Feelings escrita por Any the Fox


Capítulo 5
Amar a vitória, Orgulhar a injustiça. – Kanto


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
E o capítulo final de Kanto finalmente chegou^^
Tem um pouco de shipping aqui para quem gosta :v
Até mais!



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“O que é vencer?” Pensou Red.

“O que é o Amor?” Pensou Yellow.

“O que é a injustiça?” Pensou Blue.

“O que é o orgulho?” Pensou Green.

Quatro pensamentos distintos, quatro pessoas que convivem diariamente. Haverá relações entre esses quatro modos de sentir?

Red, o campeão de Kanto, procura uma razão para voltar a sentir que venceu. Voltar a sentir que é um vencedor.

E, não passará esse sentimento de vitória pelo amor de que Yellow se queixa? Pensemos. Se Red tivesse algo porque lutar outra vez ele não se sentiria daquele modo de novo? Ele não se sentiria um vencedor?

E, se isso acontecesse, Yellow não se sentiria bem em ter o seu Amor correspondido?

Enquanto a Blue, ela se referia a pessoas que a ajudaram, referia-se a Red, Yellow e Green. Ela sente-se injustiçada? Sim, sente. Mas ela agora é feliz. Porquê? Porque sente orgulho. Orgulho de quem é hoje e de seus amigos. Mas orgulho não era o problema de Green? Sim. Mas é a solução de Blue.

E, por fim, Green. Green se sente desmotivado pelo seu orgulho. Um rapaz orgulhoso como ele, que na verdade apenas é orgulhoso para não parecer fraco. Ele só queria ter algo para se orgulhar. E o que seria isso? Vencer. Nem precisava de ser algo assim tão grande como ser o campeão. Mas, naquele momento, só derrotar Red o iria fazer sentir-se melhor.

……

Naquele dia, Yellow estava tratando de alguns Pokémon selvagem pelos lados da Liga Pokémon, ela cantarolava uma pequena canção, assim ela conseguia espantar a sua tristeza e dúvida… Se sentia melhor assim. Mas a proximidade à Liga Pokémon lhe fazia alguma confusão… Red, porque não a notavas?

— Pronto, vai logo ficar bom. – Yellow tranquilizava o Ratata que acabara de curar.

O Pokémon sorriu como se estivesse a agradecer e logo saiu correndo. Yellow também sorriu. Ela sabia que os Pokémon gostavam dela.

— Gostava que ele também me notasse assim… - Yellow deixou escapar com a cabeça um pouco distraída.

— Ele quem? – Uma voz conhecida fez-se soar. Era Red.

— Red! Que faz aqui? Não devia estar na liga? – Yellow interrogou-o um pouco rubra, estava atrapalhada por ele estar ali.

— É mesmo. Mas decidi vir apanhar um pouco de ar. Passar o tempo todo naquela caverna não é fácil, sabia? – Red disse sentando na grama do lado da pequena, ficando a olhar o ar.

Yellow ficou um pouco atrapalhada, alisando o seu vestido e limpando-o dos restos de grama.

— O céu aqui é bem bonito… É tão azul… - Red sorriu deitando.

— Não vê o céu da sua sala, pois não? – Yellow perguntou tentando manter o clima.

— Não. Ver a luz não é bem a prioridade do campeão. A nossa missão é ficar naquela sala mesmo, haha… - Red meio que ironizou a sua felicidade, mas não queria parecer triste do lado da pequena.

— Ena, Red… E você gosta de ser o campeão? – Yellow perguntou curiosa com a simplicidade com que Red descrevia a sua situação.

— Se eu gosto? Bem… - Ele parou um pouco para refletir – Era o meu sonho, o que eu queria. Mas se sinto falta de algo, isso sinto…

Houve algum silêncio da parte dos dois.

— Sabe, eu por vezes também sinto que falta algo… - Yellow desabafou, ficando a olhar o chão.

Red meio que se sentou ao ouvir aquilo. Yellow era uma pessoa tão simples, sem problemas… Porque estaria ela assim? Red sentia-se com vontade de ajudar, então meio que deixou a liga para lá e se levantou.

— Oh, Yellow, isso com certeza é fome! Vamos na lanchonete da Blue, com certeza se vai sentir melhor! – Red estendeu a mão para Yellow se levantar, bastante gentil.

Yellow sorriu, agarrou a mão e se levantou. Logo os dois se dirigiram para o edifício da Blue, que agora abrira um negócio, ela queria ser uma pessoa justa daqui para a frente.

— Não devia ir para a sua sala? – Yellow perguntou caminhando lado do outro.

— Não, o dia está fraco hoje, não é como se fosse aparecer alguém por aqui. – Red disse com o seu sorriso vitorioso nos lábios e os seus braços agarrados por trás da nuca.

……

A poucos metros do local, estava a lanchonete de Blue, ela limpava o balcão com um pano enquanto Green estava sentado ao mesmo, olhando a outra limpar.

— Faltou limpar aqui, Blue. – Green meio que provocou derrubando um pouco de sumo que bebia no balcão.

Blue revirou os olhos, riu de lado para Green e limpou a pequena possa de sumo que o outro entornara. Green passava todos os fins de tarde ali, não é como se tivesse muito mais que fazer. Treinava de dia para aumentar o seu ego e quando o Sol ameaçava pôr-se ele dirigia-se para ali, naquele dia tinha ido mais sedo, à hora de almoço, e ainda ali estava.

— Não acha que tenho mais que fazer do que limpar a sua sujeira? – Blue questionou abandonando o balcão e limpando a parte interna do mesmo, mantendo o seu sorriso atrevido nos lábios.

— Só quero ter a certeza que a menina não fica desocupada. – Green respondeu no seu tom de provocação.

— Ora essa, senhor Green, se é por ocupação o senhor não se devia preocupar tanto comigo, o senhor não faz nada da vida. – Blue largou o pano e agarrou na vassoura e deu a volta ao balcão, passando a varrer o estabelecimento do lado do banco onde Green estava.

— Blue, eu já lhe disse que eu não estou desocupado. Estou indo para um ginásio aqui em Kanto, mas tenho de aperfeiçoar as minhas aptidões antes de assumir o cargo. Tenho de treinar. – Green voltou ao ser ar sério, descendo do banco com o copo vazio na mão, com intensão de o levar para o lava loiça e ajudar a colega a gerir o estabelecimento.

— Oh, docinho de mel, já devia saber que o treino não paga as contas. – Blue provocou piscando o olho enquanto varria o chão.

Green ignorou o que a morena disse e colocou o copo no lava-loiça, enxaguando o mesmo, pensando no que dissera. Ele iria mesmo sentir-se orgulhoso depois de assumir o cargo de líder de ginásio? Green não tinha a certeza. Ele sabia que muito provavelmente ia vencer muitas pessoas e poderia orgulhar-se disso. Mas… Aquele sentimento de orgulho que procurava era muito peculiar… Mas ele queria ter orgulho em quê afinal?

— Olá! Podemos entrar? – Red disse encostando-se na porta do estabelecimento, logo Yellow apareceu do lado dele.

— Oi, Red, Yellow. – Blue parou de varrer momentaneamente para os cumprimentar e logo voltou ao que fazia.

— Claro que não podem entrar. Não vem o letreiro? Isto já fechou. – Green se sentou de novo no banco do lado do balcão, levava mais um copo com sumo com ele.

— Ah, Green, pare de ser trouxa! Blue, vou buscar um bolo para Yellow, está legal? – Red disse entrando pela cozinha.

— De boa, Red, leve o que quiser, docinho. – Blue disse inconscientemente enquanto varria, mas logo tapou a boca quando se apercebeu e olhou para Yellow.

Yellow estava sentada na mesa, olhando fixamente para ela, com um ar meio inocente meio desiludido. Blue olhou para a cozinha, Red parecia ocupado lá dentro e Green parecia estar a ir em seu auxílio, pois sabe-se lá porquê, Green mesmo dizendo que não suportava Red, sempre o ia ajudar. Então Blue encostou a vassoura na parede e se foi sentar do lado de Yellow.

— Gomenasai, Yellow-chan, saiu-me da boca, não fiz de propósito. – Blue disse passando a mão pelo cabelo loiro da outra e sentando-se na cadeira ao lado.

— Sem problema, Blue-senpai, eu sei que você não faz por mal. – Yellow olhou para os dedos com que brincava por cima da mesa.

— Mas vá, conta à tia Blue. Você vinha com Red, estavam tendo um encontro? Quero saber tudinho, meu bombom. – Blue disse piscando o olho e apontando um dedo para a boca, parecendo sair um coraçãozinho de seus lábios.

— Não estava acontecendo nada… Eu apenas encontrei Red e ele me trouce até aqui. – Yellow disse.

— E acha que eu acredito? Vamos, conte logo! Quantos beijos já deram? E abraços? Ele já levou você para o quarto? – Blue ia colocando cada vez mais “aquela carinha”.

— Blue! – Yellow estava cada vez mais envergonhada e rubra, aquele grito tinha soado aos dois.

— Estou de zoa com você, Yellow! – Blue caiu na gargalhada – Mas sabe, eu acho que Red se preocupa com você, se não, não a tinha trazido até aqui.

— Gostava de pensar assim também… - Yellow desabafou olhando a mesa.

……

Na cozinha, Red procurava freneticamente um bolo para dar a Yellow, ele sabia qual dar, mas Blue costumava ter a cozinha numa confusão ao fim do dia, dificultando a sua procura.

— Procurando o bolo de bolacha para Yellow? – Green perguntou encostando na bancada atrás do vermelho.

— Na mosca, Green. – Red respondeu sem parar de procurar por entre bolos e pratos.

—Na geladeira, Blue já o arrumou. – Green respondeu direto sem se movimentar.

Red agradeceu com a cabeça e se dirigiu à caixa fria, abrindo a porta e tirando o bolo para cortar uma fatia.

— Vai querer também, Green? – Red perguntou.

— Não. Eu estou de regime. – Green respondeu direto.

O vermelho não perguntou mais nada. As conversas entre ele e Green tinham sempre um clima meio estranho, mas naquele dia estava ligeiramente mais… Eles podiam ser rivais, mas confiavam plenamente um no outro. Red costumava contar tudo para Green, sabia que ele nunca contaria nada e talvez até lhe desse um bom concelho e Green, mesmo raramente o fazendo, sabia que podia contar com Red para qualquer coisa, Red seria o primeiro a querer ajudar.

— Red.

— Green.

Ambos se chamaram um ao outro ao mesmo tempo, causando certa risada nos dois.

— Fale primeiro, Green. – Red disse enquanto procurava um prato limpo para colocar a fatia de bolo.

Green cruzou os braços, continuou com a sua face pensativa durante alguns instantes e quando se sentiu apto para falar desviou os seus olhos para baixo e emitiu a sua pergunta.

— Red, está tentando ficar com a Yellow? – Ele foi direto e frio, como sempre.

— Engraçado, Green, era mesmo disso que eu queria falar com você. – Red sorriu um pouco. Enquanto cortava uma fatia com uma faca.

— Mas está? – Green continuava num regime sem emoções, não era dele fazer isso, costumava deixar isso para Red.

— Acho que “ficar” é dizer pouco, Green… - Red parou o que estava a fazer para olhar através da janela dos pedidos e olhar loira sentada a falar com Blue na sua mesa. – É mais algo como… Estar apaixonado…

Green revirou os olhos. Como Red conseguia viver com um ego tão desgraçado? Onde já se vira uma pessoa que vence se deixar levar pelos sentimentos assim e os deixar à vista de todos? Mas agora que pensava nisso… Todo mundo gostava do Red… E ele era realmente o campeão, não Green… Talvez fosse esse o problema, Green ligava tanto ao próprio ego que nunca poderia vencer… Talvez ele tentasse ser mais como Red, não sempre, mas por vezes… Sim, talvez fosse isso que faltasse. Ao observar o amigo, viu-o desenhar um coração no bolo com umas seringas com creme de morango, “Que ridículo” pensou logo… Mas era o jeito do vermelho ser, então o iria encorajar.

— Boa sorte, Red. – Green não sabia melhor maneira de o encorajar o ou ajudar. Green era um bom ouvinte, mas no momento em que tinha de passar algum sentimento… Não era o melhor.

Green olhou fundo nos olhos de Red com aquele olhar superior do costume, mas Red, após olhar bem, viu uma pontada diferente naqueles olhos verdes profundos… Green estava tentando passar coragem, tentando ser um amigo… Tentando deixar um pouco seu ego de lado… Red sorriu para o outro.

— Obrigado, Green. – Red deu um pequeno soco no ombro do amigo.

Green afastou-se e massageou o ombro com a cabeça baixa olhando um ponto no além, ele se estava sentindo um pouco ridículo… Mas sorriu de lado. Parecia que tinha conseguido ajudar o amigo em algo, parecia ter feito algo que Red não tinha conseguido fazer antes, arranjar coragem. Red precisou de Green para alguma coisa e isso o realizou muito.

O esverdeado não fez mais cerimónia. Após obter o que desejava continuou a caminhar com os olhos postos no chão e um sorriso no rosto, ele meio que se sentia forte e orgulhoso de novo. Mas acima de tudo, sentia-se bem por ter ajudado o seu amigo… Mas ele nunca iria admitir isso.

— Boa sorte com Blue, Green. – Red disse vendo o outro sair.

— Cale essa boca. – Green riu. Ele sabia que era evidente para Red esse sentimento em Green. Se conheciam há tempo suficiente para se entenderem um ao outro sem qualquer tipo de palavras.

Talvez seja por isso que esta conversa na cozinha não foi tão conversa assim. Estes dois se exprimem melhor através de um olhar sincero do que com um monte de palavras sem sentido.

Green saiu da cozinha e se colocou do lado de Blue que voltara a varrer o chão, ficando a falar com ela. Blue era uma rapariga simpática e divertida, ela adorava ter aqueles momentos com os seus amigos no café, se sentia bem e parecia-lhe justo poderem usufruir disso…

Red passou pelos dois indo ter com Yellow, entregando-lhe o bolo. A loira ficou extremamente rubra ao ver o coração, fazendo Red sorrir e lhe fazer um afago no cabelo. Mesmo envergonhada, Yellow se sentia bem, sentia que Red se preocupava com ela… E talvez até pudesse gostar dela…

— Eles são tão fofinhos juntos… - Blue disse se apoiando os braços na vassoura olhando para os outros dois.

— Eu acho meio ridículo. – Green disse de braços cruzados do lado da morena.

A outra riu e logo depois disso espetou um beijo na face de Green, o deixando rubro e com a expressão alterada.

— E isto também foi ridículo? – Blue piscou rindo da cara de espanto do outro.

Green não conseguia expressar qualquer tipo de frase ou som. Estava demasiado pasmado e ligeiramente envergonhado.

— Ei, vem ali na cozinha comigo? Vamos deixar o casalinho novo sozinho. – Blue encostou a esfregona e se dirigiu para o interior do estabelecimento, Green a seguiu com a mão nos bolsos e sem dizer nada.

E este é o dia-a-dia destes três personagens. Três amigos que se amam em completam. Não viveriam uns sem os outros, pois mesmo todos tendo problemas, estarem juntos e aprenderem entre eles é a solução para tudo.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo!
Espero que tenham gostado!
Desculpem a demora em postar, mas eu faço o máximo que posso.
Até mais!



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