Um peso, duas medidas escrita por Miaka


Capítulo 12
Tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão? ^__^ Peço desculpas pela demora neste capítulo! Tive bastante ocupada e estou viajando, mas arranjei um tempinho para escrever e não vou deixá-los sem capítulo no feriado! Faltam poucos capítulos para o final da fic, mas já estou planejando a minha próxima SINJA, que espero que vocês acompanhem tbm! ^__^



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 Uma semana já havia se passado e, após algumas paradas em diferentes reinos, já podia avistar a costa do extremo leste daquele país. Os primeiros raios de sol refletiam no mar cristalino. Havia sido uma longa viagem, talvez a maior de toda a sua vida.

 Mas o problema, de fato, não era a grandiosa distância entre Sindria e Kou. Anos atrás se acostumou a passar até mesmo meses em alto-mar acompanhado dele. Mas mais do que lamentar a ausência de Sinbad, algo que por algumas vezes tinha de lidar, já que não podiam comparecer juntos a todos os compromissos com países estrangeiros, agora ele também lidava com a preocupação de tê-lo deixado sozinho naquele país. Não só ele, mas seus amigos e generais que haviam ficado a mercê daquela bruxa…

 Quando pensava que havia os abandonando, deixando tudo para trás, sentia-se culpado. Mas não. Ele precisava seguir em frente. Afinal, por mais que se preocupasse com todos, precisava zelar pelo o que o próprio Sinbad havia lhe dado: sua dignidade.

 Sentiu o forte balanço do navio, quando o mesmo atracou. Respirou fundo e admirou a paisagem daquele país de arquitetura tão única. O clima, normalmente frio e úmido, fazia com que Ja’far se sentisse bem. Afinal, apesar de amar Sindria, seu corpo era maltratado pelo clima tropical. Aquele clima ameno era uma ótima recepção. Afinal, pouquíssimas vezes tivera oportunidade de pisar em Kou. De certa forma sentia-se ansioso, como se aquele espírito aventureiro, adormecido há tantos anos, subtamente despertasse.

— Ja’far-san! - um dos guardas se aproximou.

— Hm?

 Aquele que estava debruçado à mureta da proa da embarcação, virou-se de frente.

— O Quarto Imperador, Ren Hakuryuu, veio pessoalmente recebê-lo.

 Surpreso, Ja’far piscou, aprontando-se a caminhar em direção às escadas que já haviam sido posicionadas para o desembarque. Assim que desceu o primeiro degrau, suspendendo as longas vestes de tons pastéis, teve uma bela surpresa.

— Ja’far-dono!

 Ali estava ele, no final de um corredor formado por seis guardas, três enfileirados em cada lado do antigo príncipe que agora era trajado com as vestes mais luxuosas e pesadas, dignas de um Imperador de um país tão grandioso como Kou. No topo dos fios azulados a bela coroa formava uma cortina de contas que ia cobrindo parcialmente o rosto sorridente daquele que havia amadurecido tanto desde a última vez que o encontrara, há dois anos, em Sindria. Em sua mão esquerda, que não era mais uma prótese e sim sua verdadeira mão, de carne e osso, brandia o metal vessel do qual não se separava.

— Hakuryuu-ku… Digo, - corrigindo-se rapidamente, Ja’far balançou a cabeça. - Imperador Hakuryuu! Não devia ter vindo pessoalmente me recepcionar. - o alvo sorriu.

— Não precisa de formalidades entre nós, Ja’far-dono. - o moreno correspondeu o sorriso. - E fiz questão de vir pessoalmente, afinal, é nosso primeiro encontro formal como membros da Aliança, além do que, sou muito grato por tudo o que fez por mim quando estava em Sindria. É a segunda maior autoridade daquele país que, pretendo usar de exemplo, para reformar Kou!

 Aquelas palavras fizeram com que o sorriso que havia em seus lábios esmaecesse. Claro, Hakuryuu não fazia ideia de que não era mais conselheiro de Sindria e sim… sua irmã.

 A quietude de Ja’far após ouvir Hakuryuu, chamou a atenção do jovem imperador.

— Ah! Falei algo indevido, Ja’far-dono? - o moreno meneou a cabeça.

— Na-não, de forma alguma! Muito pelo contrário. - o albino se curvou.

— Creio que está cansado da longa viagem! - Hakuryuu voltou a sorrir ternamente. - Tem uma carruagem a nossa espera, podemos conversar com mais calma.

 Ja’far assentiu, sendo conduzido junto do rapaz, pelos guardas que garantiam sua segurança. Não demorou muito para que se acomodassem na carruagem onde apenas os dois estavam.

— Não devia… Não devia vir aqui com a majestad…

— Ja’far-dono!

 O alvo se surpreendeu quando suas duas mãos, que estavam pousadas sobre seu colo, foram tomadas por um tenso Hakuryuu. Os olhos azuis brilhavam entre as contas e pedras preciosas, parecendo angustiados. Ja’far engoliu a seco sem compreender as intenções do jovem.

— Eu espero não estar sendo inconveniente, mas… Como está a minha irmã?!

— Anh? - o ex-conselheiro arregalou os olhos. - Fala da… Hakuei-sama? - gaguejou.

— S-sim! - Hakuryuu tremia. - Minha irmã… não… não fala comigo desde que soube que… - ele desviou o olhar. - matei aquela mulher…

 Ja’far suspirou pesado. Notava que Hakuryuu não tinha ideia de que sua irmã não era mais aquela que tanto amava. Mal imaginava toda a situação que Sindria estava vivendo. Será que devia contá-lo?

— Eu… eu fiquei tranquilo quando soube que ela estava em Sindria. - Hakuryuu prosseguiu. - Sei que vão cuidar muito bem dela e tratá-la muito bem. - ele sorriu de forma nostálgica, grato pelo tempo em que passou convivendo com aquelas pessoas maravilhosas. - Mas ela está bem? Por favor, me diga, Ja’far-dono!

— S-Sim… - o alvo gaguejou, um pouco melancólico, não conseguindo disfarçar seus sentimentos. - Ela está… muito bem e sendo muito bem cuidada por todos. - explicou. - Não precisa se preocupar.

— Com a nossa proximidade, nossos reinos juntos agora, quem sabe ela não decida voltar a falar comigo! Quem sabe o Sinbad-dono explique que o que fiz foi necessário, não é?! - Hakuryuu estava obstinado. - Eu… eu fiz tudo o que fiz pelo bem da minha irmã, Ja’far-dono… - abaixando a cabeça, Hakuryuu recolheu suas mãos e apertou os tecidos pesados sobre seus joelhos. - Tinha tanto medo de perdê-la! Foi ela quem me criou de verdade! Quando matei aquela mulher, eu tive a certeza de que minha irmã estava segura!

 Engolindo a seco, o ex-conselheiro não sabia o que dizer. O jovem imperador estava nitidamente emocionado, justificando e relatando sua suposta vitória, aquela que Ja’far sabia que não era real. Ren Hakuei estava morta, se é que algum dia existira, e em seu lugar estava a bruxa que ele, infelizmente, assumia como sua genitora.

 Mordeu o lábio inferior sentindo um bolo em sua garganta.

 Não. Não podia colocar Sindria em risco. Com a personalidade forte daquele rapaz, Hakuryuu provavelmente não suportaria saber a verdade e provavelmente guerrearia contra Sinbad, que agora abrigava Arba por livre e espontânea vontade.

— Ja’far-dono?

 O alvo piscou mais uma vez, sendo arrancado de seus próprios devaneios. Pareceu assustado, o suficiente para Hakuryuu notar.

— Está tão pálido e… Está tudo bem?

 Aquela pergunta talvez fosse a que Ja’far mais temia. Será que conseguia mentir para ele? Depois daquele desabafo tão genuíno?

— S-Sim… - gaguejou. - Está tudo ótimo! Me… me perdoe, mas… creio estar um pouco exausto da viagem.

— Eu que peço desculpas. - Hakuryuu suspirou. - Minha ansiedade fez com que agisse de forma egoísta, quando está precisando descansar. - ele esboçou um fraco sorriso. - Teremos muito tempo para conversar! Por favor, fique à vontade! Com certeza o Aladdin-dono vai ficar muito feliz em vê-lo.

 “Hm, como ele já despertou, infelizmente não tenho como detectar… Só se fosse um magi, algo nesse nível, poderia detectar algum resquício de magia… Afinal, ela também é um magi, certo?” - As palavras de Yamuraiha ecoavam em sua mente. O magi, mais do que ninguém, poderia ajudá-lo ao menos acalmando seu coração se confirmasse que estava sob influência de alguma magia de Arba… Como gostaria de pensar que Sinbad não estava certo de si de suas atitudes tão drásticas.

—--------xxxxxx--------- 

O céu azul de Sindria não parecia o mesmo.

 Encoberto por nuvens pesadas e constantes tempestades tropicais, de longe lembrava aquele país tropical, fortemente ensolarado. E parecia que o clima se refletia nos interiores do palácio real, cujos corredores permaneciam quietos, apesar da intensa rotina de trabalho. Muito provavelmente devido à ausência de seu rei. Fazia dias que Sinbad mal aparecia para trabalhar. Mal viam seu soberano cruzar os corredores. Ele havia pedido para cancelar todos os compromissos já marcados. Mantinha-se em seus aposentos, tentando ao máximo se isolar de todos, até mesmo de seus generais.

 “Como está? Estamos sentindo saudades, em especial eu… Sei que podemos conversar ainda, Ja’far. Fui um estúpido em não ter ido falar…

 Droga! Não era isso o que queria dizer. Parou de escrever e amassou a folha de papel para arremessá-la na lata de lixo ao lado da escrivaninha, provavelmente a quinta sobre as demais, provenientes de outras tentativas de escrever algo que não soasse tão dramático, mas também não tão frio… Como convenceria a Ja’far de que o amava? De que merecia seu perdão? Era tão difícil… Claro, porque o que tinha feito não era digno de perdão.

 A noite já havia caído e aquelas duas batidas na porta já eram esperadas. Diariamente os criados iam levar sua refeição, tanto na hora do almoço, quanto da janta.

— Pode entrar! - ele disse, massageando as têmporas. Sua cabeça não parava de latejar há dias e dias.

— Com licença.

 Aquela voz lhe trouxe calafrios.

 As portas duplas se abriram e revelaram uma sorridente Ren Hakuei, que trazia consigo uma bela e grande bandeja de prata. Não parecia se espantar pela barba mal-feita do rei que começava a ficar mais evidente, nem pelas olheiras e cabelos despenteados, jeito com o qual Sinbad jamais apareceria diante de seus súditos.

 Sinbad, por sua vez, suspirou novamente. Não era possível! Quem menos queria ver era aquela mulher. Sabia que ela era o motivo de sua separação com Ja’far e, pensando naquilo, não conseguia agir de forma simpática, nem ao mesmo ao se lembrar de que precisava dela para atingir seus objetivos.

 Ela cerrou as portas atrás de si e caminhou em direção à escrivaninha do rei de Sindria, que se manteve sério, impassível, encarando a moça que desviou o olhar.

— Parece que não gostou muito da minha presença aqui. - ela comentou. - Vim trazer seu jantar, já que não nos agracia com sua companhia na mesa.

— Sinto muito… Tenho estado indisposto… - ele mentiu, evitando encará-la.

— Há uma semana? Não acha que um médico devia conferir se está tudo bem com vossa majestade? - ela permanecia a sorrir, recostando-se na mesa.
Nenhum médico pode curar o meu problema… - Sinbad foi ingênuo, apoiando a fronte nas mãos.

— Quem sabe um amor possa, talvez?

 A mão da mulher subitamente deslizou para o ombro do moreno que, em um reflexo, levantou-se, arrancando-a de cima de si. Os olhos azuis da primeira princesa arregalaram, estando um tanto quanto receosa quanto à rispidez de Sinbad, que imediatamente se afastara.

— Me… Me desculpe. - ela abaixou a cabeça. - Não soube me expressar…

— Por favor, - Sinbad ergueu as duas mãos. - saia daqui! Eu não quero destratá-la de forma alguma, mas não estou disposto a tolerar suas insinuações!

 Imediatamente corando, Hakuei, ou melhor, Arba abraçou a si mesma, nitidamente constrangida com a reação do rei, que se manteve firme. Ele, definitivamente, não estava disposto a cair novamente na lábia daquela mulher.

— Não me leve a mal, Sinbad-sama, é que… Eu entendo que está sofrendo, mas… Não me esqueço da nossa noite! Eu… eu estou apaixonada por você! - ela o encarou, os olhos brilhando quando segurou com as duas mãos o pulso do moreno. - Por favor! Não pode me dar uma chance?! O Ja’far-san te abandonou!

 Aquela era a gota d’água…

 Arba só sentiu ser empurrada, suas costas se chocando à parede enquanto que os cinco dedos daquele homem apertavam sua garganta.

— CALA A BOCA!!! - Sinbad vociferou.

— S-Sin… - ela tentava manter o fôlego. - bad-samaaa… - ela gemeu.

— NÃO OUSE FALAR ISSO DO JA’FAR! ELE NÃO ME ABANDONOU!

 Sinbad a soltou para que a mulher que ficara pálida conseguisse respirar. Hakuei se curvou, tossindo para buscar o ar que lhe faltava. Seus planos não estavam dando certo? Era hora de por em prática uma estratégia que ela sabia, não tinha como falhar.

— Sinbad-sama… eu… eu não… Eu só quis dizer que...

 Os olhos dourados cresceram ao ver a mulher enfraquecer e subitamente cair. Correu para ampará-la, preocupado. O que tinha feito? Passando por cima de qualquer ressentimento, imediatamente foi socorrê-la, apoiando-a em seus braços.

Oe, Hakuei-sama! Hakuei-sama! - ele espalmou de leve o rosto pálido na tentativa de reanimá-la.

— S-Sinbad-sama? - a mulher abriu os olhos vagarosamente, parecendo desorientada. - Me desculpe… eu…

— Como se sente? Vou chamar um médic…

— Não! - a mulher negou rapidamente. - Não se preocupe! Eu… tenho me sentido assim há alguns dias.

 O coração de Sinbad falhou uma batida e, estando tão próxima a ele, amparada naqueles braços fortes, a expressão assustada do rei não passou impune aos olhos da bruxa. Teve de conter o sorriso de satisfação ao se recompor.

— S… se está se sentindo mal, por favor, nos avise. Deve cuidar da sua saúde… - tentava disfarçar após aquele incidente há minutos atrás.

— Olha quem fala, disse que estava indisposto… - ela sorriu de forma doce.

 Ainda apoiada nos braços do moreno, próxima o suficiente para sentir o aroma do perfume dele, ela tentava manter a simpatia.

— Vou ficar bem! Não se preocupe. - prosseguiu tentando traquliza-lo. - Tenho certeza de que não é nada grave…

 E aquela possibilidade, de não se tratar de nada grave, talvez fosse o que mais preocupava Sinbad…

 

—--------xxxxxx--------- 

 Os servos acabavam de organizar as bagagens daquele que, aos seus olhos, ainda era o conselheiro de Sindria. Hakuryuu havia o acompanhado até ali, sempre extremamente gentil e solícito, afinal, tinha um grande carinho por Ja’far.

 Por favor, Ja’far-san, sinta-se completamente à vontade! Todos estão aqui para servi-lo da melhor maneira.

— Muito obrigado, Hakuryuu-ku… digo, majest…

— Me chame da maneira que se sentir melhor. - o jovem imperador riu da confusão evidente no rosto do alvo.

— JA’FAR-SAN!

 Ambos se surpreenderam quando ouviram aquela voz infantil. Hakuryuu se virou de costas para encontrar aquele que abria um grande sorriso ao encontrar o conselheiro de Sindria.

— Aladdin-kun! Há quanto tempo!

 Os olhos verdes brilharam ao encontrar o pequeno, que rapidamente se encaminhou em sua direção. Ja’far estava se sentindo muito bem, afinal, lembrando-se como era querido por aquelas pessoas.

— Como está? - o garoto perguntou. - Sinbad-ojiisan deve ter relutado muito em deixá-lo viajar para tão longe sem ele. Afinal, são tão próximos…

 Ao dizer aquilo, o magi ria de forma descontraída. Ele sabia muito bem da relação tão forte que Sinbad e Ja’far possuiam. Mas sua alegria foi interrompida quando notou a expressão melancólica que o alvo não conseguiu esconder.

— D-disse algo errado, Ja’far-san?

— N-não se preocupe, está tudo bem. Eu que estava… um pouco longe. - ele tentou rir.

— Hakuryuu-oniisan. - Aladdin voltou-se ao seu rei, que prontamente dispensou um dos criados com quem falava e o atendeu. - Pode me deixar a sós com o Ja’far-san?

— C-claro! - um tanto quanto desentendido, Hakuryuu acatou o pedido do magi. - Eu planejava uma reunião mais tarde, tendo em vista que deixaria o Ja’far-san descansar um pouco…

— Não se preocupe. Não vamos discutir trabalho. Quero conversar com o Ja’far-san, se me permite.

 Ja’far nada disse. O que Aladdin queria conversar com ele?

 Não demorou muito para que criados e o próprio imperador se retirassem. Nesse momento, o pequeno garoto franziu o cenho, assustando um pouco Ja’far. O que ele pretendia?

— Ja’far-oniisan…  

 O magi começou praticamente empurrou o conselheiro de Sindria naquela cama que ficava no centro do quarto, fazendo com que ele se sentasse. As esmeraldas piscaram desentendidas ao verem o garoto tão sério.

— Pode me contar o que está acontecendo, por favor? - ele tentou ser sensato.

— D-do que está falando?

 O nervosismo de Ja’far só confirmava o que Aladdin suspeitava. O alvo entrelaçava os próprios dedos, as mãos estavam trêmulas.

— Sei que teve boas intenções em vir ajudar o Hakuryuu-oniisan, mas sei que não veio para cá apenas para isso. Eu estava olhando quando chegou.

 Ja’far tentou esboçar um sorriso e forjar incompreensão para aquele que, realmente, era muito astuto.

— Não entendo do que está falando, Aladdin-kun… - ele tentava rir. - Vim apenas ajudar com respeito aos assuntos da aliança…

 O magi suspirou. Parecia que Ja’far não estava disposto a por as cartas na mesa por si só. Era hora de colocá-lo contra a parede.

— Eu vejo seus rukhs, Ja’far-san… Estão inquietos e… escuros. - Aladdin completou.

 Ja’far engoliu a seco. Nitidamente surpreso, sentia parecer impossível seguir naquela farsa. Nada disse, resignando-se ao ouvir as palavras do magi.

— Ja’far-san, por favor, Confie em mim. Quero ajudá-lo. - insistiu. - Para estar assim, creio que algo muito grave aconteceu. Isso envolve o Sinbad-ojiisan? Por favor…

— Eu… eu tive um problema com o Sin, Aladdin-kun… - ele se via sem saída. - mas estamos resolvendo.

— Não é o que parece pelos seus rukhs… Ja’far-oniisan… - Aladdin comentou entristecido.

— Tsc, - Ja’far se levantou. - creio que está tendo algum equívoco, Aladdin-kun! - ele perdia a paciência. - Eu vi aqui ajudar o novo imperador e… - as lágrimas começavam a transbordar. - apenas isso… não… não tem nada de errado!

— Ja’far-oniisan… - o magi se apiedou vendo a angústia estampada em seu rosto.

— Tudo o que peço é que tenham cuidado… - Ja’far soluçou, abraçando a si mesmo. - Eu não tenho coragem de dizer ao Hakuryuu-kun, mas… - ele tomou fôlego. - quem está lá em Sindria não é a irmã dele, Aladdin-kun! - Ja’far tomava coragem para revelar. Encarou o magi que arregalou os olhos azuis. - É a Arba!

— O QUÊ?! - Aladdin estava em choque.

— O Sin a levou para lá para a mantermos em nossas rédeas, - Ja’far explicava, ao menos tentava. - mas… mas ela transformou Sindria em um inferno! O Sin não é mais o mesmo! Ele se envolveu com ela… - soluçou.

— Ja’far-oniisan, está querendo dizer que a Arba não morreu quando o Hakuryuu-oniisan a matou? - o magi do Império Kou apertou as mãos em seu cajado.

— Ela está sendo acobertada pelo Sin… - Ja’far voltou a se sentar, nitidamente desolado.

— Por que o Sinbad-ojiisan faria isso?

 Ja’far desviou o olhar. Aladdin imediatamente compreendeu que aquilo era algo do qual ele não gostaria de falar.

— A Arba é a nova conselheira de Sindria. Não possuo mais… uma posição no país que o Sin e eu construímos com tanto esforço…

— Ja’far-oniisan… Eu sinto muito…

 Aladdin se aproximou para tocar a mão que Ja’far repousava sobre a cama bem forrada, mas assim que o fez, a recolheu imediatamente, assustado.

— A-algum problema? - Ja’far se alarmou.

 O magi afagou a própria mão, sentindo sua pele queimar. Encarou-o de forma confusa.

— Ja’far-oniisan, essa mulher lhe enfeitiçou de alguma forma? - questionou preocupado.

— Eu… eu não sei. Cheguei a ter algumas atitudes que… não me lembro muito bem! A Yamuraiha-san disse que talvez apenas um magi pudesse detectar algo…

— Não há dúvidas de que a Arba usou alguma magia em você, Ja’far-oniisan… E muito provavelmente no Sinbad-ojiisan, se diz que ele está agindo de maneira estranha.

 A culpa corroeu seu coração.

 Então Sinbad também não era culpado, era tão vítima quanto ele.

 De certa forma sentiu alívio, acreditando que seu rei não tinha agido por si próprio de uma forma tão asquerosa. Mas ao mesmo tempo, preocupou-se.

 Que perigos seus generais e ele não estariam passando à mercê daquela mulher?

— Preciso voltar a Sindria, Aladdin-kun! - o alvo se levantou. - O Sin, todos estão em perigo então!

— Não! Acalme-se! - Aladdin relutou. - O melhor a fazer agora é se acalmar. Eu posso desfazer esse feitiço e podemos pensar em alguma forma de agirmos contra esta bruxa!

— O melhor que tem a fazer, Aladdin-kun, é se esconder. Eu mesmo irei atrás dela! Deve se proteger!

— Vamos dar um jeito! - o pequeno suspirou. - Até agora ela não foi capaz de fazer nada para por a vida do Sinbad-ojiisan e dos outros em risco, a única preocupação dela era com você mesmo, Ja’far-oniisan, porque ela sabia que não teria como o enganar.

 O alvo suspirou e assentiu. Aladdin estava certo. Tinha de reconhecer que, mesmo sendo uma criança, aquele garoto sabia do que estava falando. Devia confiar nele.

— Confie em mim!

—--------xxxxxx--------- 

 Dois meses se passaram num piscar de olhos. Ja’far trabalhava avidamente ao lado de Hakuryuu e Aladdin e Kou prosperava mais do que nunca com o auxílio dos países da Aliança.

 Durante todo aquele tempo, Ja’far não recebeu nenhuma correspondência de Sinbad, o que de certa já forma esperava. Porém, as cartas que ele enviava aos generais nunca eram respondidas. Aquilo lhe trazia uma certa inquietude, mas o trabalho árduo no qual estava tão dedicado o impedia de se preocupar tanto. Decidiu confiar nas palavras de Aladdin e, aliás, já se sentia bastante melhor sem a influência da magia de Arba. Como não havia percebido ter sido enfeitiçado por aquela mulher?

 Mais um dia de trabalho se encerrava e Ja’far já era bastante respeitado pelos demais servos do palácio, sendo tão solícito e prestativo como era.

 Estava coordenando toda a parte administrativa e financeira do país, tornando-se praticamente um primeiro-ministro de Kou. Não que Hakuryuu já não lhe tivesse sugerido assumir aquele cargo, mas Ja’far sempre reafirmava sua fidelidade a Sindria, apesar de seu coração estar tão magoado ao se lembrar de seus últimos dias naquele país. Sentia tanta saudade… Será que não devia voltar logo?

— Distraído, Ja’far-oniisan?

 O alvo piscou, saindo de seus devaneios, para encontrar o pequeno magi que lhe sorria. Já era noite e ele era um dos poucos que ainda habitava os escritórios do palácio, algo que ele estava acostumado desde quando morava em Sindria.

— S-sim… Acho que é a quietude daqui. Todos terminam o serviço bem cedo. - ele riu.

— Na verdade é o Ja’far-oniisan que termina o trabalho tarde demais, não? - Aladdin estava sendo simpático, arrancando um risinho do mais velho. - A Mor-san vai jantar fora conosco hoje! Por que não nos acompanha?

— JA’FAR-DONO! ALADDIN-DONO!

 Um tanto quanto atrapalhado devido às longas e pesadas vestes, Hakuryuu vinha correndo ao encontro dos dois. Trazia um sorriso de orelha a orelha e um pergaminho enrolado em uma fita verde em uma das mãos.

— Boas notícias, Hakuryuu-oniisan? - Aladdin perguntou.

— ÓTIMAS! - ele estava radiante.

 Ja’far piscou, reconhecendo o brasão de Sindria que estava talhado na parte externa do pergaminho. Foi quando Hakuryuu o entregou ao alvo. Os olhos azuis do imperador brilhavam, tamanha felicidade.

— É o convite de casamento da minha irmã, Ja’far-dono!

 O coração do ex-conselheiro de Sindria falhou uma batida. A alegria sendo extirpada de sua expressão.

— Ela vai se casar com o Sinbad-dono!


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Notas finais do capítulo

Confesso que pude ouvir quando escrevi as últimas linhas: "Eu ia dizer que estava apaixonado, recebi o convite do seu casamento. Com letras douradas num papel bonito, chorei de emoção quando acabei de ler.
Num cantinho rabiscado no verso, ela disse: 'Meu amor, eu confesso: tô casando, mas o grande amor da minha vida é você.'" Pobre Ja'far... E agora? Será que ele vai voltar para Sindria? E ao voltar para Sindria, o que espera a nossa rainha?!

Muito obrigada por lerem e acompanharem, pessoal!



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