Existência Corrompida escrita por Gabriel Alexandre


Capítulo 33
Combate entre o medo e a trapaça




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Todos passam pelo portal esperando chegar a Gehenna, mas o destino é imprevisível e o buraco no véu que eles fizeram ao invés de subir até a margem mais alta do Sheol acaba os aprofundando mais no inferno, eles caem direto em uma das mais profundas camadas do Sheol, o Maleboge, o inferno e prisão para aqueles que cometem “fraude”; aqueles condenados á esse círculo do inferno sofrem no frio recebendo chicotadas por um deus controlador de mentes que se autonomeia o pai da fraude, aquele que faz com que o medo inacabável penetre na mente humana levando ela a corrosão, o próprio pesadelo personificado.

Logo ao entrarem uma voz familiar murmura gemendo o nome original de Bella.

–Gerda? Irmã? –Cuspindo sangue Yuri se encontra acorrentado nu em uma pilastra de mármore, seus olhos estão fundos e ele está pré-consciente, horas consegue distinguir o que se encontra a sua frente, mas horas cai em um abismo, cai em sua própria mente.

–Yuri! Bella corre para amparar seu irmão, ela fecha seu punho para partir à corrente que prende Yuri na pilastra.

O ar fica turvo em volta das mãos de Bella, seu semblante muda e ela engole a saliva com peso, a deusa do campo investe contra a corrente com todo seu potencial destrutivo como uma das mães da natureza, mas pouco antes dela encostar na corrente linhas roxas prendem seu braço paralisando-o.

–Quem ousa tentar libertar um de meus prisioneiros?

Um homem de dois metros e meio sai de trás de uma das pilastras, ele traja apenas uma calça preta com um suspensório vermelho, seu corpo é atlético, um típico deus grego, seus cabelos são brancos como a neve, mas seus olhos são negros herdados de sua mãe Nix deusa da noite com as mais profundas trevas de seu pai Érebo, deus da escuridão, seus olhos são fundos como se ele nunca dormisse.

–Eu sou um daqueles que dominam nesta dimensão, as trevas que o mundo produz acabam me trazendo mais força quando me alimento do medo dos humanos; quem eu condeno ao pesadelo eterno jamais poderá ver a luz do dia novamente.

O deus dos sonhos, mas que ao ser chamado de Phobetor abandonando seu nome antigo de Ikelos se tornou a personificação dos pesadelos.

Phobetor faz com que mais linhas roxas prendam o corpo de Bella, os ossos da deusa do campo começam a ranger e estralar com a pressão exercida pelas linhas do deus dos pesadelos.

–E além do mais, a partir do momento que você quebrar as correntes espirituais que prendem seu irmão a vida dele estará acabada, ou melhor, você poderia até ter ele, mas ele seria um vegetal. –O rosto de Phobetor fica cada vez mais esquelético e então seu corpo de atlético fica raquítico até que sua carne desapareça.

Por um momento Snap pode notar que a corrente que prende Yuri na pilastra apesar de imunda tem um brilho prateado e ela se liga diretamente ao umbigo de Yuri.

–Bella, não encoste naquilo! –Snap grita. –Aquela corrente é o que mantém um ser humano um ser vivente nesta dimensão.

Por um momento Bella hesita, mas então seus olhos são preenchidos por um verde profundo e brilhante como a mata amazônica, seu corpo ganha mais força e então a deusa do campo arrebenta as linhas roxas que Phobetor estava usando para aprisioná-la, logo após destruir as linhas Bella avança novamente contra as correntes que prendem Yuri e então as quebra em vários pedaços e sorri.

–Acontece que nem eu e nem Yuri somos humanos, ou melhor, eu e Loki.

No momento em que Bella diz o nome divino de seu irmão chifres crescem na cabeça dele e então uma aura de verde misturado com negro toma conta do lugar.

Yuri levanta a cabeça olhando de modo insano para sua irmã Bella.

–Estou de volta irmãzinha. –Seu corpo duplica de tamanho e então seu tamanho supera o de Phobetor. –Vamos ver se minha trapaça pode superar suas mentiras e visões de terror, deus dos pesadelos.

Diferente de como Yuri lutava antes ele já não é mais um defectionis, não usa mais o poder de um anjo, ele despertou seu poder divino e já não possui mais um transitus, tudo aquilo foi deixado para trás quando foi derrotado na corrida contra Snap e Ikarus. Agora Yuri é o próprio Loki, o deus nórdico da trapaça, seus olhos estão preenchidos totalmente por um verde escuro e de sua testa saem dois chifres pontiagudos.

Phobetor não gosta do desafio e forma com sua mão um símbolo no ar que invoca uma foice.

–Pegarei isso emprestado de um de meus irmãos. –Phobetor se posiciona para atacar usando a foice de Thanatos, o deus da morte.

Yuri avança com um ataque massivo, um soco direto na face de Phobetor, pouco antes da mão de Yuri chegar ao rosto de Phobetor o deus dos pesadelos desaparece como névoa e então aparece atrás de Yuri usando a foice para ceifar sua cabeça, o corte da foice passa rente no pescoço de Yuri separando o tronco da cabeça com perfeição.

Gerda grita com ódio e pesar, mas antes que ela avance com todo o seu poder Snap a segura e ela realmente nota o que aconteceu.

Na verdade aquele não era o corpo de Yuri, que como deus da trapaça embaralhou os sentidos de todos, a foice cortou uma das pilastras da paisagem, ela cai fazendo um grande estrondo e da poeira sai Yuri carregando o semblante de Loki levando sua fúria divina para Phobetor, ele atinge o peito do deus dos pesadelos com seus chifres pontiagudos atravessando seu corpo franzino.

No momento em que Phobetor leva o golpe seu rosto muda para modos horripilantes, misturas entre espécies e raças de animais, seu rosto se torna a mais medonha das faces, mais sombria que a face da própria morte e então ele pula se livrando dos chifres de Yuri.

–Já que me obrigou a chegar aqui não usarei da arma de meu irmão para te derrotar. –O deus dos pesadelos faz com que a foice desapareça e de onde ela desaparece varias linhas roxas saem e se enrolam em seu corpo esfolando e rasgando sua carne deixando-a cheia de cicatrizes e feridas abertas. –Eu acabarei com você usando meu nome...

Sem esperar que Phobetor termine de falar Yuri avança de punho fechado andando, embaralhando os sentidos de todos os presentes no local e fica difícil que saibam realmente onde ele esteja, por momentos parece haver vários dele em vários lugares.

Phobetor joga as linhas que cortam as imagens que desaparecem com o ataque, mas em momento algum atingem o real Yuri que na verdade acabe saindo do chão num gancho que derruba o deus dos pesadelos em um só golpe.

Concertando a mandíbula quebrada Phobetor amaldiçoa o nome de Loki em grego e então Yuri sorri.

–Irônico você carregar o nome “Thor” em Phobetor sendo que você é tão fraco, acredito que meu irmão daria muito mais trabalho que isso. –Yuri atinge o deus dos pesadelos com seus chifres assim que ele levanta não dando oportunidade de ataque, Yuri levanta o corpo de Phobetor com seus chifres e o joga contra uma pilastra.

O deus dos pesadelos cai no chão depois de bater na pilastra e continua amaldiçoando Loki.

–Estou em desvantagem se vocês não têm medo de mim, malditos, por hora desaparecerei, mas um dia provarão de meu ódio. –Phobetor desaparece como uma sombra na manhã.

Após a personificação dos pesadelos desaparecer Yuri volta ao seu tamanho regular e seus chifres viram pó, sua força esvai e então ele cai de joelhos, antes que possa atingir o chão Bella o segura.

–Estamos salvos Loki, agora que estamos juntos sobreviveremos ao Ragnarök.

Quando os irmãos nórdicos se abraçam eles se transformam num cristal verde, eternizados do modo mais belo de amor fraternal.

–Bella! –Ikarus grita e então se aproxima do que restou de Gerda e Loki. –Não é possível que depois de tudo isso vocês fiquem assim, não é possível que vocês morram.

–Mas aí que você se engana. –A voz feminina doce, porem bruta de Bella preenche o lugar, nós não estamos mortos até que parem de acreditar que existimos, e vocês irão fazer isso, o único pedido que tenho é que vocês levem o que restou de nossos corpos a dimensão humana para que os seres viventes possam ver que os deuses não os abandonaram.

–Eu farei isso Bella... –Snap diz baixo com lágrimas nos olhos.

Todos abaixam as cabeças com um minuto de silêncio e então uma porta com um símbolo entranho aparece atrás dos corpos dos deuses nórdicos transformados em esmeralda, a porta abre aos poucos rangendo e ao terminar de abrir completamente eles podem ver apenas um caminho estreito de terra com um grande abismo em volta iluminado apenas por uma lua de sangue.

Ikarus encosta na estatua de esmeralda que acaba virando bem menor, a estatua cabe na palma de sua mão, após pega-la ele não hesita e então continua em frente, Snap, Levi e Izaquiel o seguem em silencio rumo ao caminho do abismo iluminado pela lua sangrenta.


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