Um Conto de Natal escrita por FireboltVioleta


Capítulo 11
Presente


Notas iniciais do capítulo


Olá, pipous!
Aqui está nosso antepenúltimo capítulo! :') #JaChorandoHorrores
Espero que gostem!
Boa leitura!



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"O passado é história, o futuro é mistério, o agora é uma dádiva e por isso se chama presente"

Kung Fu Panda

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– NÃÃÃÃÃÃÃÃO!

Gritei enlouquecidamente, sentindo meu corpo girar.

Mas não era meu corpo que girava... era o cenário... o escuro...

Num instinto agoniado, impulsionei meu corpo para cima.

A escuridão pareceu se dissipar ao meu redor.

Eu tinha morrido? Tinha morrido mesmo?

Pisquei, sentindo meu corpo se nivelar numa superfície macia. Minha visão estava embaçada, embora a luz preenchesse meus olhos.

Pisquei, aflita, balançando a cabeça.

Tudo entrou em foco lentamente. Primeiro uma janela... depois as paredes...

Olhei ao redor, amedrontada, sem compreender a luz da manhã que banhava o chão.

Meu quarto. Eu estava no meu quarto.

Eu não tinha morrido. Estava de volta... estava em casa.

Não havia nem sinal do Espírito dos Natais Futuros e de sua mortalha medonha.

Eu estava viva. Tinha acordado.

Aquilo fora mesmo real?

Olhei para minha cama, pela primeira vez admirando o quanto era bonita, entalhada em mogno. No como os lençóis pareciam sedosos ao toque.

Aquilo era maravilhoso. Eu ainda estava no presente.

E era manhã de Natal.

Natal... era Natal!

Pulei da cama, rindo feito uma criança.

Como era bom estar viva. Era fantástico.

As lembranças do que quer que tenha sido aquela visita dos Espíritos inundou minha cabeça, martelando algumas coisas que eu já teria esquecido, se tudo tivesse sido apenas um sonho.

Sim, fora um sonho. Mas com um quê de realidade.

– Madame! – ouvi alguém exclamar no corredor.

Surpresa, vi Murray irromper no quarto, mancando sobre sua bengala.

– Bom dia, Murray! – sorri, enquanto o velho zelador tinha o rosto inundado pelo choque.

– Bom dia... madame – ele guinchou, surpreso – ouvi a senhorita gritar... está tudo bem?

– Estou ótima, Murray – dei risada, fazendo Murray ficar ainda mais espantado – é uma manhã linda! É dia de Natal!

Fui até a janela, destrancando-a. Suspirei pesadamente, maravilhada com o quanto o ar parecia mais limpo e delicioso lá fora.

Eu ia fazer com que mais dias assim acontecessem... ia impedir que aquele futuro que me fora mostrado se tornasse real.

– Murray... – senti uma súbita inspiração me invadir – vou sair. Dispense os funcionários por hoje. Mande-os para casa. Feche a fábrica. E não esqueça nada, por favor. Vou ficar fora o dia todo.

– Madame Ogden? – o homem parecia finalmente escandalizado. Temi que tivesse um infarto ali mesmo.

– Sim, faça isso – insisti – e por que não tira o dia de folga também? Vá esticar as pernas... melhor – murmurei- pegue uma garrafa do estoque e leve pra casa também.

– Sério, senhorita? – Murray sorriu, embora ainda parecesse aterrorizado.

– Seriíssimo – ri – agora ande – fingi meu melhor tom autoritário – antes que eu mude de idéia.

– Pode deixar – assisti Murray voltar pelo corredor , batucando o chão com a bengala e, para minha curiosidade, assobiando alegremente escada abaixo.

Depois de me trocar, vesti meu melhor casaco, pus minha varinha no bolso e desci até a central de produção.

Fiscalizei a saída dos funcionários, enquanto cada um me olhava de cara espantada antes de sumir porta afora. Foi engraçado de se ver, mas decidi que era melhor não demonstrar isso por hora. Até ameacei demitir o auxiliar de limpeza – que insistiu em ficar na fábrica – para que o pobre homem resolvesse largar o removedor e sair correndo em direção á saída.

Depois que Murray tratou de fechar tudo, finalmente saí, carregando dois sacos grandes dentro da minha bolsa, expandida com um Feitiço Indetectável de Extensão.

Comecei a cantarolar a música do coral que cantava na calçada mais próxima, enquanto punha as mãos nos bolsos do casaco. Ora essa, nunca tinha notado o como o som era contagiante. Por que nunca tinha percebido isso antes?

Enquanto andava, porém, uma bola de neve atingiu minha bochecha, me fazendo pular de susto e estremecer de frio.

– O que... – grasnei, atordoada.

Olhei ao redor, finalmente identificando o menino tremulo que me atingira.

As outras crianças saíram correndo, deixando o pobre garotinho encolhido diante de mim.

– Desculpa, senhorita Ogden. Foi sem querer, eu juro! – o menino ciciou, se escondendo atrás dos braços magros.

Inclinei a cabeça, me agachando até ficar na altura do garoto.

– Tudo bem, rapaz – afaguei sua cabecinha, ao que ele me encarou com espanto – qual seu nome?

As crianças que haviam fugido me espiaram das cercas próximas, parecendo intrigadas.

– Thomas. É Thomas – ele resfolegou.

– Muito bem, Thomas – falei, sorrindo – está a fim de ganhar cinco galeões?

– Cinco? – ele exclamou – claro!

– Muito bem – tirei um galeão da bolsa – pegue esse dinheiro, vá até a padaria e me compre o maior peru que encontrar. Aqui estão dois galeões, e te dou os outros três quando voltar. Pode fazer isso?

– Com certeza! – Thomas riu, olhando para os colegas – já volto, senhorita Ogden!

Ele pegou o carrinho onde havia armazenado suas bolas de neve, tombou-o, jogando as bolas no chão, e segurou-o pelo apoio, saindo correndo em seguida e sumindo esquina abaixo.

Enquanto as crianças ainda me olhavam de um jeito estranho, esfreguei as mãos, aguardando a volta do garoto.

Em menos de dois minutos, Thomas retornou, trazendo, em seu carrinho e embalado em plástico, o maior peru que eu já vira na vida. Atingia facilmente uns noventa por cento do tamanho do garotinho, e era de se espantar que, um dia, um bicho daqueles conseguira ficar em pé.

– Bom trabalho – falei, satisfeita, dando a Thomas os três galeões que prometera.

– Obrigado – ele sorriu – Feliz Natal, senhorita Ogden!

Enquanto guardava o peru na bolsa – com alguma dificuldade, devido ao tamanho absurdo do assado – acenei para as crianças, balançando a cabeça e sorrindo.

– Feliz Natal, Thomas – arfei.

Não sabia por que, mas tudo parecia mais colorido e chamativo do que nunca. Ou era eu que, durante todo este tempo, não percebera o como tudo aquilo era incrível?

Não fiquei muito tempo tentando me responder. Depois de fechar a bolsa, ajeitei meu casaco e finalmente aparatei, focando no lugar para onde queria ir agora.

Havia um lugar muito especial á minha espera.

E, provavelmente, pela primeira vez, eu estaria genuinamente satisfeita em estar lá.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?
Beijinhos e até os últimos capítulos!



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