Nick Furry bateu forte na mesa. Lhe custava acreditar que um garoto, uma criança mal criada, expusera a SHIELD de tal maneira. Urgentemente, chamou Wanda, Steve e Natasha. Então rumaram para Malibu Pont.

[...]

Bateram na porta. Silêncio. Tocaram a campainha. Tony estava tomando café.

– Quem é o apressado, Sexta Feira? - pergunta Tony com a boca cheia de pão.

– O diretor da SHIELD e alguns de seus colegas vingadores.

– Diga que eu nã...

Tony foi calado por um estrondo.

– Pra quê isso, Furry? Quebrou a porta! - ironiza ele. - Tá feliz?

– Sem piadas, Stark! - o negro responde, ainda mais irritado.

– O que estão fazendo aqui? - aponta para os três vingadores ali.

– Eu garanto que vai agradecer. Logo saberá! - Diz Wanda, com sua mais debochada voz. Então, já irritado, Stark pergunta.

– É sério agora, o que estão fazendo aqui?

– Veja se isso te responde! - o diretor da SHIELD joga o jornal do dia em Tony.

"... Isso quer dizer que nossos heróis estão precisando da ajuda de um Vilão? E se ele resolver voltar com mais uma vingança? Agora que tem a confiança dos Vingadores é bem mais fácil.

É mesmo relevante a informação do pequeno Bernard Hansen, quanto à restar soldados russos geneticamente mudados? Está mesmo em perigo o nosso presidente? Vamos esperar a resposta da equipe..."

Antes mesmo de terminar a leitura, o moreno já estava subindo as escadas. Natasha e Wanda conteram as risadas, enquanto que Steve saiu atrás, sem saber o motivo. O play boy abriu a porta do quarto de Bernard numa só investida. O garoto já o esperava, pois se levantou com calma.

– Impressão minha ou tem alguém estressado aqui? - sorriu, debochado.

– Seu moleque....

Tony agarrou nos braços do menino, o sacudindo. Antes que o machucasse, Steve o impede, lhe deixando longe.

– Calma, papai.

– Papai?

Perguntaram todos ali. Furry e as vingadoras haviam subido também. Estavam em choque, aquele garoto era filho de Stark? Talvez isso explicasse ele saber tantas coisas a respeito da estadia de Loki na Terra.

– Esse aprendiz de demônio é filho da Maya, aquela botânica que criou o "extremis". E é meu filho. - disse ele raivoso.

– Você sabe as consequências do que fez, garoto? - o negro indaga.

– Sei e sinceramente espero que meu pai seja responsabilizado. Espero que todos aqueles KGB's que ele não conseguiu matar voltem e o visitem - Bernard dizia como se fosse a coisa mais linda do mundo.

– Está se ouvindo? - Tony berra. - No dado momento que você se revelou meu filho está em perigo também. E no desgraçado momento que abriu essa sua boca nervosa, revelou segredos de Estado. Segredos da maior sociedade secreta do mundo. E se o presidente não gostar da notícia? Piora tudo!

Pepper toca no braço de Tony, pedindo para que se acalmasse. Ela havia acabado de chegar, e subiu por medo dos gritos. Acabara de ver a notícia na CNN e temeu pelo pequeno Hansen. Os vingadores agradeceram mentalmente por isso. Bernard ainda sorria.

– Me desculpe, pai.

– Não me chame de pai! - gritou com todas as forças que tinha.

Um silêncio constrangedor se fez ali. Os olhares iam do pai ao filho. Bernard se calou. Estagnado, deixou uma lágrima cair. Não se arrependia, só que a severidade ao qual Tony falou, lhe feriu. Ele era apenas uma criança.

– Ótimo! Eu nunca quis ser seu filho mesmo.

Assim ele saiu do quarto. Pepper tentou ir atrás, mas o garoto gritou para que ela o deixasse. Bernard desceu correndo as escadas, esbarrando nos próprios pés e caindo. Foi aparado por um homem de pele clara e olhos azuis, que evitou que ele se machucasse.

Esse homem estava vestido de preto, com um cachecol branco. Seu terno era de um corte fino. O homem alto, lhe ajudou a descer os últimos degraus. Então, ficou de frente para ele e disse:

– Pare de chorar, garoto. Quando ficar calmo vai se arrepender de ter sido tão fraco.

– Minha mãe me ensinou que chorar não é fraqueza, e sim um sinal de que algo lhe toca o coração. Seja bom, seja ruim. - passou a mão no rosto com força, enxugando as lágrimas que teimavam em cair.

– A minha também. Não acredite em sua mãe, ela mente para te fazer feliz. A minha mentiu. - riu cúmplice.

– Eu sei... só que ela não está mais aqui para mentir para mim. E hoje suas mentiras me fariam bem - olhou para baixo.

Os vingadores apareceram no alto da escada, estranhando o homem ali. Bernard olhou Tony com rancor, depois fitando aqueles olhos azuis. O moreno em sua frente reconheceu aquele olhar. Aquele mesma cena... uma criança correndo em lágrimas. Alguém a consolando.
Era isso que aquele garoto precisava agora. Se libertar por um tempo.

– Loki? - Steve pergunta. - O que está fazendo na Terra?

Antes de responder, viu que atrapalhava o menino. Mas antes de deixá-lo sair, disse num sussurro:

– Tem um carro na entrada. Entre lá e me espere, sim? - ele concorda. - Cuidado com a chuva. - assim o menino deixa a sala, e consequentemente a casa.

– Não respondeu, Loki. - Furry atiça. - Pelo que sei nem mesmo Lunna está na Terra a quase seis meses. O que faz aqui? E vestido como um de nós?

– Cortou o cabelo, né, Rena? - Tony atentou ao novo corte do asgardiano.

– Não deveria ter contado a Lunna o que já fiz com Sif. As duas desgraçadas se juntaram numa vingança. - disse com um visível ódio. Os vingadores sorriram com seu jeito cru de falar.

– E por que está aqui? - foi a vez de Wanda perguntar.

– Como punição por atear fogo nos estábulos com Sif dentro, meu p... Odin me mandou até Midgard por duas semanas. E vim aqui entregar a você o convite da cerimônia ridícula de casamento de Thor e Jane Foster. - diz ele, entregando a ele um envelope dourado.

– Legal. - diz o milionário.

– É sim. Tenham um bom dia. - fez menção de sair. Antes, se virou para Steve e disse - Você está sendo intimado a ir também... - o loiro riu, mesmo estranhando. - Pela rainha de Nellhaim.

Fazendo Steve corar ainda mais, deixou a mansão. Quando se pôs ao lado de fora, se arrependeu de ter lembrado do que Haimdell há muito lhe fez. O que estava pensando ao tentar ajudar um humano? Agora teria de se livrar do moleque de maneira sutil. Entrando no carro disse:

– Não quer entrar? É melhor.

– Não tenho porque fazer isso. - estava com as pernas dobradas em cima do banco. Seu queixo apoiado entre os joelhos, e os braços abraçando-as.

– Também não tem porque ficar. Nem sequer me conhece.

– Eu sei tudo sobre você! - Loki gargalha. - Você é o filho de Odin. Invadiu a Terra há quase dois anos e é um excelente vilão. Tentou matar meu p... Tony Stark e os outros vingadores. Ajudou na convergência e veio no começo do ano passado para cuidar de uma humana. E já ia esquecendo, tem um belo carro. Roubou de quem?

– Primeiro - maneou a cabeça para o lado -, Acertou tudo. Segundo, não preciso roubar nada. Agora saia desse carro que seu pai está lá dentro. - abre a porta.

Chegaram a ver os vingadores e Furry saindo na chuva e entrando num carro preto. Bernard revida.

– Ele não quer ser meu pai... e nem eu filho dele.

– Se não quisesse não estaria repassando a cena tantas vezes na mente. Deixe de frescura, garoto. Se não quiser mesmo ser um bom filho, aja como um monstrinho e seus problemas estarão resolvidos. - apontou para a porta balançando a cabeça. - Agora vá.

O menino saiu emburrado e bateu a porta com força. Antes de entrar na casa, lembrou-se do dia que sua mãe lhe apresentaria seu pai.

Ele acordou cedo, ela também, mas para ele era especial. Sua mãe lhe ajudou a se arrumar, depois chamaram seu motorista e foram até a casa dele.

Antes de sair do carro, ela disse:

– Não se preocupe. Ele vai amar conhecer você. Só espere cinco minutos.

Se passaram sete minutos até que ela mandou uma mensagem pedindo para que ele mandasse o motorista o levar para casa. A resposta de Tony não havia sido a melhor. O pequeno Bernard não sabia que aquela mensagem já estava escrita desde o momento que eles saíram de casa. Maya já imaginava a reação dele.

"Sinto muito, mas sua mãe não está mais aqui", lembrou do jeito até que meigo que o policial falou. Encostou a testa na porta, levando a mão à nuca. Mais uma vez, passou os dedos na cicatriz.

– É mãe, talvez eu não esteja tão seguro assim. Será que valeu a pena...?

A porta foi aberta. A ruiva que namorava o homem a quem chamava de pai pretendia ir às Indústrias Stark, trabalhar. Depois de dar um sorriso reconfortante, ela passou por ele. O moreno lá atrás apenas revirou os olhos e saiu da frente do garoto.

– Tony! - receoso ele chama. - Desculpe. - o moreno, que estava de costas, se virou, rindo ironicamente.

– Desculpe? Desculpas não irão resolver nada. Não sei se você sabe que até mesmo você está em perigo agora. Não é que eu esteja preocupado... - como sempre, gesticulando em demasia. - Mas você é meu filho. Então é isso.

– Olha só, não quero lição de moral, tá? Vai dizer que desculpa ou não? - como resposta, Tony ri.

– Mas vê se não mexa em minhas coisas... e vê se não revele segredos de Estado novamente. - empurra o garoto pelo ombro.

O menino viu nesse momento de quase paz a oportunidade de contar a ele seu verdade objetivo ali.

– Stark? - o pai já estava sentado à mesa do café mais uma vez.

– Quê?

– Eu tenho de lhe falar algo. Você me perguntou o que eu queria, não é? Então! - se aproximou.

Tony estranhou a reação do garoto, mais ainda quando ele ficou de seu lado, em pé. O Hansen pôs as pontas dos dedos no ouvido do homem e disse:

– No começo era uma vingança... - seus olhos âmbar ficaram vermelhos. - Agora estou atrás de cura.

A escuta que estava no ouvido de Tony queimou, literalmente derretendo ao toque do menino.