Um Conto de Natal escrita por FireboltVioleta


Capítulo 14
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!
É isso aí. Acabou ;)
Escrever essa fic foi maravilhoso... e espero que a terem lido tenha sido tão bom para vocês quanto foi para mim escreve-la ♥
Sem mais delongas, o último capítulo.
Boa leitura! :3



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"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade."

Victor Hugo

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NATAL DE 2001 – UM ANO DEPOIS

– Muito bem. Já chega, cambada de paranoicos – batei palmas, ouvindo os risos que vinham da divisão de encaixotamento – acabou a patacoada. Larguem tudo e podem ir para casa. É, inclusive você, Wendell – estreitei os olhos para o auxiliar de limpeza, que largou a vassoura na parede e saiu correndo, o que só fez os risos aumentarem.

Os funcionários começaram a se encaminhar para a saída, arrumando tudo e finalmente terminando seus expedientes. Assisti, satisfeita, Murray fazer alguma brincadeira sobre chefes que mudam de humor em menos de um ano, enquanto acompanhava os últimos trabalhadores que saíam da fábrica.

Finalmente, o último funcionário surgiu, acenando para mim animadamente e se pondo ao meu lado.

– Conseguiu fechar tudo. Weasley? – sorri.

– Até a última folha de orçamento – ele esfregou as mãos uma na outra, arquejando com o ar frio que entrou pela porta de saída.

– Ótimo – murmurei, fazendo uma careta – tem certeza que sua mãe vai me querer na ceia de Natal? Acho que ela ainda não vai coma a minha cara desde a palhaçada que fiz no ano passado – dei uma risadinha nervosa.

– Pare com isso, Helena – Ronald revirou os olhos, rindo – ela não vai se importar. Graças á você, nunca mais teremos que nos preocupar com quantidade de qualquer coisa que seja.

Senti uma quentura curiosa aquecer meu peito quando ele disse isso. Era como uma alegria bizarra e agradável, que resplandecia por todo o meu corpo.

– Já falei que não foi anda demais – dei de ombros, acompanhando-o para o lado de fora aceite que dói menos.

Ronald riu colocando as mãos de volta nos bolsos do casaco que vestia.

– E depois, Hermione está doida para te encontrar. Não consegue calar a boca sobre você desde a semana passada – ele fingiu estremecer – está me deixando doido.

Uma pontada de alívio e arrepio me atingiu, quando relembrei do que poderia estar acontecendo naquele exato momento, se eu não tivesse resolvido mudar as coisas. E aquilo me deu uma satisfação impossível de descrever em palavras.

A esposa de Ronald ficaria viva. Assim como o pequeno e indefeso ser que provavelmente já estava crescendo dentro dela.

Via os sintomas da animação em Ronald, e deduzi que a noticia já não seria exatamente uma novidade.

– Ela está bem? – arrisquei, tentando ver se estava certa.

– Sim – ele me lançou um largo sorriso – Barlow, o cara que estava desenvolvendo a cura, conseguiu concluir uma dosagem há cinco meses. Hermione acabou servindo como teste, o que deixou todo mundo apavorado – ele vacilou um pouco, antes de voltar a sorrir – mas deu certo. A paralisia regrediu. Ela mal manca agora. E ele já está desenvolvendo novas dosagens, e aguardando a aprovação da Associação dos Preparadores de Poções. E a Associação acredita que... sim, em algumas semanas... ela possa estar...

–... completamente curada! – arfei – que ótimo, Weasley!

– Sim – o pobre rapaz irradiava alegria – mas isso nem é o melhor de tudo...

Bingo. Olhei para ele, esperando a novidade que eu já sabia.

– O que?

VI Ronald enrubescer um pouco.

– Bem... estamos esperando um bebê.

Disfarcei a minha ridícula inercia e dei um tapinha em seu ombro, sorridente.

– Que noticia maravilhosa – eu ri – parabéns, papai.

Ele baixou a cabeça, sem graça, mas imensamente contente.

– É... – o vi morder o lábio, sorrindo – papai... – ele parecia testar a palavra, ficando satisfeito com o resultado - nem dá pra acreditar... – ele me olhou –v ai para a ceia da sua família mais tarde?

– Depende... – mostrei a língua – se eu não explodir antes com tanto peru...

Ele gargalhou, balançando a cabeça.

Depois de aparatarmos e ressurgirmos na casa de Ronald, nos direcionamos á entrada, tremendo de frio e batendo os pés no carpete.

A cozinha estava barulhenta, cheia de gente e inegavelmente animada. Vi os rostos vidrados no farto banquete, mas como que esperando a chegada de Ronald para começarem o massacre.

– Bom dia – cumprimentei-os, completamente tímida.

As pessoas na mesa se viraram para mim, e, para meu conforto, todos sorriram, me cumprimentando de volta.

Para minha surpresa, uma coisa estabanada me abraçou de supetão, anuviando minha visão com cabelos longos e castanhos.

– Você veio, Helena! – dei risada quando Hermione me soltou – todo mundo estava te esperando!

Ela estava corada, irremediavelmente vivaz e inegavelmente saudável, com apenas um tremor quase imperceptível na perna. Completamente diferente da aparição medonha e doentia que fora obrigada a ver pelos Espíritos.

Ronald tinha razão. Ela iria se curar.

– E eu? – Ronald fez biquinho, me acordando de minha reflexão – ninguém estava me esperando não?

Comecei a gargalhar, fazendo coro ás pessoas na mesa, quando Hermione fez uma expressão maliciosa e o puxou pelo colarinho, chapando-lhe um beijo na boca, que eu jurava que ia arrancar a mandíbula do garoto.

– Ei, seus pervertidos! – a irmã de Ronald exclamou, quando Hermione soltou o rapaz – ah, não. Vou perder a piada. Ia falar que vocês vão acabar fazendo um bebê desse jeito, mas acho que já fizeram.

As gargalhadas aumentaram, enquanto eu mordia minha língua para parar de rir. A mãe de Ronald parecia não saber onde enfiar a cara, e Ronald parecia querer tacar o pêssego mais próximo na cara da irmã.

Hermione limitou-se a se entreolhar comigo, como se dissesse “eu mereço”.

A ceia dos Weasleys estava deliciosa, e eu tinha que elogiar o talento da Senhora Weasley para fazer um caldo de galinha ser tão bom quanto um molho madeira.

– E aí? – comentei, curiosa – já tem um nome para o bebê?

Hermione meneou a cabeça.

– Bom, ainda não... exatamente – ela arregalou os olhos – fomos pegos de surpresa – ela levou as mãos ao ventre, pensativa – sabe... aquela confusão... quando a gente se conforma com um determinado destino, que parece inevitável... e, do nada, esse destino é trocado por outro... um melhor do que qualquer coisa que pudesse imaginar?

E como eu sabia. Foi minha vez de saltar os olhos.

– Acho que tenho alguma ideia de como é – grasnei.

Observei-a comer, olhando de relance para aquela família radiante e tão unida.

De inicio, quando tudo finalmente havia mudado, fiquei pensando no que poderia ter acontecido se os Seyfrield tivessem me adotado. Que tipo de vida eu teria levado... o que eu teria sido em todos aqueles anos.

No entanto, na noite em que decidi ir ao cemitério, percebi que aquilo não adiantaria nada. Se eu quisesse construir um verdadeiro futuro, teria que abandonar meu passado. Não podia mais ficar pensando em meus erros, em meus sofrimentos, nem me enclausurando naquele casulo que eu construíra em minha mente e meu coração.

Não devia mais pensar no que poderia ter sido... mas começar a pensar no que poderia ser.

E eu tinha essa chance. Podia ser feliz, tanto quanto qualquer um ali.

Então, desde o Natal dos Espíritos, eu tinha decidido investir nesse possível futuro. Aumentei o salário dos trabalhadores, fui atrás dos voluntários, enchendo suas bolsas de galeões, e, desde então, comecei a ver a vida de outro ângulo. Parei de fumar, de me estressar por qualquer coisinha á toa... e o efeito que tudo isso teve sobre mim foi espantoso.

Por que, por algum motivo, dar meu dinheiro á quem precisava, ou fazer algo por alguém, não causou aquela angústia e raiva que eu imaginava que teria.

Para meu espanto, teve o efeito contrário.

Por que eu via o rosto de um funcionário se iluminando com a notícia de seu aumento, ou o sorriso das crianças que estavam com os voluntários quando despejei minhas moedas em seus donativos, ou – nesse momento – via a energia da vida na garota ao meu lado... e tudo que eu senti foi simplesmente uma felicidade inexplicável.

A mesma estampada em cada rosto naquela mesa.

A mesma felicidade que eu imaginava nunca mais ter lugar em minha vida.

_________________________O___________________________

Após me despedir dos Weasleys e deixar a casa de Ronald, fui até o cemitério novamente, antes de ir para a casa da minha família.

Os três túmulos estavam impecavelmente limpos, como eu havia pedido. Estava decidida a mantê-los assim enquanto pudesse pagar para isso. As flores que eu havia trazido contrastavam com a superfície limpa e clara das lápides.

– Boa noite, papai. Boa noite, mamãe – suspirei, enxugando uma lágrima teimosa que escorreu por meu rosto.

O túmulo de Howard Ogden, pela primeira vez em quatro anos, aparentava estar tão novo quanto o de um recém-enterrado. Fora os arranhões em sua superfície, podia finalmente ler sem problemas o nome riscado na pedra.

Decorei- com o buque de tulipas que trouxera, sentindo o ar ao meu redor esfriar ainda mais.

Estremeci, voltando a me erguer e dando as costas para a lápide.

Porém, um estalinho atrás de mim voltou a minha atenção para o túmulo.

As flores haviam desaparecido.

Em seu lugar, havia um lindo e fino colar, deitado na terra macia, ostentando um delicado pingente em forma de floco de neve.

Olhei para os lados, espantada, antes de descer a mão e recolher o belo colar, afagando seu pingente com o polegar.

Quando voltei a olhar por trás da lápide, vi uma sombra familiar me espreitando.

– Ogden – ciciei.

Ele assentiu para mim, dando um sorriso. Não um sorriso amargo, ou mesmo um sorriso fantasmagórico.

Suas faixas haviam sumido.

Não parecia mais um fantasma condenado. Ou mesmo um fantasma comum.

Era apenas uma lembrança agora, translúcida e imaterial como um fio de água, embora desconfiasse que as estrias, em seu rosto transparente, fossem algo próximo de lágrimas.

O sussurro que atingiu meus ouvidos poderia muito bem fazer parte do vento que acariciou meu rosto.

Obrigado, Helena.

Sua sombra se desintegrou em mil pedacinhos de luz transparente, que alçaram voo de encontro ao vento, espalhando-se em direção ao céu noturno.

Chocada, apertei o pingente de encontro ao peito, ainda espantada demais para me mexer.

Encarei o enfeite, franzindo o cenho.

E voltei a olhar para a lápide adiante de mim, assentindo.

– Eu que agradeço... vovô.

Suspirei, colocando o colar em meu pescoço, ainda atordoada.

Quando saí pelas portas do cemitério, deixei para trás todo o meu passado, de uma vez por todas.

Quando aparatei em direção á casa de Aline – a minha casa – sabia que não estava indo apenas passar o Natal com minha família.

Também estava começando meu novo futuro.

Finalmente entendia o que aquela data representava. Ela invocava sentimentos e emoções numa data especial, parta representar o que sempre deveríamos ter durante todos os demais dias, pelo resto de nossas vidas.

E, agora que eu sabia disso, estava determinada de fazer, dali em diante, de cada Natal e de cada dia de minha existência, os melhores de todos.

Tudo seria possível... enquanto eu pudesse acreditar.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso, minha gente :')
Espero que tenham gostado!
Até a próxima, e tenham um Natal e um Ano-Novo mágico!
Boas festas!



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