Hinata caminhava apreensiva para a casa de Naruto. Não tinha opção, teria que contá-lo o quanto antes. Há uma semana, desde que havia descoberto a gravidez, escondia os enjoos matinais e arranjava desculpas para faltar aos treinos, mas não poderia permanecer desse jeito indefinidamente.

Eles não tinham sequer um relacionamento definido. Naruto estava cansado de ser rejeitado por Sakura, já Hinata somente reagiu ao forte sentimento que sempre teve por ele, quando perceberam já estavam envolvidos. Depois da primeira vez, ficaram algumas poucas noites juntos novamente, mas nunca passou disso.

Ela não sabia bem o que esperar e se torturava imaginando qual seria a reação dele. Bem, logo ela descobriria... Parou abruptamente na esquina da casa dele ao ouvir a tão conhecida voz.

- Por favor, Sakura! Prometo que eu farei você feliz.

- Não sei, Naruto… E a Hinata? Ela ama você e sei que já ficaram juntos algumas vezes. - disse hesitante.

- Ela sempre soube dos meus sentimentos por você, não deixe que ela atrapalhe nossa felicidade! - Implorou ele

Foi o suficiente para Hinata. Ela correu pelas ruas de Konoha, agradecendo por não ter encontrado nenhum conhecido pelo caminho, podia sentir os olhos queimando pelas lágrimas que tentava conter em vão. Chegou ao costumeiro local de treino e sentou-se recostada a uma árvore, abraçando seus joelhos, só então deixou que o pranto fluísse livremente.

Um longo tempo passou até que ela estivesse um pouco mais calma. A última frase ouvida fazia eco na sua cabeça: “não deixe que ela atrapalhe nossa felicidade”... então era isso que ela era? Um estorvo? Um peso? E o que aconteceria quando ele soubesse da criança que esperava?

Naruto, apesar de tudo, era responsável, ele não permitiria que o filho crescesse sem o pai e ficaria com ela somente para cumprir o seu dever. Não suportaria viver ao lado dele sabendo que estragou sua chance de ser feliz e estar ao lado da mulher que realmente ama. Ela sempre o acompanhou, sabia o quanto havia sofrido na infância, sem pais, sem família, sem amigos.

Novamente encontrava-se sem alternativa. Precisava deixá-lo ser feliz. Ninguém poderia saber sobre essa criança e só havia um caminho a seguir: teria que deixar a vila. Levantou-se decidida e voltou para sua casa, sendo o mais discreta possível ao reunir todos os preparativos para a sua fuga.

No meio da noite, deixou um bilhete em sua cama. Embora nele não constasse maiores explicações, avisava que tinha partido de livre e espontânea vontade, pois não queria que ficassem mais preocupados do que o necessário. Colocou sua mochila nas costas e andou silenciosamente pelas ruas da cidade. Ao passar pelo portão, olhou para trás uma última vez, desejando de todo coração que Sakura pudesse fazer Naruto feliz.

No dia seguinte a notícia alastrou-se rapidamente. Algumas equipes foram enviadas pelo seu clã na tentativa de encontrá-la, mas Hinata parecia ter evaporado. Naruto inicialmente ficou confuso com a partida inesperada, mas não havia nada que pudesse fazer. Além disso, estava eufórico demais com o namoro recente com Sakura, para que desse a devida atenção ao fato. Imaginava que logo ela estaria de volta, com uma explicação plausível para o seu desaparecimento repentino.

Entretanto, os dias foram passando e Hinata não voltava. Ele passou a notar sua ausência e mesmo fazendo o possível para ignorar este sentimento, Hinata passou a ocupar sua cabeça de tal forma que até mesmo ao tocar ou beijar Sakura, era nela que pensava. Sentia falta da voz doce e do perfume peculiar dos seus cabelos, os magníficos olhos perolados, o corpo voluptuoso, os gestos carinhosos...

Todos notaram que Naruto já não era o mesmo. O sorriso tão característico não era tão largo e presente quanto antes e os olhos azuis perderam parte do brilho. Os dias se transformaram em meses e agora já faziam dois anos que Hinata estava desaparecida. Nenhuma notícia acerca do paradeiro dela chegou à vila e não havia mais esperança de sua volta. Tudo que restava para ele eram as lembranças do pouco tempo que tiveram juntos.