Quando ele percebeu que eu o olhava andou até um grupo de pessoas e sumiu de minha vista.

Deve ter sido apenas a minha imaginação digo a mim mesma.

Continuo a andar pelos convidados... Chega a hora da dança.

Tenho que ir para o meio do salão e esperar alguém me tirar para dançar. Eu ia convidar Julian, mas não tive a oportunidade.

Ando pelo meio do salão olhando-os atentamente... Meu irmão me tira e começamos a dançar.

— Pensei que ninguém ia me tirar para dançar... Obrigada Pedro - Digo e o vejo sorrir.

— Nada Clara! - Ele diz e me rodopia.

Dançamos por algum tempo, até que vejo alguém colocar a mão sobre o ombro do meu irmão, lembrando à ele e à mim que enquanto não me casar devo dançar com todos os cavalheiros solteiros.

Ele me solta e eu solto um suspiro.

Começa tocar uma nova música e então começamos a dançar. É uma dança coreografada onde trocamos de par até voltarmos para o par original.

— Sentiu minha falta princesa? - Ele diz. Gelo mas continuo a dançar.

— Não Andrew, na verdade não! - Digo seca e vejo um sorriso em seu rosto.

— Você ainda não me perdôo pelo que eu fiz não é? O que eu preciso fazer? - Ele pergunta enquanto me roda para trocar de par.

Quando passo do seu lado digo:

— Nada.

Logo ele dá um jeito de chegar perto de mim e diz:

— Nada? - Pergunta com a sobrancelha arqueada.

Um giro para cá e um para lá... Voltamos a dançar.

— Nada do que faça me fará mudar de idéia. Eu não preciso te perdoar. Só que foi traição de qualquer forma. - Digo seca enquanto ele guia os passos.

— Eu te amo Clara, eu sei que errei. E me arrependo muito. Mas me perdoe, por favor. -Ele diz e vejo sua voz pesar.

O deixo no meio do salão e saio. Preciso beber algo. Chamo os guardas e aviso que Andrew está no meio dos convidados. Para que prestem atenção e não incomode os outros convidados.

Estou indo em direção à porta quando um apagão domina o palácio der repente. Ouço barulho de espanto dos convidados. Enquanto o anunciador diz que o problema já está sendo resolvido.

Ouço meu pai brigar com o chefe da guarda por não ter deixado nenhum lá de olho.

A luz volta. E com ela barulhos e mais barulhos de armas sendo disparada em direção ao castelo.

É audível o som das vidraças se partindo e o grito de dor das pessoas atingidas.

Fico inerte no lugar por um tempo até que resolvo fazer alguma coisa.

Corro em direção às pessoas, ajudo algumas crianças a saírem da zona de perigo.

Acabo rasgando meu vestido e nem me dei conta de como. Sinto uma ardência em meu braço. Um arranhão. Tento esquecer a dor e procuro meus pais e Pedro, mas nem sinal deles.

Sinto alguém me puxar pelo braço. Não tenho nem tempo de retrucar. Enquanto me leva para fora do salão, me viro para procurar novamente meus pais e Pedro.

Nessa hora que vejo quando Andrew grita: Clara! E cai no chão após ter sido atingindo.

Olho alguns segundos estática para o chão onde Andrew está.

— Não pode ser! - Digo para mim mesmo.

Novamente o homem mascarado me puxa... E corremos para longe... Em direção a uma parede, ele procura algo e quando acha aperta. Certamente esse homem deve ser um dos guardas, só eles sabem da existência dos túneis subterrâneos.

A parede se abre, ele entra e continua a me puxar. Quando chegamos à parte subterrânea, na sala, a mesma que achei durante a minha primeira viagem a floresta. Paramos. Provavelmente a mesma deve ser a prova de som, porque não se ouve nada lá fora.

Quando me dou conta de que fui arrastada para cá, me levanto da cama em que estava sentada e tento sair... Só que ele me impede.

— Você não deve sair. Está tendo uma invasão, você deve ficar protegida e bem aqui no esconderijo. - Ele diz.

— Meus pais e meu irmão estão lá fora. Deixe-me sair. - Digo enquanto o olho e ele continua a bloquear meu caminho.

O observo... Ele veste roupas no tom de azul escuro e uma gravata esverdeada. Sua máscara azul não cobre todo seu rosto, e deixa seu maxilar amostra. Seus cabelos castanhos e desgrenhados... Seus olhos...

— Julian? - Digo e o fito enquanto retira a máscara - Você voltou você está aqui... - Digo o tocando me certificando que é real.

— Sim Clara, estou aqui! - Ele diz e me abraça.

— Pensei que tinha te perdido - Digo enquanto o abraço forte e começo a chorar.

— Shiu! Estou aqui não estou? Não vou te deixar! - Ele diz e acaricia meu cabelo - Vai ficar tudo bem eu prometo. - Completa.

— O que está havendo? Eles não haviam parado de atacar os reinos? E meus pais Julian, onde eles estão? Eu os procurei lá e não os vi. Porque ninguém os trouxeram aqui? Julian, não vou me perdoar se alguma coisa acontecer com eles. - Digo soltando tudo de uma vez e me sentando em uma das camas ali.

— Clara, eu te trouxe porque devo te proteger. Minha prioridade é você. Desculpe-me por não ter trago seus pais e seu irmão junto. - Ele diz e se senta ao meu lado.

— Eu entendo... - Digo e o vejo me olhar.

— Eu não gostei nada do que vi lá fora, eu sei que queria ajudar, mas você estava desprotegida. Não devia ter feito isso. - Ele diz me repreendendo.

— Eu sei que não devia, mas eu não podia ficar parada vendo aquilo tudo acontecer. - Digo tentando disfarçar uma careta de dor.

Automaticamente coloco minha mão sobre o arranhão do meu braço.

— Você deve cuidar disso. - Ele diz e aponta para o arranhão e em seguida coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Parece que ele sempre sai do lugar quando você está por perto. - Digo enquanto arrumo meu cabelo.

— Eu gosto disso! - Ele diz e eu coro.

Mesmo aflita ele me convence a deitar.

Sua presença me transmite paz... Ele acaricia meu cabelo, e mesmo com tanta coisa acontecendo lá fora, acabo dormindo.