A cidade das abelhas escrita por Clarice


Capítulo 2
Na diretoria


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Demasiadamente cansada, era como se sentia. Wan estava triste, essa é que era a verdade. Não triste com a menina, ela não tem culpa de nada. Não tem culpa nem mesmo de ser quem é. O problema é conosco, algo deu errado em sua criação ou desenvolvimento enquanto ainda era bebê. Não conseguia pensar no que fazer para resolver. Seu coração se partia quando pensava no assunto, ao mesmo tempo em que sabia que deveria tomar uma posição forte. Pensava nisso, ainda, quando o Negociador apareceu. Sempre apressado, com os cabelos atrapalhados e aqueles olhos ansiosos. Queria todas as fêmeas que via ao mesmo tempo em que tinha medo de cada uma.

–Precisamos organizar o Evento Arena, Diretora Wan. –Ele sempre gostava de lhe falar a posição, como se ela não soubesse ou por algum instante se esquecesse de que era diretora.

–Precisamos, por que? Não sou eu quem decide isso. –Ela sabia que a decisão havia sido tomada. O problema da rainha era esse, estava velha demais. Não havia outra alternativa que explicasse colocar uma criança para lutar até a morte. Não, não havia.

–Não se faça de desentendida, Diretora Wan. Fui avisado de que já saberia, quando eu aqui chegasse. –E sentou-se na cadeira frente à sua mesa. Wan comeu um pouco com sua colher larga. Enquanto mastigava, tentava dar um jeito de fugir do que tinha de fazer.

–Não tenho todo o tempo do mundo, quem dera se eu o tivesse! –Reclamava o homem. Homens reclamou de si para si, têm pressa até de morrer. Suspirou:

–A resposta é a seguinte, senhor Negociador, não tenho ninguém que queira. –Disse com a voz tremida, temendo as próprias palavras, ao mesmo instante em que sentia necessidade de falá-las. O papo gordo tremia de nervosismo.

–Não há essa alternativa. Ambos sabemos disso, Diretora Wan. –Levantou-se e pôs ambas as mãos peludas em cima da mesa:

–Me entregue uma aluna que tenha boa condição física, e que saiba morrer heroicamente. Aqui está cheia de meninas com vivacidade e patriotismo! Bem sabe a Diretora Wan que é pelo bem da sociedade. –Pelo bem da sociedade, como se lutaria contra isso? Ela abaixou a cabeça, pensativa.

–Não tive tempo de escolher. Vou, vou fazer uns testes físicos e... –O homem já revirava os cabelos, impaciente.

–Não é tão difícil! –Bufou. –Escolha todas, escolha qualquer uma, vá à senhora mesmo, se quer tanto assim protegê-las! Bem sabe que eu iria, caso homens fossem permitidos. –Aproximou-se ainda mais do rosto rechonchudo da mulher, e aconselhou, vagarosamente. –Estou aqui em nome da rainha. Sabe bem disso, não é? –Ela só soube concordar com a cabeça. –E gostaria de desapontar a sociedade? –Fez que não. –Então escolha logo!

–Eu, não... –Era fraca demais para dizer não com propriedade, e fraca demais para escolher. Estava presa em uma decisão dificílima. O homem fitou sua mesa por alguns segundos, tomou na mão a ficha de Gaya.

–Vejamos. –Animava-se. –Escolho eu, então! –Corria os olhos pela folha preenchida com faltas, suspensões, falta de disciplina... –Deuses da natureza, ela é uma falta para todos nós! –Ria o desgraçado. –É esta! Mande-me amanhã a garota. –E estava decidido.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!