– Os lançadores de teia estão funcionando? - Peter perguntou para a Mulher-Aranha.
– Sim, perfeitamente.
– Que bom! - o garoto sorriu. Logo depois os dois permaneceram em um silêncio um tanto constrangedor.
– Ei Peter, quem é aquele? - Gwen dirigiu seu olhar discretamente para o novato que atravessava o refeitório da escola como se não fizesse nenhuma questão de estar ali.
– Aquele? É o Harry Osborn. O Flash chama ele de "Duende Verde". - um sorriso brincalhão tomou o rosto de Peter.
– Porque "Duende Verde"? - a garota perguntou intrigada.
– Longa história. - o garoto revirou os olhos enquanto rabiscava alguma coisa desconhecida por Gwen no seu caderno.
– O que é isso? - Gwen perguntou curiosa.
– Nada de mais, é só uma experiência que estou fazendo. - respondeu com indiferença.
– Hum.

Alguns dias depois...

– Não, não, não. Nunca concordamos com esse nome, Betty. - Mary Jane dizia enquanto devolvia o cartaz que a amiga havia feito.
– Sua cara não vai concordar com os meus punhos.
– Calma pessoal. - Gwen dizia tentando amenizar a situação. Em seguida a garota ruiva acalmou-se e foi discutir sobre o nome da banda com sua amiga Betty. Gwen observou a discussão por alguns segundos e depois decidiu sentar-se ao lado de Peter, que não desgrudava de seu caderno.
– Ei Gwen, o que vai fazer hoje a tarde? - Harry Osborn se aproximou da garota loira que desviou sua atenção do caderno de Peter para ele.
– Ah, acho que nada de interessante.
– Bom, eu tava pensando que a gente podia fazer alguma coisa, o que acha? - apesar de não parecer, Parker prestava atenção na conversa, não gostando muito do rumo que a mesma tomava.
– Claro, você já decidiu que parte irá fazer?
– Parte?
– Sim, do trabalho de literatura. - a loira respondeu de maneira objetiva.
– Ah, sim... certo. O trabalho. - Harry coçou a nuca constrangido por Gwen não ter entendido suas intenções.
– Algum problema?
– Não, é claro que não. Só que... eu não escolhi a minha parte ainda. Mas você pode é... escolher a sua primeiro.
– Tudo bem, ah.. eu te vejo lá. - Gwen acenou de leve e Harry fez o mesmo, em seguida se afastando um tanto cabisbaixo.
– Garota, você é retardada ou só está fingindo? - a amiga de Gwen se aproximou.
– Como assim? - a loira questionou confusa.
– Osborn. Ele estava te chamando para sair, gênio. - naquele momento Gwen foi invadida por um constrangimento imenso, porém foi interrompida dos seus pensamentos culposos pelo barulho do lápis de Peter se quebrando.
Parker, então, levantou-se, pegou sua mochila e saiu.
– Peter, onde vai? - perguntou Gwen indo atrás do amigo. Ele não respondeu, apenas continuou seu caminho enquanto pensava em tudo a sua volta.
A verdade era que Peter sempre fora apaixonado por Gwen, mas nunca teve coragem de dizer isso a garota. E por um toque do destino, Gwen também é apaixonada por Peter, mas ambos são tímidos ao ponto de não revelar seus sentimentos um para o outro.
*
Peter entrou no laboratório de química e tirou de sua mochila a seringa que ele havia trabalhado tanto. Colocou-a em cima da bancada e ficou a encarando por alguns instantes.
Será que eu devo arriscar?
O garoto pensava nisso enquanto cenas de Gwen contando como era derrotar inúmeros bandidos se passavam pela sua cabeça.
Ele queria ajudá-la, queria ser especial como ela. Talvez aquela seringa traga grandes poderes, mas com eles, grandes responsabilidades também.
*
Peter vai andando apressado pelo corredor, passando a mão no braço onde sentia uma pequeno incômodo por causa da injeção, quando bate no ombro de alguém sem querer.
– Cuidado aí, nerd! - era Harry Osborn.
– Foi sem querer. - respondeu Peter retomando seu caminho.
– Espera aí cara. - Harry foi até ele e parou na sua frente.
– Não tô com paciência agora Osborn. - o garoto respondeu ríspido.
– Só quero saber o que há entre você e a Stacy?
– Nada que te interesse. - o Osborn segurou o garoto pela gola da camisa e o prensou no armário.
– Escuta aqui Parker, ninguém fala assim comigo. Muito menos um nerd feito você. - Harry soltou Peter que parecia um tanto assustado - Eu não sei porque pensei que vocês tivessem alguma coisa, a gata da Stacy nunca namoraria um perdedor feito você. - risadas tomaram conta do corredor da escola, e aquilo foi a gota d'água para Peter.
O garoto começou a respirar fundo e de repente suas pernas ficaram bambas e ele caiu no chão. As risadas sessaram e todos o observavam atentos.
– Ei Parker, você está bem? - questionou Flash Thompson, o valentão que sempre implicava com Peter, porém agora sua expressão era de preocupação.
– Eu... eu... Gwen... - foi o que Peter consegui dizer enquanto estava se contorcendo no chão.
– Vo-vou chamar a Stacy. - Flash saiu correndo em direção ao ginásio.
Gwen estava prestes a ensaiar com suas amigas quando a porta do ginásio é aberta violentamente por Flash.
– O que aconteceu? - Gwen ficou de pé enquanto o valentão respirava pesadamente.
– O Parker...
Gwen arregalou os olhos e mesmo não sabendo do que se tratava, saiu correndo preocupada.
Quando Gwen, suas amigas e Flash chegaram ao local, Harry Osborn estava rindo da cara de Peter que estava agora se levantava de forma macabra.
– Você é um fraco Parker! - Gwen foi até Osborn e acertou um soco no nariz do garoto.
– E você um idiota. - Gwen foi até Peter enquanto Flash segurou Harry Osborn pela gola da camisa. Ninguém nunca vira Flash agir dessa maneira, muito menos quando se tratava de Peter Parker, mas a situação era séria e por mais que gostasse de implicar com Peter, não significava que o odiava.
– O que você fez Osborn? - Flash perguntou.
– E-eu não...
– Vem Peter. - Gwen puxou o amigo saindo de perto de todos, e assim que dobraram o para o corredor ao lado, Peter segurou seu braço, que agora estava ficando verde. - Mas o que... - Gwen foi interrompida pela mão de Peter que ficou gigante e verde e em seguida a arremessou longe, contra o vidro de troféus da escola. Gwen estava com os braços cheios de cortes e suas costas machucadas por conta do impacto.
Peter foi se transformando em algo irreconhecível até que tomou a forma de um lagarto gigante. Os alunos da Midtown correram para ver o que estava acontecendo e quando viram o Peter-Lagarto saíram correndo enquanto o monstro foi atrás.
Gwen ainda em choque, acordou do transe e vestiu seu uniforme de Mulher-Aranha, logo indo atrás do amigo.
A Mulher-Aranha prendeu os pés do Lagarto enquanto os estudantes e professores fugiam dali, sem nem se quer imaginar que na verdade estavam sendo atacados por Peter Parker.
– Peter, me escute! Esse não é você! - o monstro berrou e se soltou das teias indo atrás de Gwen. A Mulher-Aranha recuava enquanto o Lagarto ia em sua direção. - Eu não quero lutar com você. - Peter atirou Gwen contra os armários da escola.
A Mulher-Aranha levantou-se rapidamente enquanto Peter passava por ela. Sua intenção não era atacar Gwen, e sim todos aqueles que já o fizeram mal e com certeza, Gwen não era um deles.
A garota loira lançou suas teias no amigo e o puxou. Peter cambaleou e segurou as teias de Gwen, puxando com tudo, fazendo ela voar por cima dele e cair em sua frente.
– Você precisa parar! - ela dizia levantando-se com dificuldade e em seguida tirando a máscara. - Por favor, faça isso por mim Pete!
Por um momento Gwen achou que tinha funcionado, pois Peter parou e a encarou, olhando-a nos olhos. Depois seu olhar baixou até cair na máscara nas mãos da garota, então ele berrou e abriu um buraco na parede da escola que dava para a biblioteca e saiu dali.
Gwen colocou a máscara e saiu atrás do amigo. Ela pulou em suas costas e ficou segurando seu pescoço enquanto ele girava e tentava tirar ela de suas costas com as mãos.
As garras de Peter alcançaram as costas da Mulher-Aranha, deixando um arranhão ali. Ela caiu no chão e o Lagarto seguiu seu caminho.
– Me desculpe, Peter! - Gwen correu com dificuldades, saltou e acertou um chute na cabeça do Lagarto. O monstro virou-se atordoado e a Mulher-Aranha partiu para cima acertando chutes e socos até que viu que não estava adiantando muito, a não ser que ela quisesse irritá-lo mais ainda.
Gwen percebeu que ele estava destruindo as estantes com sua cauda e se jogou no chão, deslizando por baixo dele e depois segurando sua cauda. Peter começou a balançar sua cauda com Gwen pendurada, fazendo a loira ter a sensação de ser uma bolinha de ping-pong.
– Isso... não... é... legal. - Gwen dizia enquanto se chocava contra as estantes. Mas logo ela foi jogada no chão só que juntamente com a cauda do Lagarto, que havia se partido. - Que nojo, que nojo, que nojo! - a Mulher-Aranha levantou-se com pressa e olhou para frente e viu que Peter vinha caminhando até ela de forma lenta enquanto sua cauda se regenerava.
A Mulher-Aranha correu e deslizou por baixo do Lagarto novamente e lançou suas teias nos pés dele, o prendendo no chão. Em seguida, Gwen foi passando várias teias na volta dele, formando quase que um casulo. Peter tentava se mover mas não conseguia.
– O que aconteceu com você? - Gwen se aproximou, mas quando chegou perto o Lagarto berrou e soltou-se das teias. - Peter, por favor... - Ele começou a atacar Gwen que revidava com chutes e socos, e até se esquivando, mas em um momento de distração da Mulher-Aranha, o Lagarto a acertou a jogando no teto, logo ela caiu no chão e permaneceu ali. - Eu... te amo Peter, pare por favor! - Gwen disse chorando enquanto o Lagarto que se aproximava, hesitou depois de ouvir o que Gwen disse.
A estrutura do teto estava prestes a cair em Gwen, mas antes que ela pudesse ser esmagada, foi empurrada. A Mulher-Aranha levantou-se dolorida e olhou para onde estava, vendo Peter-Lagarto caído e com a estrutura do teto em cima.
– NÃO! - a garota correu até o amigo que estava perdendo a coloração verde. Usando sua força, Gwen moveu o concreto de cima de Peter.
– Gwen, eu... - ele sussurrou enquanto voltava a sua forma normal.
– Peter! - a Mulher-Aranha tirou a máscara e ajoelhou-se ao lado de Peter, deitando a cabeça dele em suas pernas.
– Eu também amo você! - Peter pousou a mão no rosto de Gwen, o acariciando.
– Porque? Porque fez isso?
– Eu só queria ser especial... como você!
– Mas você é especial, Peter! - A garota abaixou-se lentamente para que seus lábios encontrassem os de Peter. O momento que os lábios dos dois se tocaram, fora mágico e único para ambos. Gwen chorava mais ainda enquanto Peter fechava os olhos lentamente. - Não vá...
– Me desculpe, Gwen!
– NÃO! Eu te amo, não vá! - Gwen dizia o abraçando mais forte.
– Também amo...você... - e por fim Peter fechou seus olhos para sempre.
O choro de Gwen ficou mais alto e mais intenso. Um enorme peso nas costas e uma angústia no peito a acompanhariam dali em diante.
O coração de Peter havia parado de bater e Gwen sentia como se o seu também. Peter Parker se fora e ela acreditava que era por sua culpa.

Finalmente o título real da história foi revelado, embora sejam dizeres que jamais esperávamos que fossem lidos: O DIA EM QUE PETER PARKER MORREU!