A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 45
Quarenta e cinco


Notas iniciais do capítulo

oie



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Haruno Sakura

Era ascendente: onze de maio de 1524, Quarta-feira

 

A ameaça ativou toda e qualquer vontade de viver que eu tenho em meu corpo. Senti meus sentidos mais aguçados que nunca, mas infelizmente não escutei ninguém que poderia me ajudar no momento. Respirei fundo e deixei que a pessoa me segurasse por alguns segundos até que eu consiga dar um chute no joelho do indivíduo. No momento em que ele dobra de susto, eu puxo seu braço e saio correndo em direção a porta do quarto de Sasuke.

— Sua vagabunda! — a voz que sibila é feminina, mas seu rosto está tampado.

Sei que não tenho muito tempo até a mulher me alcançar e me prender novamente, pois não tenho nenhum armamento, portanto bato o mais forte possível na porta de Sasuke-kun para que ele saiba que há algo acontecendo.

— Sasuke-kun! — eu grito, horrorizada com a velocidade que a mulher me pega novamente.

Ela não é só ágil e esperta, ela é forte também. Uma pessoa especializada em atingir o ponto fraco das pessoas, sem dúvida. Sinto a raiva emanar da assassina pois seus braços me seguram com uma força grande, até desnecessária. Eu havia ferido o seu orgulho com aquele chute que eu dei. Fui obrigada a dar dois passos atrás quando Sasuke-kun abre a porta, assustado, com uma tocha de fogo na mão. O pedaço de madeira provinha de sua cama, e o fogo provavelmente fora feito pela sua vela que sempre queimava em homenagem a sua família, próxima a porta. Por sorte a madeira não era tão grossa e agora já estava em brasas o suficiente para ser temida pela assassina.

— Sakura! — ele exclama.

Sua voz sai desesperada, o rosto desconfigurado de preocupação. Eu poderia dizer que me senti melhor por perceber que ele se importa comigo de verdade, mas tudo que se passa pela minha cabeça é como sair de mais uma situação de perigo sem que eu morra.

— Calado! Ou ela morrerá lentamente. — a mulher instrui raivosa.

Sasuke-kun olha para os lados discretamente e sua faceta fica horrorizada e decepcionada. É visível que ele está procurando algum guarda que possa nos ajudar, e realmente não faz sentido algum que não tenha ninguém por aqui. Ele não tinha dito que iria triplicar a proteção?

— O que você quer?! — ele indaga a assassina.

— A sua cabeça. — sua voz sai ácida e um pouco debochada.

Lembro de que enquanto estávamos no palácio, aprendendo autodefesa, enquanto Sasuke estava em guerra. O líder dos guardas havia me dito que o melhor a se fazer é agir com rapidez e sem pensar em muita cautela, pois todos os assassinos e soldados são treinados a reagir com golpes clássicos. “Seja autêntica.” Me forço a concentrar toda a energia que tenho em meu braço esquerdo e dou uma cotovelada na barriga da assassina. Ela não sente muita dor, já que sinto que está vestindo algo metálico por baixo de sua roupa, mas é o suficiente para que ela fique parcialmente ocupada com a minha ação. Meu rosto vira-se para Sasuke, e rezo mentalmente para que ele entenda que fora apenas uma distração. Bem, o rei entende e quando ele dá passos em nossa direção eu me curvo para baixo, deixando a cabeça da assassina mais visível para Sasuke-kun, que envolve a tocha de fogo nos olhos da assassina.

Ela me joga para a direita e caio de cabeça no chão. Minha visão fica turva e sinto as pernas ficarem moles. Enquanto isso, vejo a silhueta de Sasuke contra a mulher, que dá um grito horrendo de dor ao ter seus olhos queimados no fogo. Ela usa a sua adaga e esfaqueia o seu braço já machucado múltiplas vezes, em puro desespero, até que Sasuke finalmente a derruba no chão pela falta de visão da assassina. Ele esmaga a sua mão que continha a adaga e a assassina grita novamente.

— É tarde demais para vocês… Eles já chegaram. — ela ri, antes que Sasuke esmague agora a sua cabeça com os pés e coloque a tocha de fogo em sua face.

— Sakura! — ele me chama, preocupado e vai até a minha direção.

Sasuke-kun chega até a minha direção, e agora com ele mais perto sinto que algo está errado. Ele não consegue mover o seu braço, que agora além de uma tonalidade escura e verde possui um tom escarlate insano. A minha visão estava turva e eu não havia percebido que as esfaqueadas da assassinas haviam sido muito mais profundas que o que parecia. Uma parte de seu braço está, de fato, tão cortada que é possível ver o seu osso.

— M-meu braço… — Sasuke-kun sussurra.

Sua voz sai fraca, e sei que agora a explosão de adrenalina em seu corpo já havia ido embora. Seu rosto se desconfigura em uma expressão horrível de dor e ele cai no chão, ao meu lado.

— Sasuke-kun, você precisa ficar acordado! — eu exclamo, me sentando com dificuldade ao seu lado.

No fundo de tudo, é possível ouvir um barulho de explosão no castelo Uchiha. Não apenas ouvir, mas sentir também. O chão vibra. Estamos sendo invadidos.

— Sakura… Me perdoe por tudo. — ele sussurra, com a voz fraca.

O braço de Sasuke-kun sangra como nunca, e eu sei que preciso estancar a ferida agora antes que ele morra por falta de sangue. Meus olhos marejam com a visão e percebo o quanto fui tola ao apenas pensar em meu orgulho. Sasuke se importa comigo também, ele apenas não consegue reagir como eu. Ele errou, isso é um fato, mas não anulou em nada tudo o que senti e ainda sinto por ele.

— Não diga nada. Está tudo bem. Pode quebrar o meu coração quantas vezes for necessário. Ele é seu. — meus olhos começam a lacrimejar. — Só fique vivo.

Eu o carrego, com muita dificuldade, até o seu quarto e procuro alguma coisa afiada. Uma espada com o símbolo Uchiha está pregada na parede.

— Ela…? — ele pergunta, tentando confirmar sobre a assassina.

— Está morta. — eu confirmo. — Eu vou ter que fazer uma coisa horrível, e vai doer muito. Me perdoe…

Essa é a única forma que eu vejo no momento para salvar a vida de Sasuke-kun… Está sangrando muito e o seu braço já era.

— Eu confio em você... Eu te amo. — é a última coisa que escuto Sasuke-kun dizer.

Eu arranco a espada da parede, corro até o corredor e retiro a tocha ainda com fogo da face já morta da mulher. Fecho os olhos, chorando ainda mais pelo que eu vou fazer, mergulho a espada no fogo por alguns segundos e quando vejo o metal ficando avermelhado eu arranco o antebraço e parte do braço do rei. Seu grito é ainda mais alto que o da assassina quando seus olhos ficaram em brasa, e eu não demoro a colocar a tocha sobre a sua ferida para cauterizar, e assim parar de sangrar.

O rei fica desacordado na cama e eu me desato a chorar, desesperada. Mais dois tremores são sentidos na parte debaixo do castelo, e barulhos de espadas se encontrando também são ouvidas. O que fazer? Minha visão ainda continua turva, o rei desacordado e sem um braço, o paradeiro do meu filho… O meu filho!

— Itachi! — eu grito, horrorizada com o que poderia acontecer com ele.

Olho para Sasuke-kun, desesperada. Como eu poderia deixá-lo agora? Mas como eu poderia ficar aqui, parada, no meio de uma invasão, com o meu filho em um paradeiro desconhecido? Hinata… Ele havia ficado com ela. Estaria os dois bem?

Mas quando decido sair do quarto, uma pessoa esmurra a porta e adentra. Minato está vestido com uma pequena armadura e uma espada enorme e afiada em sua mão. Seus olhos arregalaram ao ver parte do braço de Sasuke no chão, mas ele não me diz nada. Ele pega o rei no colo sem muita dificuldade e me olha decidido.

— Venha comigo.

— Itachi?

— Está com Kushina. Vamos! — exclama e eu o sigo.

Corremos muito, e fomos para um quarto que eu nem sabia da existência. Minato retira com os pés um tapete e abre um alçapão. Ele contém uma escada e um corredor escuro.

— Vá. — ele me diz. — Encontrará Kushina, Hinata e Itachi. Leve Sasuke junto, eu preciso defender o castelo!

— Mas…

— Sakura, vá! — ele grita de forma ríspida, um jeito que eu nunca havia visto em seu tom de voz tão calmo e amável.

Eu o obedeço e carrego Sasuke com cada vez mais dificuldade. Minha visão continua turva e uma tontura se apodera de mim. Quando chego ao quarto escondido, encontro meu filho adormecido no colo de Hinata, e Kushina no canto, chorando baixo.

A luz de vela é fraca, mas o suficiente para eu ver com mais clareza o estado do braço de Sasuke-kun. Ele foi cauterizado com sucesso, mas não estava da melhor forma. O cotoco estava roxo com enormes bolhas se formando. Eu me sinto no limite de tudo. Força, emocional, e a dor de cabeça pela queda só aumenta. Coloco Sasuke no chão de forma rápida, vomito e logo colapso no chão.

♦♦♦

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Uchiha Sasuke

 

— A injeção de adrenalina e morfina foi bem sucedida. — a voz de Tsunade é ouvida ao meu lado.

Estranho… Sinto uma dor inacreditável no braço esquerdo, ainda que ela tenha mencionado uma injeção de morfina. Quando vou olhar o estado do meu braço descubro que a maior parte dele não está mais ali. Flashes do que aconteceu comigo, com Sakura e com a assassina aparecem na minha cabeça.

— O que aconteceu? — indago.

— Alguns guardas de Orochimaru apareceram e invadiram o castelo. — Minato é quem responde. — Graças a você, conseguimos pará-los.

Olho para Minato, muito incomodado com sua frase. Eu não havia feito absolutamente nada fora levar vários golpes de adaga em um braço fragilizado que perdi no fim das contas. Suspiro.

— A mim? Eu não fiz nada! Sakura quem salvou a minha vida. — sou sincero. — Eu nem vi batalha nenhuma. Sou um péssimo rei.

Abaixo a cabeça, decepcionado comigo mesmo. Eu deveria levar Konoha a um patamar melhor, como jurei a mim mesmo quando descobri que meu pai havia falecido. Faria ele se orgulhar de mim… Ou assim havia jurado.

— Péssimo? Sasuke, graças a vocês dois conseguimos uma cópia do mapa de Sasori! Vossa Majestade mandou triplicar as defesas, e colocamos cada guarda em entradas que Sasori havia avistado. A proteção de guardas diminuiu drasticamente nos corredores, mas o castelo só não foi completamente destruído graças a isso. Conseguimos nos reunir com Shikamaru e Tenten para formular uma estratégia e matamos todos eles.

— Mas eu não fiz nada durante esse meio tempo. — respondo chateado.

— Tem certeza? Conseguiram matar uma assassina habilidosa, independente de ter sido por sorte ou não. Tu já tinhas bolado um plano de defesa e foi bem sucedido. O restante não era com você, Sasuke. Um rei dá ordens, mas ele não forja todos os passos dos súditos. Esse era o meu trabalho.

Minato olha para mim com uma expressão de orgulho. Bem, que bom que pelo menos uma pessoa está satisfeita com os meus feitos… Mas vendo pelo lado dele, eu o compreendo. Não tenho que fazer tudo funcionar sozinho. Minato, Shikamaru, Tenten, Kushina, Naruto, Kakashi e agora Sakura, se tudo der certo, estariam ao meu lado.

— Ainda sinto dor no meu braço, mesmo ele não estando mais aqui. — direciono esse comentário a Tsunade.

Ela me esboça uma careta. Sei bem o que deve estar pensando, já que disse que eu deveria ter ficado de repouso. Mas fomos invadidos e não houve mais nada que eu pudesse fazer.

— Isso é completamente normal, chamo isso de “dor fantasma”. — ela explica. — Com o tempo você para de sentir, ou se acostuma.

♦♦♦

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— Sakura. — eu a chamo assim que posso vê-la novamente.

Sakura está com os olhos avermelhados, acredito que tenha ficado um bom tempo preocupada com tudo que pode ter acontecido no meio da invasão. Diferente de mim, ela ficou acordada por mais tempo e foi ela e Minato quem me salvaram, e eu jamais vou me esquecer disso.

— Sasuke-kun… Eu, sinto muito pelo seu braço.

— Salvaste a minha vida, Sakura. Eu deveria agradecer, não você se desculpar. — a corrijo.

Com todos os diabos, ela estava mesmo se sentindo culpada por isso? Eu poderia ter morrido se não fosse por ela. Foi ela quem surpreendeu a assassina, foi ela quem cauterizou a minha ferida mesmo que já estivesse enfraquecida por ter batido a cabeça forte no chão.

— Papai? — Itachi indaga, apontando o dedo para mim.

Eu nunca deixo de ficar abobado quando escuto a voz do meu filho. Sim, ele é o meu filho. E por mais que eu tenha feito muitas coisas idiotas e duvidado disso por algum momento, assim que bati os olhos nele sabia que ele era meu. Sorrio para a criança.

— Itachi.

— Baço? — ele me pergunta, apontando para o cotoco.

— Coloquei para descansar. — digo.

Ora essa, o que mais eu poderia dizer para uma criança? Sakura segura a risada e eu dou de ombros, desconcertado. Eu nunca soube lidar com crianças.

— Ahm? — ele indaga confuso.

— Coisas de rei, Itachi. — Sakura responde querendo rir.

— Não! Papai não rei, papai Sasque! — a criança corrige, e agora sou eu quem ri.

Sim, eu sempre serei apenas Sasuke para ele, assim como meu pai, no fundo, era Fugaku para mim. Dou um sorriso encorajador para a criança, que agora se agarra em minhas pernas. Sinto uma felicidade crescente em mim que jamais pensei que fosse sentir, e não consigo parar de sorrir.

— Sakura. Precisamos conversar.

— Por suposto que sim. — dessa vez, eu sei que não complicaríamos as coisas.

♦♦♦

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Sakura e eu, uma semana depois, nos encontrávamos em pé, em frente a uma multidão de pessoas na praça central de Konoha. O encontro havia sido feito para que eu contasse o que tinha acontecido de forma honesta com o povo, mas rapidamente por ainda estar um pouco debilitado. Eu aproveitaria e usaria esse momento para propor publicamente a Sakura, que se encontra ao meu lado com um sorriso nervoso. Suas mãos estão unidas e coladas em suas costas e ela respira fundo. Sakura me parece maravilhosa em um vestido preto, demonstrando luto aos que morreram na batalha do castelo. 

— Povo de Konoha. Os últimos remanescentes do Rei Cobra invadiram o meu castelo, mas todos eles já foram eliminados ou devidamente presos. — eu os informo, e sei que ninguém ficara muito surpreso, pois os boatos já se espalharam com uma semana de acontecimento. — Tudo isso eu devo aos guardas que defenderam o castelo com suas próprias vidas, e aos que se encontram machucados… E a mais uma pessoa. Ela já me salvou diversas vezes, mas dessa vez se não fosse por ela eu seria apenas mais um rei assassinado por um país estrangeiro. — alguns murmúrios são escutados na plateia. — O nome dela é Haruno Sakura.

Olho para a minha amada com um sorriso orgulhoso no meu rosto. Eu sei que ela vai conseguir fazer isso. Ela assente silenciosamente para mim e respira fundo, se posicionando na frente de uma forma imponente antes de começar a falar.

— Não fiz nada demais que qualquer um poderia ter feito por uma pessoa que ama. Sim, vocês ouviram certo. Não é de se estranhar que nobres e reis não encontrem um amor em suas vidas pois muitas burocracias podem impedir isso, mas comigo e com o rei foi diferente. O improvável aconteceu, e não importa o que aconteça, não importa quanto tempo que passe, eu continuo o amando com todo o meu coração. Uchiha Sasuke, Rei de Konoha, gostaria de se casar comigo?


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Notas finais do capítulo

O PRÓXIMO É O ÚLTIMO. (sem contar com o epílogo). Sei que faltaram algumas explicações sobre Hanabi e o favor que pediu para Sakura, Ino, e um pouco mais de Naruto. Exatamente por isso que o casamento vai ser narrado na visão da Hinata. Até o próximo! ♥



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