I bet my life escrita por hidechan


Capítulo 10
Capítulo X: Infecte-me Com Seu Amor


Notas iniciais do capítulo

Huooooooooo ~ ♥ alguém ainda lê "I bet my life"? ahauhuha quem sabe o/



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Aomine abriu os olhos, mas nada viu na escuridão, apenas sentiu a respiração quente perto de seu rosto. Kise tinha ultrapassado a linha divisória dos colchões e agora dormia tranquilamente perto de si, com o braço jogado sobre seu ombro.

— Oe, seu idiota _murmurou o empurrando minimamente _vá para o seu canto, é sério.

O loiro continuou imóvel, aos poucos pode se acostumar com o escuro e perceber sua silhueta sob o grosso cobertor. Estava sentindo falta de seu namorado, ele sempre dormia agarrado ao seu braço mesmo nos dias de calor e talvez por esse hábito, estar perto de Kise não fora algo totalmente estranho; ou será que era pelo fato de seu coração estar balançado pelo loiro? Inegável que algo estava mudando com aquela convivência, com todos aqueles acontecimentos. Era inevitável pensar que talvez Ryota estivesse preso dentro de terríveis pesadelos, precisando dele naquele exato momento, mais uma vez a necessidade de confortá-lo cresceu em seu peito e Taiga esvaiu em seus pensamentos. Arriscou tirar o braço pesado que o prendia e segurou a mão fria – e pequena – imediatamente Kise abriu os olhos, sonolento.

— Não consegue dormir? _balbuciou.

Aomine acariciou os dedos finos e aconchegou sua cabeça mais perto dos cabelos macios de Kise.

— A-Aominecchi? _incapaz de se mover, o sono fora totalmente embora o deixando com o rosto vermelho e os olhos arregalados para o escuro _...assim você me deixa no limite _murmurou sem coragem de elevar a voz numa confissão íntima.

— É mesmo? _sussurrou provocando calafrios em Kise que agora se segurava para não tremer. Era o momento que sempre imaginou naquela última semana, que nunca teve fé que realmente poderia vir acontecer.

Logo Aomine que dizia tanto ter a índole perfeita, que traição estava totalmente fora de sua realidade. Não poderia estar para acontecer, poderia?

Kise travou o corpo e ofegou, o amigo lhe encarava como se pensasse em todas as consequências antes de seguir em frente ou simplesmente se afastar, e no escuro, em meio ao som ritmado da torneira pingando e ao calor que logo se tornou insuportável, Aomine ergueu o queixo de Kise e o beijou aproximando não só seu rosto, como também seu corpo. Não era para ter acontecido, mas aconteceu e apenas aconteceu.

— A... Aomi- _disse entre um segundo e outro.

— Meu cacete, isso é muito errado—e voltou a beijá-lo deixando o menor fora de si, as mãos já não sabiam mais o rumo certo e as pernas enrijeceram de tal maneira que não as sentia.

— Aomine... _falou entre lábios molhados, o beijo começara a ficar afoito, intenso.  

Daiki não queria, ou melhor, não conseguia pensar em mais nada. Simplesmente deixou se levar pela situação levando seu corpo cada vez mais colado ao outro, bastava um pequeno movimento para encaixar totalmente o amigo entre suas pernas e deixá-lo sentir a ereção que se formava.

            Mas ele se esqueceu de que não estava tudo bem.

Kise choramingou pela ultima vez antes de empurra-lo para o lado num chute dolorido e certeiro em sua canela, seus olhos marejaram de tal maneira que a íris clara agora pareciam duas piscinas transbordando e a respiração falhou uma, duas, três vezes. Estava tendo um pequeno ataque de aerofagia, causado pela ansiedade do toque repentino e também pela onda de más lembranças que vieram sem aviso. Ele sabia que Aomine não era como “aqueles caras”, que seu coração aceitava mais do que tudo o contato carinhoso, porém não estava preparado para aquilo ainda.

— Kise? _o chamou assustado, descobriu o amigo totalmente e usou uma das mãos para lhe cobrir a boca _se acalme, respire apenas pelo nariz... vamos lá, você consegue ok?... isso.

 Aos poucos o ar preencheu os pulmões aflitos e Kise relaxou.

— Ótimo... me descul-

— Foi minha culpa _o cortou segurando firme em seu pulso _e-eu... queria tanto, eu quero tanto! M-mas...  

— Ah, não... me desculpe, Kise! Fui... ahn... _lhe faltou todas as palavras. Era uma cena totalmente constrangedora.

— Não é você _abriu um sorriso sem graça, escondeu o rosto entre os braços e escolheu o silencio.

 Suas lágrimas fizeram o coração do moreno saltar do peito. Claro, ele tinha acabado de passar por um estupro, o que tinha na cabeça achando que poderia simplesmente beijá-lo e se excitar de baixo daquelas cobertas roubadas?

Kise queria continuar a se explicar, em sua garganta as respostas prontas todas presas por um bolo que se formara. Aomine, igualmente em choque, apenas balançou a cabeça e se levantou.

— Me desculpe mesmo tá? Está tudo bem, relaxa... olha, vou pegar um copo d’água, quer? _disse já se retirando.  

E naquele instante o mundo desabou pela primeira vez.

—-------- + ---------------------------

Flash Back— Aeroporto 11 horas atrás.

— Então... é isso? _e apesar do sorriso, Taiga podia ver a tristeza por trás de seu olhar.

— É... acho que sim. Obrigado por tudo, Michiru, foi realmente uma experiência única.

O menor abaixou o olhar, o desejo de ter Taiga em seus braços uma única só vez ficou contido em sua atitude quase formal; o ruivo estava voltando ao Japão depois de uma proposta surpresa e sem pensar duas vezes, aceitou. Deixaria o time de Joey agradecido profundamente pela ótima estadia, porém estava na hora de voltar para casa.

— Me prometa que não se esquecerá dos nossos jogos!

— Nunca _mostrou todos os dentes _você joga muito _estendeu o pulso para o cumprimento habitual entre os jogadores _pena que não tivemos tempo para pensar em alguma estratégia.

— Sim... _desviou o olhar para qualquer coisa ao redor _espero te encontrar novamente.

— Nós iremos, não se preocupe. Basta aparecer no Jap- Oe! Não chore! Pa-pare com isso.

— Ah odeio despedidas, dá um tempo _riu de si mesmo _vá antes que seu avião te deixe comigo. Se ficar pode ter certeza que nunca mais será o mesmo, Kagami Taiga.

— ...ow _exclamou perdendo um pouquinho da vontade de embarcar _assim você me deixa sem escolha!

— Idiota _rolou os olhos _até breve.

— Até...

O ruivo o abraçou pela segunda vez antes de partir, pode sentir a cintura fina e os cabelos longos, tão macios com um aroma doce que jamais esqueceria.

Flash Back – fim

— Meu caralho!          

Recebera uma ligação no final do expediente, a euforia fora tamanha que perdeu a concentração errando duas vezes o nome de sua vítima enquanto realizava o cadastro. Taiga estava no Japão. Finalmente.

Ansioso, Aomine corria na direção do saguão do aeroporto enquanto respondia a mensagem de Kise.

            Não volto para casa hoje.

Escreveu às pressas sem se importar com a grafia, afinal em alguns segundos reencontraria Kagami Taiga e naquele instante nada importou daquele tempo em que estiveram separados, a ansiedade em reencontrar Taiga supriu qualquer pensamento, qualquer sentimento confuso. Corria em passos largos de um modo totalmente estabanado a procura de seu namorado, parou por um momento tentando encontrar a cabeleira ruiva no meio da multidão, não foi difícil.

— Taiga!

Seu coração saltou do peito ao ir em direção ao homem que já o esperava de braços abertos. A saudade tomou conta de tudo e nada ao redor tinha a menor importância para o casal; o abraço apertado durou muito mais tempo do que o necessário, ainda assim não fora o suficiente.

— Que fodendo saudades _murmurou Daiki ao pé do ouvido _achei que ia morrer ao receber sua ligação. Sério.

— Só você? _sorriu mostrando os caninos branquinhos _como está?

— Ótimo agora e você?

— Preciso mesmo responder?

 Aomine o puxou pela mão ao longo do extenso saguão, pegaria um taxi até qualquer Love Hotel para passarem a noite. A prioridade era só uma: estarem juntos.

— Tem 20 minutos para me distrair até o motel ou vou te comer naquele taxi mesmo.

— Meu caralho, e se eu te contar que já estou duro? _diziam em voz baixa, enquanto se abraçavam no ponto.

— Então acho que temos um problema, um problema duplo e delicioso.

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Kise olhou para as mensagens não visualizadas, Aomine estaria o evitando depois do beijo repentino na noite passada? Teria sido um erro?

            Claro que fora um erro.

O amigo agora iria embora, com certeza, e mais do que isso, jamais voltariam a ter a amizade que construiu com tanto zelo. Estava tão feliz...  

— Ótimo _ironizou.

As lágrimas caiam uma a uma enquanto terminava o cigarro de cravo, a fumaça tóxica subia lentamente até o céu nublado; fora tão bom e ao mesmo tempo cheio de desespero. O que tinha sido aqueles sentimentos ruins? Milhares de perguntas giravam em sua mente. E a quem ele poderia consultar num momento daquele? Sua família o esqueceu, seus amigos nunca existiram de verdade, era apenas Ryota Kise sozinho.

Apoiou as costas cansadas na parede fria da área de serviço, a noite que tudo aconteceu passou em claro, ficou a imaginar a motivação para aquela traição sem sentido; tão apaixonado por Taiga! O que era aquilo agora? Dando falsas esperanças para alguém já tão fragilizado, era justo?

— Arg, perguntas _voltou a falar em voz alta batendo a cabeça na parede tentando se livrar daquela depressão.

Sabia que seria assim se alguma coisa acontecesse, provaria de algo que jamais teria para si e, quando tudo terminasse, ficaria apenas com as lembranças e o gosto amargo de não ser o escolhido.

Caminhou em passos lentos até o banheiro e lavou o rosto, deixou o celular no silencioso enquanto ligava o notebook para checar seus e-mails e coisas da faculdade; não era hora de fraquejar, tinha que continuar a se esforçar ou sua vida iria por água a baixo. Nada que tinha passado até agora deveria ser motivos para desistir. Esse era Kise Ryota.

       Ou assim ele desejava ser.

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— Amor, pega uma água pra mim _pediu o ruivo um tanto sonolento.

Daiki abriu o frigobar do quarto e lançou para o namorado uma garrafinha d’água, já era quase três da madrugada quando finalmente tomou uma ducha e resolveu deitar para tirar proveito das poucas horas de sono antes de voltar ao trabalho. A noite tinha sido perfeita, horas de gemidos enlouquecedores, o sexo que tanto sentiu falta nessas semanas intermináveis.

— Obrigado... nossa, calor _olhou para o teto acompanhando o ventilador que girava lentamente.

— Hey, saudades _disse ao pé do ouvido _nem acredito que está aqui.

— Hum que romântico, o que aconteceu com o meu Aomine Idiota Daiki nesse meio tempo que estive fora?

— Babaca _riu pegando o celular para ver as horas, em seu whatsapp quase uma dúzia de mensagens recebidas de Kise. Olhou de canto para Taiga que esperava alguma resposta sobre aquilo _...é que eu não avisei que ia te encontrar, ele deve ter ficado preocupado _deixou de lado o aparelho.

— ...ele fica te esperando todos os dias? _apoiou a bochecha em uma das mãos, seu olhar demonstrava intenso ciúme apesar da voz calma.

— Ele... fica. É que... assim, te contei que ele sofreu um ataque esse mês, não? _Taiga afirmou com um aceno _não foi um assalto, foi... ah... _se sentiu extremamente desconfortável com o assunto_ um estupro.

— Oi?! _se sentou para poder ouvir melhor _como assim?

— Fui buscá-lo na delegacia de madrugada. Ele ficou em choque, meu tenente teve um puta trabalho para fazer ele dar o depoimento, enfim... depois disso acabou ficando alguns dias em casa, sem poder ir trabalhar e sem ânimo de ir na faculdade, óbvio né? Ai ele... _ puxou o ar de forma cansada _me esperava, espera _se corrigiu _ todos os dias.

— Mas tipo, e a família? Sei lá, ninguém foi atrás dele? Se isso acontecesse com qualquer um de nós... nossa, aquele escândalo. Mãe, tio, papagaio... _agitou as mãos, indignado.

O moreno olhou para o teto também pensando na melhor maneira de explicar.

— A família dele é complicada, praticamente não tem contato com nenhum deles, não sei muito bem o que rola _encerrou ali a primeira das perguntas _nunca foi de ter amigos, Taiga. É uma pessoa que vive por si mesmo. Quando aconteceu aquilo não pude simplesmente cair fora, sabe. Ainda não posso largar o caso aliás.

— O caso tudo bem, imaginei que ficaria nele até resolver, mas e ai vai ficar na casa dele pra sempre? _e o fingimento deu espaço para a verdadeira arrogância por trás das perguntas.

— Taiga!! Você ouviu o que eu acabei de falar?! O Kise é meu amigo desde o fundamental, está sozinho e sofreu um trauma psicológico do caralho. Lógico que não vai ser pra sempre, mas faz só duas semanas. Duas _mostrou o numeral com os dedos.

— Tá puto por quê?!

— Fala como se estivesse me acusando de alguma coisa _deitou se virando para o lado querendo apenas dormir e encerrar a discussão antes que virasse uma bola de neve.

— Você é meu namorado, cacete. É normal não te querer lá... _suspirou _tá bom, desculpa _bagunçou seus cabelos curtinhos e macios _...mas e ai, como estão as coisas agora?

— Falta pegar um dos suspeitos _resmungou _o Kise está melhorando. Acho que logo tudo se resolve.

— Hum.

— Vamos dormir? Em três horas preciso acordar _puxou a coberta mais para perto _deita aqui.

O ruivo obedeceu abraçando-o antes de dar boa noite. Daiki ainda ficou algum tempo de olhos abertos para o quarto à meia luz. Se lembrou das mensagens do loiro e consequentemente da noite passada, o que faria em relação ao fudendo deslize que cometera ao beijá-lo? Teria que usar sua nobre atuação diante de Taiga e rezar para que nada fosse descoberto ou tudo daria bem errado em sua vida. Não dava pra voltar no tempo? Nunca ter acontecido nada com o loiro, nunca terem ido jogar na quadra do Maji naquele dia que conheceram Joey. Estaria hoje muito mais tranquilo. Apesar de pensar seriamente nas consequências do ato desmedido alguma coisa ainda o pressionava dentro do coração; fora um grande filho da puta, mas com qual dos lados? Ter traído Taiga foi pior do que ter alimentado as falsas esperanças do loiro?

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