A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 29
Mistério no ar


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, peço desculpas por demorar (muito) de postar, mas estou de volta às aulas e sabem como é... Mas prometo tentar postar mais rapidamente dessa vez!



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O dia foi corrido. Estávamos de partida. Entrei na tenda do Sr. Crepsley para alimentar madame Octa e guardar algumas de suas coisas. O vampiro era muito prático e não havia muito o que fazer. No meio da tarde eu já estava livre. Guardei as poucas coisas que eu tinha em minha mochila e ajudei Ofídio com os seus instrumentos. Nos dois resolvemos sentar juntos mais uma vez na ponte do riacho, como gostávamos de fazer, para nos despedirmos do lugar.

—Como está seu ombro? –perguntei pela milésima vez.

—Doendo, um pouco menos do que estava de manhã e do mesmo jeito que há cinco minutos! –disse zombando de mim por estar perguntando o tempo inteiro.

Eu sorri.

—Desculpe por ter te envolvido nis...

—Já conversamos!

—Ah sim!

Eu não pude evitar pensar na minha família depois que salvamos Daniel. Sr. Crepsley me disse que a única coisa que o deixara realmente chateado foi eu ter me exposto tanto tendo em vista que a minha ‘’morte’’ foi um caso sem grandes resoluções e que os humanos viam tudo de todos os lugares nas ‘’caixas infernais’’ –assim que ele chamava as televisões –E que Daniel poderia me reconhecer e acionar as autoridades. ‘’Imagine o escândalo, Beatrice?’’ perguntou-me.  E ele tinha razão. Eu não tinha pensado dessa maneira. Pensei que eu já tinha causado dor o bastante para minha família que nem sequer teve o conforto de encontrar o meu corpo e que provavelmente a essa altura as coisas deveriam estar se acalmando. Eu poderia ter estragado tudo. Não havia volta para a antiga vida e já passara do tempo de eu aceitar o fato. Mas eu tinha saudade da minha mãe, do meu irmão, do Jhon.

—Sente falta da sua família? –perguntei a Ofídio de repente.

Ele era órfão desde que seus pais, Evra e Merla, que também eram artistas do circo, foram mortos em um atentado.

—Sinto sim, mas eu ainda tenho uma família aqui no circo. E ganhei uma irmã! –disse e sorriu. Sorri de volta e resolvemos retornar ao circo.

Partimos naquela noite, toda a caravana, para um lugar bem longe daquele ali. Apesar de tudo, achei que sentiria saudade.

Cinco meses se passaram e nós passamos por vários lugares do mundo com o nosso show tenebroso. Eu era parte do circo e até já fazia parte de algumas apresentações de Sr. Crepsley, ele costumava fingir que perdera o controle sobre a aranha deixando a flauta (eu também achei que ela fosse crucial para dominar madame Octa, mas logo Larten me disse que se tratava de controle mental) cair ao chão e então eu aparecia e começava a tocá-la novamente.

Estávamos agora nas ruínas de um antigo prédio na parte antiga de uma grande metrópole. Treinei bastante com Sr. Crepsley e apesar de já ter evoluído muito eu torcia para nunca precisar usar força bruta contra alguém. Tawer me seguia por toda parte, ora tentando se esconder, ora tentando fazer contato, não descobri muita coisa sobre o pequenino, mas me mantive alerta e nessa noite em especial eu estava me lembrando de como seria se eu estivesse em casa! Faltava uma semana para o meu aniversário e eu não sabia se isso importava ou não na minha atual condição. Cheguei a perguntar para Sr. Crepsley sobre os aniversários e ele disse que isso era um costume humano e que os vampiros não ligavam para isso. ‘’Envelhecemos um ano a cada dez, e você, como semivampira, envelhece um ano a cada cinco’’ explicou-me, e eu não toquei mais no assunto. Pensei que talvez eu tivesse superado.

Então depois do ato dessa noite ele chegou-me com uma conversa diferente.

—Arrume as coisas, vamos passar um tempo fora! –disse depois que me chamou à sua tenda.

—Fora? Mas para onde vamos? –aquilo não me deixou muito contente.

—Tenho coisas para resolver e não posso deixá-la aqui sem minha supervisão!

—Mas eu gosto daqui!

—Eu também, Beatrice, mas o circo é apenas um disfarce, não somos artistas, somos vampiros! –disse com a maior calma possível.

—Mas então o que eu vou fazer sozinha enquanto você dorme o dia todo em uma cidade estranha? –perguntei contrariada.

—Ora, o que fazia antes?

—Era diferente. Eu tinha amigos, um irmão. Vou ficar sozinha, é injusto.

Ele considerou.

—Lamento ter que ser assim, mas não vejo outra... –se deteve e sorriu com um brilho nos olhos –Mas podemos levar alguém conosco! Ofídio!

—Não sei se ele vai aceitar!

—Será perfeito, pois assim ele fica de olho em você enquanto eu dormir.

—Ei, eu não preciso de babá! –espetei.

—Sei que não, mas as coisas sempre saem erradas quando se mete a fazer as coisas ao seu modo e Ofídio tem mais juízo.

—Que absurdo!

—Como na vez em que foi sequestrada, ou na vez em que aquele rapaz... Daniel foi...

—Aquilo não foi minha culpa! –gritei.

—Sei que não foi! –disse sereno –Mas aconteceu quando quis contornar a situação sozinha! E então, falo com Sr. Tall ou não?

Assenti, mas disse que eu mesma queria perguntar à Ofídio que só se animou depois que eu falei sobre irmos ao cinema.

Ele deixou Bipo, sua cobra, com Alexandre e então partimos. Pegamos alguns ônibus e chegamos à uma cidade não tão grande, mas bem moderninha. Nos alojamos em um hotel de construção antiga e tradicional com vários luxos, éramos os filhos do dr. Horsten, que adorava privacidade e dava boas gorjetas. Era um belo apartamento d dois ambientes e quatro quartos.

Eu ficava imaginando como é que Larten sempre tinha dinheiro nos bolsos. Será que pegava das pessoas de quem se alimentava? Será que conseguia de outra maneira? A verdade é que eu não cansava de especular sobre.

Passamos uma semana naquele hotel fazendo quase que as mesmas coisas. Eu e Ofídio saíamos durante o dia, claro que disfarçamos Ofídio para cobrir-lhe as escamas e como nevava na cidade, não era difícil, e assim passeávamos por toda a parte. Sr. Crepsley acordava, mau-humorado como sempre, comia seu ensopado feito por mim e saía, mas não dizia o que ia fazer, mas depois daquela primeira semana ele me chamou antes de sair e disse:

—O que vocês tem feito por aqui?

—Ah, nós saímos, fomos ao cinema, compramos algumas coisas...

—Logo meus assuntos estarão resolvidos, depois disso explicarei do que se trata, mas acho que amanhã será o dia do seu aniversário, não é? –perguntou meio sem jeito, com sua maneira meio brusca de falar.

—Sim. –respondi atônita, pois pensei que ele não tivesse prestado atenção.

—Acho que deveria comemorar ou fazer o que quiser, não sei o que fazem nessas datas, bolos não é? Enfim... –tirou um envelope do mato e me deu, continha uma boa quantia dentro, ele sempre me dava dinheiro sem perguntar muita coisa ou restringir, o que só aumentava a minha duvida, mas dessa vez explicou –Use isso aqui para comemorar amanhã, ou da maneira que preferir. É um presente!

Eu queria abraçá-lo por sua demonstração de fofura tão mal disfarçada atrás daquele olhar frio e expressão severa e, de fato, abracei. Ele ficou rígido e me deu três tapinhas nas costas.

—Ah, tudo bem, tudo bem! –disse sem jeito –hoje não vou voltar, estarei aqui amanhã a noite! –avisou e logo saiu.

E eu fui pensar no que fazer no dia seguinte. Saí com Ofídio e é lógico que fomos nos encher de besteiras e comprar coisas estranhas, mas eu queria comprar algo para me lembrar daquele dia como se fosse uma despedida. Pensei em várias coisas e não cheguei a conclusão nenhuma. No final da tarde voltamos ao hotel e vimos desenhos repetidos da liga da justiça e os Simpsons, logo eu me lembrei que no hotel tinha uma livraria e perguntei a Ofídio se ele queria dar uma olhada, mas ele não quis disfarçar-se novamente e eu acabei indo só.

Era uma bela livraria, com diversos gêneros de livros e estava cheia por conta de um novo lançamento de algum romance. Fiquei um tempão olhando todas as prateleiras me deliciando com tudo e então um titulo me chamou atenção!

Um livro chamado Circo dos Horrores- a saga de Darren Shan. Eu o peguei e fiquei olhando para o titulo sem abrir o livro. Era uma fantasia gótica e logicamente despertou meu interesse, mesmo sabendo que os circo de horrores não eram nenhum mistério o nome Darren me atraiu, havia algo que cercava esse nome e eu não sabia o que era.

—Esse aí lançou faz quatro meses, já está para sair o segundo! –disse uma voz ao meu lado. Era uma garota morena, com uma longa trança castanha caindo pelo ombro. Parecia simpática. –Olá, meu nome é Luiza Potter! –sorriu.

—Beatrice Horsten! –sorri-lhe de volta. –Ah, você já o leu?

—Sim, todo mundo leu, você não?

—Tenho viajado muito com meu pai e meu irmão, não está dando para acompanhar tudo!

—Ah, entendi, bem, minha mãe é professora e eu estou sempre antenada nos livros que saem. Se você gostar do gênero aconselho a ler!

—Mesmo? –olhei novamente para o livro, é claro que eu o queria –Você mora aqui?

—Eu não, só vim para o lançamento! E você?

—Estou aqui por um tempo! Então ele terá um novo volume?

—Sim, sairá em poucos dias!

—Então vou levá-lo!

Eu corri até o balcão e o comprei. Pensei: pronto, agora já tenho uma lembrança!  Ah se eu soubesse...

Quando cheguei ao apartamento encontrei com Sr. Crepsley, Vancha e um pequenino!

—Olá, senhorita Angeline! –saudou-me Vancha caloroso.

—Sire Vancha! –fiquei feliz por ver o príncipe imundo.

—Pense que voltaria mais tarde. –disse ao Sr. Crepsley.

—Eu também, mas tivemos que nos apressar!  -respondeu.

Então encarei a figura cinza, fornida e baixa com eles. Não estava de capuz e usava uma máscara para respirar como os outros pequeninos, mas havia algo estranho nela.

—Ah, Beatrice, acho que não conhece Harkat Mulds! –disse Sr. Crepsley.

O pequenino tirou a máscara do rosto e fez a coisa que eu menos esperava que fizesse.

—É um prazer conhecê-la, senhorita Angeline! –ele falou!

—Ah... –fiquei sem palavras –O prazer é... meu... Você fala! –disse alarmada.

Vancha sorriu.

—Pois é! –Harkat respondeu como se estivesse muito acostumado com a reação.

—Mas como assim você...

—Depois ele explica! –cortou Sr. Crepsley. –Quero que você e Ofídio se preparem. Vamos partir essa noite! –ele estava sério.

—Algum problema? –perguntei.

—Ainda não, mas temos de ir agora! Encontraremos Gavner na cidade vizinha!

Larten saiu e disse que encerraria a conta na recepção.

Encontrei Ofídio no quarto guardando nossas coisas e o ajudei.

—O que acha que aconteceu? –perguntou.

—Não sei, mas deve ser sério! –respondi enfiando o livro novo distraidamente na mochila.  –Você viu aquela pessoinha? –perguntei cochichando –Ele fala!

—Sim, quase caí quando ele me disse ‘’olá’’! –riu Ofídio.

—Quero saber como e por que ele fala!

—Acho que vai dar tempo, ele vai nos acompanhar pelo visto. –respondeu e colocou sua mochila nas costas –Pronta?

—Sim!

Descemos e encontramos Sr. Crepsley, nosso ‘’pai’’ na recepção. Vancha e Harkat saíram pela entrada de serviço para não serem vistos. Nos encontramos na esquina e partimos. Fomos a pé –o que não me agradou, apesar da minha resistência ter aumentado, pois eu ainda não tinha me alimentado direito, ou seja, sangue humano. Eu ainda o evitava, mas depois de brigarmos mais um pouco tive que admitir que as coisas tinham mudado e que evitar sangue não me faria humana outra vez, então passei a consumi-lo de pessoas muito bem escolhidas, uma vez que absorvemos algumas memórias daqueles de quem bebemos. Sr. Crepsley me disse que podemos absorver até mesmo um fragmento da alma de um ser humano quando bebemos seu sangue até o final, coisa que eu abominei, mas que ele disse que às vezes alguns vampiros faziam isso a pedido de humanos que conheceram e amaram, para estar sempre com a presença da pessoa e assim ‘’eternizá-la’’. Disse-me que os vampixiitas, nossos primos antipáticos, presavam muito por essa ‘’cultura’’ e achavam uma afronta nós, vampiros, vivermos como ‘’sanguessugas’’, era tudo muito estranho!

Enfim, eu estava com fome e não queria andar a pé, mas foi necessário. Vancha, Larten e Harkart não disseram nada por um bom tempo, o clima estava estranho e eu e Ofídio ficamos trocando olhares desconfiados. Finalmente paramos.

—Tem algo errado! –sussurrou Vancha

—Sente também? –perguntou Larten ao príncipe.  Estavam completamente alheios a mim e a Ofídio.

—É tão bom saber que sou reconhecido! –disse uma voz altiva, num tom brincalhão e macio, uma voz que eu conhecia bem e que aprendi a não confiar.

—Tino! –exclamei.


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Notas finais do capítulo

Para onde será que eles estão indo? O que Des Tino quer dessa vez?



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