu sei que estava chorando e que estar aqui te afeta.” Ele abraçou meus ombros. “Te conheço melhor do que você imagina!” Beijou meus cabelos e sorriu para mim.

 

            “Obrigada, sei que isso não é fácil para você também.” Descemos as escadas ainda abraçados. Assim que vi Luzia a cumprimentei e lhe abracei como tinha prometido. Ela havia sido mais minha mãe do que a própria Renée em toda minha vida. Tentei ao máximo sorrir e rir nos momentos que eram cabíveis.

 

            “Renée não vem jantar junto pai?” Questionei assim que nos sentamos. Charlie e Edward mais calados do que nunca. Essa mudez me incomodava muito mais que qualquer grito. Sinceramente, aquele era um dos momentos em que preferia todas as tempestades, raios e trovões a poucas palavras e instantes de tranqüilidade.

 

            “Não sei. Ela nunca vem… você quer a chamar?” Ele perguntou irônico.

 

            “Não, eu não quero.” Respondi seca. Por que ele estava tão ríspido? Achei que estaria feliz por eu estar ali. Comecei a comer com raiva. Os grãos de ervilha estavam sofrendo comigo. A porcelana apanhava dos talheres. Eu sentia uma pressão na minha cabeça, olhei para os dois que não tiravam os olhos do prato de comida. Certamente, refeições sempre eram os momentos que definiam novos rumos a minha vida. Eu agüentei por longos dez minutos aquele silêncio até que desisti e joguei os talheres sonoramente sobre meu prato em um estado profundo de ira. Os dois pularam em suas cadeiras. Frouxos.

 

            “Charlie. Gostou de Edward?” Fiz uma pergunta direta, queria respostas diretas.

                                              

            “Até o momento não tenho nada contra ele.”

 

            “Eu não perguntei isso… responda a minha pergunta.”

 

            “Isabella eu ainda sou seu pai! Não fale assim comigo mocinha!”

 

            “MOCINHA? Chega! Chega mesmo!” Olhei para o Ediota. “Edward e você? Seja mais claro que o General. Gostou de Charlie?”

 

            “Sim.”

 

            “MESMO? Então por que diabos vocês não se olham nos olhos?”

 

            “Ahm… não sei.” Ele coçou a nuca.

 

            “Não sabe Edward? Eu vou dizer o porquê, e isso é para os dois: porque vocês são dois frouxos! Eu que estou quebrada por dentro estou lutando contra a dor e estou aqui tentando superar e enfrentar aquela mulher que me odeia! E vocês? O que vocês fazem? Fingem que não há nada para ser dito… Edward você está ao meu lado e sempre diz que vai me apoiar. Acho bom lembrar-se disso agora. Charlie esperava que você fosse um pouco menos irônico comigo depois de tantos meses sem me ver! Pai, você sabe o porquê eu estou falando isso, não sabe? Sabe por que eu quero saber se gosta de Edward?” Eles ouviam mudos, com atenção e de boca aberta.

 

            “Desconfio, mas quero ouvir de você.” Era típico de Charlie, nunca acusava sem antes saber a versão das pessoas envolvidas. Respirei fundo. Estava certo. Não tinha medo daquele momento. Eu estava preparada para essa conversa. Seja firme, lembrava a mim mesma.

 

            “Estou namorando Edward.”

           

            “E isso não vai mudar.” Edward complementou.

 

            Esperei. Charlie não se movia. Seu olhar tinha se perdido no quadro que ficava frente à mesa da sala de jantar. Edward revezava olhares entre mim e meu pai. Eu só ergui uma mão pedindo para que ele ficasse calmo enquanto assistia meu pai ficar de todas as cores possíveis. Ele era forte, ele resistiria, mas tinha a forte sensação de que ele não faria a menor força para aceitar aquela minha nova – para ele – condição.

           

            “Bom… o que vocês esperam que eu diga? Que por mim está tudo bem? Que um marmanjo do tamanho dele pode se agarrar a você a qualquer momento que eu estarei feliz? Querem que lhes dêem a benção?”

 

            “Não pai. Não quero que você nos diga isso! Até porque não é isso que você sente, mas no mínimo espero que respeite as minhas escolhas.”

 

            “Isabella, se eu fosse respeitar suas escolhas tinha deixado você ter se matado naquele dia.” Seu comentário doeu mais que mil agulhas sendo espetadas em meu coração.

 

            “VOCÊ É LOUCO?” Edward gritou com Charlie. Me assustei com aquilo.

 

            “Não fale assim garoto… você não sabe com quem lida!” Charlie meteu o dedo na cara do Ediota.

 

            “Sei muito bem! Você escutou o que acabou de dizer? ISSO É ALGO TOTALMENTE DIFERENTE! Não é de vida ou de morte o caso… É sobre os sentimentos de Bella! Sobre o que ela quer para ela, o que ela quer ter na VIDA. Quando você a salvou naquela noite não pensou sobre respeitar as escolhas dela! Você é o pai e fez o certo. Então, não jogue isso na cara dela… tenho certeza que isso é tudo que ela menos precisa!” Nunca, nunca mesmo, em nenhum outro momento desde que estava com Edward tinha o visto me defender com tamanha dedicação.

 

            Charlie se manteve quieto enquanto Edward falava.

 

            “Não acredito que você está tentando me dizer como proceder nessa situação… COM A MINHA FILHA EU ME ENTENDO!” Meu pai declarou com raiva, trincando as mandíbulas, furioso com Edward.

 

            “Pai isso não tem só a ver comigo! E você não está sendo nem um pouco tolerante. Sem falar que você não tem o direito de tentar me impedir!”

 

            “EU NÃO VOU TENTAR. VOCÊ ESTÁ IMPEDIDA DE NAMORAR ELE!”

 

            “Ah que saudade de Carlisle!” Disse em um resmungo.

             

            “Saudade de Carlisle? ELE NÃO É SEU PAI!” Ele se levantou e deu um soco na mesa. Não me intimidava com aquilo, me levantei e o encarei.

 

            “Ah sim ele não é meu pai, MAS O MEU PAI ESTÁ SENDO IRÔNICO E SEM CORAÇÃO! E NÃO ESTÁ NEM UM POUCO INTERESSADO EM SABER DE MIM! NEM PARECE QUE ESTÁ TANTO TEMPO LONGE!” Charlie ficou pálido. Seus olhos se arregalaram, achei que ele estava morrendo. Temi por ele. Algum tempo passou e agora quem revezava olhares era eu. Edward, nitidamente, apreensivo com a situação; Charlie processando as informações e, certamente, tentando encontrar um ponto de equilíbrio.  

 

Com meu pai não dá para perder a paciência, quando ele precisa pensar, devemos aguardar até que ele saia de suas idéias. Eu e Edward aguardamos, ele meio impaciente, mas antes que pudesse dizer uma palavra sequer já pedi para se calar. Era simples o processo com Charlie, ou você esperava ou não conseguiria nada!

 

“Pois bem…” Respirei um tanto quanto aliviada quando ele se pronunciou. “Eu não gosto da idéia. Não mesmo. Mas já vi que não posso impedi-la. Você é teimosa, mas sabe o que é melhor para você. Já é grande o suficiente para assumir suas culpas e responsabilidades. Só espero que você não sofra Isabella. E guri, EU QUERO ACREDITAR que você não irá magoá-la. Quero respeito enquanto vocês estiverem aqui dentro desta casa. E adianto que não me agrada e não vou mudar meu pensamento sobre esse namorico: EU NÃO GOSTO, EU NÃO QUERO, EU NÃO ACEITAREI. Porém, você é quem decide se vai continuar com isso… Eu realmente quero crer que não é por causa dele que você está bem… você nunca foi uma garota que precisou de meninos ao seu redor para estar bem, não entendo por que isso agora seria diferente! Se comportar assim não condiz com a sua personalidade Isabella” Estava tudo muito bem em seu discurso, tirando sua última frase, que fora dita de maneira debochada, me causando certa ofensa.

 

“Eu já escolhi, e como Edward disse isso não vai mudar. E se engana você quando diz que nunca fui uma garota que precisa de meninos a minha volta para estar bem… eu preciso de PESSOAS que me fazem bem, sejam meninos ou meninas. E uma dessas pessoas você mandou para a Guerra. Não vou permitir que você tire Edward de mim também Charlie.” Ele arqueou as sobrancelhas e bufou nervoso.

 

“Bom você quem sabe… mas um dia espero que mude esse seu pensamento sobre Joshua… e tenham uma boa noite.” Calado, subiu as escadas batendo os pés como uma criança birrenta.

 

“Uhm… eu acho… assim, só uma leve impressão mesmo, que ele não gostou…” Edward falava como se estivesse inseguro quanto à informação. Eu tive que rir.

 

“Você acha? Que modesto! Ele não gostou nem um pouco, mas vai nos deixar viver isso.” Disse enquanto me sentava em seu colo em seguida enlaçando seu pescoço.

 

“Eu espero que sim… você quer comer ainda?” Ele deu início a aquele carinho em meus cabelos que eu tanto amava.

 

“Não mesmo… Edward que desastre! Que desastre… mas isso não foi nada! Tenho certeza!”

 

“Por que você pensa assim?”

 

“Renée está quieta demais. Isso não é normal, pode acreditar… só me resta esperar pela explosão.”

 

“Não, eu não vou a deixar fazer nada contra você!”

 

“Você não a conhece Ediota, ela não tem limites.”

 

“Que bom que você lembra de mim Isabella!” Ela me assustou. Saltei do colo de Edward.

 

“Uhm” Gemi. “O que você quer?”

 

“Que você suma.” Obrigada mãe. Respirei tentando não desabar. Charlie, Renée… o que seria do dia seguinte?

 

“Ah só isso? Sinto informar, mas NÃO. Ela não vai a lugar nenhum.”

 

“Você é o garoto que desligou na minha cara não é?”

 

“Não, não, eu sou o HOMEM que quebrou um telefone na sua cara.”

 

“Pois bem, eu não quero você e nem essa garota aqui dentro da MINHA casa.”

 

“A casa é de Charlie. E você não vai conseguir fazer o que sempre fez comigo. Não hoje, não agora. Vamos Edward.” Peguei em sua mão e o levei para cima. Eu podia estar tentando disfarçar, mas eu estava destruída por dentro. Charlie não apoiava em nada meu relacionamento com Edward, não fazia a mínima força de entender que eu estava feliz. Pelo contrário, ele não se importava com minhas vontades e ainda fazia questão de apontar meu pior erro. Por mais que ele quisesse meu bem e me amasse, eu ainda não tinha o perdoado por Joshua.

 

“Tranque bem a porta de seu quarto Ediota. Se precisar de qualquer coisa, me chame.”

 

“Pode deixar. Não sei como vou conseguir passar a noite sem você… Vai ficar bem Monstrenguinha?”

 

“Ah é tanto amor e felicidade a minha volta que não tem como NÃO FICAR bem.” Disse virando os olhos. Ironia era a melhor forma de não chorar… não ainda.

 

“Bella… não é assim. Você tem que se manter firme. Ele não aceita? Não importa, a gente vai manter o que temos. Ela não nos quer aqui? Não interessa, ela vai ter que agüentar, nós logo iremos embora.” Ele me puxou em um abraço, me acomodei em seu peito.

 

“Me diz o que eu vim fazer aqui mesmo?”

 

“Veio enfrentar os leões. Bater de frente com sua m… com Renée. Esclarecer nossa situação para Charlie. E principalmente, SUPERAR… para superar essa dor.”

 

“Ok. Obrigada por me lembrar… vai sobreviver sem mim essa noite?!”

 

“Não. Só vou voltar a respirar pela manhã. Vai sobreviver sem mim essa noite?!” Eu ri baixinho olhando para ele.

 

“Não. Você está com o meu coração. Não há como sobreviver.” Pisquei com um olho só. Ele sorriu para mim. “Boa noite meu amor.” Lhe beijei os lábios rapidamente.

 

“Boa noite minha Bella.” Ele também me beijou da mesma maneira e beijou de novo e de novo. Dei um tapinha em seu ombro.

 

“Não me provoque garoto. Posso não resistir.”

 

“Não seria má idéia.”

 

“Sim… ai você conta até 3 e depois meu pai te mata! Ele tem licença para isso!” Ele arregalou os olhos. “Vá… eu preciso descansar.”

 

Segui para o lado oposto lutando contra a força que me impelia em direção ao Ediota. Entrei em meu quarto e respirei o mais fundo que eu podia. Lembrando a mim mesma os motivos que me traziam ali.

 

Supere Isabella, supere Isabella, supere Isabella! Repetia uma espécie de mantra mentalmente.

 

Fiz um leve balanço da minha pequena parte de dia em New Orleans. Cheguei a uma conclusão nada boa: As coisas estavam longe de melhorar.

 

Arrastei-me pelo meu quarto e decidi que ligaria uma música. Era bom pra aliviar a tensão. E eu sabia que a música me alegraria. Se Charlie ouvisse o alegraria também. Renée certamente não gostaria, mas não estava me importando. Eu queria estar um pouco melhor comigo mesma. Tirei minha roupa, a trocando pela minha peça preferida de toda minha vida: a camisola azul de seda. Era tão delicioso o toque suave sobre a pele. Podia usá-la sem medo de ter frio. Cantarolei a música junto para ver se a tristeza diminuía um pouco. Era alegre e suave. Do tipo de canção que faz nos ter esperanças.

 

Por alguns instantes eu me senti bem e o sono veio, simplesmente me dei a liberdade de relaxar. Sem lágrimas ou dor, consegui ter uma noite sem pesadelos e não tão tensa como achei que teria. Só passei um pouco de frio, apesar de ser uma noite quente.

 

Pela manhã parecia que eu estava em um sonho. Acordar em meu antigo quarto era algo surreal para mim. Achei que nunca mais colocaria meus pés ali. Sabia que o dia seria longo. Eu teria apenas três dias para por a casa e meus sentimentos em ordem. Sentaria e conversaria com Charlie. Se fosse preciso amarraria Renée e colocaria todos os sentimentos, bons e ruins, para fora. Eu ficaria livre de mágoas e faria o possível para que Charlie tivesse uma vida razoavelmente boa, sozinho. Sim, sozinho, pois Renée não era companhia. Se ela melhorasse dessa paranóia em que caiu talvez ela fosse uma boa companhia para ele, mas tinha certeza que isso demoraria muito tempo para acontecer.

 

Sentei-me na cama um tanto quanto preguiçosa, deixando minhas pernas penduradas para o lado de fora. Estava friozinho. Olhei no relógio e eram 07h42min da manhã. O sol ainda não batia na casa nesse horário, mas logo o frio se dissiparia. Olhei pelas cortinas entreabertas, finas e beges, estava um dia claro e as árvores do outro lado da rua estavam coloridas de um verde esmeralda. Perdi meu olhar admirando as folhas se mexerem nos galhos. Me enrolei na colcha ainda quente e peguei meu celular na mesinha.

 

[Para: Ediotinha]

 

Bom dia dorminhoco!

Acorde e me encontre.

Você tem dez minutos.

Te vejo no corredor.

B.

 

[De: Monstrenga às 07h49min]

 

Puxei o ar para meus pulmões de forma profunda e calma o liberando pela boca logo em seguida. Repeti o exercício de respiração que Rosalie havia me ensinado com um único propósito naquele instante: tomar coragem. Decidi que era hora de me mover. Era hora de começar o que eu tinha ido fazer. A noite que passara não havia sido nada, nem uma pequena amostra das coisas que eu enfrentaria. Não desistiria de convencer Charlie sobre meu namoro. Eu mostraria a ele que o Ediota não é um idiota, e que eu o amo. E com Renée… bom esse era um assunto um tanto quanto mais delicado.

 

Narração: Edward Cullen.

 

Tinha sido uma longa noite. Tensa e mal dormida. As acomodações eram boas, e o quarto em si confortável, mas não era esse o problema. O problema era Bella. Não que ela fosse um problema, mas tinha medo que essa história de ela vir para cá não acabasse de uma maneira muito boa para ela. A mãe dela não era fácil, mas até o momento quem tinha se demonstrado um tanto quanto insensível fora o General. Podia sentir a raiva dele quando me viu, tive certeza que não me imaginava assim como eu sou.

 

Em nenhum momento eu fiquei desconfortável ao lado da Monstrenga, me sentei perto dela, a abracei, fiz afagos, exatamente como agiria se estivesse em minha própria casa. Era certo que ele perceberia que não éramos meros amigos, porém sua reação à notícia de nosso namoro me pegou de surpresa. Porque ainda me lembro das palavras dele dizendo que ela nunca sequer tinha tido um namorado e que Bella ainda tinha muita coisa para viver. Mas ele não demonstrava esse mesmo sentimento agora. Eu iria deixar claro para ele que não faria mais aquela palhaçada de ficar passando informações sobre Isabella. Isso era errado e inútil, a única coisa que destrói ela efetivamente está a quilômetros de distância: a própria família.

 

Acordei pela manhã com o barulhinho chato de meu celular avisando que tinha recebido uma nova mensagem. Passei as mãos nos olhos para tentar ver melhor. Era de Bella. Ri com sua mensagem me chamando de dorminhoco, mal ela sabia que não tinha dormido quase nada, era tão cedo, queria dormir um pouco mais. Até pensei em ficar mais na cama, porém lembrei-me que a minha Monstrenga esperava por mim. Saltei da cama, indo direto ao banheiro para escovar os dentes e dar um jeito no meu rosto amassado. Sentia um vazio enorme em meu peito, acho que ficar longe dela não me fazia bem. Isso era um vício, esse sentimento que tínhamos com relação ao outro, não conseguíamos ficar longe, mas tentei me convencer que eu não estava tendo uma crise de abstinência de Bella e logo a encontraria no corredor sorrindo linda para mim.

 

Coloquei um jeans e uma camiseta, o clima de New Orleans era bem agradável. Quente e não tão seco. Era bom não ter que usar todos aqueles casacos e capas de chuva. Em dez minutos eu estava abrindo a porta do quarto e pronto para ver a minha Monstrenga. Quando virei para o corredor dei de cara com Renée.

 

“O que você quer?” Perguntei assustado.

 

“Não… o que VOCÊ quer aqui? Já não basta essa idiota ter voltado pra atormentar a minha cabeça… você vem de intruso também? Eu já disse, não quero nenhum de vocês dois aqui dentro. VOCÊ veio para me fazer lembrar o Joshua não foi? Todo lindo, sorridente, esperto e vivo! Ela não tem personalidade mesmo! Ela não podia encontrar um namoradinho medíocre que não lembrasse tanto o próprio irmão?” O que ela estava dizendo? Eu já tinha visto fotos de Joshua, Bella havia me contado como ele era de personalidade e eu não tinha nada parecido com ele.

 

“Ela quer que eu sofra, ela não tem coração. Garotinha infeliz, por que… me diga… por que não foi ela a morrer? Eu vou acabar com ela! Ela que não durma! Ela que suma daqui! Ou eu acabo com vocês dois em um piscar de olhos! Eu quero que ela morra! Me entendeu? E você junto!” Ela pegou em minha camiseta, me segurando e olhando firme. Eu não tive dúvida que ela era doida. Eu não tinha nada a ver com Renée, não precisava ficar segurando minha raiva. Ela não podia falar de Isabella para mim desse jeito. Ela não tinha o direito de falar para mim que queria a própria filha morta. Com a mesma fúria controlada que ela tinha na voz, a respondi.

 

“Não, ela não quer que você sofra. Ela só quer estar livre de você e suas loucuras. Você que a faz sofrer. Você que a puxa para baixo. Você que a odeia. Você que a destrói. Você que emperra a vida das pessoas ao seu redor. Você consome as pessoas com sua mágoa e tristeza. E uma novidade para você Renée: ninguém tem culpa que Joshua está morto! ELE. JÁ. ESTÁ. MORTO. E isso não vai mudar. Você entende isso sua louca?” Arranquei as suas mãos de mim e a segurei nos ombros e a chacoalhei. “Entende que ele não vai voltar? Entende que Isabella não vai morrer tão cedo? Entende que EU não vou deixar que você acabe com o pouco de felicidade que ela tem? Entende que para mim você não é nada e não vou hesitar em chamar o pessoal do hospício caso você a machuque? Sim, porque eu sei que você gosta de agredir as pessoas… Você pode tentar machucar Charlie, mas não Isabella.” Ela tinha os seus olhos azuis bem abertos para mim. Assustada. Eu não tinha medo de suas ameaças. Soltei seus ombros e respirei fundo.

 

“Você é doente mulher.” Saindo de sua frente dei de cara com uma Isabella de feições torturadas ao fim do corredor, enrolada em uma colcha, com lágrimas nos olhos e mordendo o dedão. Ela sofria e provavelmente tinha sido eu a causar isso. Fui até ela me sentindo um estúpido.

 

“Me desculpe, Bella? Não sei o que ouviu…” Comecei a falar e ela caiu no choro como um bebê desesperado abraçando-me pela cintura. A envolvi da mesma forma que tinha sido envolvido e fiz o que eu poderia fazer naquele instante: a deixei chorar e lhe fiz o carinho que mais lhe acalmava. Ainda sentia a presença pesada de Renée em nossas costas.

 

Fiquei por longos minutos deslizando minha mão por seus cabelos até ela dar sinais que pararia de chorar. Agora eu entendia, e bem, quando ela dizia que a mãe a queria ver morta. No início, sempre pensei que ela se referia àquilo como uma metáfora ou algo do gênero, mas hoje via que não. Renée não queria mesmo ver Bella respirando, queria ela morta assim como Joshua. Eu não conseguia entender como podia uma mãe ter um sentimento assim pela filha…

 

Quantas vezes Bella ouviu da boca da própria mãe que ela deveria estar morta? Essa pergunta não saia de meu pensamento.

 

Com certeza não haviam sido poucas. Eu começava a me sentir até um pouco mais perto de Bella estando ali, começava a entender – muito mais do que eu já entendia – as suas inseguranças e medos.

 

“Edward… ela não tem o direito de te ameaçar! Ela não pode fazer esse terrorismo todo contra você!” Secava as lágrimas na colcha com força. Aquilo maltratava sua pele. Passei meus dedos calmamente por sua face, terminando a tarefa de deixar seu rosto seco e beijei seus olhos.

 

“Isabella, ela não tem o direito de fazer isso com você! Comigo é uma forma de te atingir. Assim como o casal J & J te atormenta querendo me acertar. Eu vou te defender. Amor, por favor, não deixe ela te puxar pelos pés!” Segurava seu rosto junto ao meu e mantive nossos olhares unidos.

 

“Ela… me quer… morta. Isso machuca fundo Edward.”

 

“Mas eu te quero viva! Charlie te quer viva! Alice, Amber, Jazz, Emm, Rosalie, meus pais… todos querem você viva! Isso não te machuca, não é?” Ela sorriu, respirei aliviado.

 

“Não machuca não…”

 

“Viu só? Ache forças naqueles que te querem bem.”

 

“Só espero que não tenha sido você que a fez chorar garoto.” A voz grossa do General ecoou no ambiente, vindo da escada. Nós nos assustamos.

 

“Claro que não foi ele pai… foi a mã… Renée.” Ela relutava em não chamar a mãe de mãe. Sempre estava se policiando e se corrigindo.

 

“E o que ela fez?” Ele permanecia na ponta da escada com os braços cruzados e uma carranca de mandão. Ele e a Monstrenga eram idênticos.

 

“Pergunte a ela…” Bella fez sinal com a cabeça para trás de nós. Virei meu corpo no mesmo momento em que Charlie se curvou para olhar. Renée se mantinha ali, assistindo tudo, não dando nenhuma privacidade a nenhum de nós. Mas era bom, assim ela via o quanto Bella era querida por muita gente.

 

“Renée, saia daqui! Deixe a minha menina em paz!”

 

“EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM CHARLIE! ELA QUE SAIA! PORQUE VOCÊ NÃO DEIXOU ELA SE ACABAR NAQUELA NOITE ÃHN? AGORA EU TENHO QUE VER ELA TODA CONTENTE, VIVENDO A VIDA DELA ENQUANTO O MEU MENINO ESTÁ MORTO! MORTO! ISABELLA EU JÁ TE DISSE UMA VEZ E REPITO: TEM UMA CORDA NO SOTÃO E UMA BANQUETA NA COZINHA! VOU ADORAR VER VOCÊ SE MATAR!” Aquilo era demais para mim, ouvir a todas aquelas coisas era repugnante.

 

“CHEGA!” Isabella gritou e correu em direção a Renée. “VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ME JOGAR NESSE BURACO!” Tentei segurar Bella, mas quando vi ela voou em cima de Renée a jogando na parede. “EU TENHO VONTADE DE BATER EM VOCÊ RENÉE! MAS EU AINDA, EU DISSE AINDA, TENHO ALGUM RESPEITO POR VOCÊ! DESGRAÇA! VOCÊ É A MÃE AQUI! VOCÊ DEVERIA ESTAR ME PROTEGENDO E ME AMANDO! MAS VEJO QUE ISSO NUNCA FOI POSSÍVEL E NUNCA SERÁ!”

 

“ISABELLA SOLTA ELA!” Charlie puxava a Monstrenga.

 

“DEIXA SEU IMBECIL! DEIXA! ASSIM VOCÊ CONHECE A SUA MENINA E VÊ COMO ELA É BONDOSA E DOCE!” Renée empurrou Bella de volta que bateu com a cabeça na parede e caiu. Charlie segurou a esposa no momento em que ela começaria a bater em Bella. Eu peguei Bella e a tirei dali a levando para o andar de baixo. Só consegui ouvir os gritos dos dois. Renée falava coisas desconexas e Charlie mandava ela se lembrar do porque que ela sofria tanto. Levei Bella para a cozinha e preparei uma água com açúcar para ela se acalmar. Ela se mantinha quieta, mas seu olhar era de completo desespero. Ela tentou se levantar e sair dali. Eu a fiz sentar-se novamente e tentei segurá-la na cadeira, ela se debateu e me bateu, até que escapou de mim mais uma vez.

 

“Me deixa Edward! Eu não quero mais ficar aqui! Me deixa!”

 

“Sossega Bella! Sossega!” Ela continuou me batendo, tentando se livrar de meus braços que a seguravam. “Ai ai ai! Bella! Pára de me bater! CALMA!” Tive que usar um pouco de força para ela se aquietar. Segurei firme em seus punhos e a puxei de volta a cadeira na cozinha. “SE. ACALMA. POR FAVOR?!” Coloquei o copo na cara dela. “Bebe isso agora! Respira Bella!” Ela bebeu tudo em um gole só.

 

“Vou pegar gelo para por na sua cabeça. Vai ficar sentada?” Ela assentiu com a cabeça. Peguei um saco plástico coloquei umas cinco pedras de gelo e enrolei em uma toalha.

 

“Edward… aiii” Eu colocava o gelo em sua cabeça. Sua voz era tremida e baixa. “Que tipo de monstro eu sou? Eu quase bati nela!” E mais uma vez ela estava chorando.

 

“De onde você tira essas idéias absurdas Bella? Ela tiraria a paciência de qualquer pessoa! Ainda acho que você tem o coração mole demais com ela! Você não é um monstro… ela que é! Sua cabeça está doendo muito?”

 

“Uhm… um pouco só. Ediota, ela é minha…” Ela suspirou. “Mãe. Eu não posso me virar contra ela do jeito que eu fiz!”

 

“E ela não pode fazer as coisas que faz contra você. E ainda assim ela continua. Não estou dizendo que você fez certo e que é para continuar com isso, mas não quero que você se sinta culpada por ter explodido diante das loucuras dela! Bella ela fez de novo! Ela está fazendo! Você não percebe? Não vê que ela disse para você tentar se matar novamente? Isso não só machuca a você, mas a mim e a Charlie também! E ver você se culpando só torna a situação pior para todos nós.”

 

“Você está certo… não vou mais me culpar, ou tentar ao menos.” Ela secou as lágrimas, respirou fundo e sorriu. “Tem sol lá fora?” Olhei para janela.

 

“Amor, o sol sempre brilha para quem quer vê-lo.”

 

Narração: Bella Swan.

 

Com o pacote de gelo ainda depositado em minha cabeça, me levantei e fui atrás de Luzia. Edward estava junto de mim. Demorou um pouco para Charlie aparecer em minha frente. Eu e Luzia colocávamos a louça que eu e Edward usaríamos para o café da manhã e ele estava fazendo panquecas no fogão.

 

“Como você está filha?”

 

“Ahm… posso até dizer que bem, mas estaria mentindo se não falasse que estou muito triste… ela se acalmou?”

 

“Sim, a coloquei no quarto de Joshua!”

 

“Pai, porque você faz isso? Sempre pensei que isso só piora a situação dela.”

 

“Mas é lá que ela fica quieta. Eu não quero que ela te machuque mais.”

 

“Quer saber?! Você quem sabe… ela não está mais tomando os remédios?”

 

“Eu a proibi. Depois de… ah você sabe Bells, depois do dia em que ela me agrediu, eu vi de que nada adiantava aquelas drogas.”

 

“Desculpe interromper, mas… Você toma café conosco Senhor?” Edward pediu, usando de toda sua educação e polimento.

 

“Charlie, garoto. Apenas Charlie. Hoje não. Tenho que ir ao quartel resolver algumas pendências burocráticas. Vocês ficarão bem?”

 

“Sem dúvida. Luzia irá me ajudar com algumas coisas. Vem para o almoço?”

 

“Não, só devo voltar à noite… Não fiquem muito tempo dentro de casa, saiam um pouco. E Edward…” Ele esperou o Ediota lhe fitar. “Obrigada por cuidar de Bella.”

 

Eu fiquei muda diante daquela declaração de meu pai. Ele estava cedendo? Era um pouco cedo para tirar novas conclusões sobre isso. Assim que ele saiu o café da manhã ficou pronto. Fiz questão que Luzia sentasse conosco, queria que ela provasse dos dotes culinários do meu namorado. Ela cozinhava muito bem. Fazia coisas incríveis, mas Edward não ficava longe também.

 

Depois do café eu troquei de roupa, já que ainda estava vestida com a camisola. Peguei Luzia e começamos a abrir a casa.

 

“Luzia há quanto tempo Renée não deixa você abrir as janelas?”

 

“Você quer saber isso depois que você partiu, ou depois que ELE partiu?” A forma que ela perguntou foi bastante engraçada. Eu ri alto.

 

“Ok, não me responda! Já entendi.” Abrimos as salas, os quartos, o escritório de Charlie, a sala antiga de estudos… Edward vinha junto conosco passando nos ambientes um produto para tirar o cheiro de umidade e guardado. O único lugar que não entramos foi no quarto de Joshua.

 

Ray Charles - Do I Ever Cross Your Mind

http://www.youtube.com/watch?v=FKCnxPp20nU&feature=related 

 

Coloquei no corredor do andar de cima o som que ficava em meu quarto e liguei uma música no melhor estilo New Orleans. Aquele era um gesto um tanto simbólico, mas era naquele instante que a minha família precisava de novos ares. As coisas precisavam circular, uma mudança definitiva. A família precisava seguir em frente e fechar esse período de dor. E se ninguém se interessava em fazer isso, eu o faria. No quarto em que Edward estava joguei algumas coisas velhas e dispensáveis fora. No meu quarto eu abri o máximo que podia a janela, organizei com Edward os móveis de um jeito diferente. Não que eu fosse aproveitar a mudança, mas eu queria que as coisas fossem novas a partir daquele instante, tudo que eu pudesse mudar em mim e dentro daquela casa eu mudaria.

 

Edward me fez dançar com ele em meu quarto a música gostosa que vinha do corredor. Ele me fazia feliz mesmo com toda a dor que me assolava internamente. Rodopiou-me por ali e vi Luzia nos dando um pouco de espaço, saindo e fechando a porta. Ele me balançava em seus braços, me olhando nos olhos e sorrindo. Ele sabia que eu não tinha a mínima vocação para dançar, porém conseguia me conduzir com habilidade. Me aninhei em seu peito, ouvindo seu coração bater calmo. Seus braços me envolviam firmes em minha cintura. Era um momento tão nosso tão único que não queria que tivesse fim.

 

Conforme a melodia suave se espalhava, eu ficava mais feliz. Quando a canção acabou ele me girou, eu pisei em seu pé e Edward nos tombou na cama. Eu comecei a rir.

 

“Qual a graça?” Ele ria também.

 

“Não importa o quão mal eu esteja, você está sempre me fazendo feliz. Você é meu sol.” Disse olhando para ele que sorria torto para mim.

 

“Olha garota… Você é meu sol. Você não tem idéia do frio que passei essa noite sem você.” Apoiei-me em um cotovelo e passei meus dedos por seu rosto, sentindo sua pele macia sob a minha, delineei o contorno de seus olhos, nariz e sua boca. Uma brisa suave invadia o quarto. O beijei com calma. Sua boca macia me recebeu sem hesitar. Nossas línguas brincavam felizes e mesmo com tantos beijos já trocados, sempre eram novos para mim, os mesmos instintos, a mesma vontade de mais. Ele pegou em minha cintura me levando junto de seu corpo. Suas mãos correram por minhas costas e em um impulso me coloquei em cima dele segurando em seus cabelos macios.

 

“Eu tinha saudade disso…” Disse ainda em seus lábios, lhe dando diversos selinhos, um em seguida do outro.

 

“Eu mais ainda!” Ele nos inverteu, em um movimento rápido se colocou em cima de mim. Passou a ponta dos dedos por meu rosto e colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha, seu olhar era carinhoso e preocupado, sua feição começou a ficar mais séria. Lhe roubei um beijo e ri baixinho. “Hahaha, roubar não vale!”

 

“Vale sim Ediotinha!” Ele sorria para mim, porém ainda via em seus olhos verdes um mar de preocupações. “O que é Edward?”

 

“Promete que vai ficar bem Bella?”

 

“Sim, é por isso que estou aqui não é? Por que está perguntando isso?”

 

“É que às vezes eu temo… temo por nós… temo te perder. Receio que isso que temos um dia acabe… E tenho mais medo de te perder para essa dor que te consome. E Bella, dói muito pensar nisso. Por isso que eu te gravo em minha mente, exatamente assim: sorrindo e feliz. Para que nos momentos em que eu vejo que você está escapando por entre meus dedos, lembrar a mim e a você porque continuar lutando…” Uma lágrima solitária escorreu por meu rosto. Nem um milhão de EU TE AMO, poderiam descrever melhor o seu sentimento por mim.

 

“Espero que isso seja de felicidade.” Ele, suavemente passou seu rosto junto ao meu enxugando aquela lágrima teimosa.

 

“Sim… você sempre me deixa feliz. Se eu te disser que sinto o mesmo, acredita em mim?!” Ele fez um sinal de positivo com a cabeça. “Eu estou cansada de chorar na verdade, vamos sair um pouco?”

 

“Uhm… E aonde você quer ir?”

 

“Não sei… gostava de ir ao cais do Rio Mississipi. É tão calmo lá, e sempre tem músicos. Acho que você vai gostar. Podemos almoçar por lá. O que acha?”

 

“Acho uma excelente idéia… Vamos então?”

 

Não demoramos muito para nos ajeitarmos. Coloquei aquele jeans que Alice tanto amava, uma blusinha fina com um casaquinho leve de linha, e calcei sapatilhas confortáveis. Avisamos a Luzia que não era necessário se preocupar com almoço e que voltaríamos no final do dia. Iria levar Edward conhecer alguns de meus pontos prediletos da cidade. Pegamos um bonde que levava direto ao rio. O dia estava quente e o vento fraco trazia um sentimento bom de saudades. Eu adorava aquela cidade, se as coisas não fossem tão ruins para mim ali, seria minha primeira opção de vida. E agora eu tinha Edward. Não conseguiria viver longe da droga que faz de mim uma dependente.

 

Nos sentamos em um dos bancos que ficavam de frente ao grande rio. As águas eram calmas. A cidade ainda se reerguia. Depois do furacão que a devastou anos atrás as coisas eram um pouco diferentes por ali, sempre havia uma música triste ecoando pelos arredores, fazendo as pessoas se lembrarem daqueles que partiram naquele desastre. Edward estava animado, encantado com a cidade principalmente. Ficou maravilhado com a alegria das pessoas e o ritmo que a cidade tinha.

Antes de almoçarmos continuei o interrogatório que tinha começado no avião sobre sua vida. Ele ainda não me negava qualquer detalhe. Perguntei sobre seu primeiro beijo e sua primeira transa.  Quem fora a primeira namoradinha e sobre o que ela representara para ele. Fiquei surpresa quando ele me contou que todas foram a mesma. Seu nome era Victória e tinha a mesma idade que ele. Fora quando tinha quatorze anos e ele achou que morreria quando ela lhe deu um pé. Achei engraçado quando ele disse, colocando a mão no peito, que tinha sobrevivido aquilo. Ele estava debochando de minha cara, notou que eu tinha ficado com ciúmes por ele a ter chamado de UMA GAROTA INCRÍVEL.

 

O questionei hesitante sobre seus pais, porém ele me pareceu bem aberto a responder.

 

“Não tenho muitas recordações boas deles. Meu pai era uma cara ausente e que pouco ligava para nós. Minha mãe não tinha ninguém que a ajudasse. Eu e Jasper viemos em um momento um tanto quanto ruim na vida dela. Eu lembro dela resmungando pelos cantos com a garrafa de vodka que se arrependia – me desculpe pelo termo – de ter aberto as pernas. Eu era uma criança e não compreendia nada do que ela falava na época. Ela fumava, bebia, e esquecia de nos alimentar. Jasper é magro assim porque sofreu com a fome, eu sempre fui um pouco mais forte que ele, mas tive meus problemas também. Nós morávamos em Seattle, e era um buraco, sujo e úmido que não sei como não morri de pneumonia. Eu e Jasper estudávamos, mas não íamos muito bem na escola. Eu lembro de muitas brigas e de muita dor física também. Eu me lembro dos socos que eu recebia de meu pai quando ele chegava bêbado. Certa manhã quando acordamos, Elisabeth, minha mãe, não estava em casa, meu pai saíra para trabalhar e quando voltou não tinha trazido nenhum pedaço de pão para nós. Nas semanas seguintes eu peguei Jasper e saí as ruas pedindo comida. Era o mínimo que eu pediria, ainda sim o fazia com vergonha. Eu tinha oito anos Bella, e Jazz sete. Não demorou muito pro cara que se dizia nosso pai nos achar nos becos de Seattle, ficamos até contentes que ele estava a nossa procura. Mas ao invés de nos levar para casa, nos jogou no pior lar de crianças que tinha na cidade. E lá nós ficamos até Carlisle descobrir a gente. Esme se encantou com a gente assim que nos viu! Eu me apaixonei imediatamente, era a mulher mais linda que já tinha visto! É engraçado mas há mulheres que nascem para serem mães de um jeito ou de outro. Esme é uma delas.”

 

Não havia nada para ser dito quanto sua história. Era triste, claro que era. Mas não há o que eu podia fazer sobre isso. O mesmo com ele em relação a minha história, o máximo a ser feito era apoiar e ajudar a se levantar. Suspirei olhando para o Mississipi.

 

“Eu gostaria de ser mãe.” Falei sem nem ao menos pensar. Edward pareceu parar de respirar. “Ai desculpa Edward?! Eu não devia ter falado isso! Sério mesmo… Não leve isso como…”

 

“Shiiiii Bella! Fica tranqüila!” Eu olhei para ele que estava com um sorriso de orelha a orelha. “Você pensa que eu não quero ser pai um dia também?” Meu coração se apertou no peito ao lembrar-me de meu pequeno problema. Ele chegou perto de meu ouvido, pegou minhas duas mãos e as uniu com as suas. “O pai de SEUS filhos.” Cantarolou baixinho para mim. Se o fato de eu ter quase certeza de que nunca na minha vida eu poderia ser mãe não me ferisse tanto, eu poderia dizer que fiquei muito feliz com suas palavras.

 

Almoçamos em um restaurante aconchegante e que tinha boa comida, tudo ia muito bem e tranqüilo até um instante em que fiquei sozinha.

 

Edward precisou ir ao banheiro, e eu fiquei ali olhando para meu copo de suco de abacaxi com hortelã e brincando com o canudinho. Eu estava envolvida naquele pedaço de dia que nem olhava para os lados. Edward e eu permanecíamos dentro de nosso pequeno mundo particular. Me distraí com uma garotinha do lado de fora que brincava com uma bola toda colorida e que brigava com seus cabelos que insistiam em ficar no seu rosto devido ao vento. Tomei um gole de meu suco e vi com o canto do olho que alguém se sentara na mesma mesa que eu, sabia que não era Edward, já estava pronta pra pedir para o cara sair dali quando me virei. Me engasguei com o suco quando notei quem era.

 

“Isabella Swan. Você está diferente.” Fiquei olhando para ele pensando em o que eu falaria para ele sumir dali logo.

 

“Mike Newton. Você continua o mesmo. A mesma cara de cachorro.” Disse com os olhos cerrados em uma pequena fenda, usando de deboche para o infeliz.

 

“Afiada como sempre… mas não interessa, o que interessa é que você está linda.”

 

“Ah infelizmente não posso dizer o mesmo de você! E a propósito, esse lugar que você está sentado está ocupado!”

 

“Bella! Qual é?”

 

“Pra você é Isabella! E, por favor, Saia.”

 

“Isabella, você era tão afim de mim há pouco tempo atrás… por que não fica comigo hoje?” Ele passou seus dedos em meu rosto, tive vontade de vomitar. Dei um tapa em sua mão. E gargalhei alto em sua cara.

 

“Garoto me poupe ok? Eu não sou a fim de você já faz ANOS. E eu não vou ficar com você nem hoje e nem nunca, está entendendo? Agora… levante esse seu rabo desta cadeira e suma da minha frente!”

 

“Tão carinhosa… só pode ser amor! Me diga, o que aconteceu com você? Uma vez você não era  gata. Agora você está tão… tão gostosa!”

 

“Você quer saber o que aconteceu comigo para eu estar tão gostosa?” Disse com nojo a última palavra. Eu odiava Mike Newton, e se ele não saísse da minha frente eu ia cometer uma loucura. “Ohn que coisa mais tocante!” Falei irônica.

 

 “SUMA!” Perdi minha paciência com aquela palhaçada e gritei na cara dele fazendo as pessoas que estavam ali me olhar.

 

“Não sem você!”

 

“SONHA MOLEQUE! Você está vendo esse copo na sua frente?” Me referia ao copo de suco de Edward.

 

“Sim… o que tem? É para mim?” Ele pegou o copo cheio e ia tomar um gole. Eu arranquei o vidro de suas mãos, derramando um pouco de líquido na mesa.

 

“Nem pense nisso Mike Newton!!!”

 

“Esse copo significa que você está no lugar errado, falando com a garota errada e que está mexendo com o homem errado.” A voz do Ediota surgiu atrás de mim. Sorri para Mike Newton. Edward era um cara relativamente grande perto do Newton. Olhei para meu namorado só para ter certeza de sua expressão. Raiva pura.

 

“Você entende agora quando eu digo: SUMA?!” Ele se levantou querendo peitar Edward. Eu fiz o mesmo ficando ao lado do Ediota.

 

“E quem é esse?” Ele estava branco, mais branco que o normal.

 

“Sou o NAMORADO dela…” Vi Edward agarrar o Newton pela camiseta, e o puxar mais para perto. “Porque? Vai querer continuar irritando ela? Não faria isso se fosse você!” Sua voz era tingida de ameaça.

 

“ME SOLTA!” O garoto forçou as mãos do Ediota para largá-lo. “Fica com ela… ela é uma pobre coitada mesmo! Feiosa!” Ahm?  Feiosa? Olhei para Edward que me devolveu o olhar. Eu ri muito e alto.

 

“Vá embora guri! VÁ EMBORA!” Ouvi Edward mandar no garoto e bater o pé como se batesse o pé para afugentar um cachorro. Eu ainda estava no meio da crise de riso. Ele era mesmo um otário.

 

“Não, não, não, não… Bella como você pôde?” Eu parei de rir e olhei para Edward que tinha uma cara um tanto cômica. Podia jurar que entre aquelas sobrancelhas unidas ele estava segurando uma risada.

 

“O que? Eu não fiz nada! Ele que veio aqui me incomodar Edward!”

 

“Como você pôde um dia gostar de um cara tão, tão, tão irritante?” Ele desmanchou a expressão séria e riu junto comigo.

 

“Acho que o cara certo estava do outro lado do país. Só não sabia disso ainda. Tive que perder meu tempo procurando até encontrá-lo.” Encolhi os ombros.

 

“Sou eu? Sou eu?” Edward me questionava brincalhão, como se ele não soubesse. “Oh meu Deus! Sou eu! AH SOU EU O CARA CERTO!” Ele ergueu os braços para o céu. As pessoas olhavam para nós e riam. Eu mordia meu dedão, tímida. Me curvei sobre a mesa e peguei em seu rosto o beijando, não me importando que havia muitos ao nosso redor assistindo nossas demonstrações de carinho.

 

“Você é o cara certo.” Falei ainda em seus lábios. Seus olhos me fitaram desejosos. Como eu queria estar na nossa cabana naquele instante. Ele fez o mesmo que eu, segurando meu rosto em suas mãos grandes e beijou meus lábios diversas vezes.  Ficamos presos um no outro até que escutamos alguém gritar.

 

“UHUL! CONTINUA!” Eu me assustei e deixei Edward batendo em um dos copos de suco com a mão e virando no colo do Ediota.

 

“Opa…”

 

“Gelado!” Edward exclamou quando o liquido entrou em contato com sua pele. Eu ri.

 

Fomos para casa mais cedo do que eu havia planejado. Edward estava todo melado com aquele suco. Tinha sido bastante agradável sair com ele naquela tarde, mesmo com o imprevisto de Mike Newton. Na volta ele quis parar em uma lojinha de jóias artesanais, tinha um punhado de coisas bonitas e coloridas ali. Edward me fez sair da loja por alguns instantes e ficar esperando ele do lado de fora. Achei estranho, mas fiz o que me pediu. Quinze minutos depois ele já estava do lado de fora com um saquinho feito de pano colorido e estampado que cabia na palma de minha mão. Abri afobada o saquinho. Um anel.

 

Era feito de metal, não muito largo e tinha uma tira de couro fina enrolada em sua extensão de forma não muito uniforme que deixava algumas partes do metal dourado aparecendo, um pequeno pingente de sol pendurado conferiam ao anel uma beleza incomum. Em cada raio daquele sol uma pequena pedrinha cintilava. Era um anel muito diferente, mas repleto de beleza. Era único. Um símbolo do que tínhamos. Ele pegou em minha mão direita e o colocou em meu dedo anelar. Enquanto colocava o anel em mim reparei que usava a mesma jóia, só não tinha o pequeno sol pendurado. Ele enlaçou nossos dedos e me fez olhá-lo. Todos os sentimentos passavam por seus olhos, meu coração bateu acelerado no peito. Era irracional amar tanto alguém como amava ele, chegava ser maior que eu.  Sem dizer uma única palavra me beijou.

 

Ainda era dia quando chegamos a minha casa. Eu dei uma olhada pelo lado externo e reparei que as janelas estavam novamente fechadas. Edward bem que tentou me segurar, mas toda a alegria que eu sentia pela tarde de paz, ou quase paz, que tinha passado com ele tinha se dissipado no instante em que vi aquelas aberturas fechadas em plena luz do dia. Renée não entendia nada. Entrei na casa gritando por Luzia.

 

“Onde está ela Luzia? Porque ela fechou de novo essas janelas? CADÊ ELA?”

 

“Ainda no quarto de Joshua. Ela esperou a senhorita sair Isa. Eu tentei impedi-la. Mas não consegui!” Luzia subia as escadas correndo atrás de mim. O Ediota pedia para eu me acalmar. Eu não queria me acalmar. “Isa, ela quebrou seu radio também!”

 

“O QUE?” Olhei para trás, eu estava sendo possuída de raiva.

 

“Com o taco de baseball… assim como fez com as coisas da sala no dia em que pirou… e ahm… seu quarto… acho bom você não entrar nele!”

 

“EU NÃO ACREDITO QUE ELA FEZ ISSO!”

 

“BELLA SE ACALMA!”

 

“EU NÃO QUERO ME ACALMAR EDWARD!” Corri em direção ao meu quarto e escancarei a porta. “INFELIZ!” Gritei ao ver meu quarto destruído e minha camisola azul cortada em pedacinhos. Sai dali ignorando os braços que queriam me segurar. Caminhei até o quarto de Joshua. Ela veria que não se brinca comigo. Ela tinha ultrapassado todos os limites. Forcei o trinco e estava trancada.

 

“Eu quero entrar Luzia. Cadê a chave reserva?”

 

“Está com ela também!”

 

“Edward arrombe!”

 

“Eu não vou fazer isso Bella! Pense em Charlie!”

 

“Vai sim! E vai fazer AGORA!”

 

“NÃO!”

 

“ARROMBE ISSO AGORA EDIOTA. AGORA OU EU PEGO O TACO DE BASEBALL!” Era bom ele me obedecer! Eu não agüentaria ficar trancada para o lado de fora.  Ele me olhou sério. Não consegui decifrar os sentimentos que seu olhar continha. Mas ele me entenderia. Eu não ia bater nela, nem lhe colocar contra a parede como tinha feito pela manhã. Eu iria fazer o pior que eu podia fazer.

 

Edward pediu espaço para nós e no terceiro chute arrombou a porta. Há muito, muito tempo mesmo, eu não entrava no quarto dele. Desde a noite em que recebemos a notícia que ele não voltaria e ela me expulsou do local me proibindo de entrar ali.

 

Entrei voando no quarto, não dando espaço para a dor. Olhei para a louca que estava sentada na poltrona agarrada a um porta retrato de Joshua. Ela me olhou assustada.

 

“VOCÊ NÃO TEM O DIREITO QUE FECHAR A CASA! VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE ACABAR COM A VIDA DAS PESSOAS!” Rosnei para ela indo direto para a janela. Abri e deixei o sol entrar. Puxei as cortinas. Fui em direção a minha mãe.  A peguei pelo braço.

 

“LEVANTA SUA DOIDA. LEVANTA DAÍ! VOCÊ TAMBÉM NÃO TEM O DIREITO DE FICAR AQUI! VOCÊ ESTÁ TENTANDO DESTRUIR COM A MINHA VIDA! EU NÃO VOU DEIXAR!”

 

“EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM! SAIA VOCÊ! JÁ TE PROÍBI UMA VEZ DE ENTRAR AQUI DENTRO! VOCÊ NÃO PODE ESTAR NO QUARTO DE JOSHUA!”

 

“UMA NOVIDADE RENÉE: EU NÃO ME IMPORTO COM O QUE VOCÊ QUER! ME DÊ AS CHAVES DESSE QUARTO! EU FICO AQUI AGORA!”

 

“ESTÁ VENDO LUZIA! SEMPRE DISSE QUE ELA NÃO SE IMPORTA COMIGO!”

 

“Mas senhora, você também não se importa com Isa.”

 

“O QUE? EU VOU TE DESPEDIR EMPREGADINHA METIDA!”

 

“NÃO VAI NÃO! AGORA LEVANTA!” A puxei para cima e procurei as chaves nos bolsos do roupão que ela usava. Estavam ali. “SOME DESSE QUARTO! SOME DAQUI! VOCÊ QUEBROU O MEU E DESTRUIU MINHAS COISAS. EU ESTOU PEGANDO ESSE QUARTO PARA MIM! É MEU! NÃO É MAIS DO JOSHUA! ELE NÃO VAI VOLTAR PARA PEDI-LO DE VOLTA!” Respirei fundo, tentando encontrar equilíbrio. “Vai… vai embora daqui! Se você não me quer aqui o problema é seu! Eu vou permanecer até o momento em que eu tiver que ir! QUE MERDA RENÉE!” Caminhava de um lado para outro. Olhei para Edward e pedi que me deixasse só com minha mãe. Luzia foi com ele. Renée desabou mais uma vez naquela poltrona.

 

“Você não vê que tem que superar!? Não pode viver a vida assim! Não pode esperar que ele volte! ELE. NÃO. VAI. VOLTAR! Não pode atentar contra as pessoas porque você sente dor… Você acha que Charlie não sente ter perdido ele? Você pensa que EU ainda não choro por que ele não está aqui conosco? Renée, não é só você quem sofre! Eu não tenho culpa de ele ter morrido! Eu duvido que alguém tenha! Olhe ao redor… as pessoas continuam respirando. Você continua respirando! Joshua não gostaria de te ver sofrer tanto! Ele te amava tanto! Você não lembra que ele amava ouvir sua risada?” Me sentei na cama olhando para ela. Pela primeira vez nesses anos, vi minha mãe chorar em minha frente. Ela só chorou, não disse nada, apenas deixou a dor vir a tona na minha frente. Eu de alguma forma tinha a desarmado. Pensei em abraçá-la, mas fiquei com medo de sua reação. Assisti e esperei. Depois de muitos minutos ela apenas passou as mãos pelo rosto, se levantou e em silêncio se retirou ainda abraçada a foto de meu irmão.

 

Em mim ficou a sensação de que algo poderia mudar. O sol invadia o quarto. O calor inundava o ambiente que por muito ficou fechado. O vento que trazia o aroma das águas do Mississipi. Os objetos de meu irmão intocados há anos. A dor de sua perda, e alegria por poder dizer que eu estava superando. Deitei-me em sua cama.

 

Para mim restaram as memórias.

 

Continua…

 

(***)

 

Oiiii amores! *-*

 

Como estão? Espero que bem!

O que acharam do capítulo?

Eu amei escrever ele *-*

Essa é uma parte da história que está há muito em minha mente!

Sei que nao teve lemons... mas gente, acho que uma lemon nesse capítulo tiraria todo o sentido que queria colocar nele!

 

Bom agora eu quero - e muito -  seus comentários! :D

 

Beijos Grasi.

 

Ps.: Entrem na cmm da Fic. Lá sempre aviso os dias que capítulos novos serão postados!

 

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