A Guardiã do Sol escrita por Paladina


Capítulo 7
Desvantagem — Parte Final


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a Lucie por estar comentando em todos os capítulos e por estar tendo a consideração de continuar acompanhando. Lu, você é badass ♥

Bom, esse capítulo é a parte final de "Desvantagem" e o capítulo que também considero como o fim do segundo arco. (Ué, teve um primeiro?) ((Sim))

Boa leitura.



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Espadas cruzavam-se com espadas em todos os cantos, enquanto o acampamento era explodido por uma energia roxa vinda de algum lugar que Sange não conseguia enxergar. O som de aço ferindo carne ou chocando-se contra mais aço era assustador, e parecia entrar em perfeita sinfonia com os gritos de agonia causados pelos soldados recém-chegados. Orcs invadiam as tendas e as destruíam, cavalos corriam para os lados, descontrolados, saraivadas de flechas choviam no solo e ambas as Guardiãs não tinham para onde correr.

Estavam fracas, ainda se recuperando da batalha que ocorrera anteriormente. Levar o empate da luta de mais cedo era o principal objetivo dos ventanos, pois agora, com os soldados do Reinado de guarda aberta, poderiam devastá-los com tudo o que tinham. Sange desembainhou Alvorada, enquanto Cyana seguia logo atrás da mesma, segurando sua espada bastarda com uma única mão.

— Precisamos encontrar o príncipe! — Exclamou Cyana. — Ele deve estar em apuros!

O som da luta estava tão alto que mesmo se gritasse Sange não seria ouvida, então respondera com um meneio de cabeça, totalmente concordante as palavras de Cyana. Feril tinha muito que explicar, tanto sobre seu chamado como Guardião das Estrelas quanto como sobre o falso Guardião, Joan.

Correram por entre o acampamento, desviando de orcs, flechas e corpos mortos. A tenda do príncipe já podia ser vista entre as lutas, quando ambas deram de cara com um estranho e singular inimigo. Era esverdeado como os demais, possuía dentes proeminentes saltando de sua boca monstruosa, contudo, vestia-se com um manto roxo, seu corpo era menos disciplinado do que os que antes viram e este tinha um cavanhaque negro e sujo escondendo parte da face. Seus olhos brilhavam como duas pedras preciosas, brilhantes e mortais. Não precisou pensar duas vezes, este era um mago.

O orc da túnica roxa ergueu o cajado de ossos que portava, balançando-o no ar, como se estivesse invocando poderes cósmicos, e ressuscitou três orcs próximos que mortos estavam. As Guardiãs ficaram boquiabertas. Precisamente, aquele mago era um necromante. Desde quando orcs podem vir a ser necromantes? Pensou Sange, enquanto chamas envolviam a lâmina de sua espada.

Os três orcs avançaram na direção das Guardiãs.

— Cuide do orc-mago. — Disse Cyana, avançando contra os três inimigos que se erguiam a sua frente. A lua correu pela lâmina esbranquiçada da espada de Cyana quando a mesma desferiu um golpe contra o primeiro dos orcs, quase o partindo ao meio. Mesmo com um braço quebrado, ela parecia tão hábil quanto se estivesse com ambos. O segundo veio tentando golpeá-la com um mangual, mas a Guardiã girou o corpo e o contra-atacou cortando-lhe a mão, e depois, com outro giro, a cabeça. O terceiro avançou com uma clava, golpeando-lhe a lateral do corpo. A Guardiã da Lua aparou o golpe com a espada. O primeiro orc, aproveitando-se disto, chegou por trás da mesma e a atingiu com uma cabeçada. A Guardiã perdeu o ar dos pulmões e caiu ajoelhada.

Alvorada parecia com uma grande tocha metálica no meio da batalha noturna. Sange impulsionava-se contra o mago, tentando desferir golpes contra o mesmo, e apesar dele não ser rápido e nem forte, era muito poderoso. Utilizava magias que apagavam as chamas de Sange, empurravam-na para trás e até causavam-lhe dor de cabeça. Sentia, pouco a pouco, a fraqueza dominando seu corpo. Suas habilidades poderiam vir do Celeste, mas ainda era mortal, e mortais se cansam. Encarou-o com seus olhos profundamente castanhos e afiados, enquanto se recuperava da magia que fora lançada contra si, arfando e suando frio.

— Vocês se cansam muito rápido. — Disse o mago, sorrindo. Sange arqueou as sobrancelhas.

— Você fala?!

— E também solto magia. Não passou pela sua cabeça que sou mais inteligente que estes ogros ao meu redor? — O mago sacudiu o cajado, fazendo os chaveiros de crânios de pássaros baterem entre si. — Eu realmente não quero lutar, mas é necessário se eu quiser um lar.

— Você já tem um lar! — Contradisse Sange, empunhando a espada. Línguas de fogo saiam de Alvorada, chamas tão vermelhas e intensas como aquelas que assolaram Véu da Noiva. Rangeu os dentes. — Seu lar é no continente proibido.

— Aquele que vocês invadiram, anos atrás? — Cuspiu o mago. — Aquele que vocês amaldiçoaram para sempre?!

A respiração de Sange começou a descompassar.

— O que quer dizer?

— Quando vocês invadiram minha terra natal, anos atrás... Vocês... Fizeram algo que quebrou um selo milenar que guardava em si um poderoso demônio. Esse demônio devastou o continente... Obrigando-nos a migrar para cá. Foram poucas as raças que conseguiram sobreviver. E agora iremos lhe devolver o favor!

O mago apontou o cajado para Sange, liberando uma poderosa energia semelhante a um raio. A energia a atingiu na barriga, jogando-a tão longe que acabou por cair em cima de um dos adversários de Cyana. Uma ardência dominou a área atingida, como se alguém tivesse mastigado seus órgãos por dentro. O gosto de ferro dominou sua boca, a garganta ardeu e vomitou sangue.

— Isso... Dói... — Exclamou, ainda em cima de um orc. Cyana se levantou do chão e a jogou para o lado, finalizando o inimigo caído. — Estou morrendo, por que não me ajuda?

— Calada. — Ordenou, enquanto derrotava, por fim, o terceiro inimigo. — Você não vai morrer por tão pouco. Já escapou de momentos piores.

— Que engraçado. — Disse, antes de cuspir mais sangue. Levantou-se lentamente.

O orc-mago aproximou-se de ambas, com os olhos em fúria.

— Você sobreviveu a meu ataque?! — Perguntou retoricamente, impressionado. Sorriu. — Que interessante. Irei dissecá-la para ver o que tem aí de tão resistente.

— Antes terá de passar por mim. — Afirmou Cyana, apontando a espada bastarda para o mago. O mago encarou o sangue aliado que deslizava lentamente pela lâmina da Guardiã. Bufou.

— Quem está bancando a altruísta ag--

— Vocês estão me irritando. — Interrompeu o mago. — Irei destruí-las de imediato!

E cravou o cajado no chão, começando a recitar uma esquisita magia em uma língua antiga. Uma espessa nuvem cobriu a lua, e o brilho das estrelas pareceu ficar fosco. As chamas de Alvorada se apagaram, e raios roxos começaram a se concentrar ao redor do necromante, dando alguns flashes de luz que, vez ou outra, mostravam a terrível figura na qual ele estava se transformando. Ele parecia dançar com as sombras.

Uma risada começou a ser transformada em grunhidos, e a silhueta do mago começou a aumentar de tamanho, sendo envolvido por uma estranha e desconhecida energia. Quando a lua voltou a reinar no céu e o fogo retornou para a espada de Sange, puderam enxergar no que o orc havia se transformado.

— Pelo Sol... — Exclamou Sange.

Um javali de pelo menos dois metros surgiu. Tinha uma pelagem esverdeada com mechas pretas, gigantescas presas amareladas e o mesmo olhar de fúria do necromante. Começou a passar a pata na terra. As Guardiãs começaram a recuar de pouco em pouco.

Mantenha a calma, pensou a Guardiã do Sol. Olhou ao redor, procurando por algo que pudesse auxiliá-la. Encontrou armas, corpos mortos... E uma tenda abaixo de seus pés. É isso!

— Cyana. — Sussurrou Sange. — Quando ele vier, pegue a tenda abaixo de nós.

A filha do inverno olhou para baixo, observando o pano da tenda. O javali preparava-se para uma investida.

— Estou com um braço quebrado, se eu fizer isso ficarei desarmada.

— Confie em mim. — Pediu a Guardiã do Sol, embainhando Alvorada. — Vai dar certo. Ao meu sinal.

Um pouco hesitante Cyana assentiu. O javali-orc-mago avançou contra elas em uma velocidade selvagem, e se as acertasse, seria o fim. Cada uma estava na mira de uma das presas do adversário. A cena passou-se quase em câmera lenta. Seus corações acelerados, a incerteza do que ocorreria, e um inimigo prestes a matá-las.

— Agora! — Exclamou Sange.

Ambas rolaram para o lado, enquanto o animal se aproximava cada vez mais. Pegaram a tenda do chão e jogaram para o alto, na altura do focinho do mesmo. O javali passou no meio delas, ficando com o pano contra o rosto, cegando-o momentaneamente. O animal freou a investida e começou a balançar a cabeça, tentando se livrar do pano. Quando estava prestes a conseguir, sentiu duas poderosas fincadas em suas costas, guinchando de dor. Desabou no chão. Começou a voltar para o estado normal de orc.

— Como... Vocês... — Balbuciou o necromante, nu e com as espadas das Guardiãs nas costas atravessando-o.

— Na sua próxima reencarnação, quando for atacar um acampamento, deixe as tendas montadas. — Aconselhou Sange, sorrindo vitoriosa. — Mas te admiro. Um golpe seu e teríamos morrido.

— Heh... — Cuspiu sangue. — Será que, após minha morte, terei finalmente um lar?

Morreu sem que antes pudesse receber uma resposta. Ao redor, as coisas pioravam cada vez mais. Os orcs foram tomando espaço, enquanto os soldados comuns cediam e morriam. Em pouco tempo logo iriam perder a batalha. Temos que encontrar o príncipe antes disto, pensou Sange, preocupada. Olhou para Cyana, percebendo que esta já a encarava.

— Não iremos vencer esta luta. Os orcs são muito mais poderosos que nossos soldados... E não podemos vencê-los sozinhas. — Explicou Sange.

— Infelizmente. — Disse a filha do inverno. — O que sugere?

— Fuga. — Respondeu a Guardiã do Sol, cabisbaixa. — Mas antes, precisamos encontrar o príncipe.

XxX

Caminharam até a tenda de Feril, buscando-o, e apesar da tenda estar intacta, ele não estava lá. Continuaram caminhando, enquanto diversos cadáveres eram iluminados pelo brilho da lua. Era uma noite estrelada, muito bonita, mas infeliz para muitos. Enquanto caminhavam repararam na grotesca quantidade de cadáveres de orcs e soldados. Além disto, não muito longe da tenda do príncipe, estavam os cadáveres de Montanha e Rowan. O coração de Sange apertou, como se outro pedaço dele tivesse sido arrancado. Como ambos teriam morrido? Eram capitães, e extremamente fortes.

Cyana tirou Sange de seus devaneios.

— O príncipe. — E apontou para o fim do vale, onde o príncipe montava um cavalo para, provavelmente, fugir. Parecia cansado, e seu semblante era de absoluto terror.

— Ele está vivo! — Aliviou-se Sange, começando a andar até o mesmo. Gritou. — Príncipe Feril!

Seu chamado fez com que Feril virasse o rosto para trás e, ao vê-las, esperou.

— O que houve com seus capitães?! Como faleceram? — Questionou, quando se aproximaram. Feril apenas olhou para a crina do cavalo, como se procurasse algo ali que jamais encontraria.

— Montanha morrera tentando evitar que os orcs chegassem até minha tenda... E Rowan morreu para que eu conseguisse este cavalo. Preciso ficar vivo, eles disseram. Mesmo que isto custasse nossas vidas.

— Logo nos encontrarão. — Disse Cyana, olhando para o topo do vale, onde a batalha se concentrava, temendo que um dos orcs inimigos os encontrasse. — Vamos sair daqui. Vá à frente, príncipe. O encontraremos na próxima vila.

— Certo. Cuidado para não morrerem para estas criaturas verdes e repugnantes. — Cuspiu no chão e esporeou o cavalo, começando a sair dali. — Nos veremos em bre--

Tudo ocorreu rápido demais. Cyana dera uma rasteira em Sange, fazendo com que ambas caíssem no chão, e antes que o príncipe pudesse terminar de falar uma saraivada de flechas choveu em si, derrubando-o no chão e afastando o cavalo, que recebera uma das flechas galopou para longe, assustado. Se ambas não tivessem ido ao chão, era provável que também receberiam a chuva de flechas. A Guardiã do Sol abriu a boca para pronunciar algo, mas a filha do inverno impediu-a.

— Não grite. — Sussurrou. — Vamos apenas sair daqui.

Ajudaram-se para se levantar, e ao olhar para trás Sange avistou três orcs arqueiros sorrindo em vitória, como se tivessem completado um objetivo; E de fato, com a morte do príncipe, venceram a guerra. Eles encontravam-se em uma inclinação, em um ponto estratégico, acima delas. Se quisessem, seria fácil chegar até ali e matá-las, afinal, estavam fracas, em menor número e praticamente desarmadas. Mas ao contrário do que se esperava, os orcs giraram os calcanhares e se retiraram, voltando para o campo de batalha que, há esta hora, deveria ser apenas a reflexão da pura carnificina.

— O príncipe...! — Disse Sange, quase sem fôlego pelo o que acabara de acontecer. Quando os orcs foram embora, aproximaram-se do corpo de Feril, hesitantes.

Sange tomou seu corpo perfurado de flechas nos braços. Ele morrera de olhos abertos, com uma expressão assustada. A terra se alimentava da poça rubra de seu sangue. Haviam perdido seu príncipe, haviam perdido os capitães, haviam perdido a guerra. Haviam perdido. A ficha finalmente caiu-lhe. Fracassaram. Fechou os olhos de Feril lentamente, assumindo um semblante decepcionado, quase sentindo a dor dele.

A dor que não pode mais ser sentida.

— Sem um príncipe não há como governar. Isto era tudo o que eles precisavam. — Respondeu Cyana, indo em direção à floresta que indicava o fim do vale. — O melhor a fazermos agora é retornar para a Capital e procurar por reforços. Ventobravo não se renderá tão facilmente.

— Mas... O príncipe... Montanha e Rowan...

— Estão mortos. — Respondeu Cyana, com um tom triste de voz. — E não há nada no mundo que os faça voltarem à vida. Mas podemos vingá-los, Sange. Podemos vencer esta guerra por eles.

— Como...

— Confie em mim. — Pediu a Guardiã da Lua, sob o brilho prateado daquilo que guardava. A faixa que utilizava no lugar da camisa estava manchada de sangue. O braço quebrado balançava ao lado do corpo. Seus cabelos alvos estavam sujos de terra. E seus olhos gélidos estavam, pela primeira vez, emitindo compaixão. Derretidos. Quentes. — Prometo-lhe que os vingaremos. Mas para isto precisamos sair daqui primeiro.

A Guardiã do Sol levantou-se do chão, deixando seu príncipe caído no local onde morrera. Deu uma última olhada para o vale, onde ainda podia se ouvir o som de espadas se cruzando, e seguiu Cyana para dentro da floresta.

XxX

O som de batalha havia desaparecido há muito tempo, o sol havia nascido e ainda assim elas não pararam de caminhar. Seguiu-se assim por horas, com nada além do som do farfalhar das folhas, o assobiar do vento e seus próprios passos as seguindo. Não tiveram tempo de luto ou descanso, e tudo isso se amontoava na mente de Sange que desabaria a qualquer instante. Queria chorar, queria gritar por seus amigos, queria poder fazer juras de ódio contra os orcs, contudo, os pensamentos se embaralhavam em sua mente, causando-lhe absoluta frustração e nada mais. Cyana pegara um graveto no caminho e fizera uma tala improvisada, mas não parecia nada bem. Tinha uma expressão frágil, um ar de cansaço.

— Você está bem? — Indagou Sange. — Digo...

— Temos apenas que chegar à vila mais próxima... — Respondeu ofegante. — Ficarei bem quando chegarmos...

— Cyana, você não parece estar com sanidade para chegar até lá.

— Estou apenas tentando superar tudo o que aconteceu. Como você. — Falou, cambaleando de um lado para o outro, como um bêbado.

— Vamos ao menos fazer uma pausa de cinco minutos. Estamos caminhando desde que fugimos da luta... — Sugeriu.

A Guardiã da Lua desembainhou a espada e fincou no chão, sentando-se na terra e se escorando na lâmina. Começou a respirar mais tranquilamente, como se estivesse a horas querendo parar, mas tinha um orgulho grande demais para admitir isso. Sange se sentou não muito longe, perto de uma grande pedra. Estavam no meio de uma clareira na floresta, longe da estrada, portanto, seguras.

— Você ainda tem que me explicar como não é humana. — Lembrou Sange.

—... — A Guardiã respirou profundamente. — Eu sou metade humana. Sou filha bastarda do Primeiro Rei com a princesa dos Elfos do Norte.

Elfos do Norte? Refletiu Sange, enquanto erguia uma sobrancelha. Os Elfos do Norte viviam apenas em áreas completamente congeladas, com quase impossibilidade de vida. Era de conhecimento geral que seu pai e o Primeiro Rei foram para o continente proibido, onde provavelmente encontraram esta raça, mas não havia relatos de que eles teriam ido para tão longe. Manteve-se focada na fala da amiga.

— Ainda quando criança... — Sange notou que ela começou a fraquejar. Seus olhos iam se fechando pouco a pouco. — Criaturas... Comandadas por um demônio...

Sange relembrou-se das palavras do orc. “Vocês... Fizeram algo que quebrou um selo milenar que guardava em si um poderoso demônio. Esse demônio devastou o continente... Obrigando-nos a migrar para cá. Foram poucas as raças que conseguiram sobreviver.” As coisas começavam a fazer um pouco de sentido. Mas se isto fosse realmente verdade, então o demônio primeiro assolara os Elfos do Norte, depois fora até o território dos orcs. Ele tem um avanço lento, mas perigoso. Pensou consigo mesma, entrelaçando os dedos. Em quanto tempo ele virá para este continente? E quando chegar estaremos preparados?

— Eu fugi. — Parou para poder recuperar o fôlego, demonstrando uma fatiga maior do que realmente aparentava. Sange estranhou o comportamento de Cyana. — E... Fui parar aqui, nesse continente. Acabei indo para a Capital... Encontrei-me com meu pai e... Meu irmão... — Seu rosto começou a ficar vermelho. —... O Grande Rei da Capital. Eu temi contar a eles que eu era seu parente, mas após me alistar no exército como Artroriana acabei tendo contato direto com eles. E então...

Cyana levou uma mão à cabeça, tomando para si uma expressão de dor. Sange levantou-se e foi até a mesma, repousando a mão em sua testa. Estava fervendo.

— Ah, não. — Exclamou nitidamente preocupada. Como adoecera?

— E-estou bem. Vamos v-voltar a caminhar, s-se não quer ouvir minha história...

— Cyana! Você está com uma febre terrível! — Repreendeu Sange, guardando a espada da Guardiã da Lua na bainha e pegando-a no colo. Cyana tentou afastá-la, mas estava fraca demais para isto. Sange olhou para a amiga que carregava nos braços, tentando compreender como a mesma havia ficado febril e um momento a outro. Os olhos bateram em sua faixa suja de terra e sangue. Droga, balbuciou, ela tinha um ferimento profundo ali! — O ferimento da sua barriga e do seu pescoço devem ter infeccionado! Precisamos te levar em um médico! Agora!

A Guardiã da Lua não respondera, fraca demais para conseguir. Sange olhou para dentro da floresta. Havia uma pequena vila naquela direção, e precisava chegar lá o mais rápido possível, mas como? Precisaria de, no mínimo, um milagre. Virou a face para o sol, como se procurasse por consolo, e depois voltou-se ao redor. Olhando atentamente, com os olhos semicerrados, reparou em um ponto branco no meio da relva verde não muito distante. Sorriu nervosamente. Aquele é o cavalo que fugira durante a chuva de flechas, quando o príncipe estava fugindo. Se o utilizasse, poderia chegar antes de Cyana piorar.

— Cy, por favor, não morra.

E correu em direção ao cavalo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido, não se esqueçam de comentar. :D
Decidi também que esta história terá duas continuações e já até decidi a capa para ambas. Espero que continue me acompanhando mesmo após o fim desta história (que vai demorar um tempinho)



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