Briefly Away escrita por Bloody Butterfly


Capítulo 2
2. Awakening


Notas iniciais do capítulo

Gente, demorei. Ok, as coisas têm estado um caos por aqui, e mesmo sabendo que isso não justifica saibam que meu computador fez o favor de apagar todos os meus arquivos (de novo) inclusive os capítulos seguintes das minhas outras duas fics. T-T. Esse aqui se salvou por estar no meu celular, então foi o máximo que consegui arrumar por agora (até porque estou a caminho da semana de provas aqui...), por isso espero que gostem.
P.S. Quanto às outras fics.: estou tentando reescrever os caps. perdidos, então espero que relevem um pouquinho o atraso dessa vez.



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Capítulo Dois: Despertar

POV. Soul

Minha memória era branca. Da escuridão à luz. Branco, branco, sempre branco.

Quando abri os olhos novamente, eles estavam pesados. Lutei para manter a consciência, o corpo dormente como se há muito estivesse parado não me ajudava a despertar, pelo contrário, parecia disposto a me colocar para dormir de novo.

A primeira coisa que vi, ironicamente, foi o branco.

O branco de um teto sob minha cabeça, das paredes ao meu redor, das roupas que vestia e da luz que trespassava as persianas no quarto. Puramente branco.

Ao olhar para o lado visualizei meu braço estendido com tubos transparentes fincados na veia onde pingavam soro.

Aos poucos comecei a sentir as dores, minha mente afetada pelos sedativos ainda não havia assimilado os últimos acontecimentos. Sentia-me lento.

Isso é... Eu estou... Num quarto de hospital. Mas... Por quê?

Meus olhos sondaram o ambiente, procurando alguma coisa que me fizesse lembrar.

Havia um ramalhete de flores na mesa de cabeceira ao lado da cama junto a um pequeno cartão onde pude ler meu nome na floreada caligrafia de Tsubaki.

Tsubaki...?

Fiz força para consegui erguer o braço, constatando que o mesmo se movia normalmente, ainda que cheio de arranhões e hematomas.

Quando a porta foi aberta desviei minha atenção para a entrada, vendo dela emergir uma enfermeira ruiva seguida de algumas pessoas conhecidas.

–Então você acordou! Graças aos céus. -Liz suspirou aliviada, sorrindo ao me ver de olhos abertos.

–Pelo menos ele. -comentou Patty, um tanto amuada.

–O que... Aconteceu? -indaguei, a garganta seca deixando minha voz áspera.

Kid, apesar de aparentar estar aliviado com meu despertar, ainda se mantinha sem expressão ao aproximar-se de meu leito, possuía uma calma quase forçada em sua postura normalmente impecável.

–É bom que esteja bem, Soul. Depois do desabamento já não sabíamos mais o que esperar...

–Desa...bamento? -repeti confuso.

O filho do Deus da morte franziu o cenho de leve.

–É, a armadilha na Caverna Lilburn, na Califórnia, causou um desmoronamento. Vocês foram pegos antes de conseguirem sair, lembra?

Antes de... Conseguir sair?

Flashes de rochas caindo e desespero brotaram em minha mente num rompante, imagens acaloradas de uma corrida em meio a uma escuridão em ruína.

Desviando, correndo, seguindo.

Lembrava-me da perseguição desenfreada daquela obliteração em cadeia, lembrava-me dos gritos, dos sons das pedras cedendo e desabando num macabro efeito dominó que conspirava para tomar nossa vida.

Nossa.

Não apenas minha, mas nossa. Recordava-me do vulto disforme ao qual tão obstinadamente tentava seguir; Dos cabelos castanhos que eram empurrados pelos impulsos da corrida, do sobretudo negro oscilando no ar com a velocidade enquanto disparava, esquivava, saltava e abaixava entre o cenário apocalíptico. Era nítido, vívido como se houvesse acontecido há poucos segundos.

Uma onda de choque percorreu meu corpo e, num súbito e doloroso movimento, sentei-me afogueado. Estava por certo pálido, boquiaberto.

Como houvera esquecido daquilo?!

–E Ela? Kid, diga-me o que aconteceu! A Maka... A Maka está...?!

–Soul. -o olhar do moreno encheu-se de reserva e dor, parecendo receoso- Talvez agora não seja a melhor hora...

–Maka é minha artesã! Eu tenho o direito de saber o que houve com ela! -insisti teimoso, sentindo que estava prestes a agarrar o moreno pelo colarinho se não respondesse logo.

O filho do Shinigami baixou o olhar por um momento antes de voltar a me fitar diretamente.

Eu sabia! Sabia que algo estava errado! Mas o quê? O quê?!

–A artesã Maka Albarn foi gravemente ferida na emboscada. -proferiu enfim, a voz tremendo entre as alegações demasiado formais, eu vi quando aqueles olhos dourados fraquejaram, porém, exibindo a real dor em si- Maka... Ela está em coma, Soul.

(...)

Lembro-me de sentir dor.

Acho que os analgésicos não foram o bastante ou o choque foi muito forte para que meu corpo aguentasse muito mais.

Não tenho certeza se me despedi de Kid ou das irmãs Thompson. Não sei se cheguei reagir propriamente antes de perder a consciência. E também não estou certo se bati a cabeça no ferro da maca ao desmaiar.

A única coisa que sei foi que dormi por muito tempo.

Acordei algumas vezes, tendo rápidos vislumbres nos momentos em que conseguia manter os olhos abertos antes de adormecer novamente.

Quantas horas teriam se passado? Será que mais de um dia? Era impossível ter uma boa noção de horário naquele estado, ainda mais tendo notado que os médicos aumentaram a dose de sedativos que vinham me dando.

No fundo eu sabia que não devia estar ali. Minha mente lutava contra as substâncias entorpecentes como podia, deixando sempre uma inquietação em meu peito que não me deixava descansar direito. Era uma incomodação chata, inoportuna, que foi o que me tirou parcialmente do efeito das drogas.

Quando acordei de verdade novamente era madrugada. O quarto que carecia quase que por completo de iluminação deixava que apenas alguns poucos feixes de luz prateada de infiltrassem no cômodo através das mesmas persianas mal cerradas.

Olhei ao redor com certa agitação, minha consciência voltando a mim aos poucos me fazia alerta da situação atual.

Eu e Maka... Nós... Não conseguimos sair.

Raiva, culpa, amargura e frustração foram os sentimentos que me mantiveram ancorado à realidade. Estava são de novo finalmente, ainda que talvez preferisse ter me mantido desacordado por mais tempo para não sentir aquelas emoções derrotistas.

Não seja covarde, droga! Era o que eu dizia a mim mesmo com raiva.

Depois de aplicar um esforço descomunal e ao contar de alguns segundos fui capaz de me sentar, os músculos rígidos protestando mais a mais a cada segundo. Não podia ficar ali, não podia. Havia algo, ou melhor, alguém, que me esperava. Era estúpido pensar daquele jeito, tão afogueadamente, em meio à madrugada, entretanto nada mais me entrava na cabeça que não a vontade de visitá-la, de vê-la.

Talvez porque temesse, inconscientemente, que a visita de Kid fora apenas um sonho e que, na verdade, ela estivesse morta.

Não, não podia ser. Não podia. Não mesmo.

Eu me recusava a imaginar aquilo com todas as minhas forças. Não queria saber como seria a sensação de estar certo naquela vez, queria somente ter a plena certeza que estava errado hoje.

Quando meus pés tocaram o chão, percebi que algo estava errado.

Ah, que ótimo. Quebrei uma perna.

Creio que, na adrenalina do momento, não cheguei a perceber a fratura. Quem sabe esta tenha até sido feita depois que perdi a consciência, não lembrava direito, só sabia que era um belo incômodo agora.

Ao tentar me apoiar no chão, quase deslizei pelo piso com aquele gesso maldito. Estava tão impaciente que não me importava com a dor daqueles movimentos, precisava sair do quarto miserável apenas. Sair de dentro daquelas quatro paredes claustrofóbicas e ver, ver a consequência da minha falha com meus próprios olhos.

Obstinadamente, apoiei-me na parede mais próxima e, já ofegante pelo esforço, prossegui a passos cambaleantes até a porta. Pareceu levar muito tempo, muito esforço. Como se meu corpo fosse pesado demais para minhas pernas sustentaram.

Como se eu ligasse...

Abri a porta com a mão trêmula, vendo-me diante de um longo corredor cheio de portas.

Que ótimo, é estar no meio de uma porcaria de um labirinto branco. As indicações não ajudavam em nada uma vez que não conseguia lê-las naquela escuridão, então eu estava literalmente vagando sem rumo. Para minha alegria ainda maior notei que o nome dos pacientes não estava na porta, sendo a mesma só mostrava o número dos quartos e nada mais.

Ou seja: ou eu abro todas as portas que vir pela frente ou procuro a recepção pra perguntar.

Já não tinha certeza do quê daria mais trabalho, todavia optei por buscar a recepção, torcendo que não fosse muito difícil encontrá-la.

Acho que, devido ao empenho fervoroso que eu tinha de impor em meus músculos a cada passo, acabei por ficar zonzo. Uma hora aquelas paredes e o chão começaram a girar, senti náusea, fraqueza, e dor de cabeça, mas não estava sequer em condições de voltar para meu quarto. A verdade é que, ainda que estivesse composto o suficiente para tal, não saberia por aonde ir. Ficar caminhando naquele estado quase demente fez com que eu perdesse a noção de onde ia, sentia a sonolência e a tontura prestes a me abater bem ali.

Que ridículo! Você é patético, Soul Eater Evans! Não consegue nem encontrar uma maldita recepção dos infernos!

Tentava fazer com que aqueles pensamentos servissem de incentivo para me manter consciente, mas acabou que até mesmo pensar ficou difícil e exaustivo.

Depois de uma porção interminável de tempo que eu nem sei estipular, fui encontrado por uma enfermeira.

A moça que detinha uma prancheta nas mãos anotava qualquer coisa ali, levando um susto enorme ao me ver daquele jeito. Foi tamanho o choque que ela chegou a largar os papéis e vir me apoiar, vendo o quão fraco eu estava.

–O que está fazendo aqui?! –sibilou, num sussurro alarmado- Olhe a sua condição! Está quase desmaiando, rapaz!

Ofegando e pingando suor, deixei que a mulher me amparasse parcialmente, parando finalmente de andar. Concentrei-me para conseguir proferir uma palavra que fosse, tinha de pedir para que me levasse até o quarto dela.

–M... Maka... Albarn... –balbuciei com fraqueza, a voz se partindo e meio à frase- Me... leve até...

–Maka... Albarn? A garota do segundo andar? -questionou a loira, surpresa- Você... Precisa voltar para o seu quarto.

–Me leve... Até lá... Eu quero... Ver ela... -repeti com dificuldade, sentindo uma onda de náusea sacudir meu corpo.

Ela pareceu, de repente, considerar a ideia, uma vez que ficou quieta por alguns segundos.

–Tudo bem... Eu acho. -concluiu insegura, olhando para os dois lados como se temesse ser flagrada por algum superior- O quarto dela não é longe, mas... Depois você tem que voltar para o seu leito direitinho!

Assenti, aliviado, e me permiti fechar os olhos enquanto era guiado pela moça desconhecida naquela escuridão. Só podia esperar que me levasse até Maka de verdade.

Argh... Dói... Muito...

Acho que o efeito dos sedativos estava começando a expirar, sentia isso na pele (literalmente) e não sabia por quanto mais ficaria acordado. Lutava contra a sonolência usando as dores como inventivo para não ceder à fraqueza.

Inferno... Eu só queria... Protegê-la e ainda assim...

Descerrei as pálpebras quando o som de uma maçaneta chegou a meus ouvidos. Ainda meio baqueado, endireitei o corpo e tentei, de novo, andar com meus próprios pés.

Uma onda de adrenalina pareceu me despertar ao abrir aquela porta, um nó há se formando na garganta e no estômago. Nervosismo.

A luz foi acesa num clique pela mão da enfermeira, cegando-me temporariamente. Tive de esperar alguns segundos para conseguir abrir os olhos sem focar aqueles flashes dolorosos diante da vista, mas valeu a pena.

Maka... Maka... Está aqui.

No momento em que fui capaz de enxerga-la tive certeza que ela não estava nem um pouco bem.

Ataduras brancas cobriam a maior parte dos seus braços estendidos, um deles contendo cravado em si o soro hospitalar. A pele alva estava excessivamente lúrida, dando-lhe um aspecto frágil e adoentado; os cabelos castanhos claros pareciam sem cor como ela mesma, escorrendo soltos pelo travesseiro sob os fios e tubos das máquinas hospitalares. Da face eu pouco conseguia ver, o rosto estando daquele modo, coberto por uma máscara de oxigênio que aparentava ser grande demais para si. Pude ver seus olhos fechados, como se apenas dormisse, e isso por algum motivo me fez sentir uma dor terrível no peito.

Ela parecia tão pequena ali.

Aproximei-me da cama com dificuldade, sentindo o corpo tremer diante daquela imagem, suando frio.

Minha culpa... Minha culpa...

Mordi o lábio inferior com força, fazendo com que um fio de sangue escorresse da boca partida.

Pousei minha mão sobre a sua - tão fria - e abri a boca para chamar seu nome. Talvez pudesse acorda-la, talvez ela não estivesse num sono profundo a ponto de que eu não a pudesse despertar. É... Eu... Devia ser capaz de acordá-la. Afinal... Afinal ela está viva. Está aqui, respirando.

A alma dela... Por que... Não consigo sentir?

Queria poder fugir daquelas verdades, daquela realidade cruel, minha mente enterrando-se negação sobre negação, recusando-se veementemente a aceitar um fim daqueles.

–Maka... Maka... Ei... Acorde. –proferi com dificuldade, sentindo os pulmões arderem com o gesto e um gosto horrível me vir à boca.

–Garoto... Ela não vai... –a enfermeira ameaçou intervir, olhando-me com uma expressão que eu só conseguia caracterizar como pena.

–Ela está bem. Ela vai ficar. –interrompi, nervoso- Vamos, fale comigo, Maka. Acorde.

Outra onda nauseante parecer correr por meus nervos, um líquido quente voltando pela garganta escorreu pelo canto de minha boca. A dor voltava com toda a força, causando uma pressão insuportável nas costelas.

Trincadas.

Forcei os olhos, sentindo pontos negros dançarem por meu campo de visão. Ouvia, vagamente, os chamados alarmados da enfermeira loira ao meu lado, porém tudo que sentia era aquele choque, a dor, a confusão mental... Tudo se acumulando dentro de mim como uma bola de neve.

Levei minha mão à boca, tossindo roucamente e sentindo respingos escarlates tingirem meus dedos de vermelho vivo.

Não lembro de ter perdido a consciência, porém, em algum momento daquela interminável eternidade enquanto me mantinha preso à visão de minha parceira submersa em sua condição inerte, acabei por deixar o mundo para trás e desabar naquele chão frio, maculando-o em carmesim.


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Notas finais do capítulo

Olhando pelo lado positivo da situação... Esse cap. ficou maior! Não acho que essa fic. vá seguir meu padrão de 2 mil palavras por cap. sempre (não tinha isso em mente quando idealizei ela), porém talvez acabe seguindo essa linha por costume. Enfim, esse cap. não teve muita ação (na real a fic. não vai ter muita ação mesmo), porém é uma parte importante da história, por isso esperam que tenham gostado. *3*
Prox. capítulo POV. da Maka! :3



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