Em minha frente tem um caminho... Ele leva apenas a uma direção.

Sigo o caminho... Ele leva até a porta de uma caverna, uma caverna subterrânea, onde tem um lago, de água brilhante e clara. Apesar de ser uma caverna ela tem uma boa iluminação.

Me abaixo e ponho as mãos na água... Até que ouço uma voz...

– Clarissa! Até que enfim veio me visitar! - A pessoa diz.

Começo a procurar de onde vem à voz.

– Vó? - Digo duvidando.

– Minha neta... Não conhece mais a voz de sua avó? - Ela me diz.

– Vó, é você mesmo?

– Me dê um abraço Clara... - Ela diz vindo em minha direção.

Ela me abraça, então sinto que ela é real.

Não acredito que é minha Vó! Não pode ser!

– Só vim te avisar algumas coisas. Preciso que ouça com atenção. - Ela diz e eu concordo com a cabeça - Tenha cuidado com as pessoas ao seu redor, muitas delas querem o seu mal e querem se aproveitar de você. Você é a única pessoa que vai conseguir deter o mal que virá sobre o reino e sobre a floresta. - Arregalo os olhos - Confie em Julian, ele está em todo lugar te protegendo. Minha querida neta se prepare para a dor, ela está chegando. Você vai ter que ser forte! Lembra-se que pediu ajuda para mim? Essa é a única coisa que posso fazer por você. Se tiver em apuros eu irei aparecer ou mandar alguma coisa ou alguém para ajudar. Mas só se for muito grave. Te amo minha neta! Agora tenho que ir... - Ela diz me abraça novamente e some.

...

Pisco os olhos algumas vezes, estou na floresta... Não me lembro de como cheguei aqui. Olho ao meu redor e noto a floresta com um aspecto diferente. As árvores estão envelhecidas como se estivessem morrendo. Vejo algumas cinzas como se tivesse pegado fogo.

– Gisela? Gisela? Onde você está? - Digo a procurando.

– Aqui Clara... Aqui... - Ela responde com a voz fraca.

Sigo sua voz, e a encontro no chão atrás de uma pedra.

– Gisela! - Grito e me jogo no chão.

– Clara... Aconteceu... A floresta já não tem mais vida. - Ela diz devagar - Ele matou todos... - Ela termina e desfalece.

– Não, Não pode ser!! – Grito.

Acordo gritando, e com lágrimas escorrendo por meu rosto.

Abraço minhas pernas, e continuo chorando. Estou sentindo dificuldade para respirar...

Tento me acalmar, sem sucesso. Logo Lilian e Marie chegam, e ao me ver elas não falam nada e nem perguntam, apenas se sentam ao meu lado e me abraçam.

Depois de um tempo paro de chorar, e elas me ajudam me arrumar para o jantar. Desço meio que obrigada, não sei se aguento mais coisas.

Chegando à Sala de Jantar, encontro minha mãe, meu pai, Alana, Duque Fernando e Andrew.

Converso com minha mãe, que ficou nitidamente preocupada com meus olhos inchados e vermelhos que a maquiagem não conseguiu esconde muito bem. Peço para ela passar no meu quarto depois do jantar para contar o sonho. Ela concorda e se afasta indo até a cozinha verificar algumas coisas.

Sento-me perto de Alana, conversamos também. Ela tem estado bem estranha e hoje não é diferente.

Enfim o jantar é servido, me sento à mesa e Alana na minha frente.

Surpreendo-me quando Andrew se senta ao meu lado, e começa a puxar assunto. Respondo com palavras como "Sim", "Não" e "Talvez". Não estou a fim de conversar com ele.

Uma hora ou outra durante o jantar ele pega em minha mão, o que me causa náusea. Comi porque fui ensinada a não largar comida, porque por mim eu deixaria e saía daqui.

Em uma das vezes que ele pegou minha mão, olhei a minha volta e vi variadas caras expressando uma coisa diferente.

Alana parecia brava, meu pai arrependido, minha mãe parecia chateada eu acho e Duque Fernando expressava uma cara de "Mais feliz impossível".

Por sorte o jantar passou bem rápido e fui para a biblioteca. Li até me sentir cansada o que não demorou muito.

Fui para o quarto e me joguei na cama.

Pouco tempo depois, minha mãe chega e conto o sonho. Omitindo a parte da floresta que ela ainda não sabe.

Ela fica sem reação e com lágrimas nos olhos. Subitamente me abraça e diz com a voz preocupada:

– Eu e seu pai não vamos deixar nada acontecer a você minha filha. Prometo.

– Eu sei Mãe!! - Digo tentando conforta-la.

– Filha agora vou indo... Estou cansada. - Ela diz e eu concordo - Dorme bem, te amo. - Ela diz e beija minha cabeça.

– Você também mãe, também te amo! - Digo e a vejo sair.

Quase imediatamente meus olhos começam a pesar e durmo.

Andrew

Clara estava estranha o jantar inteiro. Peguei em sua mão várias vezes para ver se aliviava o clima tenso que estava entre nós. Dava para perceber que meu toque mexia com ela, ela não

se esquivou em nenhum momento. O que me leva a crer que ou ela está levando a sério o casamento ou que ela sabe fingir muito bem. Apesar de ter desconversado a noite inteira.

Saio do meu devaneio, e olho para a porta. Tem um papel branco no chão. Levanto-me e o pego. Tem uma mensagem.

“Andrew me encontre no corredor leste, o que dá acesso à cozinha. Preciso falar com você com urgência.

Ass.: Fernando “

O que será que meu tio quer comigo há essa hora? Coloco um blazer e saio em direção ao corredor leste.

Total silêncio... Não consigo ouvir nada só a minha própria respiração.

– Tio? Tio, o senhor está aí? - Digo quase em um sussurro.

Acalmando a minha respiração consigo ouvir a respiração de mais alguém.

– Tio Fernando cadê o senhor? - Digo mais uma vez.

Repentinamente alguém coloca as mãos em meus olhos. Tento sair e consigo. Deparo-me com Alana.

– O que quer? Já disse que não temos mais nada! - Digo rudemente.

– Mereço um beijinho de despedida não acha?! - Ela diz manhosa e me agarra.

Não. Não vou me soltar. Já que ela quer vou lhe dar isso. E uma vez a mais não mata ninguém.

Depois de uns minutos em amaços. Ouço um "Rum Rum".

– O que está havendo aqui? – Pergunta.

Acho que estou ferrado!