Escrito em Escarlate escrita por Bella Black


Capítulo 3
II - Visitinha


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas por não ter postado semana passada como eu falei que iria :C
Mas aqui está o novo cap e daqui para frente vai ser tudo certinho como eu falei ^^
Muito obrigada às duas pessoas que comentaram no capítulo passado. Vocês moram no meu ♥ hahaha
Boa Leitura ^^



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Já eram seis e meia da noite e Rodolfo ainda não havia chegado, isso significava que provavelmente ele tinha passado no seu apartamento para tomar um banho, o que era ótimo. 

Dei uma conferida no espelho e o meu espesso cabelo castanho ainda estava levemente úmido, mas logo iria secar. 

Fui à cozinha e me servi de uma taça de vinho tinto, especialidade da região que tinha forte parte da economia voltada para a colheita de uvas e produção de derivados desta. 

Dei um pulinho na sacada e fiquei olhando os pedestres lá embaixo, todos com muita calma e muito despreocupados, diferente da cidade grande, onde todos viviam correndo e desconfiados dos outros. 
Observei enquanto duas senhoras, uma de cada lado da rua, se avistaram.  

Provavelmente eram amigas e enquanto abanavam os braços, atravessavam a rua simultaneamente até se encontrarem no meio desta para então começaram um diálogo em italiano (mais precisamente "Talian",  que é como o dialeto misturando português e italiano da região se chama). Elas falavam alto e gesticulavam absurdamente com as mãos. Juro que se alguém passasse ao lado das mesmas acabaria levando um tapa no meio da cara se estas não parassem de balançar tanto os braços. Ah, Antônio Prado, exatamente igual a 10 anos atrás... 

Estava tão perdida em meus pensamentos que quase não ouvi a campainha tocar. Fui andando calmamente, arrastando a minha rasteirinha pelo chão de madeira até  a porta. 

O relógio marcava sete horas. 

−Oi! - cumprimentei Rodolfo com um beijo na bochecha e pude sentir o seu perfume amadeirado que parecia combinar imensamente bem com os seu cabelo cor de fuligem. 

 −Oi Ju, ta perfumada, hein! − disse ele com um sorriso de canto extremamente sexy. 

−Você também, gato. Quer vinho? - disse eu indicando a taça em minhas mãos com um gesto enquanto fechava a porta atrás de nós. 

−Hum... - murmurou ele com uma cara forçadamente pensativa - eu acho que eu prefiro outra coisa. - Ele me encarou com um olhar insinuante e com o sorriso sexy em lábios novamente. 

−Nossa, quanta exigência! O que o senhor desejaria então, senhor Rodolfo? - Falei também entrando na brincadeira. 

−Hum - parecia quase um ronrono quando ele fazia esse "hum" dele, e eu, apesar de já tê-lo ouvido um milhão de vezes, sempre me rendia. - Eu desejaria muito, bem, a senhora, sabe? 

Não pude conter o riso, que foi logo abafado pelos seus lábios que me beijavam enquanto suas mãos me puxavam cada vez mais para perto. 

Já estávamos praticamente nus quando chegamos ao meu quarto e em poucos segundos já estávamos enrolados um no outro na cama, gemendo, suando e sentindo prazer inigualável, exatamente como eram sempre as visitas de Rodolfo.  

Uma hora depois me levantei da cama com as pernas doloridas e cansadas, ainda me sentindo extasiada e fui ao banheiro enquanto Rodolfo, deitado com um braço dobrado atrás da cabeça me seguia com os olhos. 

Ao observar meu corpo pelo espelho notei que um dos meus seios fartos estavam com uma marca rocha de mordida que se destacava contra a minha pele clara, minhas pernas compridas tinham as mãos de Rodolfo quase perfeitamente desenhadas na lateral de ambas, meu cabelo estava embaraçado e um sorriso iluminava o meu rosto. 

As visitas de Rodolfo sempre me faziam bem, principalmente depois que terminamos o namoro e aquilo deixou de ser chato e monótono. A nossa amizade colorida sem nenhum compromisso real me satisfazia muito mais do que uma relação fechada, e foi realmente uma surpresa quando Rodolfo, sempre tão antiquado, topou aquilo. 

Antes que eu pudesse sair do banheiro Rodolfo já estava lá dentro me beijando enquanto passeava com as suas mãos pelo meu corpo. Quase inconscientemente minha mão foi parar em seu membro e logo nós estávamos em baixo do chuveiro juntos "tomando banho". E quer saber? Que se foda a falta d'água. 


♠♣♥♦

 −Tá com fome? − perguntei para Rodolfo sentado ao meu lado no sofá com as minhas pernas sobre as dele. 

−Aham. Vai cozinhar, dona de casa? - perguntou ele rindo. Sabia muito bem que se tinha uma coisa que eu definitivamente não fazia nada bem era cozinhar. Além do mais eu sempre achei machista demais a mulher TER que saber cozinhar, e em um relacionamento SEMPRE ser a mulher que cozinha, por isso sempre me neguei a cozinhar quando namorava com Rodolfo e, não se preocupe,  eu não havia mudado.      

—Não querido, eu vou encomendar um Xis. - disse eu pegando o telefone ao meu lado. Vai querer do quê? 

−Um Xis da casa. 

−Rodolfo, sempre o mais tradicional possível. - Disse rindo enquanto esperava o atendente receber minha ligação. 

Quase uma hora depois os nossos Xis acompanhados de uma porção de batata-frita pequena cada (promoção da casa) chegaram. Sentamos na mesa para comer, porque eu não queria ter que limpar manchas de ketchup do sofá. 

O negócio era que aqueles Xis eram realmente uma refeição completa, principalmente se tratando do tamanho. Duas fatias de pão do equivalentes a um prato grande, com um bife de hambúrguer igualmente grande, e tudo o que um Xis tem direito. Eu quase sempre conseguia comer só a metade do meu e o resto deixava para o café da manhã do dia seguinte.

−Como vai o trabalho na escola? - Perguntei calmamente.

−Vai bem, estou com algumas turmas a mais do que eu daria conta então tá meio puxado, mas nada muito ruim.

−Mas não tinha outra professora de história também? 

−Sim, mas ela está de licença maternidade, ela e mais 3 outras professoras.

−Pelo visto até no cio elas entram junto... 

Rodolfo não pôde se conter e riu alto, ele sempre se espantava com as minhas doses de humor negro (que normalmente eram bem piores que isso, é claro), mas já não me dava mais um sermão idiota toda vez que eu falava algo do tipo, coisa que ele praticamente se sentia na obrigação de fazer quando nós namorávamos. 

−E o seu trabalho, como vai, hein escritora? 

−Bem, até que vai bem. Apesar de que eu acho que o jornal de Rio Grande tá pensando em me dispensar, eles não falaram nada, mas eu estou com essa sensação... Sabe? 

−Bah, tu sabe que com essa crise eu não duvido muito. Mas eu sei também que tu é uma ótima escritora e está sempre pontual com os textos e eles não te largariam... 

−Bem, é que na verdade eu não estou sendo mais tão pontual assim com os meus textos, desde que eu voltei ao Pradinho estou meio que sem assunto, por que como é que eu vou fazer matérias todos os dias se nada nunca acontece aqui? E eu ainda tenho que fazer dois textos para amanhã, um para Rio Grande e um para o jornal online... 

  −É, realmente, aqui não é um lugar muito bom para uma jornalista morar... E o livro, como vai? 

Rodolfo era o único ser vivo na Terra que sabia que eu estava escrevendo um livro, isso porque, sem eu querer, ele me viu escrevendo, desde então eu o atualizo sobre como anda a minha história. 

−Tá meio empacado, eu sei o que tem que acontecer, mas simplesmente eu não acho mais aquilo seja tão bom quanto eu achava antes e não consigo escrever... 

−Bom, te desejo sorte, porque ajudar eu acho que não vai dar. - Brincou ele, que sempre foi péssimo para criar histórias, vivia somente por recontá-las. 

Após terminarmos guardei a minha metade na geladeira e voltamos a assistir TV, passava um documentário sobre a caça aos Hobbits no Discovery Channel. A matéria era tão absurda e conspiratória que chegava a ser engraçada. 

Já passava da meia-noite quando peguei o carro para levar Rodolfo. Como ele tinha que corrigir as provas, que já eram um número grande e agora eram mais ainda, ele optou por dormir em sua casa. 

Enquanto andávamos pelas ruas totalmente silenciosas da cidade, eu resolvi ligar o rádio, coisa que eu evitava ao máximo fazer. A cidade inteira sabia que eu sempre odiei aquele jornalista estúpido, machista, e que vivia descendo o pau nas festas da minha época de adolescente. 

A voz do radialista interrompeu a música que tocava. O que era um tanto surpreendente, já que aquela rádio não possuía turno noturno. 

Atualizações sobre o assassinato ocorrido hoje, às quatro da tarde na gruta natural da cidade de Antônio Prado: o corpo da vítima, Paula M. Zaccani, foi encaminhado para a autópsia na cidade de Caxias do Sul e o corpo tem previsão de retorno amanhã por volta do meio-dia quando se iniciarão as cerimônias fúnebres. A Polícia ainda não divulgou nenhum suspeito no caso...  

−Tu tava sabendo dessa? -Perguntei surpresa a Rodolfo. 

−Não... Pelo visto o Pradinho não é mais um lugar tão seguro assim... 

−Aham. Bem, pelo menos eu já tenho a minha matéria para amanhã... 

−Muito sensível você, hein? - Riu Rodolfo - Bem, eu tenho impressão de que eu conheço esse nome de algum lugar... 

 −Se lembrar me dá uma ligada, pode servir para a minha matéria... Será que ainda terá algum policial na cena no crime? 

−Tu tem certeza que tá me perguntando isso sobre os policiais do Pradinho? - Zombou Rodolfo, todo mundo conhecia a preguiça dos policiais daquele lugar. 

−Tem razão, mas vou dar uma passada lá e na brigada também, se bem que eu acho que quem deve estar cuidando do caso são policiais de fora... 

−Provavelmente... 

Nesse momento parei em frente a casa de Rodolfo, que se despediu de mim com um beijo. 

Eu nem passei em casa, todo o meu equipamento de jornalismo estava no carro, costume que adquiri enquanto morava em Rio Grande, fui direto para a gruta. 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Por favor não deixem de comentar, é muito importante para mim. Cada comentário muda o meu dia ♥
Até o próximo, bjs de luz ^^



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