In another life escrita por Mares on Mars


Capítulo 1
Chapter 1 - In another life


Notas iniciais do capítulo

Dedicado para a meninas linda do Team Philinda, vocês me deram a idéia, e me inspiraram numa madrugada. Amo vocês



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Não havia sido fácil quando eles tomaram a decisão de tê-la. E mais difícil foi quando ela chegou e deixou a vida dos dois de cabeça pra baixo. Antes era apenas casual, quando a solidão era grande, ou quando o peso da missão era insuportável. Agora, eles tiveram que tomar a decisão entre assumir um relacionamento ou manter somente uma amizade, como no início de tudo. Não podiam começar desde cedo a confundir a cabeça da pequena Skye. Então decidiu-se que nos primeiros meses da bebê ficariam juntos, dividindo as tarefas de casa com as da SHIELD. Não foram primeiros meses fáceis. Skye chorava o tempo todo, de fome, de dor, de fralda cheia, de irritação, de vontade de atenção. E toda a vez que abria a boca pra chorar, era acolhida pelos braços ainda desajeitados, porém cheios de amor e boa intenção de sua mãe. Mas o choro não cessava. Cessava somente quando o pai se aproximava, passava com delicadeza as mãos em sua barriguinha e roubava-a do colo da mãe, balançando suavemente e cantarolando alguma música de sua infância, fazendo-a piscar como se prestasse atenção, e bocejar minutos depois.

-Nossa filha me odeia Phil - a mulher reclamou um dia, lá pelo terceiro mês após dar a luz. Estava sentada de pernas cruzadas no tapete, dobrando uma pilha de roupinhas infantis, com os cabelos presos no alto da cabeça e a expressão derrotada. Algumas lágrimas ameaçavam em seus olhos puxadinhos e conhecendo Melinda May como conhecia, podia jurar que ela segurava o maior pranto de todos.

- Ela jamais te odiaria Melinda - consolou sentando-se ao seu lado. Estendeu uma mão para a pilha de roupas e começou a desamassar uma com as mãos - Você só precisa ter mais paciência - constatou e a pequena chinesa soluçou, escondendo o rosto entre as mãos.

- No momento em que eu soube que era uma menina eu senti a maior felicidade do mundo, e imaginei toda minha vida em volta dela - disse com emoção e suspirou - E agora fazem só três meses que ela nasceu e tudo o que eu mais quero na minha vida é voltar pro campo, cumprir minhas missões - confessou e desabou em um choro culpado.

- Mel, você não precisa se sentir culpada com isso - Phil pediu, passando os braços em volta da melhor amiga - Se você precisa de uma missão, então pegue uma. Vá lá e cumpra. Eu fico em casa com ela - sugeriu e a chinesa chorou mais ainda.

- Eu não vou abandonar minha filha - rosnou agressivamente e tentou sair do abraço que a envolvia.

- Eu sei que você jamais abandonaria ela, e isso não é o que eu quero que você faça. Eu só quero que você se sinta melhor - argumentou, enquanto sentia lágrimas molharem sua camisa azul - Se uma missão tiraria um peso dos seus ombros, então vá. Faça - declarou, e ela ajeitou-se no tapete para que pudesse olhá-lo nos olhos.

- E se eu não conseguir voltar depois? - perguntou com receio e o coração de Phil pulou duas batidas ao ouvir a frase e absorver a expressão de medo de sua garota.

- Mel, só você pode responder a essa pergunta - disse simplesmente, e ambos ficaram em silêncio por vários minutos.



Acontece que dias depois, ambos foram até a base da SHIELD em Nova York. Fora quase uma preparação de viagem. Era a primeira vez que arriscavam sair com a pequena Skye de casa. Arrumaram uma bolsa com tudo o que haviam lido em livros do tipo “Como fazer o seu filho crescer bem”: fraldas, três mudas de roupa,duas mamadeiras com água, três com leite que, com muita dificuldade, havia sido tirado dos seios da mãe com uma bombinha - May ainda tinha dificuldades em amamentar, e a idéia de fazê-lo em público a desesperava - e vários brinquedos para distraí-la enquanto conversavam com seus superiores. Entre eles, estava a pelúcia do Capitão América que havia sido dada pelo Diretor Fury, o padrinho da bebê. Haviam combinado de sair do apartamento no Brooklyn às 8 horas da manhã, mas não levaram em conta o trabalho que dava instalar uma cadeirinha de bebê num Corvette 62 e nem como era difícil encaixar Skye com segurança no objeto sem fazê-la chorar. Foram várias tentativas, até que para acalmar a si mesma, Melinda começou a cantar um mantra em sânscrito, e atraiu a atenção da pequena, que parou de chorar e aceitou ser “amarrada” ao objeto de segurança. Era incrível como um bebê se somente três meses e duas semanas poderia oferecer tanta resistência a um mini cinto de segurança.

-Achei que não viriam mais - disse Maria Hill ao recepcioná-los em frente a sala do Diretor. A jovem havia saído diretamente das primeiras fileiras de cadetes da SHIELD para aprender de perto, com o maior agente de todos, como era ser uma verdadeira Comandante.

- Foi a maior luta da minha vida - Melinda respondeu referindo-se à jornada que fora para chegarem à base. Se a hora de entrar no carro havia sido difícil, a saída fora mais assustadora. O cinto da cadeirinha havia travado pra valer, e nada de mundo fazia Phil lembrar de como destravá-lo. Isso havia estressado tanto a filha, quanto a mãe, que começara a andar em círculos em volta do carro, até que o pai, em uma idéia genial porém arriscada, tirou a cadeirinha do carro e decidiu que por ora, era melhor carregá-la ali. May tentou protestar, mas olhando no relógio, percebeu que não era hora para isso.

- O Diretor está esperando por vocês - a cadete de olhos azuis os disse, indicando a porta de vidro no fim do corredor. Com receio da bronca que estava por vir, caminharam até o local indicado e May- atualmente com as mãos mais desocupadas, carregando nos ombros somente a bolsa da bebê - deu três batidinhas na porta, que foram respondidas rapidamente.

- Entre - Fury disse em sua voz grave, e segundos depois, o casal de agentes estavam parados em meio a sala do diretor, parecendo totalmente deslocados devido a todos os objetos infantis e o bebê que carregavam - Como vai a pequena Skye? Fazendo com que seus pais se atrasem como nunca? - brincou e levantou-se para cumprimentar adequadamente ambos, que além de agentes competentes, eram também amigos próximos.

- Você não faz idéia Fury - Phil respondeu ao apertar a mão do homem mais velho e Melinda manteve-se quieta.

- Afinal, o que vocês vieram fazer aqui no meio da licença? - disse seriamente, e ofereceu lugar aos dois, que acomodaram-se nas cadeiras em frente a mesa do diretor.

- Eu vim pedir uma missão senhor - May declarou rapidamente e recebeu um olhar chocado.

- Uma missão Melinda? Você não acha muito cedo pra isso? - questionou calmamente, embora estivesse um pouco preocupado.

- Por favor Fury, uma missão, três dias no campo, que seja, eu preciso disso - implorou sem alterar muito o tom de voz, e desconfiado, o mais velho olhou para Coulson, que fingia distração ao balançar um chocalho em frente a bebê, que o olhava curioso.

- O que você acha disso Coulson? - perguntou encarando-o, e Phil sentiu um desconforto crescente.

- Senhor, eu que sugeri que ela o fizesse - confessou e o diretor olhou-o surpreso - Com todo o respeito, acho que os motivos para isso dizem respeito somente a nós dois - disse de forma calma e Melinda fechou os olhos, agradecendo silenciosamente por Phil não ter contado nada ao diretor.

- Está bem, eu posso arranjar algo pra você - o homem disse após vários minutos em silêncio - Coisa simples, que não ofereça muito perigo. Querendo ou não, você teve um filho há três meses e eu não sei quanto esforço físico você está autorizada a fazer - esclareceu e um suspiro aliviado escapou por entre os lábios da chinesa.



Três dias depois Melinda estava de malas prontas e passaporte na mão. O diretor havia mandado um arquivo sobre uma venda ilegal de armamento na Espanha, e tudo o que era preciso para prender o vendedor eram algumas provas, que seriam conseguidas em um jantar das Nações Unidas. May seria a representante da SHIELD em tal evento, e estava exultante por estar de volta ao campo, mesmo que por apenas 24 horas.

-Toma cuidado lá - Phil pediu, encostando na porta do quarto da mulher, que revisava a mala.

- Eu sempre tomo Phil - garantiu e sorriu, olhando-o com a devida atenção pela primeira vez após terminarem. Nos últimos meses ele havia perdido algum peso, uns fios de cabelo e a mania incessante de usar gravatas até dentro de casa, e só agora May percebia isso. “Como eu pude deixar passar?”, perguntou-se, olhando-o com curiosidade.

- Que foi? - ele perguntou com um sorriso confuso,movendo-se para dentro do quarto.

- Eu acabei de perceber que eu não prestei atenção em você nos últimos meses - confessou e aproximou-se do homem.

- Mel, por favor - pediu ao sentir o toque da chinesa em seus lados do corpo - Não faz isso.

- Eu não vou fazer nada - respondeu com a voz fraquinha e ergueu-se na ponta os pés para deixar um selinho em seu queixo, especificamente, em sua cicatriz minúscula no queixo - Cuida direitinho dela enquanto eu estiver fora - pediu enquanto fazia um carinho na barba mal feita do homem.

- Pode deixar comigo - respondeu e deu-lhe um beijo na testa, antes de sair rapidamente do quarto, resistindo a todo seu egoísmo de beijá-la de verdade e pedir que ela ficasse.



A missão não durou somente 24 horas como o previsto. Foram longos cinco dias até que Phil conseguisse alguma informação sobre Melinda. Cinco dias que Skye não deu sossego. A pequena chorava o dia todo, se recusava a beber do leito requentado e passava mal quando o fazia. Teve febre e cólica por dois dias, e isso só fazia com que o desespero de Coulson se acumulasse. Levou-a no médico, que com todos os exames feitos, não conseguiu encontrar uma razão para o que a garota sentia. “Deve ser emocional”, o doutor disse e o agente concordou. Quase estava ficando doente imaginando todas as coisas que poderiam ter dado errado com Melinda na Espanha. Era sábado de madrugada quando Phil ouviu um barulho na cozinha e saiu para verificar. Lá estava sua chinesa, sentada no balcão da cozinha, segurando uma bolsa de gelo em cima do olho esquerdo.

-Oi - disse envergonhada e encolheu-se como se esperasse uma bronca. O que veio em seguida foi o contrário. O homem caminhou até o balcão e ajudou-a a descer de lá com delicadeza e encaminhou-a até o sofá da sala. Tirou a bolsa de gelo que a mulher segurava sobre o olho e só aí, pôde avaliar o estrago. Sua pálpebra roxa, o olho quase fechado devido ao inchaço,ostentando um corte superficial na linha da sobrancelha que provavelmente havia sido causado por um soco e uma mancha que começava a se esverdear na bochecha, indicando que aquela havia sido causada há alguns dias.

- Parece que a coisa foi feia - o homem comentou, sentando-se na poltrona ao lado do sofá, inclinando seu corpo para frente a centímetros do rosto machucado da mulher.

- Me desculpa Phil - pediu com um nó na garganta - Eu estava indo bem, as provas estavam arquivadas já, quando eu fui pega de surpresa no meu quarto de hotel, dois homens entraram e me deram uma surra. Eles levaram os documentos e eu fui atrás pra recuperar. Foi aí que deu errado. Eu derrubei três deles com facilidade, mas o último era maior que você. Eu consegui dominar ele por um tempo, mas ele socou meu olho e quase me cegou. Por um milagre ou algo do tipo eu acertei a cabeça dele com um extintor e corri pra fora de lá com as provas - contou tudo em um suspiro só, e depois calou-se como se novamente, pronta pra uma bronca.

- Você é louca Melinda - ele respondeu simplesmente, com uma risada abafada, e pela primeira vez, desde aquele dia em Atlanta, onde ela disse que estava grávida, beijou-a com força, como se sua vida dependesse disso. Beijou-a com fome, com raiva, com desejo, e ao mesmo tempo com carinho e preocupação. Preocupação em não esmagar o rosto danificado da mulher contra o seu, para não causar-lhe mais dor. Preocupação com o que aconteceria depois que as linguas se afastassem e o espaço entre eles fosse maior. Preocupação com o que ela diria, ou faria. Com o que aquele beijo afetaria tudo o que eles haviam combinado. Ele tinha certeza da reação de Melinda, de que ela o bateria com tanta força que o deixaria desorientado por dois dias. Sorte a dele que estava errado. Quando encerrou o beijo mordiscando o lábio inferior da mulher, foi surpreendido pelo movimento ágil da mesma, que acomodou-se em seu colo, com uma perna de cada lado, em questão de segundos. Foi o suficiente para sentir seu pênis endurecer nas calças do pijama. O suficiente para que ela gemesse contra seu lábios ao beijá-lo novamente. Com as mãos inquietas, explorou as coxas e as nadegas da chinesa, apertando-as sem dó, enquanto a pequena decidia-se entre deslizar as unhas em seu peito despido e bem definido ou mover os quadris em um ritmo lento e alucinante sobre a pélvis rígida de seu “amigo”.

-Eu quero isso desde o dia em que concordamos que não poderíamos mais - confessou em um sussurro lascivo, mordiscando o lóbulo da orelha de Coulson, que com agilidade, retirou-lhe a fina regata preta.

- Você é tão linda - suspirou contra a barriga da mulher, não totalmente magra após quinze quilos a mais em uma gravidez. Beijou-a ali com carinho e devoção, fazendo-a se arrepiar de vontade - Vamos pro quarto - pediu e começou a erguê-la.

- Não - respondeu imediatamente e o fez sentar novamente. Com movimentos ágeis, tirou a própria calça jeans e calcinha, e com um olhar malicioso e um sorriso divertido, despiu-se do sutiã. Entendendo a mensagem, Phil livrou-se de sua roupa restante, e assoviou uma respiração quando Melinda encaixou-se perfeitamente em cima de seu pênis. Ambos gemeram em sintonia, e iniciaram sua dança frenética pelo prazer. Não durou muito. Não teve ritmo certo e eles não gozaram juntos. Foram alguns segundos de diferença entre o tremor total do corpo de Phil, até que Melinda reprimisse um grito agudo, e desabasse extasiada no peito de seu homem, com uma risada baixa em sua garganta. Ambos riram juntos, ali jogados desconfortavelmente na poltrona antiga, agarrados e suados. Riram de felicidade por finalmente terem deixado de lado a porcaria do trato que fizeram, e riram mais ainda quando, minutos depois, Skye iniciou um choro em alto e bom som.

- Parece que o nosso anjinho acordou - May comentou, a testa colada na de Coulson.

- Sua vez de fazê-la dormir - declarou e deu um selinho no nariz de sua garota.

- Você vai me ajudar? - perguntou com insegurança.

- Sempre Mellie, sempre - respondeu com confiança, e novamente um sorriso imenso surgiu no rosto machucado de sua chinesa. Naquele momento ambos entenderam que nada poderia separá-los. Nenhum trato os afastaria. Não se houvesse aquele amor que sentiam, o fogo que compartilhavam. Não se houvesse sua pequena filha de apenas três meses, chorando com força no quarto ao lado, fazendo-os rir de desespero e chorar de felicidade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, porque eu francamente A-M-E-I escrever. Me digam o que acharam.



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