Uma grande planície se estendia como um mar de rochas. Após dias de caminhada eles finalmente chegaram  era um imenso rasgo no meio do deserto semi-árido.

— Isso é inacreditável… - comentou Anathema.

— Sim. Para você que vem de tão longe acreditar que um rasgo dimensional deste tamanho existe no nosso planeta. - comentou Thithonos.

— Graças a você economizamos muitos dias de caminhada. - disse o cavaleiro de prata de Sagita.

— Ainda não me agradeça Sargos. - Thithonos vislumbrou a escuridão drástica do abismo.

— Vamos! - disse Sraosha.

— Ei não precisamos saltar…

— Do que está falando Ixeon?

Ixeon elevou o cosmo e foi como se a escuridão criasse solidez e vida. Formou uma esfera que envolveu os cavaleiros e em seguida flutuou para dentro da Grande Fenda.

Argos que era uma capital continental estava vazia. Deserta de uma forma como se a morte houvesse sentado no trono da cidade.

— Esse lugar…

— Você também está sentindo Melkabah? - perguntou Armegin.

— Sim. É como se tudo aqui tivesse sido…

— Na verdade foi... cavaleiro de ouro.

No topo de um monumento os cavaleiros divisaram uma silhueta e imediatamente se postaram em posição de batalha.

— Quem é você? - perguntou Canaã que não podia ver o possível inimigo contra o sol.

Uma risada veio e a figura obscura saltou.

— Eu conheço você!

— Então também deve nos conhecer…

Mais duas silhuetas se juntaram a primeira.

— Quem são essas Armegin?

— Elas são bersekers que enfrentamos no passado… naquela missão em que trouxemos Anathema.

— A que resultou na Exclamação de Athena?

— Exato… mas não seria possível que elas sobreviveram aquele ataque, metade do continente foi obliterado pelo união dos nossos cosmos.

— Miríade de Aevis, Mermáde de Paramina, Mirmíte de Gastrophetes…

— Tem boa memória, Cavaleiro de Touro.

— Ágape, você também percebeu…?

— Sim. Elas não são aquelas mulheres que enfrentamos.

— Tem uma energia negra, violenta nesse lugar…

— Ei! Ágape de Libra!

Ao olhar para o outro lado, Ágape se deparou com outro rival antigo.

— Ágatha de Ivory…

— Finalmente a chance da minha vingança!

— Selkh, Canaã, Melkabah… quero que vocês sigam adiante atravesse a fenda dimensional e invadam os domínios de Áres.

— Eu não vou abandonar uma luta! - respondeu Canaã de pronto

— Não seja idiota nossa missão não é acabar com inimigos, temos de chegar a Áres!

Armegin impôs um tom forte e comandante.

— Sigam Armegin e eu vamos terminar por aqui e estaremos lá em seguida.

Os três dourados e os cavaleiros de bronze saíram deixando Armegin e Ágape a confrontar os inimigos conhecidos.

— Athena, ainda não sei se posso concordar com isso… - disse Asclépio

— Não deveríamos arriscar um confronto seu direto com Áres… - completou Ashur

— Áres não espera que eu o confronte pessoalmente, ele acredita que terá de ir até o santuário caso queira me enfrentar.

Meu trunfo nesta batalha sou eu mesma. Não posso me apoiar em vocês nesse momento, como fiz com Poseidon, até porque Áres não é o Deus dos Mares.

— Vamos a entrada de Brittia é logo a frente.

Eles caminharam ainda por alguns metros e finalmente encontraram uma entrada de portal. Parecia cercada por uma energia translúcida.

— Este portal dá acesso a Hiperdimensão. Onde somente os deuses podem estar. Eu terei de protegê-los nesse local.

Athena deu a mão aos dois cavaleiros e criou uma barreira de com seu cosmo. Independente do que aconteça não soltem de minha mão, vocês poderão se perder ou até mesmo serem apagados pela Hiperdimensão.

Eles saltaram, para um espaço distorcido parecia o próprio universo, mas havia energia fluindo em direções diversas, caminhos para outros mundos, para outras dimensões. Para locais distantes no universo, além do limite das galáxias, atravessando centenas de bilhões de luzes. A Hiperdimensão.

— Athena! - vozes diversas chamaram pela deusa.

— O que está acontecendo? - se perguntou Ashur.

— Eu já imaginava que isso iria acontecer, os guardiões do Ponto Zero.

— Guardiões…?

As entidades surgiram diante de Athena e seus defensores. Eram como espíritos elementares de forma humana e armaduras semelhantes a minérios preciosos.

— Quem são vocês?! - perguntou Asclépio.

— Nós somos Óreas… - as vozes pareciam coordenadas como uma só.

— Óreas os filhos de Gaia?!

— Eles são titãs?!

— Sim… Óreas são divindades das montanhas que cercam Brittia, a fim de proteger o Ponto Zero. - Athena tomou a frente.

“Cilene de Arcádia vestia uma armadura semelhante a rubi. Era a deusa que protegia a montanha de Arcádia, local onde nascera Hermes, o mensageiro dos Deuses.

Dicte de Creta vestia uma armadura como diamante. Era o deus protetor da montanha de Creta, onde nascera meu pai, Zeus.

Etna de Sicília vestia uma armadura como que de diamante negro. Era o deus que protegia o vulcão Etna, onde fora selado o corpo morto de Tífon.

Ótris de Malis trajando uma armadura de ametista. Era o deus guardião a montanha de Malis usada pelos Titãs na Titanomaquia.”

— Eles são em maior número… - disse Athena a seus cavaleiros - Porque nos detem aqui, Óreas? - perguntou agora às divindades.

— Ninguém deveria entrar na Hiperdimensão pelo Ponto Zero.

— Estou ciente disso, mas o mundo corre perigo nesse momento. Estou tomando medidas extremas.

— Vejo que trás consigo acompanhantes… e isso é um agravante a mais para que não possamos permitir sua passagem.

As vozes eram sincronizadas de uma forma bizarra, como se aqueles cinco seres fossem apenas um e no fundo eram.

— Athena deixe-os conosco…

— Não posso abandoná-los vocês morreriam neste lugar.

Quando um dos seres resolveu atacar, Asclépio tomou Athena lançando-a pela Hiperdimensão num dos diversos caminhos…

— Acho que era de nos soltarmos Ashura de Sagitário…

— Não pensei que teria de lutar ao seu lado Lúcifer de Serpentários…