Era uma vez, no interior da Caucaia, um sítio chamado Poleiro Branco, do senhor Chico Mungunzá. Chico Mungunzá tinha esse nome porque, durante muitas gerações, a especialidade de sua família era plantar milho, milho este que era utilizado nas festas da igreja para fazer pamonha, canjica e, claro, o tradicional mungunzá, que era vendido na feirinha da igreja, principalmente nas festas juninas. Como não era legal chamar uma pessoa de "pamonha" o apelido "mungunzá" acabou pegando, e assim ficou conhecida toda a família do seu Chico.

Um lindo dia Chico Mungunzá saiu para comprar uma galinha para seu sítio, estava necessitando de galinhas poedeiras, ovos sempre eram bem-vindos¹. Ele, então, resolveu ir ao centro da Caucaia para comprar uma galinha e acabou comprando uma vistosa galinha vermelha. O nome dela é Jessie Titela. A pobre Jessie Titela havia sido arrancada de seu sítio natal e estava bastante assustada conforme era transportada de um lado para o outro e via tantas pessoas e coisas novas.

Quando ela chegou ao sítio ficou assombrada com toda aquela paisagem tão mais bonita do que a que estava acostumada: tanto espaço para ciscar, tantas galinhas... e, principalmente, um galo, um lindo galo vistoso de penas vermelhas e pretas vindo em sua direção. Ela ficou encabulada, muito tímida, pobre Jessie. Então o galo fica na frente da Jessie para dar a ela as boas vindas e dizer que ela parece ser a galinha mais bonita que ele já viu:

— *cocó* Por favor, não estranhe nem me ache muito galante, estou apenas sendo sincero. Prazer, Galindo Corn.

Jessie Titela fica super feliz em ouvir isso e é amor à primeira vista: Jessie Titela estava perdidamente apaixonada pelo galã do galinheiro, Galindo, e ele também estava perdidamente apaixonado por Jessie Titela.

Porém este amor não poderia acabar bem. Como Galindo era o galo mais bonito e mais cobiçado do galinheiro as outras galinhas logo ficaram com inveja e começaram a tramar para livrarem-se de Jessie Titela. Elas sabiam que estava perto do natal e que o senhor Mungunzá adorava galinha assada no natal. Nada melhor do que celebrar a paz com um defunto em cima da mesa com paçoca enfiada no... bem, você sabe. Especialmente quando é uma galinha. Azinimiga começaram a tramar...

Todas as noites, ou pelo menos antes de anoitecer, as galinhas sussurravam para Chico Mungunzá:

— *cocó* Mate a galinha nova... *cocó* A galinha nova dá um bom assado... *cocó*

Chico Mungunzá acabou ficando com essa ideia fixa na cabeça, "matar a galinha nova, assar a galinha nova", porém quando ele entrou no galinheiro e viu Jessie Titela chocando ovos pensou consigo:

— Não, não vou fazer isso, afinal essa galinha pode me dar mais galinhas.

Então Chico Mungunzá resolveu sair do galinheiro. Foi quando viu Galindo, com as coxas bastante grossas e bonitas. "Esse é um galo que dá um bom assado", pensou Chico. "Além do mais, posso sempre comprar um outro galo".

Galindo, de qualquer maneira, era bastante exibido e quase não dava em cima das galinhas, fazendo com que Chico pensasse que Galindo curtia pintos, mas agora que Jessie estava chocando os ovos tudo se resolveria: ele iria comprar outro galo. Então ele pegou Galindo e o levou para sua casa. Galindo tentou fungir, realmente tentou fugir, porém...