I bet my life escrita por hidechan


Capítulo 8
Capítulo VIII: O que se quer


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meus leitores que devem me odiar pela demora uahauauhuah, desculpas ~ mas estou fazendo tantas coisas x__x me perdi no tempo.
Espero que gostem! Obrigada a todos que estão lendo s2. Um abraço da hidechan *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659571/chapter/8

Aomine segurou Kise pela cintura e pediu que se acalmasse, o garoto, muito assustado com a situação inusitada, parou de se mexer.

— Viu? Está tudo bem agora.

— ...hum, me desculpe _disse ofegante.

— Vamos.

            E ainda o escoltando voltaram a caminhar pela rua movimentada em direção ao 12º DP. Até aquele dia Kise ainda não havia saído de casa, infelizmente era necessário prestar mais um depoimento e então se apresentaria na companhia de Aomine. O que ambos jamais imaginaram foi que o loiro teria ataque de pânico ao esbarrar em uma das muitas pessoas andando na mesma direção que eles; o susto foi tão grande que o moreno fora obrigado a usar a força para conter o desespero do outro. Eles ainda não sabiam se isso aconteceria mais vezes, porém de uma coisa Daiki teve certeza: Ryota Kise ainda estava fragilizado mesmo não aparentando.

            No depoimento a vítima não disse mais do que o necessário e também reconheceu um dos suspeitos, o outro havia fugido então estavam atrás do meliante e demoraria alguns dias para encontrá-lo. Dessa vez não precisou ficar horas na sala fria, com o corpo dolorido e a cabeça confusa, pode sair de lá quase que imediatamente respirando aliviado ao ganhar o frescor das ruas de Tóquio. Diferente de antes, Kise topou irem a uma lanchonete para o almoço na promessa que começaria sua dieta dali em diante; sua carreira de modelo não poderia ir para o espaço afinal. Aomine tinha terminado o curso e agora estava com a proposta de ajudar no caso e ficar pelo tempo que fosse necessário – ganhando talvez uma efetivação – ele disse que iria pensar. Isso poderia mudar o rumo de muitas coisas. Muitas coisas.

            Depois do incidente com Kise, Taiga simplesmente começou a prestar dez vezes mais atenção nas palavras do namorado e a questioná-lo sobre tudo. Queria saber de cada passo dado pelo moreno que realmente não se importava em contar até certo ponto, chegando a se irritar apenas quando o ruivo custou a acreditar, certo dia, de que estava num café desacompanhado. Ele tinha bom faro, teve que admitir... depois do incidente seu comportamento com Kise mudou de certa forma, porém jamais deixaria sua integridade de lado traindo o namorado por pena; porque era exatamente isso que sentia ao ver o loiro chorando no meio da noite com seus terríveis pesadelos.

Não estava se apaixonando por ele.

Repetia isso diariamente e confirmava todas as vezes que se encontravam. Seu desejo por Kagami Taiga não tinha limites chegando a se masturbar escondido diversas vezes ouvindo sua voz ou se lembrando dos momentos juntos. Confiante nos seus sentimentos e de consciência limpa, o moreno continuaria a proteger o amigo e a esperar que o namorado retornasse.

Além disso, estava planejando seu futuro. Talvez uma casa seria bem complicado agora, porém se o ruivo topasse ajudar a pagar as parcelas quem sabe... e quem sabe também não colocaria de vez uma aliança em seu dedo. Os sonhos fizeram com que seus lábios se repuxassem para cima de forma natural.

— Sonhando acordado uh? _Kise estalou os dedos perto de seus ouvidos.

— Ah foi mal, viajei aqui.

— Quer comer mais alguma coisa ou posso fechar a conta?

— Pode fechar _caçou a carteira no bolso de trás da calça _aonde vamos agora? Oe! Eu pago metade seu idiota.

            Kise apenas negou com um gesto simples.

— O que está fazendo por mim não tem preço... me deixe pelo menos compensar de alguma forma _disse de forma contida, digitando a senha do cartão de crédito em seguida.

— Não estou fazendo nada demais _coçou a nuca, um tanto envergonhado _só por isso acho que deveríamos... jogar basquete.

— Ju-jura?!

            Há quanto tempo não via aquele brilho nos olhos? Infelizmente para Kise, isso só o fez sentir saudades imensas do namorado idiota.

— É, só um pouco. Vamos.

—---------- + --------------

            Taiga ergueu os olhos, ofegante, estavam perto de terminar o que mal começara. Como era possível se sentir assim? Era a pergunta que se fazia entre um lapso e outro de consciência; nos lábios o sorriso, nos olhos a voracidade. Tinha entrado na zona mais profunda de sua concentração. Ninguém poderia pará-lo nos 10 últimos segundos de jogo e foi isso que trouxe a vitória para o Red Hawks atraindo a admiração da plateia e o medo de seus colegas de time. Então logo a pergunta mudou para: o que um cara como aquele estava fazendo num time pequeno? Jogando como um monstro, sozinho. Bom, talvez a parte de não saber trabalhar em equipe seja o ponto fraco do seu basquete, afinal não existia Kuroko muito menos Aomine.

— Bom trabalho! _Joey gritou ao ouvir o apito _reunião.

            E apesar da comemoração voltaram logo para dentro do vestiário. O loiro estava em pé rabiscando algo na prancheta enquanto esperava todos se recuperarem, sua expressão era de intensa preocupação. Todos se alinharam, incluindo o time reserva, e ele começou com um aceno.

— Taiga está fora do próximo jogo até encontrar um modo de trabalhar em equipe quando entrar na zona _seu olhar não deu espaço para reivindicações _claro que vou te ajudar. Aos demais, encontrem um parceiro para ele. É dever de todos, tarefa para casa _completou rindo da sua própria piada _camisa dois, vamos começar com você.

— Sim senhor _exclamou animado erguendo a mão no ar.

 - Excelente. Algo a complementar, Taiga?

            O ruivo abriu e fechou a boca, mas desistiu. O time viajaria para o país vizinho no dia seguinte e logo depois outra temporada de caça estaria aberta ao treinador, Kagami começou a ter suas dúvidas em relação ao futuro de sua carreira e ponderou voltar ao Japão ou a continuar, a dúvida se estabeleceu depois dos jogos que apesar de ganhos, não chamaram a atenção desejada.

            No momento teria a missão chata de encontrar uma sombra, porém pelo menos na tarde daquela sexta-feira queria estar livre para se divertir. O que faria? Desde que chegara ao Japão não tinha saído para nenhum lugar e depois de sair de lá, já com o time, até os passeios normais como ir ao fliperama viraram raridade. Um adolescente de quase 19 anos que nunca usufruiu de sua liberdade. Deixou de lado o basquete por um momento ou dois.

— Tiger! Parece que ficaremos encarregados de encontrar uma solução _o menor sorriu desfazendo o coque, seus cabelos caíram em cascata com as pontas enroladas _pode me contar mais sobre a zona e sobre seu antigo companheiro de time?

— ...hn, o nome dele era Kuroko... bom, ele se parecia um pouco com você. Estatura e... talvez os passes, o estilo do jogo.  

            Eles caminharam até o café do outro lado da rua – Lindner e sua graciosa fachada com as cores do país – e tomaram uma mesa de quatro lugares. Kagami explicou tudo sobre a zona e Kuroko, contou também sua estadia na Seirin e os jogos com suas vitórias e derrotas, ao final do relato Michiru já sentia que a luz no final do túnel talvez não aparecesse até o final da temporada.  

— Eu... não sei se posso ajudar, porém podemos tentar algumas táticas _mexeu o milkshake com o canudo de forma despreocupada e logo o assunto morreu, nenhum dos dois parecia realmente empolgado com a nova provação _mas me diga, Tiger... _ele pareceu se arrepender em seguida e apenas balançou a cabeça num gesto negativo.

— O que foi?

— ...apenas pensando se volto ou não para casa, amo basquete, porém tenho outros sonhos _entrelaçou seus dedos e sorriu de forma tímida _pensa que sou um tolo, não é?

            Kagami mal pode responder antes do mesmo continuar.

— Antes de irmos ao Japão, o nosso ex-camisa cinco foi contratado pela seleção nacional do seu país para jogar no time de base. Talvez a França me faça a mesma oferta, entretanto uma vez rodeado por tudo o que me chama a atenção, não vou continuar no esporte por muito mais tempo... agora entende porque sou um tolo? Deixei tudo para talvez voltar ao mesmo lugar, no mesmo ponto.

— Está aqui por que? _deixou a pergunta indelicada escapar _quero dizer! Sei que am-

— Pois é realmente excitante viver essa aventura _estendeu a mão até o rosto do outro e tocou de leve suas feições que agora mudaram para o espanto _pude conhecer lugares maravilhosos, culturas magníficas e uma pessoa muito interessante.

— Oe! _se afastou deixando seu rosto longe do alcance do mesmo.

— Se você... se cansar do seu namoro. Se quiser alguém pra te acompanhar por ai, vendo o rio correr e as nuvens passarem... pode falar que é loucura, que é besteira, mas sei que ai dentro está tremendo de excitação para a liberdade. Se não der certo aqui, sempre teremos outro caminho. O tempo nos dirá _sussurrou a última parte tirando o resto do fôlego de Kagami _tive uma ideia! Conheci um barzinho ótimo aqui perto, podemos conversar e aproveitar música ao vivo. Venha, Tiger!

            E levado por um outro mundo, tão diferente do seu, o acompanhou embriagado com seu sorriso. 

Vai, pode falar, pode escrever

Eu vou me entregar

No meu lugar, quem não faria?

 

Diz que é loucura, diz que é besteira, mas eu não vou ligar

Não tente entender

E o tempo dirá

A sina é sonhar

Eu pago para ver qual é o meu lugar

Que a vida é um dia

 

Um dia sem culpa

Um dia que passa aonde a gente está

 

(O que se quer – Marisa Monte)

 

            A música era acompanhada pela voz doce de Michiru, ele seguia o ritmo com os dedos tamborilando no tampo de madeira da mesa onde estavam acomodados há pelo menos duas horas. Os copos de cerveja, hora vazios, hora cheios, estavam sempre em mãos e apesar do álcool não ser seu ponto forte, não estava ficando bêbado realmente; apenas sentia uma moleza gostosa e clima de leveza.

— Está gostando, Tiger?

— S-sim, é bem diferente. Nunca tinha ouvido música brasileira.

— ...na França temos bares de todas as nacionalidades, prezamos a cultura de outros países, pois todos tem uma harmonia diferente. Não tem vontade de conhecer o mundo longe do basquete?

— Como assim?

— Artes, iguarias, talvez pintar um pouco de música hoje, amanhã andar de skate com os punks, depois voltar para casa e ficar tocando violão num bar boêmio.

— Impossível _riu _jamais me encaixaria, apesar de que sim, ando de skate em Los Angeles quando estou na casa dos meus pais.

— Bobagem, aposto que iria se dar bem. Também pode continuar a jogar, claro, encontrar pessoas tão fortes quanto você _deu os ombros _fazer de tudo um pouco, não se prender.

— ...não me prender, uh? _disse baixinho.

            Taiga olhou para a mulher baixa no palco que cantava o último refrão fazendo várias pessoas cantarem em sintonia, Michiru acabou falando algo que não deveria, despertou em si a dúvida que estava se esforçando para responder: queria ou não voltar ao Japão? Passar a vida toda morando na capital, casado talvez, mas ao lado de Daiki e com certeza... preso? Mas algo tão importante assim significava jaulas?

—------- + --------------------

            Aomine marcou o último ponto encerrando a partida de forma esplêndida, Kise se lamentou por nunca ter conseguido passar pelo amigo, mas não se arrependeu de ter aceitado o convite para a partida.

— Perfeito como sempre _exclamou cumprimentando o outro com o punho.

— Muito fácil te derrotar como sempre _disse com falsa arrogância ganhando um leve chute na canela _...você está bem? Está mancando.

— Ah sim, é que não posso jogar por muito tempo. Aquela partida contra o Haizaki, se lembra?

— Escola Fukuda _confirmou com um aceno.

— Fraturei o tornozelo, fiz um tratamento meia boca pra jogar contra a Seirin... ah, não me olhe assim. Era uma partida importante! Depois disso acabou zuando totalmente, sorte que deixei o basquete não muito tempo depois.

            Daiki decidiu deixar o assunto morrer e saiu da quadra, fizeram o caminho de volta com tranquilidade uma vez que as ruas vazias deram a Kise segurança; ele evitou tocar no assunto, porém infelizmente sua expressão corporal denunciava seu medo a todo o momento.

Uma vez no apartamento puderam relaxar totalmente, o dia seguinte ainda seria cheio para Daiki, mas com Kise de licença médica – afinal sofrera um ataque físico – ele se esforçaria para ser uma boa companhia até o mesmo adormecer, o que andava sendo rápido o deixando de certa forma aliviado. Era ótimo estar ajudando um amigo e melhor ainda quando descobriu que se sentia extremamente bem o fazendo, até hoje não teve nenhuma amizade de verdade. Momoi era o que poderia se chamar de pessoa mais próxima a si, depois de Taiga claro, ainda assim ela era mulher e isso trazia certo limite em suas ações e o ruivo, bom o ruivo era seu namorado; apesar de serem melhores amigos a relação se tornava bem diferente. Por que demorou tanto para entender o que era ter um amigo de verdade? Talvez porque tudo na vida tem seu momento certo, era ali que deveria estar, era Kise quem deveria estar ali. Tudo arranjado em sintonia.

— Aominecchi! Vamos andar de patins amanhã?

            O loiro lhe dera um pequeno susto fazendo seu corpo estremecer, estava perdido dentro de sentimentos calorosos.

— Não sei andar de patins, nem de skate antes que pergunte.

— Posso te ensinar! _a ideia de mostrar algo que seu ídolo ainda não sabia lhe deu novas energias _por favor.

— Se quer me ensinar alguma coisa, me ensine a fazer panquecas como as de ontem, o que acha? Ficaram ótimas.

Osu! _concordou abrindo o sorriso costumeiro.

            Sorriso esse que acabou por chamar a atenção do moreno pela segunda vez num mesmo dia. Não estava se apaixonando por ele, não podia estar.

>>> 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I bet my life" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.